Terceira "Marcha das Vadias" no Recife: exigência do fim da violência contra a mulher
BRASIL - Pernambuco Terceira "Marcha das Vadias" no Recife: exigência do fim da violência contra a mulher As mulheres continuam sofrendo todo tipo de violência física e psicológica. Um cardápio que inclui humilhação, estupro e assassinatos. O estado de Pernambuco, como um todo, com destaque para o Recife, amarga alguns índices recordes vexatórios e crescentes de violência contra as mulheres. O movimento “Marcha das Vadias” serve para denunciar e fazer refletir sobre essa barbárie. Foto: Nathalia Verony /Flickr Postado por Toinho de Passira Duas mil pessoas participaram da terceira edição da "Marcha das Vadias"no Recife, que saíram às ruas da cidade, na tarde deste sábado (25), para pedir respeito e defesa às mulheres e denunciar a violência sexual. O evento acontece simultaneamente em outras capitais brasileiras, como São Paulo e Belo Horizonte. Quase sempre organizada pelas redes sociais, este ano a marcha do Recife contou com diversos debates preparatórios. No Facebook, o evento da Marcha das Vadias contou com quase 2.600 confirmações. Foto: Mark Blinch/ Reuters O Movimento Slutwalk, vertido para "Marcha das Vadias", no Brasil, surgiu no Canadá, no início de 2011. Na época, diversos casos de abuso sexual em mulheres estavam acontecendo na Universidade de Toronto. Convidado o policial Michael Sanguinetti fez uma palestra sobre segurança pessoal no campus de faculdade de direito, em Toronto, entre as recomendações ele disse que "As mulheres deveriam evitar se vestir como vadias para não serem vítimas”. No Recife, nesta ano, a caminhada saiu da Praça do Derby e seguiu pela avenida Conde da Boa Vista, na região central da capital. A manifestação começou às 14h e terminou, quase três horas depois, na Praça da Independência. Uma fileira interminável de cartazes propagava a luta pela desconstrução de valores machistas impostos pela sociedade. Mulheres, crianças, homens, pais e filhos desfilaram pelas Avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes com os dizeres de alerta. "É uma celebração triste; estamos reinvindicando para que não haja violência, mas a sociedade ainda não entende", comenta Késia Salgado, uma das organizadoras do evento. Durante a concentração e pelo percurso, várias intervenções artísticas de grupos que apoiam a causa. Nas performances, direito a mulheres nuas ou com poucas peças de roupas para desconstruir a visão do 'sexo frágil' ou a crença de que as mulheres pedem para ser estupradas. "A marcha vem para mostrar que as mulheres não ficarão mais caladas, que a impunidade não vai acontecer; vivemos uma epidemia e a sociedade tem que se reeducar", ressaltava Késia. Já no final da marcha, na Praça da Independência, o grupo abriu espaço para os depoimentos. Com megafones, mulheres vítimas de agressões compartilharam com os presentes suas experiências. De acordo com a organização, a marcha ganhou mais seguidores neste ano. Apesar de todos os movimentos e reações da sociedade, continua a crença de que uma mulher vestida de forma mais provocante, está pedindo para ser estuprada. O comentário do policial canadense está na cabeça das autoridades e da sociedade estereotipada. As vítimas de estupro, ao responderem o questionário policilial, no momento da queixa, são sempre interrogadas, como se tivessem culpa do que aconteceu, pergunta-se sempre, o que estava vestindo? Por que estava aquela hora naquele local? Por que estava sozinha? A quanto tempo não fazia sexo, quantos parceiros já teve, se tem alugum relacionamento fixo? Etc. Foto: Nathalia Verony /Flickr Não fica descartada a insinuação de sensualidade e permissão incial mesmo quando se tratada de crianças e tenras adolescentes. As respostas das vítimas, sob forte emoção e na maioria das vezes conduzidas pelo interrogador preconceituoso, são sempre valiosos trufos "muito bem usadas" pelos advogados dos estrupadores, alegando as circunstancias provocadas pela vítima. Foto: Nathalia Verony /Flickr De janeiro a dezembro de 2012, a Central de Atendimento à Mulher Nacional (Ligue 180) contabilizou 732.468 registros, sendo 88.685 relatos de violência. Isso significa que, a cada hora, dez mulheres foram vítimas de maus tratos ao longo do ano passado. Foto: Nathalia Verony /Flickr Desde 2006 está em vigor a Lei Maria da Penha, que prevê três anos de prisão para o agressor, impossibilitou o cumprimento de penas alternativas e permitiu o decreto de prisão preventiva. Já em 2012, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) passou a permitir que o acusado seja denunciado pelo Ministério Público mesmo que a mulher não apresente queixa. Foto: Nathalia Verony /Flickr |
Nenhum comentário:
Postar um comentário