3 de mai. de 2009

Gripe suína incomoda menos que novela mexicana

Gripe suína incomoda menos que novela mexicana

Foto: Reuters

Não são astronautas são inspetores chineses do serviço de vigilância sanitária prontos para inspecionar um avião da Aero México, que acabará de pousar no aeroporto Internacional de Xangai, no dia 30 de abril. Tolerância zero com a gripe suína.

Fontes: Terra, BBC Brasil, O Globo, Telegraph

Recebi emails perguntando se não ia falar da gripe suína, ou da gripe H1N1 influenza A que é como a organização mundial de saúde a está chamando agora, vamos começar a falar.

Acontece que somos da mesma opinião que as autoridades sanitárias brasileiras, nós não acreditamos, nem temos medo da gripe mexicana.

Muito mais perigosa que a tal gripe são as novelas que o SBT importa do México.

Sem querer plagiar o nosso presidente e já plagiando, quando se vê os números da tal gripezinha, não dá para assustar, desde que começou o alarme, há pouco menos de duas semanas, foram registradas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), (dados deste sábado), que 16 países contabilizam 658 pessoas infectadas com o vírus da gripe suína. No México, país foco da doença, foram confirmados 397 casos da doença no país, com 16 mortes. O segundo país com mais infectados, os Estados Unidos, já conta com 160 registros do H1N1. Um bebê de origem mexicana morreu no Texas na semana passada.

No Brasil, o número de casos suspeitos subiu para 14.

Quando falamos em suspeitos no Brasil, falamos no caso, em suspeitos de infecção da gripe, não o pessoal do congresso.

Foto: Reuters

Quer saber onde quero chegar debochando da pandemia? Nós temos números mais preocupantes, e que nunca foram levados tão a sério, no ano passado, por exemplo, no começo de abril foram registrados num só dia, 1.595 casos de dengue, em 24 horas. Até abril, não temos os números totais, o numero de casos só no Rio de Janeiro, foram de 50 mil ocorrências da doença, com 80 mortos. E esses são números parciais.

Foto: Getty Images

Duas freiras com máscaras cirúrgicas no aeroporto internacional da Cidade do México, em 27 de abril de 2009

Claro que a gripe H1N1 influenza A é perigosa, se o paciente não receba tratamento adequado em 48 horas, é quase certa a incidência de uma pneumonia. Os pulmões ficam severamente comprometidos e causa uma insuficiência respiratória grave.

Mas o medo inicial, de que o ser humano não tinha defesas naturais para o novo vírus foram dissipadas, mais isso não reduziu o pânico já disseminado pela mídia, incentivada pelos governos desinformados, laboratórios farmacêuticos ambiciosos e os cartéis de drogas do México (que estavam sofrendo um combate direto do governo, e estão, graças à gripe, tendo uma folga para se reorganizar e atuar, pois o governo atualmente só quer combater o Influenza A, nome que bem poderia ser dada a operação da máfia italiana).

Foto:Getty Images

Medo no mundo todo: aeromoças da Lan Air usam máscaras na chegada ao Aeroporto Internacional Arturo Merino em Santiago do Chile, em 28 de abril.

Na quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde elevou para 5 – numa escala de 1 a 6 – seu grau de alerta de que a onda de gripe suína pode se converter em pandemia, ou seja, uma epidemia que se dissemina por todo o planeta. Mas isso não quer dizer muita coisa, pois muitas doenças, inclusive a gripe comum costuma estar presente em todo o planeta.

Não há o menor motivo para o pânico que se instalou, nas populações de todo mundo acreditando que iam se repetir os resultados da pior epidemia do século XX, a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas nos cinco continentes.

Assim que correu a notícia da disseminação da gripe suína, muitos governos, instituíram a fiscalização nos portos e aeroportos, identificando passageiros suspeitos de contaminação pela doença. Vários aeroportos na Ásia contam com aparelhos como o scanner termal, (foto) que permite detectar um dos primeiros sintomas da gripe – a febre.

Foto: Reuters

Uma família de mexicanos oriunda do México chega ao aeroporto de São Paulo, com máscaras cirúrgicas, não foram abordados por nenhuma autoridade brasileira, 27/abr/2009.

Aqui no Brasil o ministro da saúde, José Gomes Temporão, disse que era inevitável a doença chegar ao país, mas que estava montando uma rígida fiscalização em portos e aeroportos, o que evidentemente não está acontecendo.

Anne Schuchat, sub-diretora interina do Centro para Controle e Prevenção de Doenças, do governo americano, (foto) disse que apesar da preocupação provocada pelo aparecimento do surto de gripe suína, a maioria dos casos registrados até agora têm apenas provocado enfermidades "leves e limitadas". Adiantou também que cerca de 36 mil pessoas morrem por gripe comum nos Estados Unidos, portanto os números atuais da gripe suína não podem nem devem alarmar.

Na verdade os infectados que detectaram a doença com antecedência estão sendo tratados, com sucesso, com remédios antivirais comuns.

No México, a maior parte das vítimas fatais apresentava sintomas de pneumonia – sinal de que a gripe estava em estágio avançado. Ainda assim, apenas oito morreram.

Na quinta-feira, autoridades da área de saúde dos países da União Européia concluíram que não há motivo para pânico por causa da gripe suína. Isso porque, mesmo que ela se torne pandêmica e se espalhe pelo mundo, dificilmente provocará uma quantidade elevada de vítimas fatais.

A primeira vítima oficial da gripe suína foi o menino Edgar Hernández, de 5 anos, (foto) morador de La Gloria, pequena cidade do estado mexicano de Veracruz. Hernández que virou celebridade conseguiu recuperar-se, mas outras duas crianças da cidade – que fica a 10 quilômetros de uma fazenda de porcos – não tiveram a mesma sorte.

Foto: Reuters

Profissionais de saúde da Malásia, com vestimentas de proteção, aguardam um vôo de Los Angeles em no aeroporto internacional de Kuala Lumpur - 27/abr/2009.

O pânico mexicano

Foto: Getty Images

SOM DO VIRUS: O Mariach sempre foi um dos símbolos do México, tocando assim com uma máscara cirúrgica é o símbolo do México em pânico.

A Revista Veja comenta também que a ameaça de pandemia, anunciada pela imprensa e convertida em pânico e desinformação pela internet, levou os mexicanos a exigir de seu governo soluções e garantia de ordem pública. A resposta oficial serviu mais para alimentar o medo do que para colocar alguma ordem no caótico sistema de saúde do México.

Em apenas uma semana, as informações e providências desbaratadas paralisaram a Cidade do México e deflagraram uma paranóia coletiva.

Foto: Getty Images

SEM TORCEDORES: Estádio do Cruz Azul, na cidade do México, onde acontece uma partida do campeonato de futebol mexicano, neste sábado, a portas fechadas, entre o Cruz Azul x Indios de Juarezs. Javier Saavedra, dos Indios, marcou o único gol aos 43’2⁰

Para evitar concentrações, que favorecem a disseminação do vírus, o governo proibiu o funcionamento de bares, restaurantes, cinema e teatros. Os jogos de futebol do campeonato mexicano são agora realizados a portas fechadas, sem torcida.

Ninguém mais se cumprimenta com beijos ou apertos de mão. Cartões de visita não são mais trocados, apenas mostrados.

Apertar um botão de elevador ou abrir a janela do carro são motivos de preocupação, já que o vírus pode estar em qualquer superfície. A forma de contágio mais comum é passar a mão em um local onde esteja o vírus e, em seguida, coçar a boca, o nariz ou os olhos

Foto: Getty Images

VIRUS DO AMOR: Beijo com máscara de proteção, no centro histórico da cidade do México, a máscara virou uma espécie de camisinha contra a gripe.

Foto: AFP

HUMOR NO PÂNICO: As mascara cirúrgica começaram a ser decoradas, mas o medo continua, até o ursinho de pelúcia está protegido

A máscara cirúrgica tornou-se um acessório indispensável para sair à rua. Ela oferece uma proteção mais simbólica que efetiva. O microscópico vírus passa livremente pela trama do tecido das máscaras.

Calcula-se que a paralisação de parte da economia do país esteja causando um prejuízo diário de 55 milhões de dólares apenas na capital.

Foto: Reuters

PREJUÍZO TURISMO: Praias desertas e cadeiras abandonadas diante de um dos luxuosos hotéis de Cancun, dia 01/mai/2009

O México é o único país latino-americano a figurar na lista dos dez principais destinos turísticos do mundo, com 21 milhões de visitantes estrangeiros por ano, quatro vezes o que recebe o Brasil. O turismo sozinho representa 8% da economia.

Segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional divulgado há duas semanas, o México é o país da América Latina mais afetado pela crise financeira, com uma queda de 3,7% do PIB neste ano.

Com a gripe suína, economistas mexicanos estimam que a queda do PIB possa chegar a 4,8%. Só haverá solução à vista quando as medidas profiláticas adotadas contra a doença derem resultado – e o pânico se dissipar.

Depois disso os laboratórios estarão mais ricos, os cartéis mexicanos mais preparados para enfrentar o governo e a gente esperando a dengue chegar.

Foto: Reuters

QUARENTENA: O hotel onde um homem infectado se hospedou em Hong Kong foi interditado por sete dias e todos os seus hóspedes e funcionários receberam o antiviral Tamiflu, um dos dois medicamentos recomendados pela OMS para tratar a gripe suína.

Foto: AP

PORCOS SACRIFICADOS: No Egito, as autoridades iniciariam neste sábado o sacrifício de 300 mil porcos como medida de precaução, apesar de os especialistas afirmarem que não há risco de infecção pela ingestão de carne de porco e que não há indicações científicas de que o sacrifício de porcos possa conter a doença. Os criadores tentaram impedir a chegada das autoridades sanitárias com protestos e exigindo indenizações.



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