24 de mai. de 2009

Roh Moo-hyun matou-se por supeição em suborno

Roh Moo-hyun matou-se por supeição em suborno
O ex-presidente sul coreano não suportou a acusação de ter aceitado propina quando governante e resolveu se suicidar saltando no abismo de uma montanha, no interior do país, próximo a sua residência

Fotos: Reuters

Roh e a sua montanha.

Fontes: Estadão, BBC Brasil, Publico, BBC Brasil

O ex-presidente sul-coreano Roh Moo-Hyun, 62 anos, investigado num caso de corrupção envolvendo alguns milhões de dólares, suicidou-se ontem atirando-se de um abismo, de aproximadamente 30m, numa montanha próxima a sua casa, na localidade de Bongha, onde morava desde que se retirou da vida política.

Foto: Getty Images

O atual governo determinou que o sepultamento seguisse todo o ritual de chefe de estado

A notícia surpreendeu os sul-coreanos e o atual Presidente Lee Myung-Bak, que qualificou o fato como “triste e trágico” ordenou funerais nacionais, “com o respeito e conforme o protocolo previsto para um antigo chefe de Estado”.

O ex-presidente vinha de uma família de agricultores pobres, mas chegou ao mais alto cargo do país com uma plataforma de anti corrupção e reconciliação com a Coreia do Norte. Governou entre 2003 e fevereiro de 2008, à frente do partido progressista Uri.

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Centenas de monges budistas foram a funeral do ex-presidente e lhe prestaram homenagens e várias localidades do país

A divulgação de fragmentos do texto do bilhete que deixará em casa antes de sair para caminhar, não deixa qualquer dúvidas da sua amargura e do seu desejo suícida:

Roh era um advogado especializado em direitos humanos e foi como foi como defensor das vítimas da ditadura nos anos de 1980 que iniciou sua vida pública. Chegou a ser preso em 1987, acusado de incitação à greve.

Enfrentou dificuldades ao governar, exatamente por acusações de corrupção de seus familiares e do seu partido, Uri.

O político foi suspenso do cargo em meados de 2004, depois que o Parlamento decidiu por seu impeachment por violação de normas eleitorais, mas o Tribunal Constitucional reverteu a decisão e reconduziu-o à Presidência.

Roh Moo-Hyun foi o terceiro Presidente sul-coreano a ser convocado pelo procurador Federal, depois de Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo, condenados à morte por corrupção e incitação à revolta, embora tenham sido indultados em 1997.

Foto: AP

Uma multidão invadiu as ruas da pequena aldeia, onde se realizou o funeral de Roh, para prestar-lhe uma última homenagem.

O corpo de Roh foi levado em um comboio de um hospital na cidade de Busan, no sul do país, para a cidade onde ele nasceu, Gimhae, onde, será sepultado. Centenas de policiais à paisana e moradores locais se alinharam junto à via onde o comboio passaria para prestar homenagem ao político morto.

Uma multidão também se concentrou diante do Palácio Deoksu, no centro da capital, Seul. Várias pessoas colocaram buquês de flores diante de fotos de Roh e queimaram incenso.

Foto: Reuters

A imprensa transformou o depoimento de Roh num show televisivo: o ônibus fretado que o trouxe desde sua aldeia, até Seul, foi acompanhado ao vivo durante os 400 km, até a frente do Tribunal, onde manifestantes hostis esperavam-no

Muitos coreanos, claro, apoiavam as investigações, acreditando que Roh deveria responder as alegações.

O que ninguém questiona é que o processo representou uma pressão imensa sobre o homem, que sentiu duramente ter tido sua reputação manchada.

Ele chegou ao poder prometendo livrar a Coreia do Sul de sua tradição de corrupção em cargos públicos e era exatamente neste ponto que falhara.

Foto:Getty Images

Tentou a todo custo uma aproximação com a Coreia do Norte, chegando a ser recebido pelo polêmico primeiro ministro nortecoreano Kim Jong Il. O novo governo desmanchou tudo e mantém linha dura com a Coréia do Norte.

Em nota lida em rede nacional de rádio e televisão neste sábado, o ex-chefe da Casa Civil de Roh, Moon Jae-in, disse que ele saiu de casa bem cedo pela manhã e, cerca de uma hora depois, quando subia o monte Bonghwa, atirou-se.

A divulgação de fragmentos do texto do bilhete que deixará em casa antes de sair para caminhar, não deixa qualquer dúvidas da sua amargura e do seu desejo suícida:

“Não fiquem tristes; a morte e a vida não são a mesma coisa?”

“Foi muito duro. Causei muitos problemas a muita gente.”

"O que me resta até o fim da vida é ser um peso aos outros"

"Por favor, que eu seja cremado. E, por favor, deixem uma pequena lápide perto de casa."

Foto: Reuters

Roh Moo-hyun deixou o governo debaixo de pesadas acusações e manifestações populares, no entanto o seu suícidio comoveu o país e até antigos desafetos foram lhe prestar homenagem.

Em abril, Roh foi interrogado sobre acusações de que tinha recebido suborno de um rico fabricante de calçados, Park Yeon-cha.

Park havia sido indiciado em dezembro em um outro caso de suborno e sonegação de impostos.

Roh admitiu que sua esposa recebeu US$ 1 milhão de Park. Ele disse, contudo, que o dinheiro era para ajudá-la a pagar uma dívida e não suborno.

O ex-presidente disse também que estava ciente de que o empresário tinha dado US$ 5 milhões a um parente, mas achou que se tratava de um investimento.

Depois do anúncio da morte de Roh, o ministro da Justiça, Kim Kyung-han afirmou que o caso de corrupção contra ele será formalmente arquivado. Kim não disse, contudo, se os familiares do ex-presidente continuarão sob investigação.

Foto: Reuters

Lee Byung-wan,outro ex-presidente coreano e Moom Jae-in Chefe da Casa Civil do falecido ex-Presidente sul-coreano Roh Moo-hyun, conduzem um retrato memorial até o altar montado na sua terra natal, a aldeia Bonghwa em Gimhae.

Alguns analistas dizem que o incidente deve aumentar a popularidade de políticos mais liberais e diminuir a da atual administração, considerada conservadora.

Nós não vamos sugerir que todos os nossos políticos corruptos se matem. Seria indução ao suícidio em massa, o que é crime. Vamos só refletir como são patéticos esses orientais: no Brasil tudo se resolveria com o acusado elegendo-se senador pelo Amapá.


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