12 de ago. de 2012

Greves na refinaria Abreu e Lima causa prejuízo de R$ 44 milhões

BRASIL - PERNAMBUCO – Economia
Greve na refinaria causa prejuízo de R$ 44 milhões
A construção da refinaria Abreu e Lima envolve mais 40 mil trabalhadores. Essa poderosa força de trabalho, tem se rebelado mais da conta, causando estorvo e prejuízos. A situação é agravada por conta de uma clara disputa por espaços de representatividade entre sindicatos. O Sintepav-PE diz que acredita os tumultos e depredações, ocorridos semana passada, visam apenas desestabilizar a atuação legítima do sindicato. É provável que eles estejam falando, entre outros, do pessoal da “Liga Operária” que apoiou a revolta incendiária.

Foto: Guga Matos/JC Images

TERRORISMO GREVISTA - O sindicato da categoria diz que não foram os operários e sim elementos estranhos que incendiariam os ônibus na refinaria Abreu e Lima. Será?

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Jornal do Comércio, Valor Economico, G1, Sintepav, Liga Operária

Os operários da refinaria Abreu e Lima estão em greve desde o dia 1º de agosto e apesar de suas reivindicações salariais terem sido conciliatoriamente negociadas com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), que representa os patrões, e com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), representantes dos trabalhadores, desde o dia (08), o movimento continua.

O sindicato dos trabalhadores teriam acertado com a classe patronal um aumento salarial de 10,25%, com cesta básica de R$ 260 e equiparação salarial entre os operários das diferentes empresas que atuam em Suape.

O Jornal do Comércio publica hoje, matéria, citando especialistas, dizendo que os prejuízos dos dez primeiros dias de paralização o custo dessa mão de obra ociosa, custou R$ 44 milhões.

Na terça-feira (7), o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT) decretou a abusividade da greve e o desconto dos dias parados dos 44 mil trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo de Suape, determinando que os operários deveriam retornar ao trabalho já no dia seguinte.

Na quarta-feira, (08), segundo o Jornal do Comércio, ao invés de atenderem a determinação judicial, os operários transforam o canteiro de obras em cenário de guerra, quando foram informados pelo sindicato, em assembleia, da decisão da justiça de considerar a greve ilegal.

A proposta feita pelo sindicato era de obedecer à ordem judicial, enquanto negociava detalhes das reivindicações com os patrões. Diante disse alguns grevista partiram para a agressão. Representantes do Sintepav e o trio elétrico do sindicato foram apedrejados pelos trabalhadores. Vários ônibus foram queimados. A polícia precisou atirar balas de borracha contra os manifestantes. Algumas pessoas ficaram feridas.

Durante a confusão, os representantes do sindicato precisaram se esconder, com medo de serem mortos pelos trabalhadores revoltados.

A situação ainda não se normalizou, o clima de tumulto voltou a tomar conta do canteiro de obras de instalação da Refinaria Abreu e Lima, na sexta-feira (10). Os operários que aceitaram o resultado das negociações resolveram voltar às atividades, mas foram impedidos de continuar a jornada, ameaçados por um arrastão da resistência grevistas armados com canos de ferro.

A construção da refinaria Abreu e Lima assemelha-se a construção de uma pirâmide, pelo gigantismo. Um monumental formigueiro humano, de 41 mil pessoas, está envolvido no projeto.

Essa poderosa força de trabalho está sendo disputada predatoriamente por diversas facções sindicais, que não aceitam o Sintepav-PE, ligado a “Força Sindical”, como único representante dos trabalhadores.

Foto: Guga Matos/JC Images

DESPROPORÇÃO - Pelos "poucos" danos causados, imagina-se que apenas uma ínfima parcela dos participantes dessa gigantesca assembleia operária, envolveu-se com o tumulto, as depredações e os incêndios.

O Sintepav-PE está convencido que os tumultos não foram causados pelos operários que representa. Para tanto solicitou por oficio a Polícia Civil a designação de um delegado especial a fim de apurar os crimes ocorridos nos últimos dias na área da Refinaria Abreu e Lima.

O presidente do Sintepav-PE, Aldo Amaral, disse que está mais que evidenciada a participação de elementos estranhos aos trabalhadores nos tumultos e atos de vandalismo registrados em Suape. De acordo com ele, tais atos não tiveram a participação dos trabalhadores e visam apenas desestabilizar a atuação legítima do sindicato.

“Trabalhador não bota fogo em ônibus, não usa armas brancas nem apedreja ninguém. Estes atos terroristas que mancham a imagem do estado de Pernambuco precisam ser apurados e os responsáveis punidos severamente. Esta baderna prejudica os trabalhadores e a sociedade em geral”, afirmou.

Aldo Amaral também disse que o estado precisa garantir segurança para os verdadeiros trabalhadores, que desejam voltar a trabalhar. Queixou-se que desde janeiro já havia sido alertado sobre a atuação de grupos infiltrados em Suape, ao Ministério Público, que não tomou nenhuma providência.

Foto: Guga Matos/JC Images

QUANTO PIOR, MELHOR - ”A revolta dos trabalhadores de Suape e de toda a classe operária contra a exploração e opressão se justifica!” – diz a Liga Operária

Por outro lado o site da Liga Operária, subsidiária da “Liga Internacional de Luta dos Povos” tem outra versão para os fatos: dizem que os operários da Refinaria Abreu e Lima e de outras obras do Complexo Industrial Portuário de Suape que estão em greve contra péssimas condições de trabalho e por reajuste salarial, “atropelaram os pelegos do Sintepav-PE – filiado à Força Sindical.

”Esse sindicato oportunista fez um acordo por debaixo dos panos com os patrões e com o governo federal nos dias 29 e 30 de julho (sábado e domingo) e aceitaram a proposta patronal de 10,5% de reajuste, isso quando a pauta de reivindicações da categoria exigia 15% entre outras reivindicações”.

”Quando os trabalhadores souberam do golpe do Sintepav, se rebelaram e, durante uma grande assembleia, em que milhares de operários compareceram, os operários se revoltaram apedrejaram o carro de som do sindicato botando os pelegos pra correr.”

Assim como ocorreu nas usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (em Rondônia), Belo monte (Pará) e outras, as empreiteiras e o governo federal ordenaram brutal repressão. A polícia militar já chegou disparando contra os manifestantes deixando dezenas de operários feridos. Os operários resistiram e incendiaram vários ônibus.”

”Dirigentes do Sintepav cumprem papel de patrão e de polícia dizendo que a greve é “incitada por pessoas mascaradas e armadas com pedaços de pau” e que essa é uma “greve sem comando, sem rosto”. Acusam os operários de “vandalismo” e fazem coro com os patrões e com o governo ameaçando com demissões e “outros meios legais” contra os grevistas.

Como se vê, trata-se de uma típica e clássica briga é entre facções sindicais, usando os operários como massa de manobra. Corre-se o risco de aumento da violência, de acontecerem confrontos sangrentos com mortos e feridos, ao mesmo tempo em que se alarga a porta da corrupção dando acesso a indústria do superfaturamento.

Para além do prejuízo financeiro, lembra o Jornal do Comércio, a equação também precisa levar em conta as perdas intangíveis. Uma delas é para a imagem do Estado, Pernambuco se transformou num dos maiores polos de atração de investimentos do País e, mas perde espaço, pois também ganhou a fama por se transformar em campo batalha de guerra sindical.

Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

A Petrobras desembolsa R$ 800 milhões por mês, grande parte aplicado em Pernambuco, na execução da obra da refinaria Abreu e Lima, orçada, atualmente, em US$ 20,1 bilhões, dez vezes mais do que o previsto no começo da construção em 2005.


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