8 de ago. de 2012

Jarbas Vasconcelos, o senador de mil e uma utilidades

BRASIL – Recife – Eleições 2012
Jarbas Vasconcelos, mil e uma utilidades
Jarbas Vasconcelos enquanto é utilíssimo aliado de Eduardo Campos e de seu candidato a prefeito do Recife, Geraldo Júlio, serve de combustível a candidatura do petista o senador Humberto Costa


Eduardo, Jarbinhas, Geraldo Júlio e Jarbas Vasconcelos, na inauguração do comitê do filho do senador

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Jornal do Comércio, Isto É - Dinheiro, Uol, Folha de Pernambuco, Blog do Noblat, Diário de Pernambuco

Jarbas Vasconcelos é uma espécie de espécie de curinga na eleição de Recife. Depois dos discursos dele e do governador Eduardo Campos, na inauguração do comitê de Jarbas Filho, o Jarbinhas, filho do senador candidato a vereador em Recife, a situação começou a ficar nítida.

Por que o governador Eduardo Campos aceitaria fazer uma aliança com o ex-arquinimigo Jarbas Vasconcelos?

Durante os últimos 20 anos, os dois enfrentaram-se politicamente sem estribeiras. Jarbas não poupava nos seus ataques políticos nem o avô Miguel Arraes. Jarbas impingiu a Arraes à única derrota eleitoral da sua história política, quando se elegeu governador de Pernambuco, em 1998, impedindo o avô de Eduardo de se reeleger, com uma dianteira de mais de um milhão de votos.

É verdade que Eduardo vingou o avô, derrotando Jarbas nas últimas eleições em 2010, com três milhões de votos de vantagem.

Jarbas sempre fez política com um discurso agressivo e até truculento. Para acontecer à reaproximação dos dois, Eduardo abriu mão de duas representações criminais, por calúnia, movida contra Jarbas, no STF, durante a campanha eleitoral de 2010. A ação fora movida porque Jarbas Vasconcelos, que concorria com Campos à eleição de 2010, declarou, num discurso, reproduzido no programa eleitoral gratuito na TV, que o governador estaria cooptando prefeitos e lideranças da oposição, trocando obras por votos.

O Blog do Noblat divulgou que aconteceu uma conversa azeda entre Lula e Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Até então parecia que Lula aceitaria como normal a decisão do PSB de disputar a prefeitura do Recife, feudo do PT há 12 anos, mas reagiu com veemência à aliança de Eduardo com Jarbas, um dos mais duros opositores do seu governo e do PT.

Por outro lado Jarbas confidenciou que as conversações, entre ele e Eduardo, já vinham ocorrendo desde o fim das eleições passadas, mas que eram destinadas a costurar uma aliança só para 2014; Eduardo vem aparecendo como uma das alternativas para a sucessão presidencial. O peemedebista explicou, porém, que a iniciativa foi apressada pela crise no PT pernambucano, que antes integrava a Frente Popular, coligação de 14 partidos que dá sustentação ao Palácio do Campo das Princesas e que permitiu três eleições para prefeito da capital e duas para o governo estadual.

Então, porque Eduardo está disposto a transpor obstáculos, enfrentar inclusive Lula, para ter Jarbas do seu lado?

Eduardo está enfrentando uma situação muito difícil ao se contrapor ao PT em Recife, precisa que seu candidato ganhe. Suas ambições de futuro podem se fragilizar se sofrer uma derrota no seu quintal.

Mas apesar de defender o seu candidato Geraldo Júlio, com unhas e dentes, Eduardo não pode bater no PT. O máximo que pode dizer é que não aprovou a forma da escolha que o Partido dos Trabalhadores optou pela candidatura do senador Humberto Costa.

Eduardo sabe que não enfrenta apenas Humberto Costa, enfrenta a turma do José Dirceu, que tem a hegemonia da direção geral do PT e que nunca viu com bons olhos sua ligação fraternal com Lula e nem suas aspirações de candidato a presidente da república.

Eduardo sabe que vai ser atacado com as força poderosas do PT, durante essa campanha eleitoral. Mas não pode reagir a altura dos ataques, pois não quer e não pode se indispor com Lula e Dilma Rousseff.

Então entra em cena Jarbas Vasconcelos. O senador como ninguém sabe bater no PT e o fará desde o palanque do candidato de Eduardo Campos, Geraldo Júlio.

As falas de Jarbas são farpas lançadas contra os petistas, sem que Eduardo se chamusque. Jarbas pode falar mal da administração dos petistas a frente da prefeitura do Recife, sem pudor.

No seu discurso Jarbas mostrou sua capacidade de bater no PT:

”Na campanha de quatro anos atrás, João era João, mas 90 dias depois João foi abandonado e incapaz de governar a cidade. Pernambuco andou e o Recife ficou estagnado”, alfinetou Jarbas, referindo-se ao ex-prefeito João Paulo Lima e Silva e ao atual, João da Costa (ambos do PT); eles eram aliados, mas romperam após a eleição do segundo, que não teve apoio das lideranças do partido para disputar a reeleição”.

Mas Jarbas também será útil ao PT, e a candidatura de Humberto Costa. Ao que se sabe Lula até então estava relutante em vir a Recife para participar de atos de campanha do candidato petista a prefeitura do Recife. Não queria um confronto direto com Eduardo, não queria complicar outras alianças entre o PT e o PSB, inclusive e especialmente em sem outras candidaturas, São Paulo, capital.

Agora Humberto anuncia que Lula provavelmente virá a Recife participar de atos de campanha. Para Humberto a vinda de Lula significa muito, em termos do eleitorado, mas também em termo de militância petista, ainda dividida em entrar na campanha, com facções ligadas ao atual prefeito João da Costa, que ainda não o aceita.

Graças à presença de Jarbas nas hostes adversárias, Lula finalmente poderá participar da campanha em Recife. Não dirá uma palavra contra Eduardo Campos, mas não poupará impropérios contra Jarbas, o senador Bombril.


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