1 de mai. de 2009

Bolívia, risco de colapso na exploração de hidrocarbonetos

Bolívia, risco de colapso na exploração de hidrocarbonetos
Pode faltar gas para o Brasil e a Bolívia pode ter que importar gasolina.
O Morales nacionalizou o petróleo e gás e não tinha nem dinheiro nem tecnologia para tocar sozinho, resultado: corrupção, inchaço na folha de pagamento e desprezo pela área técnica, isolamento internacional.

Foto: Imagem reprodução TV Bolivia

Há exatos três anos, 01 de maio de 2006, Evo Morales, invadiu a refinaria que a Petrobras havia comprado e pago ao governo boliviano, disse que a estatal brasileira estava ilegal no país, e comprou de volta a preço de banana, o empreendimento que foi pago em gás, mas antes, foram revistos e alterados os valores dos contratos de fornecimento do combustível.

Fontes: El Mundo, Blog do Noel Maurer, Jornada Net, O Globo, America e Economia, DCI, Terra

Está a beira do colapso a indústria de hidrocarbonetos da Bolívia, que foi nacionalizada pelo governo de Evo Morales, a partir da ocupação militar do Poço San Alberto, onde ficava a refinaria da Petrobras em em Carapari, no estado de Chuquisaca, afirmaram na última quarta-feira (29) especialistas durante o foro "Situación Actual y Perspectivas del Sector Hidrocarburos en Bolivia", organizado pela Cámara Nacional de Industrias (CNI) da Bolívia.

Segundo os palestrantes, o problema se reflete na escassez de projetos de exploração, na queda da produção e no congelamento da oferta de derivados para o mercado interno.

O ex-ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Miranda,(foto) revelou que a produção "é insuficiente para satisfazer a demanda interna e para cumprir os compromissos com os mercados externos".

Considerado um dos principais especialistas do setor na Bolívia, Miranda afirmou que o país "não sabe exatamente quanto petróleo e gás possui em suas reservas".

O ex-ministro indicou também que o número de poços de exploração em operação é "totalmente insuficiente para manter os poços produtores, muitos dos quais sofrem quedas na produção".

A Bolívia vai receber este ano cerca de US$ 1,5 bilhões pela exportação de gás e US$ 89 milhões pela venda de gás para o mercado interno, explicou.

Por sua vez, o presidente do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE), Pablo Antelo, afirmou que a queda nos ganhos com a exportação de gás vai prejudicar os projetos do governo.

"A não-execução de projetos de saúde, educação, desenvolvimento produtivo e infraestrutura será um duro golpe para as regiões", advertiu Antelo.

Quando foi nacionalizar o setor começando pela tomada pela forças armadas das refinarias da Petrobras que estava instalada no país, Evo Morales contou com o incentivo verbal e revolucionário do seu irmãozinho Hugo Chávez e o beneplácito do Presidente Lula.

Depois disso o governo estipulou regras legais muito pouco confortáveis para parcerias com empresas estrangeiras do setor, totalmente em desacordo com o que se faz em todo o mundo. O governo boliviano exige total gerenciamento da parceria, sem quase nenhuma influencia da parceira internacional, que sempre é responsável pela maior parte do investimento.

Foto: Arquivo

Balancim, bombeando óleo nos campos petrolíferos da Bolívia

Nenhuma empresa privada jamais vai entrar num negócio totalmente às cegas, até porque a YPFB (Jazidas Petrolíferas Fiscais Bolivianas) não tem tradição de bom gerenciamento e perdeu credibilidade pela forma como rompeu os contratos anteriores, principalmente com a Petrobras.

A realidade de hoje é que a indústria petrolífera estatal da Bolívia está paralisada e atravessa o pior caso de corrupção da história, além disso, os especialistas têm dúvidas quanto às suas parcerias. Há mais projetos do que esperanças.

Carlos Miranda, ex-ministro de Estado e ex-superintendente de Hidrocarbonetos; Francesco Zaratti, ex-representante presidencial para a Revisão e Melhoria de Capitalização, e o engenheiro petroquímico Hugo Del Granado não consideram que as relações internacionais da YPFB sejam sólidas.

Miranda acredita que neste momento a YPFB está sozinha e "se vê dentro de um jogo que não sabe jogar; é triste, mas podemos afirmar que o país está isolado".

As autoridades do setor estão cientes da situação e decidiram procurar apoio técnico internacional para realizar uma terceira reestruturação da empresa estatal petrolífera. A primeira aconteceu em 2006, após a denominada "nacionalização dos hidrocarbonetos", e a segunda em março de 2008, quando Santos Ramírez, o segundo homem mais poderoso do governo, assumiu a presidência da YPFB.

Um ano após essa segunda reestruturação, Ramírez está na cadeia por uma série de casos de corrupção que vão desde um suborno de 450 mil dólares até contratações irregulares. O caso veio à tona devido a um assassinato.

Para este ano, a YPFB tem um orçamento previsto de um bilhão de dólares, para investimentos, quantia que além de insuficiente, não está ainda ao alcance da estatal, pois depende de um empréstimo concedido pelo Banco Central da Bolívia que ainda não o disponibilizou, nem em parte, nem se sabe se será, ou quando será.

A política do governo é dar prioridade às parcerias com as empresas estatais. Até o momento, a YPFB estabeleceu contatos com sete companhias: PDVSA, da Venezuela; Gaszprom, da Rússia; Enarsa, da Argentina; Braskem e Petrobras, do Brasil; National Iranian Oil Company, do Irã, e Jindal Steel and Power, da Índia.

A única parceria que cumpre com a nova norma de relacionamento com empresas estrangeiras é a concretizada em outubro do ano passado com a PDVSA venezuelana.

Foto: El Mundo

Hugo Chávez e Evo Morales, assinão a criação da Petroandina, empresa com 60% nas mãos (YPFB) boliviana e 40% com a Petróleos de Venezuela (PDVSA). Depois de dois anos, e da festa, nada aconteceu.

Miranda e Del Carmo concordam em afirmar que ainda é cedo para avaliar a Petroandina, sociedade anônima mista (SAM) formada entre YPFB e PDVSA. Mas já detectam três dificuldades com a zona de trabalho - ao norte de La Paz: é uma região geograficamente complicada, a regulamentação ambiental é severa por tratar-se de áreas protegidas e os povos indígenas que habitam a região devem dar o seu consentimento.

Destaque-se que só para criar a empresa, as petrolíferas venezuelanas e bolivianas demoraram três anos de negociações e apesar de criada a nova petrolífera, ainda tem pendências legais de aprovação legislativa nos dois países.

As outras prováveis parcerias tentadas pela Bolívia tem diversas dificuldades de se estabelecerem e uma a uma pode ser descartadas por motivos diversos.

Na opinião de Zaratti, a Petrobras "é o único sócio confiável" e viável. Mas Miranda considera que o orgulho brasileiro ainda está ferido devido à atitude do governo boliviano de acusar a petrolífera de estar trabalhando de forma ilegal no país, nos primeiros dias da nacionalização, o que não era verdade.

O contrato de compra e venda assinado entre a YPFB e a Petrobras, para o abastecimento de 30 MMCD de gás natural ao mercado brasileiro, está vigente até 2021 e é único contrato internacional com vigência a longo prazo, que não apresenta grandes riscos.

No entanto, desde dezembro de 2008, a Petrobras diminuiu os volumes de compra em 10 MMCD, o que causou reclamações por parte da Bolívia.

A direção da YPFB teve que buscar apoio no governo brasileiro, para esclarecer as cifras, pois essa diminuição incide na capacidade de produção de petróleo, o que, por sua vez, afeta a produção de outros combustíveis. As jazidas bolivianas se caracterizam por estar associadas, ou seja, o gás e o petróleo estão praticamente juntos. Se o Brasil não comprar o volume previsto de gás toda a cadeia produtiva da YPFB é afetada, pois inclusive a estatal não tem como estocar os seus produtos.

O Presidente Lula, desta vez interferiu, e fez cumprir o contrato, com a Bolívia, embora houvesse, naquela ocasião, excedentes de gás no Brasil.

Foto: Reuters

Lula sempre quebra o galho do índio Evo Morales, mas Lula vai sair.

Deve-se avaliar que daqui a pouco mais de ano e meio o presidente do Brasil, não será mais o presidente Lula e o novo governo poderá não ser assim tão sintonizado com as necessidades bolivianas e como o maior consumidor, possa jogar duro.

"Não deveríamos desprezar parcerias com países como a Noruega e o Canadá, que ofereceram assistência para a capacitação de engenheiros e técnicos. Lamentavelmente, por enquanto, a YPFB está mais interessada em inchar a sua planilha administrativa do que em investir em profissionais. Os contratos de operação dão mais destaque a auditores e a contadores do que a engenheiros e técnicos", acrescenta Miranda.

Del Granado, por sua vez, diz que se continuamos como até o momento, "as possibilidades de abastecer o mercado externo ficarão piores e teremos que deixar de cumprir com a promessa de oferecer segurança energética ao mercado nacional".

Além disso, persistiremos em uma "excessiva politização de entidades que deveriam ser eminentemente técnicas".

Conclusão, atualmente existem apenas cinco poços de exploração no país, dos quais apenas dois estão em atividade. Antes da nacionalização do setor implantada por Evo Morales, haviam 65 poços de exploração no país.

Foto: Gonzalo Jallasi/Governo da Bolívia

"A partir deste momento, peço às forças armadas da Bolívia junto à Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para intervirem e recuperarem a Air BP, a transnacional que comercializava o combustível para aviões", disse Evo Morales nesta sexta-feira, 0l de maio de 2009, em um ato político na Praça Murillo, em La Paz, o que significa a estatização da distribuidora de combustíveis para aviões Air BP, da britânica BP. (Na foto o presidente Evo Morales participa da passeata do dia do trabalhador, em La Paz, pouco depois de anunciar a estatização).


Presidente da Estatal de petroleo da Bolívia preso por propina de modestos 450 mil dólares

Foto: Foto: Aizar Raldes/AFP e El Diario

Dois momento de Santos Ramírez, homem de confiança de Evo Morales e presidente da companhia estatal de petróleo YPFB e no momento da prisão por corrupção, traição, assassinato e suborno de 450.000 dólares roubados. Ao contrário de Lula, Morales não protege os amigos políticos corruptos

O procurador boliviano Edward Mollinedo confirmou hoje que o dinheiro roubado do empresário Jorge O'Connor morto no dia 27 de janeiro seria usado para pagar suborno ao ex-presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), a estatal petroleira do país.

Após prenderem os autores do crime, as autoridades bolivianas descobriram que O'Connor levava consigo uma mala com US$ 450 mil em dinheiro. Uma testemunha do crime chamada Fernando Córdova, que trabalhava com a vítima e estava com ele no momento da morte, confirmou que a verba seria repassada a Ramírez e a sua esposa, Giovanna Navia.

Revelou também que o dinheiro apreendido seria entregue ao cunhado de Ramírez, Javier Navia Medina, que então o levaria ao ex-presidente da YPFB.

Por causa do escândalo, Ramírez foi destituído do cargo e está preso desde o dia 7 de fevereiro. Os diretores da empresa que haviam sido nomeados sob sua gestão começaram a ser detidos hoje.

O ex-presidente da YPFB era uma das principais figuras do governo do presidente Evo Morales e um dos mais representativos líderes do MAS, partido do qual acabou expulso.

Fosse em entre nós, a corrupção seria de uma quantia maior, não teriam descoberto os criminosos, ninguém estaria preso, ninguém seria expulso do partido, talvez nem perdesse o cargo no governo. Pelo visto, na Bolívia a ética, a polícia e a justiça estão funcionando melhor que no Brasil.

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