3 de mar. de 2009

Não chorem por Agaciel

Não chorem por Agaciel

Foto: Lula Marques/Folha Imagem

O presidente do Senado José Sarney disse que embora não haja nenhuma prova definitiva contra o diretor, Agaciel Maia, aceitou sua decisão para preservar a imagem do Senado.

Fontes: O Globo , Folha de São PauloCaras

O secretario Geral do Senado Agaciel Maia pediu demissão do cargo, onde estava desde 1995, por ter sido denunciado de ocultar de seu patrimônio a mansão onde mora há 13 anos, avaliada em cerca de R$ 5 milhões, e localizada no Lago Sul, área nobre de Brasília.

Foto: Revista Caras

Os irmãos, deputado João Maia e Agaciel com suas belas mulheres Fernanda e Sânzia- diz a Revista Caras

Há 14 anos como o "homem do cofre" do Senado, Agaciel Maia usou o irmão e deputado João Maia (PR-RN) para esconder da Justiça a propriedade de uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões.

O imóvel ainda está no nome do deputado, que não declarou o bem nem à Receita Federal nem à Justiça Eleitoral.

Agaciel entrou no Congresso como datilógrafo no final da década de 1970. Galgou alguns postos desde então e tornou-se em 1995 o servidor mais poderoso do Senado.

Foi nomeado naquele ano para o cargo de diretor-geral pelo então presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), eleito novamente para a função no último dia 2.

Agaciel é o ordenador de despesas do Senado. As contas da Casa precisam de sua assinatura para serem pagas, embora os gastos acima de R$ 80 mil necessitem do aval da Mesa Diretora, composta por sete senadores. Sob sua gestão, está previsto um orçamento para este ano de R$ 2,7 bilhões -maior, por exemplo, do que o da cidade de Porto Alegre.

Foto: Lula Marques/Folha Imagem

A Propriedade de Agaciel Maia, está localizada num dos pontos mais nobres de Brasília, às margens do lago Paranoá, no Lago Sul. Tem 960 metros quadrados de área construída, com três andares, cinco suítes e salão de jogos, uma piscina em forma de taça, um amplo campo de futebol e um pequeno píer para barcos e lanchas.

Agaciel comprou a casa em 1996, um ano após assumir o cargo de diretor-geral, mas nunca registrou a propriedade. Não há nenhum imóvel em Brasília em seu nome, nem no de sua mulher, Sânzia, também funcionária do Senado, nem no nome dos três filhos do casal.

Aficionado por futebol, Agaciel costuma organizar partidas em seu campo aos sábados. Até 2007, antes de sofrer de dores na coluna, um dos frequentadores da pelada era o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, seu ex-colega da gráfica do Senado.

A indisponibilidade dos bens de Agaciel foi decretada pela Justiça na esteira do escândalo da gráfica, em 1994.

Foto: Revista Caras

Agaciel Maia e sua esposa Sânzia Maia no aniversário de Sarney no ano passado

Naquele ano, o então senador Humberto Lucena (PMDB-PB) teve sua candidatura à reeleição cassada pela Justiça Eleitoral por uso ilegal da gráfica para impressão de material de campanha.

Também enfrentaram representação na Justiça Eleitoral, acusados da mesma prática, os políticos pelo então PFL maranhense Roseana Sarney (deputada e candidata vencedora a governadora) e os postulantes ao Senado Alexandre Costa e o hoje ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Eles tiveram cadernos escolares com propaganda eleitoral impressos na gráfica encomendados por Costa, candidato à reeleição.

Suas candidaturas, contudo, não foram cassadas. Foi nessa época que Agaciel se aproximou da família Sarney. Ele era o diretor da gráfica quando o material foi impresso. Na ocasião, o Ministério Público Federal pediu que houvesse o ressarcimento dos gastos à União. Assim, foi determinado o bloqueio de seus bens (proibição de venda).

A casa foi adquirida em 1996 por meio de um termo de compra e venda, mas só foi registrada no cartório de imóveis -o que caracteriza legalmente a propriedade do bem- em 2002, e no nome do deputado João Maia, seu irmão.

Foto: José Cruz/ABr

O funcionário afastado esta assessorado pelo Senador José Sarney seu padrinho e parceiro de longas datas e de favores recíprocos

Segundo Agaciel, a indisponibilidade de seus bens foi suspensa entre 1999 e 2000. Ele afirma que sempre informou a casa à Receita, mas só mostrou à reportagem sua declaração de 2001 -primeiro ano após a suspensão da indisponibilidade dos bens.

Estão dizendo que Agaciel se deixou cair, para não ser investigado com mais profundidade, normalmente os ânimos se acalmam quando vêem o culpado perder o cargo.

Foi assim com Renan Calheiros, também seu padrinho e também assessorado por Sarney, lembram?

Maia, o ex-diretor-geral do Senado, também é conhecido como o mais profundamente conhecedor da vida pregressa dos 81 senadores e a folha corrida de alguns deles.

Não é a primeira vez que Agaciel é acusado de irregularidades. No ano passado, o Ministério Público pediu o bloqueio de seus bens pessoais por causa de compras superfaturadas de equipamentos. Aquele caso não seguiu adiante, mas a Operação Mão-de-obra, da Polícia Federal, que investiga fraudes na contratação de funcionários terceirizados, avançou o suficiente para obter um mandado de busca e apreensão de documentos e computadores da sala de Agaciel.

Não deu em nada porque a PF avisou na véspera, por obrigação legal, ao presidente do Senado, Renan Calheiros, (foto) que faria a busca e este, naturalmente, acionou Agaciel Maia para "acompanhar a ação dos agentes". Quando chegaram ao gabinete, de manhã, os policiais não encontraram nada importante - nenhum documento, nenhum CD, nenhum arquivo de computador sobre a contratação de terceirizados.

Renan e José Sarney são os grandes padrinhos de Agaciel Maia. Há alguns anos, quando esteve ameaçado de perder o cargo por injunções políticas, fechou o Porcão de Brasília para mais de mil funcionários da Casa, em busca de apoio. Conseguiu ficar.

O poderoso Sarney é um especialista em salvar condenados por escândalos. Adora quando um seu apadrinhado acusado segue a risca os seus conselhos de experiente abafador. Quando a poeira baixa costuma premiar, o apadrinhado obediente, com generosidade, vejam o caso de Renan.

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