3 de jun. de 2009

Mundial-2014: a roubalheira anunciada

Mundial-2014: a roubalheira anunciada
Por que um país que tem hospitais imundos, onde escolas desabam sobre as crianças, presídios superlotados obrigam juízes a fazerem rodízios de presos, tem as piores estradas federais do mundo, vai investir bilhões e bilhões na construção de estádios, para servirem de palco a apenas quatros jogos do mundial de futebol?

Foto: Arquivo dos Jogos Panamericanos

Estádio do Engenhão, Rio de Janeiro, é um exemplo desse tipo de obra, construído para o Pan, não é utilizado e os sinais de abandono já são visíveis, milhões jogados pelo ralo, numa comunidade que não tem assistência médica e muito menos segurança.

Fontes: Folha On line, Folha de São Paulo, Blog do Juca Kfuori

O governo federal, os estaduais e municipais gastarão bilhões para justificar a escolha de serem cidades sedes da Copa do Mundo de 2014. Como nos jogos Pan Americanos o dinheiro correrá frouxo e sem tempo para fiscalização. As suspeitas já começam nos cartolas que escolheram as cidades, tanto o brasileiro Ricardo Teixeira, presidente da CBF, quanto os 25 homens da FIFA não agüentam meia hora de investigação.

Vale adiantar que cada uma dessas sedes terão no máximo quatro partidas, durante toda a copa, depois estes dispendiosos estádios, de manutenção caríssima, cheios de tribunas de honra, enormes cabines de imprensa, gramados caprichados e iluminação milionária, ficarão apodrecendo ao sol, com meia dúzia de torcedores acompanhado o morno campeonato local.

Juca kfouri ao comentar na sua coluna a escolha de “Cuiabá, no Mato Grosso, em detrimento a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, diz textualmente que o governador Blairo Maggi, conhecido como “motosserra de ouro” tinha “mais de um milhão de razões para influenciar decisões no mundo do futebol.”

Ou seja, a temporada de corrupção já começou.

Dos 25 homens do Comitê Executivo da FIFA, tratados como príncipes, quando estiveram no Brasil, vários sofreram acusações de ilegalidades financeiras.

Foto: Getty Images

Ricardo Teixeira Presidente perpétuo da CBF e Joseph Blatter imperador da FIFA, só por  estarem reunidos, são passiveis de acusação de formação de quadrilha

Quem encabeça a lista de problemas é o presidente da FIFA, Joseph Blatter. Em sua gestão, o então secretário-geral, Micheal Zen-Ruffinen, acusou Blatter de ter feito gastos irregulares, somando prejuízo de 360 milhões de libras (mais de R$ 1 bilhão) para a entidade.

Por conta disso, 11 membros do Comitê Executivo da FIFA acusaram Blatter, em denúncia criminal.

Sob pressão, Blatter reconheceu erros e reviu determinados procedimentos dentro da entidade. Foi reeleito, e a denúncia acabou sendo retirada.

A crise financeira da FIFA, levada a público pelo ex-secretário-geral, Micheal Zen-Ruffinen, foi desencadeada pela falência da ISL (International Sports License). A empresa era a principal parceira comercial da FIFA, que negociava contratos de TV e de patrocínio.

Sua ruína gerou um processo na Justiça suíça em que executivos da ISL admitiram ter feito pagamentos a dirigentes esportivos. Não foram dados nomes.

Foi também em um processo que o atual secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, complicou-se. Nos EUA, a Mastercard processou a federação internacional por rompimento de contrato --hoje, o patrocínio da entidade é com a Visa.

A corte apontou que Valcke, então diretor de marketing da entidade, mentiu na ação.

A entidade teve de pagar US$ 90 milhões para a Mastercard. Valcke sofreu pressão dentro da federação, mas foi perdoado. E virou secretário-geral.

Um dos vices da FIFA, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, foi acusado de lucrar US$ 1 milhão com a revenda ilegal de ingressos para a Copa de 2006, na Alemanha. Era verdade, por causa disso recebeu uma multa e foi obrigado a devolver o dinheiro. Contudo seu prestígio no Comitê Executivo seguiu intacto.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ricardo Teixeira, Joseph Blatter e Lula reunidos, não precisam de tradutor: todos falam a mesma língua, o corruptêz

Segundo homem da FIFA --é vice sênior--, o argentino Julio Grondona foi investigado por comissão da Câmara de Deputados de seu país, em 2000.

Motivo: apurar possíveis irregularidades nos contratos de TV da AFA (Associação de Futebol Argentina). Havia alegações de favorecimento a uma das redes nacionais.

Revistas argentinas apontaram o enriquecimento de Grondona à frente da AFA. Mais tarde, a investigação da Câmara foi arquivada, e Grondona seguiu forte.

O guatemalteco Rafael Salgueiro, também membro do Comitê Executivo, foi acusado por um ex-funcionário da federação local de vender camisas falsificadas da Adidas.

Foto: Divulgação Grupo Saia Rodada

Cada cidade escolhida gastou milhões em projetos e mais outros no show para comemorar a escolha, suspeito desperdício  

Assim como seus pares no Comitê Executivo da FIFA, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, passou por investigações dentro do Brasil. Foi alvo de duas CPIs, na Câmara e no Senado, que apresentaram diversas irregularidades em sua gestão na entidade.

Teixeira sempre negou as acusações.

Também na investigação da CPI do Futebol foi apontado que a CBF tinha prejuízo nas operações com a SBTR, então operadora de turismo da seleção brasileira. Segundo a comissão, a empresa foi favorecida em R$ 30 milhões em três anos.

Mas a acusação nunca se transformou em processo criminal.

Como se sabe é com gente assim que o presidente Lula sente-se muito confortável em negociar, e é correspondido: tanto o Joseph Blatter quanto Ricardo Teixeira tratam o nosso presidente como um comparsa.


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