28 de jun. de 2009

Lula não quer nem ouvir falar em tirar Sarney

Lula não quer nem ouvir falar em tirar Sarney
Nada que o presidente do Senado tenha feito, ou venha a fazer, convencerá o presidente da república a encampar a campanha de removê-lo da cadeira presidêncial do Congresso, não é amor incondicional a Sarney, é medo do vice-presidente Marcondes Perillo

Charge: HUMBERTO – Jornal do Comércio (PE)

Todas as vezes que o presidente Lula defendeu figuras indefensáveis de aliados, em dificuldades morais, estava defendendo a própria pele. O bandido em desgraça, diante do apoio presidencial, é estimulado a ficar calado, sentindo que é melhor poupar o chefe, que pode ajudá-lo, que o envolver na falcatrua.

Tem sido sempre assim: no episódio do Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu, do Ministro da Fazenda Antonio Palocci, do Ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, do Diretor da ABIN, Paulo Lacerda, e até do senador Renan Calheiros que terceirizou o pagamento da pensão alimentícia.

Não é diferente agora ao defender Sarney, um adversário do passado, aliado do presente, que se instalou na cadeira de presidente do senado, sem o seu apoio direto, mas se prestando como aliado.

Acontece que durante a campanha, o senador Renan Calheiros, precisava por vingança e demonstração de poder, derrotar o candidato do planalto, o senador Tião Vianna e ser o maior credor da vitória de Sarney.

Mas como tudo tem o seu preço, para conseguir essa vitória, Sarney & Renan, tiveram que buscar apoio do outro lado do oceano. Foram assim apoiados pelos oposicionistas Democratas e de dissidentes tucanos, como o senado, Marconi Perillo (PSDB/GO), que acabou vice-presidente da chapa vitoriosa.

Resumindo a questão, Lula vai defender Sarney até as últimas conseqüências, pois não quer nem ouvir falar, no senador Marcondes Perillo, do PSDB, presidindo o senado, nesse ano pré-eleitoral, e no próximo ano, das eleições, podendo assumir inclusive a presidência da Republica, todas as vezes que ele viajasse ao exterior.

O vice-presidente com a saúde fragilizada, em breve vai ter que se afastar do cargo, o presidente da Câmara, sucessor seguinte do presidente, o Deputado Michel Temer, não pode assumir a presidência, pois ficaria impedido de se candidatar a reeleição de Deputado Federal.

Senador Perillo não é um oposicionista comum, Lula o marcou como inimigo imperdoável. Quando a tese de que “nada sabia”, era a única coisa que sustentava Lula longe do escândalo, no auge da crise do mensalão, Perillo, então governador de Goiás, declarou ter avisado ao presidente, um ano antes, diante de testemunhas, que estava havendo pagamentos, de “mesada” a deputados da base aliada, para aprovar os projetos do governo.

Repetiu essa versão por escrito a CPI que apurava os fatos, e em depoimento a Polícia Federal.

No momento Perillo representa mais que um ódio antigo, representa o perigo de a oposição crescer, tomando conta de uma das Casas do Parlamento.

No cargo o tucano pode mandar instalar CPIs, à vontade, por em votação vetos presidenciais, barrar Medidas Provisórias, etc. e tal.

Mais perigoso ainda é que o Perillo pode mandar apurar de verdade os atos secretos e as nomeações de parentes no Senado e pode ser convencido a deixar tudo para lá, por Renan Calheiros, que em troca ofereceria apoio aos outros atos dos tucanos, o que poderia alinhá-lo inclusive com a candidatura de José Serra.

Lembrar que tentando atrair esse lado obscuro do PMDB liderado por Renan-Sarney, mesmo indo de encontro ao seu partido, José Serra externou o seu apoio a candidatura Sarney a presidência do Senado.

Portanto para Lula pouco importa quantos tenham sido os atos secretos, quanto tenham sido os parentes e apaniguados que Sarney tenha posto no Senado, quanto dinheiro tenha sido abocanhado pela quadrilha que assaltou os cofres senatoriais.

Pouco importa mesmo, que a dupla Renan-Sarney tenha transformado a casa mais importante do Parlamento, num obscuro e corrupto feudo.

Para o presidente Luis Inácio Lula da Silva, o presidente do Senador José Sarney é inocente e ninguém jamais provará nada em contrário, afinal, não existem virtudes em opositores, nem defeitos em aliados.


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