Protestos desafiam o poderoso aiatolá Khamenei
Protestos desafiam o poderoso aiatolá Khamenei O jornalista, Roger Cohen, do The New York Times**, conta sua experiência dentro dos grupos de resistência pelas ruas de Teerã, para ele o aiatolá Khamenei líder supremo perdeu sua aura quando os iranianos foram às ruas mais uma vez...
Foto:Reuters Fontes: The New York Times, BBC Brasil, Portal UOL, Spiegel, Zero Hora, Estadão O comandante da polícia iraniana, de uniforme verde, subiu a alameda do Hospital Komak a pé, de braços erguidos, ao lado de sua pequena unidade militar. Foto: AP Uma fumaça preta se erguia dessa grande cidade no final da tarde. Motos foram queimadas, lançando chamas brilhantes em direção ao céu. O Ayatollah Ali Khamenei, líder supremo, usou seu sermão de sexta-feira para declarar ao meio dia em Teerã que haveria "derramamento de sangue e caos" se os protestos contra a eleição persistissem. Foto: Reuters A resposta que quebrou o tabu foi inequívoca. É engraçado como as obsessões das pessoas voltam para atacá-las. Tenho ouvido sobre o medo de Khamenei de uma "revolução de veludo" há meses. Não houve nada de veludo em relação aos conflitos no sábado. De fato, o pedido inicial para que os votos de Moussavi fossem contados apropriadamente e Ahmadinejad fosse deposto se transformou num confronto mais amplo contra o próprio regime. Foto: AP Também sei que as mulheres do Irã estão na vanguarda. Há dias, tenho as visto incentivando homens menos corajosos que elas. Tenho visto elas apanharem por causa de seu espírito de combate. "Por que vocês estão sentados aí?", gritou uma delas para alguns homens sentados na sarjeta no sábado. "Levantem-se! Levantem-se!" Foto: Getty Images O mundo está observando, a tecnologia conecta, e o Ocidente está enviando os sinais que pode, mas, no final, essa é a verdade. Os iranianos estão nessa luta solitária há muito tempo: para serem livres, para terem uma certa democracia. Foto: AP O iraniano Reza Cyrus Pahlevi, filho do xá Mommahmed Reza Pahlevi, derrubado em 1979, pelos aiatolás, que desde 1984 vive nos Estados Unidos, afirmou que as manifestações e distúrbios que sacodem o país desde o último dia 12 são "um grito pela liberdade e democracia", que chegou "a hora de o Irã" derrotar o atual regime.
As autoridades revolucionárias sempre zombaram do
Xá(Mohammad Reza Pahlevi Monarca do Irã derrubado pelos aiatolás), tomado pelo câncer, que cedeu antes de um levante, e nunca quiseram se curvar da mesma forma. Mas estão enfrentando um teste cada vez maior.Saindo da rua da Revolução, caminhei em direção a uma cortina de fumaça de gás lacrimogênio. Eu havia acendido um cigarro alguns minutos antes - não por hábito mas por necessidade - e um jovem chegou cambaleando para mim e gritou: "Sopre fumaça no meu rosto". A fumaça anula os efeitos do gás até certo ponto. Fiz o que pude e disse: "estamos com vocês" em inglês, e junto com meu colega acabamos entrando numa rua sem saída - Teerã está cheia delas - correndo do gás que queimava e da polícia. Respirei e entrei por uma porta num prédio de apartamentos onde alguém havia acendido um pequeno fogo num prato para aliviar o ardor do gás. Foto: Reuters Éramos cerca de 20 pessoas reunidas ali, com os olhos lacrimejando e os corações disparados. Um estudante de 19 anos cuidava de sua perna esquerda, que sofreu um golpe de cassetete de eletrochoque de um integrante da milícia. "Não vamos voltar para trás, de jeito nenhum", disse um amigo dele enquanto ele massageava a perna ferida. Foto: AFP Olhei para cima, através da fumaça e vi um poster com o rosto austero de Khomeini com os dizeres: "O Islã é a religião da liberdade". *Os iraniano repetem uma tática usada na revolução Islâmica de 1979 contra o Xá Reza Palhevi subindo aos telhados ao entardecer e gritando “Allahu Akbar” (Deus é grande) para demonstrar sua insatisfação contra a ordem vigente ** O título original do artigo em ingles é “A Supreme Leader Loses His Aura as Iranians Flock to the Streets” (Líder supremo perde sua aura enquanto os iranianos vão às ruas mais uma vez). A tradução é de Eloise De Vylder, para o portal UOL. Acrescentamos comentários, fotos e legendadas. |
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