9 de mai. de 2009

Paquistão resolve enfrentar o Taleban

Paquistão resolve enfrentar o Taleban
O Exército do Paquistão avança nesta sexta-feira para o 13º dia consecutivo da ofensiva na região de Swat, onde o Governo ordenou oficialmente a eliminação dos talibans ligados à Al-Qaeda. Aumentam os relatos que acusam tanto os militares como os talibans de matar civis, em bombardeamentos indiscriminados.

Foto: Reuters

Paquistaneses expulsos de suas casas pela retomada dos conflitos na região do Swat recebem barracas para abrigo temporário

Fontes: Washington Post, Folha Online, Ultima Hora, TVI24

Milhares de civis continuam a fugir da zona de combates no Paquistão, com o intensificar da operação de bombardeamento maciço do exército sobre a região do vale do Swat – bastião dos talibãs – um dia depois de o primeiro-ministro ter dado ordens expressas para “eliminar” os rebeldes.

Foto: Reuters

Topas paquistanesas marcham em direção a área de combate

Uma ofensiva intensa no terreno, com o apoio de força aérea, está varrendo toda a região de Swat, tendo sido mortos nas primeiras horas 12 rebeldes. Já na véspera os militares tinham confirmado a morte de pelo menos 55 combatentes talibãs, com esta operação a decorrer há já 11 dias – desde que os Estados Unidos instaram o Governo paquistanês a combater o extremismo no país.

Foto: Reuters

Mulheres Paquistanesas, com suas tradicionais burkas, são deslocadas das áreas de conflito, para um campo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) o acampamento Takht Bai, cerca de 150 km a noroeste de capital do Paquistão

Ontem, o chefe do Executivo, Yusuf Raza Gilani, afirmara em declarações à televisão estatal que a rebelião estava a tentar tomar o Paquistão como refém à força das armas, impondo-se por isso a sua “eliminação”.

“De forma a restaurar a honra e dignidade da nossa terra natal e proteger o povo, as forças armadas foram chamadas a eliminar os militantes e terroristas."

A batalha pelo vale de Swat, a 80 quilômetros de distância da capital, é um teste crucial à determinação do Governo paquistanês no combate à crescente rebelião – com a qual, de resto, as autoridades de Islamabad tinham acordado um cessar-fogo, em Fevereiro passado, concedendo aos talibãs a aplicação da lei islâmica naquela região.

Esse acordo foi ferozmente criticado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que nele viu uma “abdicação” do Governo aos terroristas, fazendo soar sinais de alarme de que todo o país – dotado de armamento nuclear – poderia cair nas mãos dos talibãs, dada a sua progressão no terreno, para cada vez mais perto de Islamabad.

Ao longo desta semana, dezenas de milhares de civis fugiram da região dos combates, que inclui todo o vale e também os distritos vizinhos de Lower Dir e Buner – de que os talibãs tinham obtido controle nos últimos dois meses. Os grupos de ajuda humanitária começam a alertar que este novo êxodo está a intensificar uma séria crise, uma vez que o país tem já na região centenas de milhares de pessoas deslocadas devido a combates anteriores entre o exército e os rebeldes

Foto: Getyy Images

Analistas militares americanos consideram as tropas paquistanesas mal treinadas e pouco equipadas para a missão no Swat. Mesmo a vantagem numérica -15 mil militares contra estimados 7.000 insurgentes- tem efeito limitado nesse tipo de conflito, que usa táticas de guerrilha.

Foto: Reuters

O Presidente Barack Obama falando a imprensa no Grande Foyer da Casa Branca ladeado pelo presidente afegão Hamid Karzai (a esquerda) e presidente Asif Ali Zardari (a direita), do Paquistão, após reunião em Washington 6 de maio de 2009.

A escalada da ação militar coincide com a visita do presidente Asif Ali Zardari a Washington, onde se reuniu com o americano Barack Obama e o afegão Hamid Karzai para discutir o avanço dos extremistas.

O discurso nacionalista ganha força entre os paquistaneses, insatisfeitos com a insegurança. O apoio às ações americanas contra radicais islâmicos agravou as tensões internas no país, assolado por ataques terroristas. A violência, que pesou na queda do ditador Pervez Musharraf, persiste após a redemocratização, em 2008.


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