31 de mai. de 2009

Big Ben: 150 anos marcando o tempo

Big Ben: 150 anos marcando o tempo
Desde 1859 que o Big Ben, marca as horas para os londrinos. As badaladas do seu sino são ouvidas em todo mundo, retransmitida pela rádio da BBC, desde 1924. Instalado no edifício do Parlamento britânico é um ícone de Londres e o mais imponentes e charmoso instrumento usado para medir o tempo em todo o mundo.

Foto: Gettty Images

O Big Ben enfrentando o gelado inverno londrino

Fontes: Expresso, El Pais, Estadão, Diário de Notícias

O Big Ben é o símbolo da Inglaterra vitoriana que estende a sua sombra - e os seus sons - sobre uma Londres plenamente no século XXI e que hoje assinala século e meio de existência de forma discreta: está prevista apenas a inauguração de uma exposição.

Esta é mesmo a única forma dos estrangeiros conhecerem o interior do relógio, já que não é permitida a visita a não britanicos ao seu interior. A obtenção de autorização para visitá-lo começa com um pedido por escrito ao deputado da respectiva circunscrição eleitoral, que é quem providencia a permissão.

Fotos: AP e Reuters

A guia Catherine Moss, já subiu o equivalente a três vezes a altura do Everest, só conduzindo os visitantes até a torre onde está instalado o mecanismo do relógio e o sino de 13,7 toneladas, visita só permitida cidadãos britânicos de nascimento.

As medidas de segurança são, naturalmente, outro obstáculo, atendendo ao especial estatuto do edifício em que se encontra, o do Parlamento Britânico.

Depois o visitante sobe 400 degraus, alcançando o 16 andar, e passará alguns minutos num espaço exíguo, olhando a distancia a engrenagem e a face interna de um dos gigantescos mostradores.

Inicialmente, os membros do Parlamento não ficaram entusiasmados com a inauguração do Big Ben, os sons dos sinos e do carrilhão sobrepunham-se às artes oratórias dos tribunos britânicos que até então falavam sem ajuda de microfones.

Hoje para os britânicos ouvir o seu sino é mais importante que as vozes dissoantes dos seus parlamentares envoltos em escândalos.

Foto:Arquivo

Em 1941 a silueta do Big Ben cercado de arame farpado durante a 2ª Guerra Mundial, e o primeiro ministro Winston Churchill, desolado constando a destruição causada pelo ataque aéreo alemão ao parlamento em Londres.

Um dos momentos mais simbólicos da história recente do Big Ben foi durante a 2ª Guerra Mundial, quando os alemães bombardearam o edificio do parlmanto britanico, na noite de 10 de maio de 1941.

O Palácio de Westminster, de que faz parte a torre do relógio, incendiando-se e as chamas chegaram até à altura do campanário, um dos ponteiros do mostrador do lado Sul ficou seriamente danificado, alguns vidros foram estilhaçados, mas o relógio continuou a marcar imperturbável o tempo.

Nem sempre foi assim. Várias vezes nos últimos 150 anos o Big Ben esteve parado por razões técnicas, ainda que o som dos seus sinos se tenha ouvido sempre, sendo transmitidos pela rádio da BBC rádio desde 1924.

Numa outra conjuntura especial foi necessário suspender o funcionamento do relógio: entre 1916 e 1918, já que se entendeu que os seus sinos poderiam servir para orientar os ataques dos Zeppelins da Alemanha ao edificio do Parlamento.

Foto: Getty Images

Nada pode ser mais britânico que o Big Ben

O grande relógio, construído numa torre das Casas do Parlamento desenhadas por Charles Barry para substituir as antigas destruídas por um incêndio em 1834, começou oficialmente a funcionar a 31 de Maio de 1859.

Um arquiteto, Charles Barry, e um advogado e relojoeiro, Edmund Becket Denison, foram os encarregados de erguer a torre e construir o relógio. Eles não se suportavam e se culpavam pelos atrasos e as despesas orçamentárias extras que representou a obra e falhas no projeto que surgirão posteriormente como a rachadura no grande sino, porque o badalo que batia para marcar as horas era grande demais.

Barry terminou com o título de Sir e Denison com o de Lorde, mas o papel de ambos foi praticamente esquecido quando assumiu o controle da reconstrução do Parlamento o engenheiro Benjamin Hall, cujo nome, segundo alguns historiadores, é a origem do termo Big Bem, um apelido que o enorme inglês era conhecido.

O sino que pesa 13,7 toneladas, tocou pela primeira vez em 11 de Julho de 1859, quase dois meses após a inauguração do relógio, e era ele a princípio que era chamado de Big Bem, nome depois transferido para todo o conjunto do projeto.

O relógio é o monumento favorito dos ingleses e um dos mais conhecidos no mundo e as horas que marca continuam a regular muitos acontecimentos.

Por exemplo, o som do Big Ben, captado ao vivo por microfones instalados no cimo da torre, é usado pela BBC para começar alguns dos seus noticiários.

No dia da Recordação, a 11 de Novembro, em honra das vítimas da I Guerra Mundial, é o sino que dá sinal aos canhões para dispararem salvas às 11:00 da manhã que marcam o início dos habituais dois minutos de silêncio.

Foto: Arquivo Parlamento Britânico

Em 1977 os serviços de manutenção e restauração pararam o relógio por meses/P>

E, na passagem de ano, os mecânicos têm de subir lá acima e confirmar que está certo porque milhões de pessoas esperam pelas suas badaladas para festejar.

Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, o relojoeiro inglês Paul Roberson, de 50 anos, tem de subir ao cimo da torre, para assegurar dar corda no grande relógio.

"Usamos uma grande chave como as que se usavam nos carros antigos e temos de rodar durante cerca de uma hora", relatou à agência Lusa.

Nos mecanismos que fazem tocar os sinos foram instalados motores elétricos, embora o botão de arranque precise ser ativado manualmente.

Mas os ponteiros ainda funcionam à manivela e os três "mecânicos" do Big Ben têm de calcular os tempos certos em que devem fazê-lo.

À sexta-feira esperam pelos 12 badaladas do meio-dia para dar corda e assim não precisam de trabalhar ao fim-de-semana.

Foto: AP

O relojoeiro Paul Roberson dando corda na grande engrenagem do Big Ben

Mas na segunda-feira de manhã têm de regressar sem falta, senão o relógio pára, como quase aconteceu em fevereiro deste ano, caiu uma nevasca em Londres que chegou a paralisar os transportes públicos.

Calculando que os seus dois colegas iriam ter problemas em ir trabalhar, Paul Roberson, de 50 anos, andou duas horas a pé e ao frio para chegar a tempo de dar corda ao Big Ben.

"Na noite seguinte", revelou, "o palácio de Westminster arranjou-nos acomodações dentro do palácio porque tinham medo que a neve se acumulasse nos ponteiros".

Relojoeiro há mais de 30 anos, Paul Roberson gosta do seu trabalho, que conseguiu em 2005 depois de ver um anúncio num jornal especializado.

"Para a profissão é o ponto mais alto da carreira", congratula-se.

Para além do Big Ben, tem a função de cuidar dos cerca de dois mil relógios que existem no Parlamento britânico.

Mas o encargo também tem os seus inconvenientes, como a necessidade de ter de estar disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, rotineiramente o chamam a qualquer hora, se o sino por exemplo não tocar.

Foto: Reuters

01 de janeiro de 2009

Nas noites de réveillon ele está sempre sozinho no alto da torre garantindo o funcionamento do Big Bem, diz que tem uma vista privilegiada dos fogos, mas a família sempre reclama.

Já tem acontecido ser chamado fora de horas porque o sino não tocou.

E nem sempre é um privilégio passar a meia-noite de ano novo no famoso Big Ben.

Paul Roberson reconheceu que manter em andamento o relógio tem hoje em dia um valor mais simbólico que de utilidade.

"Antes as pessoas comprovavam se seus relógios estavam certos olhando para o Big Ben. Agora comprovam se o Big Ben está certo olhando para seus relógios".


Um comentário:

Relojoaria Pontual Paraíso disse...

Gostei muito do seu Blog.Sou relojoeiro e restaurador e achei muito interessante os dados contidos neste blog e gostaria de ser seguidor ou adicionado. Meu blog:http://wwwwilsonpontual33.blogspot.com/
Parabéns