28 de ago. de 2012

COLÔMBIA: Governo e FARC conversam sobre negociação de paz

COLOMBIA
Governo e FARC conversam sobre negociação de paz
O presidente da Colombia, Juan Santos, confirmou que o governo está ultimando preparativos para netociar um plano de paz com os terroristas da FARC. Pesquisas dizem que o povo apoia, mas o ex-presidente Álvaro Uribe, insurge-se contra a ideia, dizendo que o governo vai ser mais uma vez ludibriado pela guerrilha e que lamenta que o presidente tenha aceitado a negociação.

Foto: Fernando Vergara / AP

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, em rede de televisão anuncia que está em curso negociações de paz com a FARC, diante do palácio presidencial, em Bogotá, na Colômbia, nesta segunda-feira.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Semana, The Guardian, BBC Brasil, Washington Post

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou finalmente que seu governo vem mantendo conversas sigilosas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para iniciar um processo de paz.

Ele frisou que as operações militares ''continuarão no país enquanto a paz não for alcançada'' e alertou que o diálogo com o grupo guerrilheiro tem como princípio a ''não-repetição de erros de negociações anteriores''.

Santos quer afastar os ''fantasmas'' das negociações fracassadas no passado, como a de 1984, no governo de Belizário Betancur (que chegou a conseguir um cessar-fogo) e no caso mais conhecido, o da Zona de Distensão de Caguán, de 1998, quando, depois de quatro anos de negociação, o conflito foi retomado.

A FARC tem sofrido grandes reveses militares nos últimos anos, durante os oito anos do governo de Álvaro Uribe e nesses dois anos do governo de Manuel Santos, está enfraquecida e encurralada, mas isso não quer dizer que esteja aniquilada. Usando de atos terroristas e sequestros, financiada pelo narcotráfico, mantém a população em suspense e o governo, de alguma forma, refém.

Por causa da FARC a Colômbia tem dificuldades com o turismo, e com investimentos externos. É difícil fazer um estrangeiro visitar um país, ou montar uma empresa numa nação submetida a uma sangrenta guerra interna.

Pelo que se sabe, até agora, a atual negociação foi costurada por Hugo Chávez e Raúl Castro. O que a transforma num evento de alto risco, para o presidente atual, Juan Manuel Santos, ex-Ministro da Defesa, o homem encarregado de dar combate a guerrilha no governo Uribe.

Pelo divulgado pela TV estatal venezuelana, a Telesur, que parece possuir fontes privilegiadas a respeito do assunto, (Hugo Chávez, certamente ) o inicio das negociações estaria marcado para 5 de outubro, na cidade de Oslo, na Noruega. Os interlocutores seriam: do lado do governo colombiano: Sérgio Jaramillo, integrante do Alto Conselho para Segurança Nacional, o ministro do Meio Ambiente, Frank Pearl, e o jornalista Enrique Santos, irmão mais velho do presidente da República, que já foi editor do jornal El Tiempo e da Revista Alternativa, conhecida por seu viés de esquerda.

>Do lado das Farc, o interlocutor seria Jaime Alberto Parra, conhecido como Mauricio Jaramillo, ''El Médico'', que estudou medicina em Cuba.

Uma pesquisa divulgada na edição do último domingo do jornal El Tiempo apontou que 74,2% dos colombianos respaldam a possibilidade de que o governo Santos inicie um diálogo com as Farc.

O ex-presidente Álvaro Uribe, padrinho político de Juan Manuel Santos, opõe-se visceralmente contra a ideia.

Falando hoje em Barranquilla, para empresários, disse que a única coisa que o anúncio dos diálogos de paz vão fazer é ajudar Chávez eleitoralmente, na sua reeleição.

"O que vai acontecer é que vamos ver os generais na cadeia e os guerrilheiros no Congresso.” - afirmou.

“Como esse governo vai explicar uma negociação com terroristas que assassinaram colombianos? Como vai assinar a paz com os maiores violadores de direitos humanos dos colombianos?

Repudiou a possibilidade de algum general participar das negociações: "Se os oficiais e soldados veem os generais sentados negociando como os chefes guerrilheiros, dirão: para que lutar se nossos comandantes estão negociando a paz?"

Qual é o momento indicado para uma negociação? Perguntou o ex-presidente e respondeu que com uma política triunfante e um governo forte. "Não pode haver um processo de negociação, se não forem suspensas as atividades criminais”

Por causa do evento ele parece disposto a lutar politicamente para que as negociações não prossigam e de ter rompido, por causa dela, em definitivo com o presidente Santos.

Só o tempo dirá quem tem razão. Mas no nosso entendimento essa é mais uma artimanha da FARC, para obter reconhecimento internacional, ter uma trégua para se reorganizar e fortalecer, e desmoralizar o governo democrático da Colômbia, que é o seu objetivo principal, em quase 50 anos de existência.


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