BRASIL - TRÁFICO Nem, o traficante mais procurado pela polícia do Rio, foi preso
Num blitz de rotina, os policiais do Batalhão de Choque do Rio de Janeiro, abordaram um veículo, onde acabaram encontrando Antônio Bonfim Lopes, o traficante dono do trafico na Rocinha, a maior favela da América Latina
Foto: Reprodução vídeo Rede Globo
O traficante Nem, fotografado no camburão da Polícia, nesta madrugada no Rio de Janeiro
Postado por Toinho de Passira Fontes:G1 , O Dia, Extra, Folha de São Paulo
O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Favela da Rocinha, o homem mais procurado pela polícia do Rio de Janeiro, foi preso na noite desta quarta-feira, durante operação do Batalhão de Choque, em frente ao Clube Piraquê, na Lagoa, na Zona Sul do Rio.
O bandido estava dentro do porta mala de um Corolla preto, tentando fugir do cerco imposto por policiais na comunidade, que vive a eminente possibilidade de uma ocupação.
Comparsas de Nem teriam oferecido proprina de um milhão de reais aos policiais que efetuaram a prisão.
A primeira abordagem ao grupo foi na saída da Rocinha, na Gávea, na Zona Sul do Rio. Lá, os PMs pediram para revistar o veículo. Um dos homens do grupo se apresentou como funcionário do Consulado do Congo e outro, como advogado. Eles informaram aos policiais que não aceitariam ser revistados, pois o veiculo teria imunidade diplomática. Os PMs então decidiram escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. A PF é a responsável pelas questões com estrangeiros e com representações diplomáticas.
Foto: Fernando Quevedo/O Globo
O Corolla que conduzia o traficante Nem escondido na mala
Quando cruzavam a região da Lagoa Rodrigo de Freitas, também na Zona Sul, os homens pararam o carro, se aproximaram dos policiais e tentaram negociar o suborno.
“O [homem que se apresentou como] cônsul do Congo, ofereceu propina, inicialmente de dez mil, e num crescente chegou a ofertar um milhão, para que o veículo fosse liberado sem ser revistado. Como o homem, identificado inicialmente como Consul, não poderia ser conduzido preso pela PM, a Polícia Federal foi chamada ao local. Na manhã desta quinta, a identidade do detido que teria se apresentado como diplomata ainda era investigada pela polícia.
Como “Consul” preso, por ter oferecido propina, a Polícia Federal ali mesmo resolveu revistar o veículo e encontrou Nem escondido no porta malas. O traficante não falou, nem ofereceu a menor resistência.
Nem e os outros suspeitos foram levados para a sede da PF, na Zona Portuária. O delegado Victor Poubel, da PF do Rio, disse que Nem pediu para ligar para a mãe e comunicou que havia sido preso.
"Ele mandou um recado para os filhos não faltarem às aulas", disse o delegado.
Por causa da iminente ocupação policial, o traficante Nem havia decretado desde a semana passada um toque de recolher para comerciantes e moradores. O traficante também teria limitado a circulação de motociclistas.
Apontado como um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), o traficante Nem controla a Rocinha desde novembro de 2005 e possui nove mandados de prisão contra ele.
Uma investigação da Polícia Civil confirmou que Nem recebeu atendimento médico na manhã de segunda-feira (7) na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Rocinha.
Na ocasião, o traficante teria ido à UPA acompanhado de seguranças armados com fuzis. A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela unidade, não confirma o atendimento ao criminoso, mas também não nega o fato.
Uma das informações recebidas pela Polícia Civil é de que Nem teria procurado atendimento porque teria tido uma convulsão após misturar álcool com ecstasy durante uma festa realizada na Rocinha entre a noite de domingo (6) e a madrugada de segunda-feira.
O traficante deve ser transferido ainda nesta quinta para o presídio de Bangu, na Zona Oeste.
O Governo do Congo já informou que não possui Consul no Rio de Janeiro e o Governador do Rio de Janeiro disse que vai pedir para que o traficante seja transferido paras um presídio federal.
O DONO DA ROCINHA
Foto: Gabriela Moreira / Agência O Dia
Nem na chegada à sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, na madrugada desta quinta-feira
Quando novo, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, de 35 anos, trabalhou como faxineiro e office boy num salão de beleza em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Ganhou a vida desse modo até os 25, quando passaria a integrar a quadrilha de traficantes da Rocinha. Em 2004, assumiu o posto de chefe da segurança de Eriomar Rodrigues Moreira, o Bem Te Vi, então chefe do tráfico da favela. Nem logo ganhou a confiança do bandido e tornou-se padrinho da filha mais nova dele.
Com a morte de Bem Te Vi, em outubro de 2005, Orlando José Rodrigues, o Soul, assumiu as bocas-de-fumo da favela. Mas seu reinado durou pouco: Nem e seu cúmplice, João Rafael da Silva, tramaram a morte de Soul e passaram então a dividir o controle da Rocinha.
Em outubro de 2007, Joca foi preso em Fortaleza. Assim, Nem tornou-se o único dono das bocas-de-fumo mais rentáveis do Rio, que geravam até R$ 3 milhões por mês, segundo cálculos da Polícia Civil.
Nem - por quem o Disque-Denúncia (2253-1177) oferecia R$ 5 mil de recompensa - escapou de uma série de operações das polícias Civil e Militar, muitas vezes com ajudas de integrantes das corporações. Agentes corruptos receberiam propina para avisar o chefão do tráfico sobre incursões na Rocinha e também para ajudá-lo a escapar do cerco.
O nove mandados de prisão que emitidos contra o bandido, o responsabiliza por tráfico, lavagem de dinheiro e homicídio. Um deles é o da modelo Luana Rodrigues Souza, em maio deste ano. Ela teria sido morta a mando de Nem depois que seu namorado deu um desfalque de R$ 30 mil numa boca-de-fumo.
Foto: Marcos Ramos/O Globo
Luana Rodrigues, a modelo assassinada por Nem, em evento de moda na Rocinha |
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