Discriminação aos cadáveres locais no IML de Recife
Discriminação aos cadáveres locais no IML de Recife Com a superlotação de corpos, gerado pela chegada de restos mortais dos passageiros da Air France, o precário serviço do Instituto de Medicina Legal do Recife entrou em colapso
Foto: Getty Image Fontes: Estadão O acidente do Airbus da Air France tornou mais evidente a falta de estrutura e precariedade de funcionamento do Instituto de Medicina Legal (IML) e provocou discriminação no tratamento entre as vítimas do voo 447 e as vítimas da violência de Pernambuco. conclusão é do Conselho Regional de Medicina (Cremepe) que divulgou relatório onde aponta precárias condições de funcionamento do instituto, agravadas pelo acidente do último dia 31 de maio com o voo 447 da Air France. O presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal, Raílton Bezerra, frisou que "nenhum IML do mundo tem capacidade para atender a grandes catástrofes", mas criticou, assim como o presidente do Cremepe, André Longo, a adequação do IML local para o atendimento das vítimas do Airbus. Os corpos dos passageiros, "em avançado estado de putrefação", ocupam as áreas antes destinadas para necropsias de cadáveres com poucas horas de falecimento e para exames periciais em vivos, afirmou.
Durante a fiscalização, o Cremepe visitou a unidade anexa do IML, que está funcionando provisoriamente na antiga Vila Militar. No local, segundo o relatório, estão sendo atendidas em condições precárias as vítimas que necessitam de perícia sexológica e traumatológica. Os corpos que não são de vítimas do acidente aéreo foram para uma área apelidada como Coreia, onde há apenas duas mesas para necropsia. Na quinta-feira, segundo o relatório, havia 11 cadáveres na espera, alguns deles amontoados no chão. O Cremepe sugeriu em relatório que um contêiner frigorífico fosse alugado, para suprir a demanda de espaço para armazenamento de cadáveres. "Toda vez que ocorrer uma catástrofe, a população carente pernambucana será relegada para segunda, terceira, quarta categoria?" Não houve críticas à condução das necropsias dos corpos das vítimas do Airbus, nem ao trabalho dos peritos. |
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