31 de mai. de 2013

Dilma prefere voar em zigue-zague

BRASIL - Bizarro
Dilma prefere voar em zigue-zague
Por interferência direta da presidenta as rotas dos voos presidenciais são maiores do que dos comerciais. Perda de tempo e aumento nos custos. É o que nos revela a reportagem de Natuza Nery , para a Folha de S.Paulo

Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Dilma quer que o avião presidencial mantenha a mesma rota tortuosa do seu governo

Postado por Toinho de Passira
Texto de Natuza Nery
Fonte: Folha de S.Paulo

A presidente Dilma Rousseff não tolera turbulências --nem as corriqueiras agitações da política nacional nem as literais: ela detesta quando o avião presidencial sacode em pleno ar.

Foi pelo medo do balanço que se habituou a verificar, pessoalmente, o plano de voo antes de decolar, tal qual um controlador de tráfego aéreo.

Ela estuda com diligência cartas meteorológicas e fez questão de aprender a ler os enigmáticos dados do painel da cabine do piloto, recinto em que, aliás, já é habitué.

Não raro, Dilma exibe, a 39 mil pés, seu estilo de chefia tão conhecido em terra.

"Joseli, por que o avião está sacudindo?"; "Joseli, que curva é essa?"; "Joseli, eu não quero ir mais rápido se for para passar por turbulência".

O requisitado é Joseli Parente Camelo --tenente-brigadeiro do Ar e autoridade máxima nas rotas oficiais desde os tempos em que a Presidência era ocupada por Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma costuma acionar o militar de quatro estrelas por um botão ao lado de sua poltrona. Quando o Airbus sacode, é fatal: a campainha toca. E, dependendo da trepidação, toca com muito vigor.

Certo dia, ela viajava de Brasília a Porto Alegre quando um detalhe curioso chamou a atenção de uma assessora. No lugar de uma linha reta, o gráfico que descrevia a trajetória da aeronave mostrava um zigue-zague. Motivo: a presidente insistiu para que Joseli fugisse do agito.

Os deslocamentos aéreos da presidente Dilma costumam demorar mais do que os voos comerciais.

Nas companhias privadas, as nuvens densas não são uma barreira. Afinal, sacudir em grandes altitudes é ruim porque incomoda, mas não por ser inseguro. Além disso, seguir em linha reta é mais rápido e mais barato.

Certa vez, o desvio foi tão grande que a aeronave fez a "curva" em Mato Grosso antes de aterrissar em Brasília.

Acostumado com as exigências da passageira, até o brigadeiro Joseli, como é conhecido, chegou a brincar: "Veja aqui, presidente, por onde a senhora quer ir".

De onde não se espera, de Míriam Leitão, para O Globo

BRASIL - Opinião
De onde não se espera*
O presidente do senado Renan Calheiros deu um surpreendente, inesperado, inacreditável freio de arrumação institucional no executivo.

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Renan Calheiros, o paladino do Congresso Nacional? Dá para acreditar?

Postado por Toinho de Passira
Texto de Míriam Leitão, para O Globo
Fonte: Blog da Míriam Leitão

Será um enredo bem inesperado se o senador Renan Calheiros se transformar no fiador da defesa institucional do Congresso. Pelo inusitado da articulação política do governo, coube ao senador o improvável papel de grande defensor das instituições. Foi ele quem disse à ministra-chefe da Casa Civil que ela não estava entendendo a dimensão do Legislativo.

Renan saiu de mandatos opacos na política ao embarcar no expresso que partiu de Alagoas rumo ao Palácio do Planalto pilotado por Fernando Collor. Dele se afastou em tempo hábil para salvar-se, quando o então presidente afundava no impeachment. No governo Fernando Henrique, chegou ao cargo de ministro da Justiça. Anos depois, envolveu-se numa rocambolesca história de contas íntimas pagas por empreiteira, mas também evadiu-se da presidência do Senado a tempo de evitar a Comissão de Ética. Renunciando ao posto, acabou absolvido por seus pares em uma votação secreta.

Quando iniciou sua caminhada de volta ao comando do Senado, a mídia social conseguiu, em poucos dias, coletar um milhão de assinaturas de protesto. Foram insuficientes para alterar a ordem antinatural das coisas, e ele voltou ao cargo.

Deste alto posto de comandante, ele conseguiu, na semana passada, ancorar o desgovernado navio da MP dos portos, com manobras regimentais de velocidade estonteante. Fez sete dias em uma tarde e aprovou a MP. Alertou que seria a última vez, porque daqui para diante exigiria que fosse respeitado maior prazo para que uma MP chegasse da Câmara.

Foi quando apareceu por lá, já com os dias contados, a MP 605, que dá novo destino aos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético, para que ela pague parte da redução do preço da energia. Redução essa que ocorre quando o custo da energia para o sistema tem ficado mais caro. É mais uma MP na contramão dos fatos econômicos, mas ela morreu no Senado porque não respeitou a ordem dos dias.

Curioso, realmente, é tentar entender tanto atropelo. A presidente Dilma Rousseff tem uma vasta base parlamentar. Tão agigantada que precisou montar um governo-transatlântico, com 39 ministros.

“Algo não está muito bem”, constatou o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. O deputado, que tem tido o sol do Rio Grande do Norte por testemunha da longevidade dos Alves na política do estado, avisou que não era o caso de tapar o sol com a peneira. “Não é possível, com 420 deputados da base não conseguir colocar 257 em uma sessão decisiva.” Como integrante desse grupo numeroso, ele deve dirigir essa dúvida, entre outros, a ele mesmo.

Na refrega que levou à derrota do governo na MP 605, deu-se então o esclarecedor diálogo narrado no GLOBO de ontem pelos repórteres Maria Lima, Paulo Celso Pereira e Júnia Gama. A ministra Gleisi Hoffmann teria dispensado as negociações do presidente do Senado para salvar a MP afirmando que já tinha acertado tudo com a Marta Lyra, que ocupa o cargo de assessora parlamentar do Ministério de Minas e Energia.

Ou seja, a ministra-chefe da Casa Civil estava dizendo ao presidente do Senado que dispensava sua atuação porque já havia acertado como aprovar a MP em conversa com uma assessora parlamentar. Gleisi desembarcou na chefia da Casa Civil com a experiência de ter sido assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná e de ter sido derrotada na campanha eleitoral para a prefeitura de Curitiba. Essa primeira derrota lhe rendeu um cargo precioso: o de diretora financeira de Itaipu. De lá, preparou sua segunda campanha, que a levou ao Senado. Em pouco tempo de mandato, chegou à Casa Civil. Com tal experiência em queimar etapas, ela quis fazer o mesmo, acertando como o Senado deveria votar numa conversa com a assessora parlamentar do Ministério de Minas e Energia.

Foi quando, em surpreendente lance da novela, o senador Renan, ele mesmo, diz: “Como assim, acertou com Marta Lyra? A senhora enlouqueceu? Está confundindo as coisas, não está entendendo a dimensão do que é o Legislativo.”

Numa democracia, como aprendemos, o Congresso tem enorme dimensão. O atual Executivo e o próprio Legislativo têm feito esforços para apequená-lo. A ponto de o reforço para a defesa das suas prerrogativas institucionais vir agora até de onde menos se espera
*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda a publicação original

Bebê encontrado no cano do esgoto,
após receber alta, foi entregue a mãe

CHINA -
Bebê encontrado no cano do esgoto,
após receber alta, foi entregue a mãe
A Polícia chinesa aceitou a explicação da mãe que a criança caiu acidentalmente no vaso, após o parto inesperado, entre outras coisas porque ficou comprovado que foi ela quem deu o alarme de havia uma criança chorando no encanamento, o que possibilitou o salvamento do recém-nascido

Fotos: Zhong-Cheng-China-Daily-Reuters





O bebê do esgosto de Zhejiang, não ficou com nenhuma sequela, apesar de ter passado quase duas horas dentro da tubulação

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Uol, China Daily, Al Jazeara, The Independent

Foi entregue a mãe natural, após ter obtido alta hospitalar, o bêbê que foi resgatado pelos bombeiros, no sábado passado, encontrado dentro do cano de esgoto, na província oriental de Zhejiang, na China, depois que a polícia aceitou a explicação de que ela não teve a intenção de colocar a criança em risco.

O menino acabou no esgoto, acidentalmente, quando o parto aconteceu, de forma inesperada, para ela, quando estava usando o vazo de um sanitário coletivo de um bloco de apartamentos.

A mídia chinesa disse que a mulher de 22 anos de idade, cuja identidade não foi revelada, contou que ficou grávida depois de um caso de uma noite.

O fato veio à tona no último sábado, quando uma mulher de 22 anos - a própria mãe da criança -, avisou os donos de uma residência próxima sobre o choro de uma criança vindo de dentro dos canos.

Dois dias depois, a mãe, que acompanhou todas as etapas do resgate, admitiu à polícia que tinha dado à luz ao bebê em segredo no banheiro coletivo do condomínio em que vivia.

Ela disse à polícia que manteve a gravidez em segredo, porque não podia pagar um aborto e o pai se recusou a ajudá-la. Segundo a jovem, que manteve a gestação em segredo vestindo roupas largas, o bebê escorregou ao sair do ventre e desceu pelo encanamento.

Após tentar tirá-lo, sem sucesso, e com medo que da descoberta de que ela era a mãe, a jovem alertou um vizinho sobre o choro do bebê vindo dos canos, o qual chamou os serviços de emergência.

O bebê foi resgato duas horas depois, ainda ligado à placenta da mãe, e levado ao hospital preso no pedaço de cano, que não tinha nem dez centímetros de diâmetro.

Os bombeiros e os médicos levaram quase uma hora para fragmentar o cano, sem atingir o bebê, um menino com de 2,8 quilos, que sofreu apenas alguns cortes e arranhões no rosto.

A mãe não receberá qualquer tipo de condenação, já que as autoridades entenderam o fato como um acidente e não como um fato delitivo, como poderia parecer inicialmente.

Depois de televisão estatal mostrou imagens de médicos cortando a tubulação para tirar o menino do esgoto, milhares de integrantes das redes sociais clamavam por punição para os pais, enquanto alguns se ofereciam para adotar o recém-nascido.

Esclarecido os fatos, multiplicaram-se as ofertas de ajuda à mãe e a criança. Uma história dramática que caminha para um surpreendente final feliz.

SEQUENCIA FOTOGRAFICA DO DRAMÁTICO RESGATE:

Foto: AFP/Getty Images


Foto: AFP/Getty Images


Foto: AFP/Getty Images


Foto: AFP/Getty Images


Foto: AFP/Getty Images


Foto: AFP/Getty Images


Foto: Zhong Cheng/China Daily/Reuters


30 de mai. de 2013

O vexame causado pela liminar que poderia suspender partida entre Brasil e Inglaterra no Maracanã

BRASIL – Copa das Confederações
O vexame causado pela liminar que poderia suspender a partida entre Brasil e Inglaterra no Maracanã
A notícia de que a juíza Adriana Costa dos Santos, da 13ª Vara de Fazenda Pública, do Rio, suspendeu liminarmente o jogo entre Inglaterra e Brasil, no próximo domingo, alegando que o estádio do Maracanã não oferece condições de segurança e higiene para o público, repecurtiu em todo o mundo, principalmente na Inglaterra. No fim da noite a liminar foi suspensa

Foto: Getty Images/ The Telegraph

Essa foi a imagem usada pelo "The Telegraph" para ilustrar a matéria,
mostra o velho Maracanã, antes da reforma.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de S.Paulo, The Mirror, The Economist, The Telegraph, O Globo, BBC Brasil, Veja

A liminar que suspende o amistoso entre Brasil e Inglaterra por causa do atraso das obras do Maracanã está sendo noticiada com destaque pela imprensa britânica na noite desta quinta-feira.

No canal de notícias da BBC, o jornalista esportivo Tim Vickery disse que a decisão judicial cria um "enorme constrangimento" para as autoridades brasileiras.

"A decisão pode ser revogada, e vai haver grande pressão para que isso aconteça. Isso é um enorme constrangimento para as autoridades do Brasil num momento em que todo o mundo olha para o país", afirmou.

Ele disse que o estádio ainda não é seguro para receber jogos com capacidade máxima e chamou atenção para o fato de que seu entorno ainda está repleto de material de construção.

Ainda segundo a BBC, autoridades brasileiras teriam procurado representantes da Federação Inglesa de Futebol para afirmar que a liminar será derrubada antes do jogo.

O correspondente da rede britânica no Rio, Wyre Davis, lembrou que o atraso nas obras tem sido uma constante na preparação da Copa do Mundo e da Copa das Confederações.

"A atitude dos brasileiros costuma ser de não dar importância para isso, dizer para os visitantes olharem as praias, mas para a Fifa isso não é suficiente", afirmou o jornalista.

"Você não pode confiar só na boa vontade dos brasileiros. Os estádios têm que estar prontos", acrescentou.

Foto: Fábio Seixas/Folhapress

Dia 2 de maio, Obras no Maracanã, seis dias após o primeiro evento-teste do estádio

O The Sun lembrou que a decisão da juíza levou em conta também a preocupação com a segurança, pois pilhas de detritos e materiais de construção, que estão por toda a parte, dentro e fora do estádio, poderão ser usados pelas torcidas, com consequências gravíssimas, em caso de conflitos.

O The Mirror destaca que se a liminar não for suspensa, e o Maracanã, continuar interditado, a CBF, vai encontrar grande dificuldade em encontrar outro local no Rio, para realizar a partida.

Comenta:“O Estádio Engenhão, 47 mil lugares, o segundo maior da cidade, construído em 2007 para os Jogos Pan-Americanos, foi fechada por tempo indeterminado em março, após engenheiros encontraram problemas com a segurança da cobertura.”

CONTRA O RELÓGIO

Também nesta quinta-feira, a nova edição da revista "The Economist" chegou às bancas com uma reportagem que critica o atraso nas obras de estádios que receberão jogos da Copa.

O texto cita o desabamento de parte da cobertura da Fone Nova, em Salvador, e diz que o país está numa "cara e perigosa corrida contra o relógio" para inaugurar os estádios a tempo.

A revista afirma que as despesas com os 12 estádios da Copa já ultrapassaram R$ 7 bilhões e que isso já representa três vezes o que a África do Sul gastou com a Copa de 2010.

"A maior parte desta quantia é dinheiro público, apesar de o governo ter afirmado em 2007 que o setor privado financiaria os estádios", acrescenta a reportagem da "Economist".

O TESTE

O jogo amistoso entre as seleções de Brasil e Inglaterra está programado para ser o primeiro grande teste do Maracanã após a reforma realizada no estádio para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014.

A decisão da juíza Adriana Costa dos Santos, da 13ª Vara de Fazenda Pública, atende ao requerido por uma ação civil pública, de autoria do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, contra a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), seu presidente, José Maria Marin, e o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, que pedia a suspensão do jogo do próximo domingo e de outros eventos no local, alegando que o estádio do Maracanã não oferece condições de segurança e higiene para o público.

Pouco após o anúncio da suspensão do amistoso, o governo do Estado do Rio de Janeiro divulgou uma nota à imprensa em que afirmou já estar recorrendo da decisão.

Cercada de polêmicas, a reforma do Maracanã custou R$ 1,049 bilhão, valor bastante superior ao previsto em sua licitação, de R$ 705 milhões.

O novo estádio será administrado por um consórcio formado pela empreiteira Odebrecht – que já é uma das encarregadas pela reforma do estádio –, pela empresa IMX, do empresário Eike Batista, e pela companhia de origem americana AEG.

O processo para a concessão do estádio à iniciativa privada também foi cercado por controvérsias e reviravoltas e chegou a ser por duas vezes suspenso após ações do Ministério Público, que foram posteriormente revertidas.

O estádio deve ser palco das partidas finais da Copa das Confederações – que começa no próximo dia 15 de junho – e da Copa do Mundo de 2014.

LIMINAR SUSPENSA

No fim da noite, a imprensa noticiou que a juíza de plantão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro revogou a liminar que suspendia o amistoso Brasil x Inglaterra, marcado para domingo, no Maracanã. O Governo do Estado entrou com recurso apresentando laudo da Polícia Militar que comprova o cumprimento de todas as regras de segurança no Maracanã.

O jogo vai acontecer, como se poderia prever, mas, com a liminar, as vísceras da nossa incompetência ficaram mais expostas.

A "canalhice" de Protógenes Queiroz

BRASIL - Justiça
A "canalhice" do deputado Protógenes Queiroz
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, chamou de "canalhice" acusação feita pelo o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) contra sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio

Foto: Antonio Cruz/ABr

PROTÓGENES, O CANALHA – Canalhice á a ação própria de canalha. Nos dicionário web "canalha" é definido como pessoa sem moral, desonesta; patife, infame, velhaco (!?)

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Folha de S.Paulo, Blog do Reinaldo Azevedo, Consultor Jurídico

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que não irá estabelecer qualquer bate boca com investigados, “por mais repugnantes e mentirosas que sejam as afirmações feitas pelo investigado”.

Gurgel se manifestou sobre acusações feitas pelo ex-delegado e deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) em palestra no dia 9 de maio, na subseção de São Caetano do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil.

Em palestra intitulada “Os bastidores da operação satiagraha”, Protógenes, investigado em processo no Supremo Tribunal Federal justamente por sua atuação na operação, acusou a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio de ter recebido R$ 280 mil do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, para que ela desse parecer favorável à quebra de seus sigilos. Cláudia é mulher do procurador-geral da República.

Sobre a acusação, Roberto Gurgel disse que se trata de uma reação “descontrolada, intolerável e criminosa” do deputado, ao pedido formulado no Supremo Tribunal Federal “de diversas diligências para apuração de fatos extremamente graves que envolvem esse investigado”.

O Supremo Tribunal Federal decidiu dar curso à investigação que pretende apurar se a operação Satiagraha foi patrocinada e conduzida por empresários interessados em alijar o banqueiro Daniel Dantas do mercado de telecomunicações do Brasil.

O ministro Dias Toffoli atendeu esta semana uma lista de pedidos feitos pela Procuradoria-Geral da República. Entre eles estão a quebra de sigilo bancário do ex-delegado e deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e do sigilo telefônico do empresário Luís Roberto Demarco. O jornalista Paulo Henrique Amorim terá investigada a origem do seu blog.

Falando para a Folha de S.Paulo, o procurador-geral disse que a Procuradoria não vai cair na armadilha de Protógenes Queiroz
Demarco, ex-sócio de Daniel Dantas no grupo Opportunity, foi o homem designado pela Telecom Italia para defender seus interesses no Brasil e combater os de Daniel Dantas. Protógenes Queiroz, atuando como delegado da Polícia Federal, conduziu a operação Satiagraha, que investigou supostos crimes financeiros de Daniel Dantas e de seu grupo empresarial. Paulo Henrique Amorim, em conexão com Demarco e Protógenes, conduzia uma campanha de mídia contra Dantas.

Demarco e Amorim estariam a serviço da Telecom Itália, sócia de Daniel Dantas na Brasil Telecom, com quem disputava o controle acionário da operadora.

Entre outras ordens, o ministro do STF determinou a expedição de carta rogatória à Itália, para obtenção das conclusões dos processos conduzidos pela Procuradoria da República de Milão. Nesse processo, apurou-se que da empresa Telecom Itália foram desviadas altas somas destinadas a subornar autoridades, políticos, policiais e jornalistas do Brasil. Entre os executivos da empresa na Itália, responsáveis pelo “propinoduto”, alguns já foram presos, outros ainda respondem processos e um se suicidou. Embora já se saiba da condenação dos corruptores, até hoje as autoridades brasileiras evitaram ir atrás dos corrompidos.

Será quebrado o sigilo bancário também de José Zelman que, segundo Protógenes, foi quem lhe doou três imóveis (dois apartamentos, um no Guarujá, outro em Foz do Iguaçu e mais uma garagem), no curso da operação Satiagraha. A Receita Federal deverá fornecer as declarações de Imposto de Renda de Protógenes e Zelman, de 2005 a 2008.

Além da quebra de sigilo telefônico de todas as linhas identificadas como sendo de Protógenes e Demarco, serão levantadas também as ligações feitas e recebidas pela Nexxy Capital (empresa de Demarco) e números da própria Polícia Federal. Dos aparelhos celulares, além das ligações serão recuperados os SMS disparados ou recebidos.

As superintendências da Polícia Federal em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro deverão informar se Luís Roberto Demarco ingressou nos prédios entre janeiro de 2007 e dezembro de 2008 — e a finalidade das visitas. A empresa de Demarco será investigada também na Junta Comercial de São Paulo.

Roberto Gurgel disse que as acusações criminosas são “uma óbvia tentativa de obter o impedimento do procurador-geral” e também de obter o impedimento de ministros do STF. “Porque se eu tomo qualquer providência com relação a essas calúnias, fico impedido de atuar neste caso. E a Procuradoria não vai cair nessa armadilha.

Protógenes Queiroz também afirmou que Daniel Dantas ofereceu US$ 20 milhões para um delegado da Polícia Federal e cinco policiais, mas não citou os motivos ou nomes dos assediados. E emendou: “quanto que não deve ter oferecido, não ofereceu, para o procurador-geral da República?”.

Questionado sobre a desvalorização do Ministério Público — já que a suposta propina de R$ 280 mil muito menor do que a de US$ 20 milhões que teria sido oferecida, segundo o deputado, à PF — o procurador respondeu, rindo: “Já não vou discutir esse tipo de cotação”.

O deputado ainda se referiu ao ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como "Gilmar Dantas". Foi o ministro que aceitou dois pedidos de habeas-corpus do banqueiro durante sua prisão na Operação Satiagraha, em 2008.

Possivelmente sob o mesmo ponto de vista do Procurado, o Ministro Gilmar não quis se pronunciar sobre as insinuações de delegado Protógenes, para não ficar impedido de participar do eventual julgamento do processo no fim das investigações.

O banqueiro Daniel Dantas entrou com queixa-crime no Supremo por conta das declarações do deputado. Na palestra, Protógenes voltou a chamar Dantas de “banqueiro bandido”.

Procurado pelos principais órgãos de imprensa do país, Protógenes, não quis comentar o que se falou dos seus comentários. Talvez ele tenha tomado consciência de ter ido longe demais...

A maldição da Fonte Nova, o desabamento do ufanismo e a desmoralização da caxirola, Coluna do Augusto Nunes

A maldição da Fonte Nova e a desmoralização da caxirola, coluna do Augusto Nunes

BRASIL – Opinião
A maldição da Fonte Nova, o desabamento do ufanismo e a desmoralização da caxirola
“É um perigo debochar dos orixás da Bahia, confirma a maldição da Fonte Nova. Dilma Rousseff desafiou os deuses do candomblé...”

Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE

GAROTA PROPAGANDA - Dilma segura feliz as caxirolas de Carlinhos Brown

Postado por Toinho de Passira
Texto de Augusto Nunes
Fonte: Coluna do Augusto Nunes

Nos palavrórios que festejam a inauguração de estádios que não ficaram prontos, Dilma Rousseff espanca a verdade com a mesma lenga-lenga: o Brasil Maravilha está mostrando aos eternos pessimistas, todos loiros de olhos azuis, que cumpre o que promete, faz o impossível, acelera na hora certa e por tudo isso, como avisou o padrinho Lula, vai matar a Argentina de inveja com a Copa de 2014.

Em 5 de abril a discurseira ufanista se repetiu na Arena Fonte Nova, em Salvador, reconstruída com milhões de reais tungados dos brasileiros que pagam impostos.

Nesta segunda-feira, o desabamento da parte da cobertura do estádio na Bahia ─ um dos tantos monumentos à gastança concebido pelos arquitetos da Copa da Roubalheira ─ desmontou a farsa. Quem acreditou em Dilma dormiu sonhando com a oitava maravilha do mundo. Acordou com o barulho do teto que não resistiu ao primeiro temporal. Melhor que a presidente se recolha ao silêncio por alguns dias. Enquanto faz de conta que só conhece as velhas fontes de Roma que viu na visita ao Papa, Dilma talvez aprenda onde fica o gol. A diferença entre o pau de escanteio e o bandeirinha pode ficar para depois.

É um perigo debochar dos orixás da Bahia, confirma a maldição da Fonte Nova. Dilma Rousseff desafiou os deuses do candomblé durante a cerimônia no Palácio do Planalto que, em 23 de abril, promoveu a caxirola a símbolo da Copa do Mundo e Carlinhos Brown a gênio da raça. “O Carlinhos não disse, mas ele me falou que a caxirola também tem um sentido transcendental de cura, de enfim, de paz com o mundo, de estar, de fato em sintonia com a natureza e com todos os orixás”, desandou a presidente.

Decidida a enxergar a pátria em forma de chocalho no que nunca passou de um caxixi pintado de verde e amarelo, Dilma envolveu as poderosas entidades numa tapeação de quinta categoria. Está pagando caro pela heresia. Em 28 de abril, uma chuva de caxirolas no gramado da Fonte Nova demonstrou que Carlinhos Brown inventara uma arma. Nesta segunda-feira, as retaliações se intensificaram: num mesmo dia, a caxirola foi expulsa da Copa das Confederações e a cobertura do estádio desabou.

A presidente que mantenha distância da Fonte Nova: pelo jeito, orixás não admitem ser reduzidos em dilmês de boleiro a avalistas de lucrativas vigarices.

Foto Leogump Carvalho/Estadão

PERIGOSAS- A estreia das caxirolas de Carlinhos Brown na Arena Fonte Nova, foi a primeira e única aparição oficial – arremessada pela torcida, como pequenas granadas de mão, foi abolida em seguida pela FIFA e CBF dos estádios

Foto: Edson Ruiz/Estadão

FRACASSO MONUMENTAL - Carlinhos Brown, que esperava ganhar milhões de reais em royalties, acabou como infeliz proprietário de milhões de caxirolas encalhadas


Amor à Vida - A ascensão da “bicha má”, de Luís Antônio Giron, para a Época

BRASIL – Entretenimento
Amor à Vida - A ascensão da “bicha má”
O Brasil está preparado para Félix, de "Amor à Vida", o primeiro vilão gay da história das novelas? Talvez não

Foto: Rede Globo

PELAS CONTAS DO ROSARIO!: “Abri uma frestinha na porta do armário. Dei uma escapadinha para fora. Eu entro no armário de novo e tranco a porta. Boto cadeado, juro!” – Félix prometendo a mulher que não vai mais ter casos homossexuais

Postado por Toinho de Passira
Texto de Luís Antônio Giron*, para o site da Época
Fonte: Blog Mente Aberta

Meu doce, eu tenho uma notícia amarga para lhe dar: Félix virou o assunto mais ventilado do Brasil. Dos salões de cabeleireiro às redes sociais, as falas do personagem magistralmente interpretado pelo ator Mateus Solano na novela Amor à vida, de Walcyr Carrasco, da TV Globo, são instantaneamente convertidos em memes. Suas frases viram moda tão logo ele as pronuncia. A expressão “meu doce” já se consagrou. E isso em apenas duas semanas de exibição da nova novela das nove da noite.

Félix é herdeiro do doutor César Khoury (Antônio Fagundes) um médico milionário, que mantém o Hospital San Magno em São Paulo. Ele disputa a herança com a irmã Paloma (Paolla Oliveira). Félix a inveja e tem certeza de que ela foi adotada. Ele trabalha como administrador do San Magno. Pratica corrupção, assédio moral e assédio sexual. Nada de novo: a ação gira em torno do microcosmo médico, evocando uma espécie de E.R. à brasileira. A trama também contém um enxame de personagens, suspense e cenas bregas que lembram a matriz mexicana do gênero. Mas Walcyr Carrasco teve uma fagulha genial ao construir a personagem de Félix. Porque ele é um vilão como nunca houve.

Pela primeira vez na história da novela brasileira, surge um homossexual sacripanta, insidioso e repleto de peculiaridades. No primeiro capítulo, roubou o bebê recém-nascido de Paloma e o jogou em uma caçamba de lixo. Mas Félix disfarça: finge ser amiguinho da irmã. Mantém um casamento de fachada com Edith (Barbara Paz). O casal tem um filho, Jonathan adolescente revoltado e quase delinquente vivido pelo jovem ator Thales Cabral, que imita o personagem-título do filme Precisamos falar de Kevin (2011), baseado no romance da americana Lionel Shriver. Mantendo as aparências, Félix se relaciona com parceiros masculinos. Quando é flagrado pela mulher encontrando-se com “anjinho” em um shopping center, promete que nunca mais fará isso. Seu pai tem certeza de que conseguiu livrá-lo do homossexualismo, orientando-o para o casamento e o tédio da vidinha de classe média. Mas Félix não consegue se conter: ele dá em cima de homens que trabalham no hospital com a mesma gana com que rouba o dinheiro da instituição e pratica crimes. Walcyr está conseguindo criar um bandido capaz de ombrear com Nazaré Tedesco e Carminha, só para citar as vilãs mais famosas do século. Félix está sendo chamado nas redes sociais e nos comentários de feira e salão de beleza de “a bicha má”.

Algumas de suas pérolas mostram que ele faz jus ao apelido depreciativo. “Abri uma frestinha na porta do armário. Dei uma escapadinha para fora. Eu entro no armário de novo e tranco a porta. Boto cadeado, juro!”, diz a Edith, prometendo que nunca mais vai se envolver com homens. Sobre a trambiqueira Márcia (Elizabeth Savalla), ex Tetê-Pára-choque: “Se é ex-chacrete já deve ter despencado. A gravidade é um crime contra a mulher”. Não é menos cruel com mamãe: “Genética não tem nada a ver com cabelo tingido. Mamãe não deve nem lembrar a cor original do dela.”

Ao namorado da irmã, Bruno (Malvino Salvador), ele dispara: “Você deve ser um ótimo corretor. Vendeu o apartamento e levou minha irmã de comissão.” Depois de contratar um médico bonitão, exclama: “Mãos hábeis. Ai, que vontade de ter uma apendicite!” E quando finge sentimento, declara: “Por todas as contas do rosário. Eu estou sem palavras de tanta emoção!”

O Brasil popular tem um brinquedo para se divertir, enfim. Até pouco tempo, os gays - que já comparecem em peso nas novelas - eram retratados com ares de açúcar. Isso a ponto de muitas meninas telespectadoras sonharem se casar com gays. Eram criaturas atraentes, divertidas, coloridas, adoráveis. O mais recente foi Crô (Marcelo Serrado), de Fina Estampa, figura tão apaixonante que está ganhando um filme com ele como figura central. Os realizadores de televisão e de cinema do mundo inteiro tendem a mostrar os gays de forma complacente e politicamente correta. A aparição de Félix, portanto, quebra um tabu. Os gays já estariam assimilados a tal ponto que já podem assumir na ficção contornos mais realistas sem ofender a comunidade GLBT nem o público em geral. Máscaras de Félix poderiam brilhar na próxima Parada Gay de São Paulo com sucesso.

Pena que não seja bem assim. A dúvida é se o Brasil já está preparado para a “bicha má”. É preciso observar se o público será capaz de distinguir as falhas de caráter da condição homoerótica do personagem. Sabe-se que o telespectador não consegue nem separar atores de personagens, quanto mais nuances psicanalíticas. São comuns os casos de atores ofendidos e apedrejados nas ruas por seus papéis na televisão. O último deles foi o ator Nando, que fazia o malandro traidor Pescoço em Salve Jorge, perseguido por mulheres ofendidas. O público adora odiar vilões mais ou menos ambíguos. As malvadezas de Félix podem, sim, reforçar os estereótipos do homossexual (malícia, cinismo, frases ferinas, vaidade excessiva) e provocar mais atos de homofobia, como os que ocorrem em cidades com fama de evoluídas, como São Paulo. A presença ostensiva do personagem todas as noites nos lares brasileiros funciona como um teste de tolerância. Se as multidões que veem novela conseguirem compreender que Félix é malvado não por causa de sua homossexualidade e sim de seu caráter, então o Brasil terá mudado. Duvido, meu doce... O sucesso de Félix é análogo ao preconceito ao homossexual que ainda vigora no Brasil. Como obra de ficção, a novela não tem culpa de fazer emergir esse tipo de reação.
Luís Antônio Giron é editor da seção Mente Aberta de ÉPOCA, escreve sobre os principais fatos do universo da literatura, do cinema e da TV
*Alteramos o título, acrescentamos foto e legenda a publicação original

Caixa Econômica Federal e o Bolsa Família

BRASIL - Opinião
Caixa Econômica Federal e o Bolsa Família
Moral da fábula dilmo-petista: os inocentes eram culpados, mas os culpados são inocentes

Charge : Sponholz

Postado por Toinho de Passira
Texto de Reinaldo Azevedo
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

O ridículo, no caso que envolve a Caixa Econômica Federal e a bagunça gerada pelo pagamento dos benefícios do Bolsa Família, parece não ter fim. Nesta quarta, a presidente Dilma Rousseff, imaginem vocês!, emitiu uma nota oficial para afirmar que nada muda na direção da instituição financeira e que a “a diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”.

Ah, bom, se é assim…

Façamos, pois, uma síntese da história, à qual Dilma, finalmente, empresta, então, uma moral. E a moral da história é a seguinte: quando não se conhecia a origem da confusão, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) houve por bem culpar a oposição, com aquela clarividência que, a gente nota, ela traz, de hábito, estampada na testa. Já o ministro José Eduardo Cardozo, o Garboso, e a presidente Dilma preferiram apontar uma conspirata. Para a governanta, o responsável, além de “desumano”, era também “criminoso”.

Muito bem! Agora já se sabe — embora seja frenética a busca de um bode expiatório — que foi a própria CEF a responsável pela confusão. Menos do que o boato do fim do benefício, o que pegou mesmo foi a informação — e se tratava de um fato parcialmente verdadeiro — de que havia um “dinheiro a mais” na conta… E havia: a antecipação do pagamento de maio.

Com a informação em mãos — apurada pela imprensa (reportagem da Folha), não pelo governo ou pela própria CEF —, os “desumanos” e “criminosos” de antes viram heróis. E não pode haver, convenham, melhor síntese do petismo do que essa. Esse episódio, já que tem uma moral da história, assume mesmo o tom de uma fábula — do subgênero perverso. E sua síntese é esta: “Os inocentes, se nossos inimigos, são criminosos; os culpados, se nossos aliados, são virtuosos”. Ou ainda: “Os adversários são sempre culpados, mesmo quando inocentes; os aliados são sempre inocentes, mesmo quando culpados.”

Quem estranha? Voltemos ao caso do mensalão e dos mensaleiros, que estão por aí, para escândalo do bom senso, atacando o Supremo Tribunal Federal. A impressão que se tem é que o país não foi vítima do maior escândalo da história republicana; os protagonistas dos atos criminosos é que teriam sido vítimas, coitados!, de um tribunal de exceção. Se bem que, convenham, a coisa faz sentido: aqueles que, no fundo, odeiam o processo democrático acabam se sentido perseguidos por suas regras e por suas leis. É um vexame!
Leia mais no “thepassiranews”: Caixa é a mãe dos boatos do fim do Bolsa Família
*Alteramos o título e acrescentamos uma charge a publicação original

Status no lixo, de Lucas Mendes, de Nova York para a BBC Brasil

USA - Nova Iorque
Status no lixo
A "Lixóloga" Robin Nagle, citando um apanhador de lixo: "Você pode passar toda a sua vida sem ter que chamar um policial, sem nunca chamar um bombeiro. Mas você precisa de um lixeiro todos os dias."

Foto: Arquivo pessoal Robin Nagle

LIXÓLOGA - Robin Nagle, a antropóloga da Universidade de Nova York, entre os caminhões de lixo, o mundo que ela gosta de estudar e louvar.

Postado por Toinho de Passira
Texto de Lucas Mendes , de Nova York para a BBC Brasil
Fontes: BBC Brasil, The New York Times, Waste Recycling, New York Daily News

Gorjeta do carteiro? Confere. Gorjeta do zelador? Confere. Gorjeta do estacionamento? 8 pessoas. Putz! Confere.

Gorjeta do entregador do jornal? Confere. Gorjeta da diarista? Confere. Do engraxate? Confere. Do garçom? Confere.

Gorjeta do lixeiro? Nem vem qui num tem.

O lixeiro é tão ou mais essencial no nosso dia a dia do que a maioria dos que nos servem, mas continua invisível e pouco apreciado. Chama atenção quando faz barulho ou bloqueia a rua com seu caminhão. Então mandamos recados para a mãe dele e fazemos coro de insulto na buzina.

Nova York viveu 200 anos sem eles. Quando os moradores começaram a morrer de doenças contagiosas e intoxicações, foi criado o Departamento de Saneamento Público. Sucesso. Até então, o lixo era entregue aos porcos que viviam soltos na cidade.

Foto: Arquivo da Biblioteca do Congresso USA

Lixeiros perfilados para desfilar pelas ruas de Nova Iorque. Curiosidade entre 1895 a 1930, os lixeiros nova-iorquinos usavam uniformes brancos.

A limpeza e o fim do mau cheiro trouxeram alívio e alegria. Os lixeiros foram homenageados num desfile pela Quinta Avenida como fazem hoje com os astronautas, times campeões e outros heróis. Com suas vassouras nos ombros, foram aplaudidos do começo ao fim e não houve arremesso de papel picado das janelas.

Quando o atual prefeito de Nova York disse que era mais perigoso ser lixeiro do que policial, levou cacetadas nos editorais e dos sindicatos, mas quando saiu o relato anual das profissões mais perigosas do país, os lixeiros apareceram em quarto lugar.

A lista varia de ano para ano, mas a coleta de lixo está sempre entre as dez profissões mais perigosas. Lixeiros são vítimas de atropelamentos e produtos tóxicos. Policiais e bombeiros nunca entram na lista das 10 mais perigosas. Estão mais perto das profissões mais seguras do país.

Quantos filhos ou mulheres batem no peito com orgulho para anunciar que o pai ou o marido é lixeiro? A maioria esconde, nos conta a ex-lixeira e antropóloga do lixo, Robin Nagle, que acaba de lançar o livro Picking Up, com um raio-X do lixo e dos lixeiros de Nova York. Ela passou nos testes, viveu o cheiro, os perigos, subiu na carreira, dirigiu os caminhões, enfim, fez de tudo no mundo do lixo durante dois anos.

Com o salário, pagou parte dos estudos e hoje é professora de antropologia e estudos urbanos da New York University, mas nas várias entrevistas informa que limpar o lixo oferece gratificações pessoais mais imediatas do que o magistério. Também tem o posto de "antropóloga residente" no DSNY, Departamento de Saneamento de Nova York.

O salário inicial da universidade é mais alto, mas empatam depois de cinco anos, na faixa de US$ 5 mil por mês (US$ 10 mil). Em ano de furacão e nevascas, com as horas extras, o salário chega a US$ 90 mil. Supervisores estão na faixa de US$ 100 mil ou pouco acima. Só 10% dos americanos ganham mais do que US$ 111 mil por ano e a maioria não têm os benefícios dos lixeiros.

Foto: Arquivo Departamento Saneamento de New York

Varredor de rua, em meio ao transito de Nova Iorque, 1920

Esta semana, depois de 5 anos, a prefeitura abriu concurso para os "san men", como preferem ser chamados. Há menos do que mil vagas e mais de 32 mil candidatos dispostos a pagar US$ 49 para fazer o teste.

A prefeitura achou que era injusto e sorteou 12 mil nomes para o concurso, entre eles um número recordista de mulheres. No momento, elas são apenas 196 numa força de 7.200 que coleta 10 mil toneladas de lixo residencial por dia e outras 2 mil toneladas de recicláveis.

Quem ficou fora do sorteio protestou. Entre os candidatos, há filhos de lixeiros que se orgulham da profissão e do padrão de vida que receberam dos pais. Ainda são poucos, mas cada vez mais numerosos.

Além das estatísticas, sempre importantes e quase sempre chatas, Robin conta boas histórias, inclusive sobre o vocabulário dos lixeiros. "Mongo", como substantivo, significa o lixo que tanto a população quanto lixeiros levam das ruas para casa. A rigor, o lixo pertence à cidade, mas ninguém foi preso pelo crime. O verbo, to mongo, é a prática de "mongar".

Para os lixeiros, a primavera é "maggot", porque os vermes enchem as lixeiras; "air mail", via aérea, é lixo arremessado do alto pelos preguiçosos que não querem descer e subir escadas. Tentam arremessar os sacos na carroceria do caminhão. Raramente acertam.

Um livro não vai transformar lixeiros em heróis, mas acelera um processo rumo ao respeito e status que merecem. Os "mongadores" não vão encontrar o livro de Robin nas latas de lixo.

Foto: Debbie Egan-Chin/New York Daily News

MISS LIXO - Mary Ellen Connolly, 36 anos, ex-técnica de raio-X, uma das recém contratadas pela prefeitura como coletora de lixo, foi notícia em várias publicações americanas. Representa um novo perfil de profissionais no ramo, atraídos pelos salários, benefícios e aposentadoria em 20 anos de serviço.


*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original

29 de mai. de 2013

Polêmica do vandalismo chinês no templo egípcio

CHINA – EGITO
Polêmica do vandalismo chinês no templo egípcio
Um jovem chinês, Ding Jinhao, fez uma daquelas ridículas inscrições que turistas mal educados costumam fazer nos lugares que visitam. Só que ele grafitou sobre um baixo relevo que data de 14 a.C., no templo de Luxor, construído por Amenófis II. Sua proeza rendeu indignação e protestos nas redes sociais chinesas. Ele e a família tiveram que pedir desculpas. O governo do Egito, de olho na demanda chinesa de turistas, minimizou o incidente. .

Foto: Sina Weibo

A inscrição incivilizada "Ding Jinhao esteve aqui"

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Huffington Post, The Daily Mail , China Daily , Egypt Independent

Um adolescente chinês causou uma onda de indignação entre internautas de seu país por ter rabiscado o seu nome na parede de um templo antigo em Luxor, no Egito.

A inscrição arranhada na parede - que dizia, em mandarim, "Ding Jinhao esteve aqui" - foi encontrado por um turista chinês chamado Shen, que visitou Luxor há três semanas.

Shen postou a foto do grafite em sua conta no Sina Weibo, um híbrido chinês do Twitter e do Faceboook, e rendeu mais de 100 mil comentários.

O grupo de chineses que visitava o templo fez um silencio envergonhado ao ver a inscrição feita por um seu patrício, disse Shen.

Ding Jinhao, o autor da “proeza”
O garoto foi identificado como estudante do ensino médio em Nanjing, no leste da China, e teve sua data de nascimento e escola revelados na internet.

O incidente é mais um exemplo do fenômeno crescente na China de usuários da internet expondo informações privadas sobre pessoas que cometeram atos considerados condenáveis.

A controvérsia surge dias após Wang Yang, um dos quatro vice-primeiros-ministros da China, dizer que o "comportamento incivilizado" de alguns turistas chineses estava prejudicando a imagem do país no exterior.

'MUITA PRESSÃO'

Os pais do menino pediram desculpas a um jornal local, dizendo que o garoto está arrependido de suas ações. "Queremos pedir desculpas ao povo do Egito e as pessoas que deram atenção a este caso em toda a China," disse a mãe de Ding Jinhao.

A mãe do menino acrescentou que o adolescente, agora um estudante do ensino médio em Nanjing, no leste da China, cometeu o ato quando era mais jovem e agora tinha percebido a gravidade de suas ações.

O pai de Ding Jinhao também apelou ao público pedindo que deixassem seu filho em paz. "Isso é muita pressão em cima dele".

Foto: Divulgação

A entrada do templo antigo em Luxor, Egito

O templo de Luxor, na margem do Nilo, foi construído por Amenófis II, que viveu no século 14 a.C., e mais tarde foi ampliado por Ramsés II.

O Ministério de Antiguidades do Egito disse que o dano à parede do templo era superficial, e medidas para restaurá-lo já estavam sendo tomadas.

Turistas chineses gastaram US$ 102 bilhões (R$ 209 bilhões) no exterior no ano passado, um aumento de 40% em relação ao ano anterior. A Organização Mundial de Turismo da ONU diz que a China é hoje a maior fonte de renda do turismo global.


Caixa Economia é a mãe dos boatos do fim do Bolsa Família

BRASIL – Trapalhada Federal
Caixa é a mãe dos boatos do fim do Bolsa Família
A Caixa Econômica pediu desculpas e admitiu um erro de informação depois dos boatos sobre o fim do programa Bolsa Família, mas não quer admitir que foi, por uma falha sua, com a liberação antecipada do dinheiro que gerou o tumulto nas agências e o boato do fim do bolsa familia. Caluniada a oposição quer um pedido formal de desculpas.

Foto: José Cruz/ABr

PAI DA CRIANÇA - O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, também conhecido por Dr Silvana, o arquinimigo de Capitão Marvel, não tendo mais para onde esconder, admitiu que houve uma antecipação do dinheiro do Bolsa Família, sem motivo e sem aviso prévio aos beneficiários. Foi aí que o boato foi gestado.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog do Reinaldo Azevedo, Veja, G1, Folha de S.Paulo, Agência Brasil

Não há mais dúvidas que foi a própria Caixa Econômica Federal, que gerou e motivou, por irresponsabilidade trapalhona os boatos do fim do Bolsa Família, que gerou pânico entre os beneficiários e depredações de algumas agencias em alguns estados brasileiros.

Os lideres oposicionistas cobram agora do governo desculpas e explicações sobre o incidente, por ter sido caluniosamente responsabilizada pelo fato, pelos ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo (Justiça) e pela própria presidente candidata Dilma Rousseff.

A corrida para sacar os recursos do Bolsa Família decorreu de uma ação da direção da Caixa, que inexplicavelmente, antecipou os pagamentos de maio, “sem prévio aviso, e permitiu a fermentação de um coquetel de boatos, incluindo o suposto pagamento de um extra, de um bônus — versão que, embora falsa, se mostrava verossímil porque se tornou disponível um dinheiro antes da data agendada”.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), cobrou desculpas da presidente Dilma:

Aécio Neves cobrando pedido de desculpas da Presidenta, aos beneficiários do Bolsa Família e a oposição
“O presidente da Caixa omitiu a verdade durante toda essa semana. Esperamos até uma convocação de rede pública de televisão, já que a presidente é tão afeita a essas convocações, que peça desculpas aos brasileiros tanto pelas acusações injustas e por aqueles que sofreram, segundo a presidente, um ato desumano", comentou Aécio.

"Cada vez mais claro é que houve uma ação descoordenada que levou a todo aquele tumulto e, o mais grave, que não foi assumida pela Caixa. Estamos voltando a ter versões oficiais de instituições seculares e que atendem a interesse do governo e não do país”- concluiu o senador mineiro Aécio Neves.

Parlamentares da oposição se encontraram na manhã desta terça com Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal. Cobraram celeridade na investigação.

“A ministra Maria do Rosário falou que a oposição estava por trás disso, então fomos lá pedir pressa e acesso às investigações”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

“Em qualquer país sério do mundo ele [Jorge Hereda, presidente da CEF] seria demitido na hora. Isso é grave, é um crime. Ele pede desculpas e varre-se tudo para debaixo do tapete? Passou pelas águas do rio Jordão, está abençoado, não tem pecado?. É isso que se espera? Esse fato é grave e agora o governo quer minimizar”, disse Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM na Câmara.

Para o líder do MD na Câmara, Rubens Bueno (PR), “o presidente da Caixa agiu com irresponsabilidade e incompetência”. E acrescentou: “Em todo esse episódio, o que não faltou foi mentira, falta de transparência. Não há dúvida de que o erro da Caixa, ao antecipar na surdina os pagamentos, contribuiu de maneira decisiva para a difusão do boato sobre o fim do programa do governo. Sem contar que os beneficiários ainda foram prejudicados com os tumultos na agências.”

Reinaldo Azevedo no seu Blog, ainda lembra que ” não fosse a reportagem da Folha descobrir a antecipação do pagamento, a mentira oficial contada pela direção da CEF teria prosperado, e a hipótese de uma tramoia, que a máquina petista já estava jogando nos ombros da oposição, teria prosperado. A Caixa Econômica Federal é um banco público, não um banco do PT”.

A trapalhada e as mentiras para esconder a grave falha, compromete a credibilidade da Caixa Econômica Federal, um valor agregado decisivo para uma instituição financeira.

Foto: Clemilson Campos/JC Online

QUEM VAI PAGAR POR ISSO ? - Os beneficiários do "Bolsa Família" viveram momentos de tensão e ansiedade, com os boatos, gerando tumultos e depredações nas agências da Caixa, em vários estados brasileiros

Quanto tempo a Polícia Federal, posta para investigar o fato tido como criminoso pelo Ministro da Justiça e pela Presidente-candidata Dilma Rousseff, vai demorar para descobrir a origem do boato?

Basta ler os jornais, ouvir os noticiários ou interrogar o suspeito único, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, também presidenta da Central de Boatos Federal.


28 de mai. de 2013

Oscar Schmidt luta contra câncer no cérebro

BRASIL - Drama
Oscar Schmidt luta contra câncer no cérebro
O ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, o maior atleta de bola ao cesto na história do Brasil e recordista mundial em pontos, trava uma batalha contra o câncer. No dia 30 de abril, o Mão Santa passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno do cérebro. A família de Oscar não divulgou a cirurgia e o fato só veio a publico após o jornalista Fernando Vanucci publicar a informação em sua página no Facebook.

Foto: Divulgação

Doença de Oscar Schmidt gera mobilização nas redes sociais em apoio ao ídolo

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Globo Esporte, Terra, Extra, Blog do Oscar Schimidt

Maior nome do basquete brasileiro de todos os tempos, o ex-jogador Oscar Schmidt, de 55 anos, luta contra um câncer no cérebro. Ele passou por uma cirurgia no fim de abril, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Agora, está fazendo sessões de radioterapia. Segundo o médico de Oscar, o neurologista Marcos de Queiroz, a decisão de fazer a operação aconteceu por conta de um aumento no tumor que o ex-atleta tinha desde 2011.

- Nós operamos na primeira vez em maio de 2011. O tumor já era maligno em 2011, mas de baixo grau (2). Optamos apenas por seguir com exame de imagem constantes. Em abril, ele fez uma nova ressonância e apontou um crescimento (grau 3). Optamos por operar, apesar de o Oscar estar ótimo - disse Marcos de Queiroz.

A escala de gravidade dos tumores vai de 1, o único considerado benigno, a 4, o mais grave. De acordo com o médico, que recebeu autorização de Oscar para comentar o caso, o tumor retirado era mais agressivo e, por isso, precisou ser retirado. Para evitar que resquícios se alastrem, o ex-jogador precisa fazer sessões de radioterapia.
Foto: Reprodução/Twitter CBB
A Confederação Brasileira de Basquete deu força para Oscar pelo Twitter

- Removemos o tumor e, nesta segunda amostra, a malignidade do tumor era maior. Isso significa que ele é mais agressivo, em termos de velocidade e invasão do cérebro. Por isso, ele está fazendo radioterapia e depois seguirá para a quimioterapia - disse.

Apesar de todo o susto, Marcos de Queiroz afirma que Oscar está bem e tem levado uma vida normal.

- Mal ele não está. Está em casa. Voltou a fazer suas atividades normais e falou que ia dar palestra hoje, que fiquei sabendo. As funções cerebrais estão normais. O risco é a resposta do tumor à quimioterapia. O prognóstico médio é de que ele tenha uma sobrevida de qualidade por vários anos sem nenhum dano nas funções cerebrais - disse.

Segundo o neurologista, apesar do problema, Oscar estará nos Estados Unidos, em setembro, para a cerimônia de entrada no Hall da Fama do Basquete Mundial.

- Uma das coisas mais importantes para todos os brasileiros que gostam de esporte é que em setembro ele estará bem na cerimônia do hall da fama do basquete - completou.

RECORDISTA DE PONTOS

Oscar é considerado um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos. O ex-atleta é o recordista mundial de pontos, com 49.703, superando o americano Kareem Abdul-Jabbar. O recorde é extraoficial, pois não havia súmulas de todos os jogos de Oscar no Brasil.

O Mão Santa foi o líder de um dos maiores feitos do basquete mundial. Em 23 de agosto de 1987, o Brasil foi campeão dos Jogos Pan-Americanos ao bater os Estados Unidos em Indianápolis, casa dos americanos, na final.

Oscar também foi bronze no Mundial de 1978, nas Filipinas. O ex-jogador participou de cinco Olimpíadas (Moscou, Los Angeles, Seul, Barcelona e Atlanta). A melhor colocação do Mão Santa com a seleção brasileira foi um quinto lugar, em Barcelona, 1992, e Seul, 1988.

FLAMENGO FAZ CORRENTE POR OSCAR

Ídolo do basquete do Flamengo, onde conquistou o Campeonato Carioca em 1999 e 2002, Oscar recebeu força do rubro-negro na luta contra o câncer. Pelo Twitter oficial, o clube iniciou uma corrente de apoio ao ex-jogador.

- #forçaOscar Desejamos a melhor recuperação para o nosso cestinha, campeão carioca em 99 e 2002. Participem dessa corrente, nação! - diz o Twitter do Flamengo.

Além do rubro-negro, Oscar começou a carreira pelo Palmeiras, na base. Também jogou no Mackenzie. Como profissional, teve passagens pelo Palmeiras, Sírio (SP), Caserta e Pavia, da Itália, além do Valladolid, da Espanha. Na volta ao Brasil, jogou pelo Corinthians, Bandeirantes (SP), Bauru e Flamengo.

Eduardo Suplicy: Caro Presidente Lula...

BRASIL – Eleições 2014
Eduardo Suplicy: Caro Presidente Lula...
Em uma carta encaminhada ao ex-presidente, o senador reclama do isolamento político e mostra as contradições enfrentadas pelo PT quando o assunto é ética

Foto: Celular do Suplicy

Lula dispensou o fotografo para o encontro não ficar registrado,
não contava com o celular do Suplicy

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Revista Veja

O senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, é um político excêntrico. Ele já botou chapéu de Robin Hood, já vestiu uma cueca vermelha e destilou pelos corredores do Congresso e, vez por outra, canta no plenário para chamar atenção sobre algum assunto. O parlamentar também já esteve na linha de frente de causas importantes.

Contrariando a orientação do seu partido, ele apoiou a CPI que desmascarou a quadrilha do mensalão. Mais recentemente, esteve ao lado da blogueira cubana Yoani Sánchez, quando os petistas a hostilizavam país afora.

Na semana passada. Suplicy subiu ao palco durante um show em São Paulo e implorou a ladrões que devolvessem sua carteira, furtada minutos antes. Ele nem queria de volta o dinheiro que havia nela, cerca de 400 reais. Bastava que devolvessem os cartões e os documentos. Foi ovacionado pela multidão.

Esse comportamento autêntico garante ao senador uma imensa legião de admiradores — e uns poucos, mas poderosos, desafetos. Há mais de vinte anos, esses admiradores renovam o mandato de Suplicy a cada eleição. Os desafetos, pela primeira vez, apostam que esse ciclo acabou.

Nos planos da cúpula do PT, Suplicy foi escolhido para o sacrifício eleitoral. Para viabilizarem uma coligação ampla que permita ao partido disputar o governo de São Paulo em 2014, os petistas planejam entregar a vaga do senador a outra agremiação. Pode ser ao PMDB, ao PSD ou até mesmo ao PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto. Feito isso, a menos que mude de partido, Suplicy não poderia disputar sua recondução ao Senado. A estratégia petista prevê, no máximo, a possibilidade de ele concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

Suplicy na “Virada Cultural”, ao lado de Daniela Mercury,
negociando com os batedores de carteira.

”Ele seria o nosso Tiririca", conta uma liderança petista, Suplicy identificou a origem do plano e, durante os últimos meses, tentou uma audiência com o ex-presidente Lula para tratar do assunto. Ligou para a secretária, pediu a ajuda de companheiros, enviou recados. Nada. No último dia 6, sem receber nenhuma resposta, o senador foi ao Instituto Lula e entregou uma carta ao ex-presidente. Uma carta cheia de ponderações e desabafos — uma sutil lição de moral.

Desde que chegou ao poder, em 2003, o PT abandonou o que se imaginava ser o mais sólido pilar de sustentação do partido: o compromisso com a ética. Na cana a Lula, Suplicy recorda esse propósito:

"Sempre teríamos na transparência de nossos atos e na ética na s ida política os valores fundamentais do PT". E depois alfineta: "Foi o que muitas vezes ouvi de você".

O senador, com elegância, mas sem esconder a mágoa de saber que o seu futuro político está sendo definido pelos companheiros à sua revelia, disparou:

"Há apenas uma hipótese de eu abrir mão de disputar o Senado em 2014: caso você Lula queira disputar". Ninguém cogita a hipótese de o ex-presidente se candidatar ao Parlamento. Ainda assim, o senador escreveu: "Li com atenção uma entrevista sua em que lembrava de como Darcy Ribeiro costuma dizer que entrar no Senado era como entrar no céu (...) Acredito que considere algo positivo tornar-se senador". Ironia pura.

A carta teve algum efeito prático. Depois de tentar uma audiência por mais de quatro meses, Suplicy foi recebido pelo ex-presidente. Quebrando o protocolo, o encontro não foi documentado pelo fotógrafo oficial de Lula.

Ficou por conta do próprio senador registrar a reunião em seu celular. Na cena, aparece um Suplicy sorridente ao lado de um Lula aparentemente constrangido. De acordo com o senador, a imagem não reflete o clima do encontro. Lula teria sido simpático e categórico:

"Eduardo, não existe hipótese de o PT impedir que você seja o candidato". Na política, o que se fala muitas vezes não se escreve. Mas para o senador está tudo resolvido. Ele conseguiu a garantia da maior liderança petista de que o partido não vai mais lhe bater a carteira nas eleições. Os ladrões também devolveram os documentos e os cartões.

A CARTA DE SUPLICY

Foto: AE



São Paulo, 6 de maio de 2013

Caro presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

Sempre teríamos na transparência de nossos atos e na ética na vida política os valores fundamentais do PT, foi o que muitas vezes ouvi de você. Nesses 33 anos de militância honrei esses valores e objetivos.

Quero lhe transmitir pessoalmente a minha disposição de ser candidato ao Senado em 2014 e naquela casa continuar a honrar o PT. Tenho procurado marcar um encontro pessoal, há meses, mas por alguma razão tem sido sempre adiado.

Gostaria de relembrar que, em 2011, quando éramos cinco os pré-candidatos a prefeito de São Paulo, você convocou os demais para dialogarem com você no Instituto Lula para que desistissem em favor de Fernando Haddad. Imagino que tenha avaliado que não precisava conversar comigo.

Há cerca de duas semanas, conforme soube pela imprensa, houve reunião no Instituto Lula. em que estiveram presentes os presidentes nacional e estadual. Rui Falcão e Edinho Silva, outros importantes dirigentes e pelo menos oito prefeitos do PT. Não fui convidado, embora ali tenha se discutido a campanha de 2014, os procedimentos para a escolha de nosso candidato ao governo de São Paulo, ao Senado e possíveis coligações. Segundo o divulgado, os presentes teriam solicitado à direção organizar uma pesquisa de opinião para saber qual o candidato a governador mais viável. Ademais, cogitou-se a possibilidade de que eu pudesse ser candidato a deputado federal para fortalecer a legenda do PT, com a informação de que caberia a você convencer-me desta alternativa.

Considero justo que o PT me aponte como candidato ao Senado. Por uma questão de respeito à minha contribuição para o PT desde a fundação e também por ter sido eleito por votações cada vez maiores para o Senado, em 1990 com 4 229 706 milhões de votos, 30%; em 1998 com 6718463,43,07%; em 2006, com 8986803 votos, 47,82%.

Poderemos fazer uma prévia aberta a todos os filiados e eleitores interessados em participar como mais e mais se faz em todos os países democráticos. Lembro que José Dirceu certa vez defendeu que nossas prévias deveriam ser abertas a todos os eleitores.

Há apenas uma hipótese de eu abrir mão de disputar o Senado em 2014: caso você queira disputar. Por respeito aos seus oito anos como Presidente da República, por já ter disputado uma prévia com você em 2002 e você ter ganho por larga margem.

Sempre observei que você acompanhou com grande interesse tudo o que se passa ali, pois sempre comentou conosco que costumava assistir à TV Senado. Acredito que considere algo positivo tornar-se Senador.

Eduardo Matarazzo Suplicy



27 de mai. de 2013

Enquanto Dilma ufana-se arenas da copa acumulam problemas

BRASIL – Copa das Confederações
Enquanto Dilma ufana-se
arenas da copa acumulam problemas
No rádio, presidente elogiou estádios e festejou 'pontualidade e competência'. Enquanto isso, a cobertura da Fonte Nova se rompia, o Maracanã continuava incompleto e torcedor se arrependia de ter ido ao Estádio Nacional de Brasília. Chegar a Arena Pernambuco é uma aventura.

Foto: Portal da Copa/ME

Dilma inaugurando Estádios por terminar

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Portal da Copa, G1, Globo Esporte, Terra - Esporte

Quem ouviu a presidente Dilma Rousseff falando sobre a Copa das Confederações nesta segunda-feira, em seu programa semanal de rádio, ficou com a impressão de que o Brasil está mais do que pronto para receber o torneio - que começa no próximo dia 15, em Brasília.

Quem passou por alguns dos palcos da competição no fim de semana e nesta segunda, no entanto, viu a dura realidade do país-sede do evento, considerado um teste importante para o Mundial do ano que vem.

Faltando menos de três semanas para a abertura, o Estádio Nacional de Brasília recebeu seu primeiro grande jogo - e o torcedor se arrependeu de ter torrado até 400 reais por um ingresso, já que teve de encarar filas de até quatro horas para entrar na arena mais cara do Mundial.

Foto: Custodio Coimbra/Agência O Globo

Rompimento de tubulação abre cratera bem em frente ao Estádio do Maracanã, recém inaugurado, Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, palco da grande final do torneio, o Maracanã foi entregue à Fifa na sexta-feira, mas engana-se quem acha que o estádio já ficou totalmente pronto: o local continua sendo frequentado pelos operários, que seguem fazendo os últimos trabalhos da reforma bilionária.

Foto: Marco Aurélio Martins/Ag. A Tarde/Folhapress

Na Arena Fonte Nova, chuvas abriram um buraco na cobertura

Enquanto Dilma discursava no rádio, a Arena Fonte Nova, que receberá partidas importantes, como o superclássico entre Brasil e Itália, sofria um problema imprevisto: as chuvas em Salvador abriram um buraco na cobertura do estádio. Para a presidente, contudo, manifestar dúvidas sobre os preparativos para o evento é coisa de quem torce contra o país.

"Parece aquele velho complexo de vira-lata de que falava o nosso Nelson Rodrigues. Mas os trabalhadores que construíram esses estádios, os empresários contratados para fazer essas obras e todos os governos envolvidos provaram que o Brasil é capaz de aceitar desafios e cumprir os compromissos que assume pontualmente", afirmou Dilma, esquecendo-se de que a Fifa teve de adiar duas vezes o prazo máximo para a entrega dos estádios.

A presidente, que participou de todas as seis inaugurações de arenas da Copa das Confederações, se disse "impressionada com a beleza e a modernidade desses novos palcos do futebol".

"A construção desses seis estádios mostra que o nosso povo tem determinação, capacidade e competência para fazer a melhor Copa de todos os tempos", empolgou-se.

Foto: André Luiz Mello/Agência O Dia/Folhapress

O público da partida entre Santos e Flamengo, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Torcedores chegaram a ficar quatro horas na fila para entrar na arena

A presidente evitou falar dos atrasos nas obras, da falta de tempo hábil para a realização dos eventos-teste em quantidade ideal, dos problemas de organização dos primeiros jogos e das falhas que já apareceram nesses locais.

"Eu tenho certeza que o Brasil vai brilhar dentro e fora do campo. Vamos mostrar a todos os que vierem acompanhar os jogos, turistas internacionais e nacionais, jogadores e equipes técnicas, que nós sabemos receber, que somos um país alegre e pacífico. Tenho certeza de que todos que vierem nos visitar vão se apaixonar e vão querer voltar para a Copa do ano que vem", apostou.

Foto: Guilherme Macedo/Frame/Folhapress

Cadeira quebrada ou ainda não instalada no Estádio Nacional de Brasília,
no dia do Santos x Flamengo

Ao falar sobre a Arena Fonte Nova, Dilma classificou o estádio baiano de "um exemplo da criatividade do povo daquele estado". Ao mesmo tempo, operários subiam ao teto da estrutura para tentar reparar o rombo surgido na cobertura. Ninguém ficou ferido, mas a pressão da água acumulada sobre o estádio fez com que parte da cobertura, feita de um material flexível, se soltasse de sua armação.

O estádio foi inaugurado no começo do mês passado, num evento que contou com a presença de Dilma e do governador da Bahia, Jaques Wagner. Funcionários usaram baldes para tentar escoar a água que se acumulou em vários setores.

A cena foi parecida com a que foi vista no Maracanã também no mês passado, pouco antes de uma inspeção da Fifa. O Maracanã, aliás, foi o estádio mais elogiado pela presidente na gravação transmitida nesta segunda.

"É uma emoção muito grande olhar para o Maracanã e ver toda aquela imponência, aquela grandiosidade que é, sem sombra de dúvida, o maior símbolo do futebol brasileiro. A reconstrução do Maracanã preservou a sua histórica fachada e, ao mesmo tempo, garantiu conforto e segurança que a gente vê nos estádios mais modernos do mundo."

Poucas horas depois, em uma reunião de integrantes do Comitê Organizador Local (COL), o gerente de Operações do órgão, Tiago Paes, confirmou que o estádio carioca ainda não está pronto. "Cem por cento, o Maracanã só estará no dia 15. Até porque falta a instalação de uma série de equipamentos temporários".

Ah! Tá!

Foto:Flávio Japa/JCM/Fotoarena

A Arena Pernambuco é bela e confortável, difícil é chegar lá. Para alcançar o estádio, no dia do jogo teste, entre Náutico e Sporting Lisboa, torcedores só tinham duas opções: deixar o carro em um estacionamento, pagar R$ 40 e ir de ônibus do evento, ou ir de metrô. As duas "soluções" mostraram problemáticas. No caso do estacionamento, muito congestionamento no local. Quem optou pelo metrô enfrentou trens sem ar condicionado, lotados e lentos. Muita gente chegou à Arena Pernambuco com o primeiro tempo em andamento.


Lula e Cristina Kirchner- dize-me com quem andas..., de Sérgio Fausto, para O Estado de S. Paulo

BRASIL – Opinião
Lula e Cristina Kirchner - dize-me com quem andas...*
Lula na Argentina expressou apoio indireto as tentativas de controle sobre a mídia e o Poder Judiciário que Cristina Kirshner vem tentando obsessivamente. Inveja?

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

FARINHAS DO MESMO RECIPIENTE - Cristina Kirchner apresenta Lula como
“melhor amigo da Argentina”

Postado por Toinho de Passira
Texto de Sérgio Fausto, para O Estado de S. Paulo
Fontes: O Estado de S. Paulo

Em sua passagem por Buenos Aires, na semana retrasada, Lula deu endosso público à guerra que a presidente argentina move contra a liberdade de imprensa em seu país. Disse, com outras palavras, que lá, como aqui, a imprensa "conservadora" não se conforma com o sucesso de governos "populares".

Pelo menos no caso do país vizinho, falar em sucesso é abuso de linguagem. O balanço de dez anos dos Kirchners no poder tem pontos positivos, mas os negativos vêm se multiplicando ao longo do segundo mandato de Cristina: inflação em alta, crescimento em baixa, investimento em queda, saldo externo em deterioração, inconsistência cada vez maior na gestão das políticas públicas. Parece familiar, não é mesmo? Mas seria injusto dizer que os governos Néstor-Cristina descrevem trajetória igual à dos governos Lula-Dilma. Sem negar semelhanças, a escala dos erros e dos problemas é muito maior lá do que aqui. Grande parte da diferença se explica pela desenfreada arbitrariedade do governo de Cristina Kirchner, tanto na economia quanto na política, inseparavelmente.

Na Argentina não são apenas verbais e localizadas as investidas contra grupos de comunicação não alinhados ao governo. O mais recente torpedo governamental consistiu em proibir supermercados e lojas de eletrodomésticos de publicar anúncios em jornais e canais de televisão. Válida para todos, a medida atinge principalmente os veículos que não contam com os recursos da publicidade oficial. O alvo principal é o Grupo Clarín.

Ele passou de amigo a inimigo do governo depois de assumir posição favorável aos protestos de agricultores contrários à criação de um tributo adicional sobre as exportações de seus produtos. Cristina cumpria o primeiro ano de seu primeiro mandato e acabou derrotada no Congresso.

Jamais deglutiu o revés. Desde então, constituir um aparato de mídia sob seu controle e destruir o Clarín se tornou prioridade para seu governo. Com esse duplo propósito, Cristina não poupou recursos públicos nem esforços, entre os quais a tentativa, em andamento, de estatizar a única empresa importadora de papel imprensa do país.

Na guerra contra o Clarín, esbarrou na resistência do Poder Judiciário. Uma liminar concedida há mais de um ano protege o grupo dos efeitos da chamada "Lei da Mídia", cuja aplicação obrigaria o Clarín a vender parte de seus canais de televisão e rádio. Inconformada, Cristina conseguiu aprovar uma lei que reforma o Judiciário, tornando eletivos os assentos no Conselho da Magistratura, órgão incumbido de escolher os juízes dos tribunais argentinos. Assim como no caso da "Lei da Mídia", essa nova iniciativa é apresentada como "democratizadora".

Que o objetivo da reforma do Judiciário não é democratizar a Justiça argentina fica claro pelos limites que impõe à obtenção de liminares contra decisões do governo e pelo empenho sistemático dos Kirchners em bloquear as investigações e decisões judiciais que têm por objeto as várias denúncias de enriquecimento ilícito que pesam contra o casal, sua família e seus aliados.

Da mesma forma, o modo discriminatório como o governo trata os veículos de imprensa, de acordo com sua maior ou menor proximidade com o governo, revela não ser democrático o propósito da "Lei da Mídia". Naquela mesma semana, Cristina chegou ao cúmulo de determinar que a transmissão dos jogos do campeonato argentino de futebol no domingo à noite se inicie uma hora mais tarde, para coincidir com o horário em que vai ao ar o programa do jornalista Jorge Lanata, que se tem destacado por denúncias de corrupção contra o governo.

Criar regras que limitem a concentração dos veículos de mídia nas mãos de um mesmo grupo e tornem viável a ampliação da oferta de fontes alternativas de informação é, sim, um passo na direção de maior democracia. Porém, quando a iniciativa parte de governos e partidos cuja prática política consiste em sistematicamente enfraquecer as instituições que garantem o equilíbrio do jogo democrático e põem limites ao uso discricionário do poder pelo governo de turno, é preciso não se deixar iludir pelas belas palavras e nobres intenções.

Não é coincidência que iniciativas para promover o "controle social da mídia" e "a democratização da Justiça" surjam sempre irmanadas nas ações dos governos da Venezuela, da Bolívia, do Equador e na cada vez mais "bolivariana" Argentina de Cristina Kirchner.

As declarações de Lula em Buenos Aires não são surpreendentes. Pouco mais de um mês antes, gravou mensagem de apoio a Nicolás Maduro, herdeiro do projeto chavista do "socialismo do século 21".

Quem ainda nutre ilusões sobre o que se esconde por trás dessa fachada deveria ouvir o diálogo gravado entre um assessor cubano e o principal ventríloquo do "jornalismo" chavista, Mario Silva, apresentador do programa La Hojilla. O diálogo tornou-se público na semana passada. Desnuda-se ali o confronto interno entre a facção civil e ideológica e a facção militar-cleptocrática do chavismo, aquela inspirada por Cuba e esta, pelas oportunidades de enriquecimento e poder que um regime arbitrário oferece.

Pela influência que tem em seu partido e no governo de sua sucessora, a palavra de Lula não é apenas uma opinião singela. As oposições devem cobrar da presidente Dilma Rousseff uma posição clara quanto às manifestações de seu antecessor. Concorda com elas ou não? Basta de ambiguidades em relação a temas tão essenciais à convivência civilizada e democrática: liberdade de expressão, autonomia do Judiciário, para não falar em direitos humanos, área em que Dilma esboçou mudanças ao início de seu mandato para logo voltar à política de vista grossa e boca fechada.

Não é aceitável dizer-se democrata em casa e solidarizar-se com toda sorte de arbitrariedades na vizinhança. É mais do que hora de acabar com isso.
*Alteramos o título e acrescentamos subtítulo, foto e legenda a publicação original