17 de mar. de 2009

Mulher escondida

Mulher escondida

Foto: Haroldo Castro

Haroldo Castro
Fontes: Viajologia

Mais um mergulho no Fundo do Baú. Fotografei essa mulher coberta por uma burqa azul claro no mercado de Cabul, capital do Afeganistão. Trinta e cinco anos depois, a imagem ainda é atual. Não apenas as mulheres usam o véu completo obrigatório, como até a cor do tecido continua “na moda”. Em um país cujos indicadores de progresso social tem permanecidos nos graus mais baixos da escala, o segmento mais vulnerável da população é o das mulheres. Durante décadas de guerras e guerrilhas, elas foram vítimas de maus tratamentos, sequestros, estupros e outras formas de violência. Muitas ficaram viúvas e sobrevivem em um estado dramático de pobreza.

Hoje, mais de 80% das mulheres no Afeganistão ainda são analfabetas. A expectativa de vida é de apenas 45 anos. Essa média – mais baixa do que a do homem – está relacionada com a quantidade de mortes durante a gravidez e o parto, por simples falta de atendimento adequado. Os casamentos forçados de meninas na puberdade continuam existindo. Apenas 13% das mulheres conseguem completar a escola primária.

Depois da queda do Talibã, a mulher afegã vem lutando para conquistar seu direito na sociedade. As queixas de violência domiciliar à polícia – que antes resultavam na prisão da própria vitima – encontram hoje novas soluções, como os centros de refúgio para mulheres.

As jovens tem agora um maior acesso às escolas femininas.

Na província de Bamyian, uma região mais resguardada e pacífica do Afeganistão, uma das raras médicas mulheres, Habiba Sarabi, (foto) foi recentemente nomeada governadora pelo Presidente. Lá, algumas afegãs podem ser vistas dirigindo carros. Outras até ingressaram na força policial, abrindo precedentes que podem influenciar o resto do país.

Mas são progressos pequenos e lentos para uma população que ainda vive submissa, sob a burqa muçulmana. Quanto tempo ainda será necessário para que elas possam conquistar um verdadeiro respeito e liberdade?

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