A agência que opera um dos balões envolvidos no acidente que matou três brasileiras na última segunda-feira, na região da Capadócia, na Turquia, elogiou a habilidade do piloto durante a trajetória de queda.
O diretor da Anatolian Balloons, Mahmut Uluer, afirmou que, se não fosse a experiência do balonista português Rodrigo Neves, a "tragédia seria maior".
No balão comandado por Neves, havia 11 brasileiros. Durante o passeio, segundo relatos de testemunhas, ele se chocou com a cesta de outro balão que voava acima, levando ao rompimento do tecido e à consequente queda.
Neves sofreu ferimentos no rosto e está internado. Dos 11 brasileiros, três - Marina Rosas, Maria Luisa Gomes e Ellen Kopelman - morreram. O restante foi encaminhado a hospitais da região. Turistas espanhóis e argentinos também estavam no voo.
Viajavam juntas, Ellen Kopelman, 81, e Marina Rosas, 77, duas das vítimas
fatais que estavam no balão que caiu
Segundo a embaixada do Brasil na Turquia, sete ainda permanecem internados. Um deles está em estado grave e deverá passar por uma cirurgia.
"Graças ao piloto não houve mais mortes. Ele pediu que todos os passageiros ficassem ajoelhados com a cabeça entre as pernas, controlou a queda do balão e conseguiu aterrissar em um terreno plano", afirmou Uluer.
NORMAS INTERNACIONAIS
O diretor da Anatolian Balloons isentou o piloto de culpa, argumentando que, segundo normas internacionais, os balões que estão em cima devem dar prioridade de passagem aos que estão subindo porque o piloto que ascende não tem visibilidade.
A declaração de Uluer foi confirmada por Celso Marcantonio, presidente da Federação Paulista de Balonismo.
"O balão que está em cima tem a obrigação de dar passagem ao que está embaixo segundo as determinações da Federação Aeronáutica Internacional (FAI). A regra consta no exame teórico de qualquer um que queira se tornar balonista", afirmou Marcantonio.
Para Marcantonio, houve "imperícia" do piloto que voava acima do balão onde estavam os brasileiros.
A Istanbul Balloons, que operava o outro balão envolvido no acidente, não quis tecer comentários.
Uma funcionária que não quis se identificar disse que a operadora vai esperar os resultados da investigação do Departamento de Aviação Civil da Turquia para emitir um comunicado.
Foto: Divulgação
Balões da "Istanbul Balloons" dona do balão que está sendo responsabilizado pelo acidente, voam pelo céu da Capadócia
DESPESAS
Ainda segundo Uluer, além de piloto, Neves, o português, também é engenheiro e trabalhou durante 12 anos na empresa que construiu o balão, Lindstrand, com base na Grã-Bretanha. O balão foi fabricado em 2011 e estaria em boas condições de uso.
A Anatolian Ballons possui 17 balões que podem transportar até 356 pessoas. O balão envolvido no acidente tinha capacidade para até 36 passageiros e carregava 24.
Uluer disse ainda que a empresa está arcando com as despesas médicas dos feridos.
Segundo a embaixada brasileira, os corpos das vítimas devem ser transferidos à capital turca, Ancara, ainda nesta terça-feira para que sejam iniciados os processos de emissão de certificado de óbito e traslado para o Brasil.
MUNDIAL NO BRASIL
Em julho de 2014, a cidade de São Carlos, no interior paulista, receberá o Campeonato Mundial de Balonismo, principal evento do gênero e que reunirá cem balonistas de diferentes nacionalidades.
Será a primeira vez na história que o torneio será realizado no Brasil e fora dos Estados Unidos e da Europa.
Para Marcantonio, o balão é um dos veículos "mais seguros do mundo".
"Em 40 anos de atividades no Brasil, só tivemos um único acidente deste tipo", afirmou.
"Além disso, todo ano precisamos passar por exames para atualizar nosso brevê. A autorização para o uso do balão também é concedida anualmente, após inspeção".
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