30 de jun. de 2009

Iraque em festa com retirada das tropas americanas

Iraque em festa com retirada das tropas americanas
Parece mentira, mas os americanos estão saindo de cena das ruas do Iraque a partir de hoje, ainda vão continuar até 2011, mais não executarão missões, ficarão aquartelados como uma tropa de reserva para garantir eventualmente a segurança do país.

Foto: AP

A festa dos iraquianos pela saída das tropas americanas das ruas de Bagdá e das cidades de todo o país

Fontes: Notícias Uol, The New York Times, BBC Brasil, The New York Times, Diário Digital

Os iraquianos celebram com grande festa em Bagdá a retirada das tropas americanas de suas cidades e povoados. Os festejos para celebrar o "Dia da Soberania Nacional" terá shows de poesia e grupos musicais. Embora em função dos atentados registrados nos últimos dias, a segurança esteja reforçada.

Uma multidão juntou-se no gigantesco Parque Zawra, em Bagdad, para assistir a uma mega-festa. Numa atmosfera descontraída, sujeitaram-se a ser revistados por três vezes, antes de acederem ao jardim onde vão escutar os mais célebres cantores e grupos musicais iranianos.

Foto: Getty Images

O general americano Daniel Bolger, Comandante das forças de ocupação em Bagdá, passa simbolicamente a chave da base da 1ª Divisão de Cavalaria, as mãos do general iraquiano Abud Qambar, a última das 86 posições ocupados por forças USA na capital

Os 131 mil americanos estão se retirando das cidades e vilas do Iraque hoje. A segurança do país passa as mãos dos iraquianos. Pelo pacto de segurança EUA-Iraque gradativamente esse efetivo será reduzido até se tornar zero até 2011.

Foto: AP

Comboio americano pronto para partir definitivamente esperam os iraquianos

Os americanos estarão em bases fora das cidades e só voltarão a entrar em áreas urbanas se as forças de segurança iraquianas pedirem ajuda. A retirada total poderá até ser antecipada para junho de 2010, dependendo do resultado de um referendo, que acontecerá no próximo mês de julho.

Com todos os problemas internos para resolver, os iraquianos tem motivo de sobra para comemorar. O país está ocupado por uma força estrangeira desde 2003. A invasão dos Estados Unidos transformou-se rapidamente em caos e guerra religiosa, antes que o exército e a polícia iraquianas, apoiados pelos EUA, retomassem o controlo sobre os rebeldes.

Foto: AP

Os números da violência chocam: mais de 100 mil civis iraquiano morreram por estarem em meio ao fogo cruzado dessa guerra, que visava vingar o ataque sofrido pelos Estados Unidos em 11 de setembro, derrubando o ditadura de Saddam Hussein, que já governava o Iraque por 24 anos, com mão de ferro, em meio a corrupção e sangue dos adversários.

Os Estados Unidos atacaram o Iraque, sob o pretexto de que o ditador era uma ameaça para o ocidente, que inclusive estava produzindo armas de destruição em massa e tinha ligações com o grupo terrorista Al Qaeda, que atacara os Estados Unidos, no episódio do World Trade Center.

Foto: AP

Os americanos imaginaram que chegariam ao Iraque como um exército de libertação, tirando o povo oprimido das mãos de um terrível ditador, com um poderio militar tão arrazador, que destimularia qualquer resistência. Não foi bem assim, esqueceram de combinar com os rebeldes iraquianos.

Logo se descobriu que os argumentos utilizados para a invasão não eram verdadeiros, não havia fábricas de armas de destruição em massa, nem nada que comprovasse ligações de Saddan com Osama Bin Ladden e Al Qaeda.

O ocidente e a mídia que apoiavam a guerra até então começaram a ver o grande erro americano – britânico e de tantas outras nações que apoiaram com tropas a invasão.

Foto: arquivos Mariner

O momento em que Saddan foi localizado e preso

Mesmo com a prisão, condenação e morte de Saddan Heussein a paz não aconteceu.

No primeiro momento, os americanos cometeram todo o tipo de barbarie, com torturas humilhantes nos presídios e ataques equivocados, a cerimonias de casamentos, onde por tradições tribais se disparavam tiros para o alto, além de ataques aéreos atingindo por engano mesquitas, hospitais e escolas.

Por outro lado, as desavenças e praticas religiosas locais, puseram os americanos em meio a um conflito inesperado. A minoria sunita, que dominou o Iraque durante o tempo da ditadura do sunita Saddam Hussein, começou a ser atacada, pelos muçulmanos xiitas, e revidavam com mesma virulência, transformando o país num rio de sangue.

Em 2006 o Iraque chegou à beira de uma guerra civil, com os americanos no meio, sem saber a quem atacar ou defender.

Foto: AP

Os extremistas Xiitas e Sunitas são se uniam no momento em atacar os americanos. Os americanos desde 2003 tiveram mais de 4.200 soldados mortos em combate no Iraque. Por isso para os americanos a saída do Iraque também é motivo de celebração.

Foto: AP

O ataque em 29 de abril em área xiita, na cidade de Sadr, dois carros bombas próximo a um restaurante, 17 mortos.

Mais nem tudo são flores, nesse momento, a saída americana quase foi adiada pela série de atentados que ocorreram no Iraque nesse mês, mais de 200 pessoas foram mortas e 500 feridas. Os dois ataques mais violentos aconteceram na província de Kirkuk (72 mortos), e no bairro xiita de Sadr City, Bagdá (62 mortos).

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, se apressou em tranquilizar a população, afirmando que as forças de segurança do Iraque estão prontas para proteger o país e pedindo que qualquer ataque fosse imediatamente informado ao exército ou à polícia.

O primeiro-ministro destacou que "as forças de segurança precisam de mais informações para lidar com os efeitos sectários que alguns desejam provocar", numa referência às ondas de violência sectária que deixaram dezenas de milhares de mortos em 2006 e 2007.

Foto: Reuters

O solado iraquiano festejando a saída dos americanos, vestido com o uniforme, totalmente inspirado nos marines USA

Soldados e veículos blindados continuarão patrulhando as ruas do Iraque como nos últimos seis anos - mas, a partir de agora, as equipes de segurança serão formadas exclusivamente por efetivos iraquianos.

Apenas um pequeno número de forças de treinamento e suporte americanas permanecerão nas áreas urbanas. A grande maioria das tropas, no entanto, será transferida para bases militares fora das cidades.

Os líderes iraquianos expressaram confiança em sua preparação para garantir a segurança dos cerca de 30 milhões de habitantes do país, mas advertiram sobre a existência de grandes obstáculos - como a possibilidade de que insurgentes e milícias aumentem ainda mais a frequência e a violência de seus ataques.

Foto: Reuters

Os iraquianos orgulhosamente recebem seu país de volta

Nuri al Maliki, por sua vez, estimou que os sangrentos atentados da última semana foram uma tentativa da rede terrorista Al Qaeda de minar a confiança da população nas forças nacionais de segurança e reacender as divisões entre os diferentes grupos religiosos do Iraque.

A violência diminuiu significativamente desde os confrontos de 2006 e 2007. Em maio deste ano, o país registrou o menor número de mortes violentas desde o início da invasão americana, que derrubou o regime de Saddam Hussein.

Foto: AP

Um tanque do exercito iraquiano patrulha o centro de Bagdá

Além de transferir para as forças iraquianas suas bases urbanas, o exército americano prometeu também a doação de 8.500 veículos militares Humvee - 5.000 já foram entregues, segundo o general Ray Odierno, máxima autoridade militar dos EUA no Iraque.

Além disso, libertarão ou deixarão sob custódia iraquiana os cerca de 11.000 prisioneiros mantidos em penitenciárias americanas. De acordo com o cronograma de retirada aprovados pelos EUA, a última delas deverá ser fechada em agosto de 2010.

Foto: Getty Images

O presidente Obama começa a cumprir um importante item das suas promessas de campanha, de retirar os americanos da guerra do Iraque, apesar de o acordo que retira as tropas das cidades, ter sido assinado pelo seu antecessor George Bush em novembro do ano passado.


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