20 de mar. de 2009

Chávez manda promotora prender líder da oposição

Chávez manda promotora prender líder da oposição
O empresário Manuel Rosales atual prefeito da cidade de Maracaibo, a segunda maior cidade venezuelana, teve a prisão pedida sob a acusação de corrupção

Foto: Reuters

Rosales: “Isto é um linchamento político, uma manobra suja e descarada.”

Fontes: Folha Online, El Universal, La Verdad, BBC Brasil

Manuel Rosales é o principal opositor de Hugo Chávez e provavelmente o único capaz de enfrentá-lo numa eleição com alguma chance. No pleito de 2006 concorreu a presidência da Venezuela e obteve quase 37% dos votos válidos, contra os esmagadores 62,84 de Chávez.

O pedido de sua prisão é um ato de desmoralização, porque o presidente venezuelano, quer abolir qualquer chance de ter uma oposição forte dentro do país.

No ano passado, durante a campanha para as eleições regionais, Chávez chamou o ex-governador de "ladrão" e "mafioso" e disse que ele seria levado à prisão, ou que agora parece estar para se tornar uma realidade.

Manoel Rosales quando soube da decisão do Ministério Público de pedir a sua prisão reagiu chamando Chávez de covarde e denunciou que fora o presidente quem mandara “a Promotora fazer isso porque é um covarde agarrado às calças dos militares (...). Ele se sente apoiado pelos canhões, pelas fragatas e pelas armas" das Forças Armadas, "que um dia terão que reagir às suas atitudes ditatoriais", afirmou Rosales diante dos seus aliados em Maracaibo.

A promotora do estado de Zulia que pediu a prisão, Kathiuska Plaza, explicou que o pedido ainda deve passar pela máxima instância do organismo em Caracas e será este Tribunal, "depois de ouvir as partes", que definirá se "executará ou não" a medida. Este trâmite poderá demorar de dez a 20 dias.

Rosales continua afirmando que "na Venezuela a independência dos poderes não funciona. Todos estão curvados ante a atitude militarista" do presidente, a quem "enfrentarei em todos os campos".

Foto: Reuters

O povo de Maracaibo fez vigília em apoio a Manuel Rosales, ameaçado de prisão.

Em fevereiro, Rosales foi penalizado politicamente por um caso de suposta corrupção quando era governador do estado de Zulia.

As acusações contra Manuel Rosales vieram à tona durante a campanha eleitoral de 2007 para eleições de prefeitos e governadores.

Na ocasião, além de acusá-lo de corrupção, Chávez disse que o ex-governador dava refúgio a paramilitares e grupos de extrema direita venezuelanos e colombianos, que teriam o objetivo de desestabilizar o país.

"Não por acaso, todos os capos (chefes) do narcotráfico que foram presos no país foram encontrados em Zulia (...), ali estão protegidos", afirmou Chávez em um dos comícios de campanha, naquele estilo caluniador, sem apresentar provas nem se preocupar com as conseqüências.

Poucos dias depois, as acusações de desvio de dinheiro público foram veiculadas pelo canal de TV estatal VTV, que transmitiu o áudio de um grampo telefônico, realizado pelo serviço de inteligência, em que Rosales discute com sua secretária a compra de relógios caros que seriam dados de presente à diretores de jornais.

Outra gravação revelou uma conversa de Rosales negociando a compra de gado e realizando transações bancárias em uma conta em Miami.

A gravação sugere que o governador teria utilizado verbas públicas para a aquisição de seu patrimônio e que teria bens em vários países, numa evidente conspiração de apresentar o Manuel Rosales como um traidor da Venezuela.

Se for condenado, Rosales poderia pegar pena de três a dez anos de prisão, conforme prevê a Lei Anticorrupção.

Acreditamos que a situação do líder oposicionista é difícil, e perigosa, Chávez tem influência junto ao poder judiciário e já sabe que ele vai ser preso, senão não se arriscaria em deixar que o pedido de prisão fosse divulgado.

A intenção do presidente venezuelano é que Manuel Rosales acabe fugindo do país, para evitar sua prisão inevitável e eminente, para dele se livrar.


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