O beco sem saída do câmbio argentino
ARGENTINA - Economia O beco sem saída do câmbio argentino Na Argentina, a inflação chegou a 25% ao ano, de acordo com especialistas independentes (o governo reconhece apenas 10%), como o banco central utiliza para imprimir dinheiro para financiar os gastos do governo. Os argentinos perderam a confiança na sua moeda. Eles temem uma desvalorização repentina que penalizaria seu poder aquisitivo. Como resultado, o dólar dos EUA é mais uma vez um porto seguro. Mas a exemplo do que ocorre em Cuba, na Argentina ter dólar é impatriótico. Foto:Alberto Raggio/Associated Press Postado por Toinho de Passira O jornal francês Le Figaro publicou semana passada uma matéria sobre o drama do cambio argentino. Diz que para os nacionais o dólar é o primeiro porto seguro. Constata que no Cambio Negro, o cambio paralelo conhecido na Argentina como “dólar azul” (dolar blue) alcançou o recorde de ser 100% mais valorizado que o dólar oficial. Na Argentina por decreto o cambio oficial estipulou durante muito tempo que um dólar seria equivalente a um peso, desprezando qualquer flutuação natural do mercado . Como é quase impossível a um cidadão comum comprar dólares oficialmente, o mercado paralelo, clandestino e até passível de criminalização, cresce para quem quer se garantir como investidor, temente de uma desvalorização do peso, para quem precisa de dólares, para viajar, por exemplo. Não adianta nada o governo de Cristina Kirchner, fazer ameaças e dizer que esse dólar paralelo é uma moeda impatriótica e ilegal. Le Figaro diz que desde janeiro, o preço do dólar no mercado negro, teve um aumento de 40% em relação ao peso. E comenta que os argentinos fazem piada com a rápida subida, apelidando o dólar paralelo de "dólar Messi", uma referência ao camisa 10, da sua seleção de futebol e do Barcelona, o jogador de futebol Lionel Messi, conhecido pela sua velocidade. Esse mercado negro subterrâneo e vigoroso é uma reação direta do endurecimento das restrições à compra de moeda oficial desde o final de 2011, impostas pelo governo de Cristina, mesmo para aqueles que pretendem ir de férias no exterior. O objetivo do governo é limitar a fuga de capitais para equilibrar o nível preocupante de reservas cambiais do banco central, o menor em seis anos. Foto: La Nácion Em março, Valéria Maniero, jornalista colaboradora do Blog de Miriam Leitão, no O Globo, comentou que sobre uma viagem sua a Buenos Aires, que uma argentina que vendia roupas de lã, no bairro de "La Boca", em Buenos Aires, logo que ouviu a jornalista falar português, foi “logo dizendo que aceitava o pagamento em reais”.
As medidas comunicadas pela equipe do ministro da Economia argentino, Hernán Lorenzino, que seriam para tranquilizar, aumentaram o clima de nervosismo e provocaram um aumento da demanda por dólares no paralelo. De acordo com o jornal “Ámbito Financiero”, operadores das chamadas cuevas (cavernas), as casas de câmbio ilegais que estão espalhadas por vários bairros portenhos, afirmaram que o pacote cambial não modificou em nada o panorama que se vive no mercado. Pelo contrário, depois do anuncio da medida, aparecem novos clientes em busca da moeda americana. A histórica diferença entre os dois mercados cambiais que existem na Argentina desde que a presidente Cristina Kirchner decidiu restringir drasticamente a compra de dólares preocupa economistas locais e, principalmente, importadores e exportadores, que operam com a cotação oficial. Segundo explicou o gerente de relações institucionais da Câmara de Importadores do país (Cira), Miguel Ponce, “o problema é que operamos com o dólar oficial, mas vivemos num país que tem 25% de inflação e nossos custos aumentam no mesmo ritmo. Não podemos planejar investimentos no médio e longo prazo”. — Já nos queixávamos quando a diferença entre as duas cotações era de 10%. Com 100%, estamos enfrentando graves problemas — enfatizou Ponce. A Casa Rosada, porém, nega qualquer tipo de obstáculo para as empresas de comércio exterior. Na mesma coletiva em que anunciou o pacote cambial, o ministro da Economia, Hernán Lorenzino, afirmou que este ano o país terá um superávit comercial em torno de US$ 13 bilhões, superando os US$ 12 bilhões do ano passado. Foto: Para o economista Pablo Rojo, trata-se de “um superávit artificial, possível graças às rigorosas restrições à entrada de produtos importados”. De fato, a Cira vem denunciando a demora cada vez maior do governo para autorizar as chamadas Declarações Juramentadas Antecipadas, que os importadores devem apresentar antes de realizar qualquer operação. Ilustração revista Veja Cristina Kirchner manipulação e adultera de forma grosseira a realidade econômica do país. As estatísticas econômicas oficiais viraram piada. A inflação anual oficial foi de apenas 10%. O valor real é 24%, com a projeção de bater em 30% no fim de 2013. O crescimento do PIB do ano passado não passou de 0,7%, oficialmente chegou aos 1,9%, mais que o dobro da realidade. As reservas internacionais não passam de 3º bilhões de dólares, um histórico índice negativo, oficialmente está em 41 bilhões. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário