O presidente Obama saiu em defesa de seu projeto com um discurso pronunciado no Arquivo Nacional, onde estão guardados a Declaração de Independência e o original da Constituição.
Fonte: Revista Veja
O senado não aprovou o projeto de Obama de fechar a prisão militar, no primeiro momento em que Obama depois de passado os cem primeiros dias de sua administração, perdeu aquela áurea de apoio incondicional do seu partido e colaboração dos republicanos.
O vice presidente de Bush, Dick Cheney, um dos defensores e mentores da guerra ao terror após o 11 de setembro, aproveitou a deixa para travar um debate ideológico com o presidente Obama, apontando para o que chama política de afrouxamento da segurança interna americana, e os riscos de um novo ataque terrorista.
“Uma das primeiras medidas de Barack Obama depois da posse, em janeiro, foi ordenar o fechamento da prisão militar de Guantánamo. Na base dos Estados Unidos em Cuba estão os derradeiros 240 prisioneiros feitos na guerra contra o terrorismo. Faltou ao presidente esclarecer alguns detalhes. O que ele pretendia fazer com os detentos, por exemplo.”
Foto: Arquivo - AFP
O regime prisional de Guatánamo era brutal, vemos um preso tomando banho de sol, no ano de 2003, algemado, com óculos vedados e máscara, nos dias de hoje, já circulam escoltados.
A prisão de Guantánamo foi criada para manter os suspeitos de terrorismo numa espécie de limbo judiciário, fora do território americano. A situação esdrúxula e a péssima imagem do governo de George W. Bush converteram o local em foco de constrangimentos para o país. A derrota no Congresso foi o prenúncio de um "duelo de titãs" entre Obama e Dick Cheney, vice-presidente de Bush.
A falta de clareza custou a Obama sua primeira grande derrota no Congresso, na semana passada. Democratas e republicanos uniram-se no Senado para barrar o financiamento do projeto que daria um fim à prisão.
"Com todo o respeito ao presidente, nós precisamos de um plano, e não de um discurso", disse o líder republicano Mitch McConnell.
"Fomos chamados para defender um plano que ainda não foi anunciado", admitiu Dick Durbin, um cacique do Partido Democrata, mostrando que a preocupação com o terrorismo está acima das linhas partidárias.
O presidente Obama afirmou que o país "saiu do curso" no governo Bush e que é preciso uma nova abordagem, que rejeite a tortura e reconheça a necessidade de fechar Guantánamo como um símbolo desse período.
Foto: Getty Images
O ex-vice presidente Cheney, afirmou que o governo Bush tomou medidas de emergência em momento de crise e que o fato de não terem ocorrido novos ataques terroristas em território americano é a prova de seu sucesso.
Apesar do alarde feito nos palanques, boa parte da política antiterrorista de Bush continua em vigor. Obama autorizou a volta dos julgamentos militares em Guantánamo e recuou na decisão de divulgar fotos de tortura infligida aos prisioneiros.
As conseqüências desse debate é que se houver um ato terrorista em território americano em pleno governo Obama, o truculento Dick Cheney transformar-se –a instantaneamente em celebridade política, candidato a presidente e a política antiterrorista de Bush, vira dogma para os americanos.
Ahmed Ghailani, o tanzaniano e Khalid Shaikh Mohammed um dos mentores de 11 de setembro, presos em Guatánamo. |
O presidente Obama pretende enviar alguns presos de Guantánamo para julgamentos em cortes civis americanas e devolver outros ao país de origem.
O tanzaniano, acusado de participar dos atentados contra embaixadas americanas na África, em 1998, será o primeiro a ser julgado nos Estados Unidos.
Caso sejam condenados, terroristas como Ghailani podem ir parar nas prisões de segurança máxima – de onde nenhum detento jamais escapou.
Mas as pesquisas revelam que a maioria dos americanos não quer ter um terrorista perto de sua casa, nem mesmo na prisão.
O principal problema são os terroristas notórios que foram sabidamente torturados, como Abu Zubaydah, um dos líderes da Al Qaeda. A Justiça americana não aceita provas obtidas sob tortura, o que dificultaria a condenação.
"É difícil pedir que outros países aceitem esses detentos se nem os americanos os querem por perto", disse a VEJA Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond, na Virgínia.
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