26 de jun. de 2009

Michael, a turnê infinita

Michael, a turnê infinita

Lembro quando um amigo, Vicente Camilo da Silva, também já no infinito, mostrou o vinil com o menino negro americano na capa e disse que não conseguia parar de ouvir Michael Jackson, o solista de um conjunto Black americano, os “Jackson Five”.

Vicente, o marinheiro, tinha ouvido absoluto. Nasceu musical. Certa vez fomos junto a Mesbla e compramos dois violões. Com duas semanas ele sabia tocar tudo, acompanhávamo-nos cantando Chico, Caetano e Milton e de quebra solava brasileirinho.

O outro violão, um Di Giorgio, de fantástica sonoridade, que ainda continua conosco, está novinho em folha, servindo de decoração e reminiscências, mas sem serventia musical.

A princípio não gostei do negrinho americano, achei a empolgação de Vicente, uma extravagância que ia desaparecer com o tempo. Mas como a maioria absoluta da humanidade, com o passar do tempo, nos rendemos ao fenômeno Michael Jackson.

Recordo de ter esperado ansioso, junto aos filhos pequenos, o lançamento mundial do clip de “Bad”. Lemos agora, na mídia, que Michael praticamente inventou o vídeo clip como arma poderosa de vender discos, que fez estourar o seu “Thriller”, o álbum que com 106 milhões de cópias é o mais vendido na história da humanidade.

É empolgante vê-lo dançar e cantar. Como sempre foi hipnotizador o noticiário a seu respeito. Desde a metamorfose física aos escândalos e exageros comportamentais, passando pelos recordes de venda em discos: teria vendido sozinho 750 milhões de CDs.

Não era um gênio musical, não se envolveu com seu tempo, não era nem original, mas empolgou toda uma geração e foi à pessoa mais conhecida no planeta, nos anos 80 e 90 do século passado.

Quando veio gravar um vídeo no Morro de Santa Marta no Rio, no meio da negritude carioca, viu-se que ele estava cor de rosa, frágil e franzino, Michael era em si mesmo, um personagem de ficção dos seus vídeos clipes.

O noticiário diz que morreu de ansiedade da expectativa de voltar com o mesmo brilho, após 12 anos afastados dos palcos. Ao morrer tinha a lotação de 50 shows em Londres, vendida por antecipação, 900.000 ingressos vendidos pela internet ao ritmo de 657 por minuto.

Os organizadores falam em devolver o valor dos bilhetes, mas muitos fãs declararam que não vão querer por preço nenhum se desfazer da possibilidade de possuir a relíquia do último show de Michael Jackson, que jamais vai acontecer, porque o cantor que juntou em seu benefício o pop, rock e o soul, está em turnê eterna pelo infinito.


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