Democratas e Tucanos seriamente desconectados
Democratas e Tucanos seriamente desconectados Desde algum tempo que democratas e tucanos dão sinais de uma relação desgastada, como aqueles casamentos que mantém por hábito ou conveniência.
Foto: 90519virgilioagripinoJoséCruzABr Fontes: Blog do Josias de Souza Rompeu-se a unidade de tucanos e 'demos' na ação legislativa. Os dois maiores opositores de Lula já não falam a mesma língua. As relações entre PSDB e DEM vêm se esgarçando há tempos. Os arranhões converteram-se em ferida exposta na última quinta (14). No atacado, puseram-se de acordo em relação à CPI da Petrobras. No varejo, conduziram no Senado estratégias bem diferentes. Com a tropa dividida, o DEM referendou o acordo que adiava a CPI. Topou ouvir a Petrobras antes de deliberar sobre a investigação. Lanças em punho, o PSDB vetou o acerto. E pôs de pé a CPI. José Agripino Maia e Arthur Virgílio não se falam faz quatro dias. Antes, eram vistos como unha e cutícula. Agora, nem tanto. Em privado, o líder do DEM tachou a reação tucana de “juvenil”. Comparecera à reunião que resultou no acordo com procuração do PSDB. Virgílio o autorizara a falar em seu nome no colégio de líderes. Comunicado acerca do resultado, o líder tucano reagiara bem. Depois, Virgílio foi empurrado para o dissenso por sua bancada. Os líderes do DEM e do PSDB sabem que tem contas a ajustar. Mas intuem que o tema, por delicado, exige o olho no olho. Por isso recusam a conveniência de uma conversa telefônica. Agripino passa o final de semana em Natal (RN). Virgílio aproveita a folga para visitar áreas alagadas do Amazonas. Prevêem para terça (19), em Brasília, o desbaste das arestas. O mais provável é que a conversa resulte em panos quentes. PSDB e DEM tem encontro marcado na sucessão presidencial de 2010. Por isso, convém a ambos mandar para baixo do tapete as divergências. Mas o tapete ficou pequeno. Pedaços das diferenças estão expostas ao redor. Começaram a vazar pelas bordas na já remota batalha da CPMF. Os ‘demos’ trazem atravessada na traquéia um quase-recuo dos tucanos. Na madrugada que antecedeu a votação, o PSDB acertara-se com o governo. Depois, num diálogo com o travesseiro, Virgílio se deu conta do inusitado do gesto. Rememorou os compromissos que assumira em meses de articulação. Teve de acenar com a renúncia à liderança para devolver ao partido o ânimo anti-CPMF. Depois, sobrevieram os desacertos regionais. Juntos no projeto de poder nacional, ‘demos’ e tucanos divergem em vários Estados. Há duas semanas, postaram-se em lados opostos na votação de uma MP. A medida provisória embutia um plano de refinanciamento de débitos tributários. Foi aprovada. Virgílio encaminhou contra. Agripino, a favor, junto com o governo. No caso da CPI da Petrobras, o Planalto tentou tirar proveito da divisão dos rivais. Na noite de quinta (14), um operador de Lula tocou o telefone para Agripino. Consultou-o sobre a hipótese de o DEM pular fora do requerimento de CPI. Agripino refutou a hipótese. “A chance de retirarmos as assinaturas é zero”. No dia seguinte, o Planalto pôs-se a assediar diretamente os senadores ‘demos’. Agripino, a despeito do pé atrás em relação ao tucanato, ergueu barricadas. Segurou duas defecções. Perdeu uma assinatura, a de Adelmir Santana (DEM-DF). Mantida a CPI, a cúpula do PSDB dirige palavras de “afeto” a Agripino. Elogiam-lhe a fidelidade. Enaltecem-lhe a tenacidade. Nos próximos dias, os dois lados devem desfraldar a bandeira branca. O projeto de 2010 condena-os à convivência. Porém... Porém, permanecerão juntos por conveniência, não mais por convicção. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário