EGITO Os egípcios retornaram a Praça Tahrir Os protestos no Egito contra o futuro do poder da cúpula militar desde a derrubada, há nove meses, do ditador Hosni Mubarak, ele próprio egresso da Força Aérea, entraram no sexto dia. Houve uma trégua, desde a madrugada de hoje, entre os manifestantes acampados na Praça e as forças de segurança, no intuito de normalizar a situação para a realização das eleições parlamentares na segunda-feira. Os militares foram a televisão pedir desculpas pelos quase 40 mortos e milhares de feridos. A alta comissária para Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Navi Pillay, condenou, a atuação das forças de segurança egípcias contra os manifestantes que protestam na Praça Tahrir, e pede investigação independente, dos incidentes. A primavera árabe segue o seu curso. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Postado por Toinho de Passira Uma trégua entre a polícia egípcia e manifestantes durante a madrugada desta quinta-feira conseguiu aplacar a violência que matou 39 pessoas e mais de 2,5 mil feridos, em cinco dias, mas as pessoas que estão protestando na Praça Tahrir, no Cairo, prometeram ficar no local até que o Exército renuncie ao poder. Em pronunciamento na TV, dois dos generais que comandam o país pediram desculpas à população pelas mortes de civis nos confrontos, ofereceram condolências às famílias dos mortos, e prometeu uma rápida investigação para descobrir quem estava por trás dos incidentes. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Manifestantes na Praça Tahrir, porém, disseram que uma trégua havia sido estabelecida à meia-noite. Ao amanhecer, a área estava tranquila pela primeira vez em dias. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Faltando menos de uma semana para as eleições parlamentares no Egito, marcada para segunda-feira, 28, o clima de revolta contra o governo aumenta em várias cidades, em especial na capital Cairo. Desde sábado, manifestantes pedem a renúncia da junta militar que controla o país e de seu líder, marechal Mohamed Hussein Tantawi. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match O ministro do Interior do Egito, Mansour Al Essawy vem defendendo o adiamento do pleito, devido às condições de segurança do país, mais o Conselho Supremo das Forças Armadas, confirmou a realização das eleições na data marcada. Fotos: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Mas nas conversas em cafés e restaurantes, o assunto é o futuro político do país e os confrontos entre jovens e polícia nas imediações da Tahrir. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match O pior de tudo para as muitas centenas de milhares de jovens que removeram em 18 dias uma ditadura de 30 anos foi à decisão dos militares de se colocar acima das leis. Nem a Constituição nem a legislação que a ela se seguir poderão interferir na esfera militar - incluindo, entre outras coisas, o orçamento das Três Armas, as atividades econômicas sob o seu controle e a política de defesa nacional. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match As Forças Armadas egípcias estão no poder desde que depuseram o carcomido rei Faruk, em 1952, para livrar a nação da herança do colonialismo britânico. Ao longo desses quase 60 anos, nenhum aspecto da vida nacional do mais populoso país árabe ficou à margem de sua influência. Friamente, faz sentido que desejem preservar a sua hegemonia nas instituições de Estado, com os privilégios e as oportunidades de corrupção a isso associados. Não é tudo, porém. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Tiveram sensibilidade política para não reprimir (salvo numa ocasião) o clamor pelo fim da era Mubarak. Mas nas academias militares - da antiga URSS às dos Estados Unidos e Reino Unido - não lhes ensinaram a conviver com a algaravia inerente à política nas democracias nascentes. Fazendo lembrar o Iraque pós-Saddam, por exemplo, mais de 70 legendas e coligações lançaram milhares de candidatos ao Parlamento do Cairo. A favorita delas assombra a junta militar. Trata-se do Partido Justiça e Liberdade (PJL), codinome eleitoral da Irmandade Muçulmana, banida no antigo regime. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match Como os seus camaradas de décadas atrás na Argélia, a oficialidade secular egípcia tem horror à ideia de ver os fundamentalistas no governo, ainda que se declarem tolerantes e pacíficos. Teme que se repita no país a vitória do partido conservador islâmico Nahda nas recentes eleições tunisinas. Por via das dúvidas, a Irmandade vem agindo como bombeiro no novo ciclo de conflitos de rua, a ponto de um dos dirigentes do PJL, o moderado Mohamed Beltagy, ter sido escorraçado da Praça Tahrir pelos jovens irados - e sem comando - que agora pregam a derrubada do marechal Tantawi. Foto: Goran Tomasevic/Reuters/Paris Match |
24 de nov. de 2011
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