Procurador pede condenação de 36 réus e prisões ao final do julgamento
BRASIL – Julgamento do Mensalão Procurador pede condenação de 36 réus e prisões ao final do julgamento O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta sexta-feira que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu era o "líder do grupo" que comandava a compra de votos no Congresso, esquema batizado de mensalão. No segundo dia de julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Gurgel disse que Dirceu estimulou e comandou todo o esquema ilícito com o objetivo de sustentar o projeto do PT de se perpetuar no poder. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Postado por Toinho de Passira Em quase cinco horas de argumentação, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta sexta-feira (3) que o caso conhecido como mensalão “maculou gravemente a República”. Ele pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo. Ao final da exposição, Gurgel requereu a expedição dos mandados de prisão "cabíveis" assim que o julgamento terminar. A previsão é de que as sessões sobre o caso avancem até o início de setembro. A expectativa era de que réus eventualmente condenados pudessem aguardar em liberdade a publicação do acórdão da decisão para questioná-lo. Por ser tratar de decisão da Suprema Corte, a condenação não poderia ser revertida, mas eventuais penas, sim. A decisão sobre os mandados de prisão será dos onze ministros do Supremo. Caso o pedido do procurador seja aceito, os réus condenados serão presos logo após a decisão final. Gurgel disse estar “plenamente convencido” de que as provas produzidas “comprovam a existência do esquema de cooptação de apoio político descrito na denúncia”. "Demonstramos os graves crimes cometidos. Só não produzimos a prova impossível. [...] Provas são suficiente para a condenação dos réus." O procurador disse que "altas autoridades devem servir de paradigma para a sociedade" e pediu perdas de cargo, sanções patrimoniais (devolução de dinheiro) e cassação de eventuais aposentadorias. Ao concluir, citou trecho da música "Vai Passar", do simpatizante dos petistas, o compositor Chico Buarque: "Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída, em tenebrosas transações." Durante todo o tempo da sessão, ele fez a leitura da peça de acusação, sem ser interrompido. Foi ouvido pelos ministros do Supremo e por advogados de réus que estavam na plateia. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr 'MACULOU GRAVEMENTE A REPÚBLICA'
LÍDER DO GRUPO De acordo com Roberto Gurgel, o conjunto de provas da ação penal é “contundente quanto à atuação de José Dirceu como líder" do suposto esquema. O procurador usou 26 minutos para acusar o ex-ministro da Casa Civil. Na defesa apresentada ao Supremo, José Dirceu negou que tenha utilizado o cargo de ministro para beneficiar empresas que supostamente repassavam dinheiro para o esquema. Ele afirmou que as negociações não partiram do governo e que não tinha controle sobre as finanças do PT. "Afirmo que a prova é contundente quanto à atuação de José Dirceu como líder do grupo criminoso.” [...] Nada, absolutamente nada, acontecia sem a prévia autorização de José Dirceu", declarou o procurador. Gurgel disse que, “sem risco de cometer injustiça, [José Dirceu] foi a principal figura de todo o apurado”. “Foi José Dirceu que formatou sistema ilícito da formação da base aliada mediante pagamento ilícito. [...] Comandou os demais integrantes para a consecução de seus objetivos. [...] Autor intelectual não envia mensagem, não movimenta contas, age por intermédio de laranjas, não se relaciona diretamente com secundários da quadrilha, não deixando rastros facilmente perceptíveis.” USO DE CARRO-FORTE Durante acusação aos réus do processo, o procurador-geral afirmou que funcionários de Marcos Valério, citado como "operador" e responsável pela obtenção do dinheiro que abasteceu o esquema, tiveram que alugar um carro-forte para transportar valores que seriam pagos a parlamentares. "As agências de Valério, só nesta oportunidade, tinham R$ 650 mil em espécie, que foram transportados pelo carro-forte. Algo que poucas agências têm em espécie nos dias de hoje", afirmou, ao ler trecho das alegações finais que citava que o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu (ligado ao ex-deputado Pedro Correa de Pernambuco) recebeu dinheiro transportado pelo carro-forte. Ainda segundo Gurgel, o publicitário Marcos Valério era o “operador do mensalão” e, conforme os supostos pagamentos e acordos em troca de apoio político aumentavam, seu papel se tornava mais importante na organização criminosa denunciada. “Na medida em que se intensificavam os acordos, ele [Valério] tornou-se personagem influente com poder até para influenciar os acordos com a base aliada”, disse. Segundo Gurgel, Valério tornou-se o “homem de confiança de Dirceu”. Para o procurador, “Dirceu foi o mentor do esquema enquanto Valério foi seu principal operador”. “A prova não deixa dúvidas de que Dirceu teve a ideia, mas era necessário o dinheiro”, disse Gurgel. Nas alegações entregues ao Supremo, a defesa de Valério confirmou que foram feitos empréstimos ao PT, mas negou irregularidades. Disse acreditar que o dinheiro seria usado para quitar dívidas de campanha. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr DINHEIRO RECEBIDO |
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