23 de mai. de 2009

Quem está ameaçando a Petrobras é Renan Calheiros

Quem está ameaçando a Petrobras é Renan Calheiros

Fotomontagem Toinho de Passira sobre fotos de Geraldo Magela/Ag Senado

Fonte: Estado de São Paulo

O governo teme de verdade o resultado da CPI da Petrobras.

Rompido o lacre da caixa preta, sabe que o que vai jorrar lá de dentro não será petróleo.

A forte presença política na gestão da estatal reúne personagens sombrios, sem nenhuma responsabilidade com a competência, boa gestão ou sobriedade, mas reconhecidamente aptos em subtrair, usufruir e se apropriar, de tudo que houver ao alcance, em seu benefício, do padrinho e do partido, não necessariamente nessa ordem.

Rapinam individualmente ou em bandos, permanentemente esfomeados devoram com pragas devastadoras deixando atrás de si um rastro de destruição.

Esse pessoal ficou solto dentro da Petrobras durante os últimos seis anos, engordando, procriando e fortalecendo-se.

Estão livres de amarras de licitações, escondem-se em clausulas contratuais não reveladas, contam com o gigantismo da estatal para se ocultar nos seus escaninhos secretos.

Os riscos do governo aumentam com a frouxidão como tudo isso foi sendo feito durante todo esse tempo. As preocupações em esconder os rastros, em camuflar as provas, em apagar as digitais, foram sendo cada vez mais desprezadas com o passar do tempo.

Além do mais, algumas dessas figuras não têm o menor escrúpulo, o menor recato, o menor cuidado com a própria reputação. São livres atiradores, programados para executar uma tarefa suja e volumosa, no mais rápido período de tempo, com a maior eficiência possível.

A ousadia dessa gente não tem limites e não falamos em tese.

O editorial do Estado de São Paulo, de ontem, sob o título A CPI DOS APETITES SEVERINOS, revela, entre outras coisas, que o senador Renan Calheiros, nesse momento, diante dos refletores, com a presença de testemunhas, a imprensa e a oposição, quer remanejar diretores da estatal, para colocar na poderosa diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás, a diretoria do pré-sal um seu correligionário e fiel apadrinhado.

Dando nome aos bois, que obrigar Lula a nomear para essa diretoria, ocupada pelo petista Guilherme Estrella, o atual diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.

Costa chegou ao posto na cota do PP, que por sua vez opera em dobradinha com o PMDB no Congresso; se for nomeado para a "diretoria do pré-sal", assumirá uma dívida de gratidão que o partido de Renan decerto saberá cobrar.

Mas tamanha é a voracidade peemedebista, continua o editorial, que essa é apenas a metade da missa: para o lugar de Costa, a sigla indicaria outro apadrinhado, com o que ela passaria a desfrutar de 3 das 6 diretorias da empresa. (A agremiação já controla a da Área Internacional e a subsidiária Transpetro.)

O poder de Renan é aterrador para Lula, dos 11 membros titulares da comissão, 8 sairão das bancadas da base governista e, destes, 3 serão correligionários diretos de Calheiros, que ainda pode ter a vantagem de ter a relatoria, ou a presidência da comissão.

A cada sintoma de piora do quadro geral para o governo, melhor para Renan e sua trupe de rapina.

Por exemplo, a oposição acena que colocaria o aparentemente discreto Antonio Carlos Magalhães Junior, que assumiu a cadeira do pai, de quem era suplente, quando ele faleceu em 2007, para a presidência da comissão, caso essa lhe fosse disponibilizada.

O governo teme que o pacato e enrolado senador baiano devido às disputas internas da política local, com governador Jaques Wagner, que tem relações incestuosas com a Petrobras baiana, acabe baixando o espírito de ACM e acabe complicando as coisas.

Renan adora essa hipótese.

Recentemente o Senador Fernando Collor, veja matéria abaixo, acenou que não vai fazer parte da tropa de choque do governo, que acha que a estatal precisa ser investigada.

Mais poder para Renan, que tem um monte de interesses com o outro senador por alagoas e pode vender a influência que tem sobre o ex-presidente.

Renan vai negociar com Lula muito bem estruturado. Basta o governo deixar a Petrobras cada vez mais peemdebista, mas o PMDB perderá o interesse em investigá-la.

A nossa esperança é que Lula pense que Renan está blefando e pague para ver.


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