27 de mai. de 2009

Suzane Richthofen no regime semi-aberto

Suzane Richthofen no regime semi-aberto
Mesmo depois de ter assassinado pai e mãe a jovem estudante de direito, já pode gozar de liberdade parcial, por ter cumprido um sexto da pena. Um escândalo legal

Foto:Revista Veja

Fontes: O Globo, O Dia, Estadão

Está para gozar de progressão da pena e ganhar a moleza de prisão semi aberta, a virulenta, Suzane von Richthofen, que com 19 anos, estudante de direito, cometeu na noite de 31 de outubro de 2002, um crime bárbaro: planejou e participou da execução do assassinato de forma cruel, dos seu pais, o engenheiro, Manfred, 49 anos e a psiquiatra Marisia Von Richthofen, 50 anos, liquidados a pauladas no quarto onde dormiam.

Confessou o crime, não houve dúvidas quanto a sua autoria e participação, foi legalmente processada, levada a júri, em 2006 e teve uma sentença exemplar, foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado.

Mas recentemente, como havia sido mantida presa antes do julgamento, feito as contas judiciais, constatou-se que Suzane já cumpriu um sexto da pena a que foi condenada e seu advogado pediu a progressão da pena, para o regime semi-aberto.

Para tanto foram contados mais 334 dias remidos, a se somar com os seis anos que ficou presa. Para cada três dias trabalhados dentro da penitenciária, o condenado tem direito a um dia remido. Até dezembro, a ré tinha 334 dias remidos.

Suzane von Richthofen, dentro de pouco mais de um mês, cumprida algumas formalidades, desfrutará de toda liberdade diurna, indo apenas dormir num presídio que disponha de possibilidade de cumprimento desse tipo de pena.

Poderá trabalhar, estudar, divertir-se, namorar comunicando a justiça os endereços onde se encontra e desfrutar a parte da fortuna que lhe coube como herança deixada por seus pais, cerca de dois milhões de reais, em função de sua morte, essa última parte ainda seja motivo de ação judicial, por parte do irmão que quer deserdá-la devido ao crime.

Segundo a tese da promotoria aceita pelo júri, que motivou a pena foi Suzane von Richthofen quem convenceu os executores, os irmãos Daniel Cravinho, 21 anos, seu namorado, e Cristian Cravinho, 20 anos, seu cunhado, ambos sem emprego fixo, a perpetrar o crime, planejado e premeditado por ela, com sua participação direta.

Foto:Rogério Cassimiro/Folha Imagem

A apresentação do trio criminoso a imprensa, logo depois de esclarecido o crime. Cristian Cravinho, Daniel Cravinho e , Suzane von Richthofen

Fez, inclusive, com os Cravinhos, dias antes do crime, um teste de barulho causado pelos disparos de uma arma de fogo e com isso descartaram a idéia de utilizar uma.

No dia fatídico, Suzane desligou as câmeras de segurança e o alarme da residência, abriu as portas para os assassinos, informou que seus pais estavam acordados, para que eles não dessem tempo deles reagirem e ficou esperando que o crime acontecesse.

O primeiro a ser atingido foi Manfred, que morreu quase imediatamente por trauma crânio-encefálico, segundo dados da perícia. Marísia sofreu mais: foi golpeada impiedosamente na cabeça por Christian, sofreu vazamento de massa encefálica, todavia, não morreu na hora. Para apressar a morte da mãe de Suzane, Christian a estrangulou. A casa foi mais tarde revirada e alguns dólares e euros foram levados, para forjar latrocínio (roubo seguido de morte).

Os dólares e euros foram repassados para Christian, o cunhado, como recompensa pela sua participação. Após o brutal assassinato, Cristian foi deixado perto do apartamento onde mora com a avó e o casal de namorados tratou de forjar o álibi para aquela noite.

Entraram no Motel Colonial, na Zona Sul da capital, e escolheram a melhor suíte. Suzane fez questão de guardar a nota fiscal. Pagaram R$ 380 pelo conforto do quarto e por um lanche. Saíram do motel às 2h56 da madrugada e foram ao encontro de Andreas o irmão dela, que os aguardava, sem nada saber, no Cyber Café.

Passado dois dias do crime, as suspeitas para com Suzane e o namorado adquiriram consistência mais forte, quando investigadores da Delegacia de Homícidio, apareceram para uma vistoria e surpreenderam Suzane, Daniel, Andreas e um casal de amigos celebrando alegremente à beira da piscina, ao som de música alta.

A festa continuou no dia seguinte, um domingo, o casal de namorados foi até o sítio da família no interior de São Paulo, onde comemoraram o aniversário de 19 anos de Suzane. Os colegas de faculdade da garota contam que lhes chamou atenção o comportamento de Suzane.

Mesmo dispensada de assistir às aulas, ela não chegou a faltar um único dia. Chegou a apresentar um seminário na quinta-feira - horas antes de confessar o crime. Suzane era abordada por colegas querendo confortá-la, mas sempre respondia de forma lacônica.

Foto: Flávio Grieger/Folha Imagem

No enterro, observada pela imprensa, a encenação da órfã inconsolável.
Na foto com o irmão Andreas, mais atrás de gravata o assassino Daniel Cravinho

Evidente que há algo errado no nosso Codigo Penal. Se alguém que mata o pai e mãe, de forma tão cruel, seis anos depois já está desfruntando de liberdade legal, com direito de usurfruir da herança, caso a justiça entenda que o crime não foi motivado pelo interesse economico. (Nas alegações de defesa são postas que Suzane planejou o crime por que os pais não permitiam o seu namoro com o potencial e depois efetivo assassino Daniel Cravinho.)

Suzane von Richthofen hoje está mais para celebridade, deverá ser entrevistada por alguns programas de televisão e até vai virar personagem de um cinema, a produtora Ana Paula Sant’Anna prepara um filme, já em fase de pré-produção que contará a história da jovem milionária parricida.

No Brasil mesmo quando os crimes são desvendados e os réus condenados, acabam passando uma sensação estranha de impunidade.

Faz-nos lembrar a frase atribuída a Millor Fernandes:

“Nesse país, quem como ferro fere, como ferro fere e fica por isso mesmo...”

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