Dilma e o turismo sentimental por nossa conta
10/10/2011
BULGÁRIA - BRASIL Dilma e o turismo sentimental por nossa conta Com a desculpa esfarrapada de que o Brasil precisava manter melhores relações comerciais com a Bulgária (?), a presidenta visitou a terra natal do seu pai, Petar Roussev, com toda a pompa a circunstancia, sem gastar um tostão, coisa que nunca havia feito sob as próprias expensas. A viagem acabou expondo a irresponsabilidade do seu pai, o abandono do seu irmão búlgaro e a inutilidade de toda a dispendiosa viagem.
Foto: Valentina Petrova/AP Postado por Toinho de Passira Ninguém é culpado das cretinices praticadas pelo búlgaro Pétar Russév, muito menos sua filha, a presidenta Dilma Rousseff. Mas na hora em que milhões de reais, dos contribuintes brasileiros, são gastos, para que ela faça uma visita sentimental, aos confins da Europa, em busca das raízes familiares perdidas, é justo que se conheça a história. Na última semana os jornais noticiaram que a presidenta Dilma foi a Gabrovo, na região central da Bulgária, a cidade natal do seu pai, após cumprir uma suposta agenda política e comercial na capital Sófia. A viagem como um todo foi um indisfarçável e despropositado passeio turística sentimental, que movimentou o Ministério das Relações Exteriores, o Gabinete de Segurança Institucional, grupos de diplomatas percussores, dinheiro rolando solto, no apoio a esse passeio da suprema mandatária brasileira. O jornalista Celso Arnaldo Araújo, enviado pela coluna do Augusto Nunes, para acompanhar a presidenta na viagem, muito apropriadamente comenta que “Никога в историята на тази страна” (Nunca na história deste país) um presidente brasileiro colocou flores no túmulo do soldado desconhecido da Bulgária (um jornalista jocoso, cobrindo a viagem de Dilma, chegou a perguntar a um colega: haveria, por acaso, algum soldado búlgaro conhecido?). Aliás, em toda a história da nossa República, nenhum presidente brasileiro fez qualquer coisa na Bulgária. E é provável que não volte a fazer.” ”Não foi fácil para a presidência agregar à comitiva muitos empresários importantes – um modo de tentar revestir a viagem puramente sentimental de um caráter de missão econômica. O comércio entre os dois países é equivalente a insignificantes 120 milhões de reais por ano – o Partido Republicano, no Brasil, movimentava por fora muito mais do que isso só no Ministério dos Transportes. A Bulgária não tem muito a oferecer e não é exatamente um grande parceiro comercial. Se a Europa está em crise, notadamente a zona do euro, imagine-se a pobre Bulgária, mergulhada numa recessão que começou bem antes do surto atual, agravada pela corrupção endêmica e pelo crime organizado que grassam no país desde o fim do império soviético – tem razão a presidente Dilma ao destacar os laços afetivos que unem os dois países. Foto: Album dos Rousseff “Minha expectativa é uma viagem muito… de duas formas: uma viagem externa, da presidenta do Brasil, mas também é a viagem da pessoa cujo pai é búlgaro, e uma parte da minha raiz está na Bulgária. Este país, que é o Brasil, ele tem essa capacidade imensa de absorver, de abraçar e de dar apoio e transformar em nacional todas, vamos dizer, as etnias. Nós somos europeus, nós somos africanos, nós somos índios, nós somos asiáticos. Eu achei muito importante, inclusive, que tivesse um rapaz japonês – se eu não me engano, japonês – na apresentação, que nossa diversidade, do nosso país, a real diversidade.” Desfeitas as embromações, Dilma partiu para o que realmente lhe interessava, a visita a Gabrovo, cidade onde o seu pai Pétar Russév, nasceu em 1900. Consta que em 1929, depois de ganhar a vida como comerciante, ele deixou a Bulgária rumo à França e depois Argentina, acabando, nos anos 30, finalmente, estabelecendo-se no Brasil, onde morreu em 1962, quando Dilma tinha apenas 15 anos. A viagem acabou expondo um lado menos glamoroso dessa descendência: ficou visível que o pai de Dilma abandonou na Bulgária a esposa Evdokia Yankova, em adiantado estado de gestação. Há versões de que sua fuga do país ocorreu por motivos políticos, outros por motivos econômicos, teria empreendido uma rota de fuga, escapando dos credores. Comenta-se também que poderia ter sido pelas duas coisas.
Injustificadamente, porém, o senhor Pétar Russév, que se transformou em Pedro Rousseff, quando se nacionalizou brasileiro, durante vinte anos, nunca quis saber do filho, Luben Russév, que deixará na Bulgária, enquanto constituía uma nova família e enriquecia no Brasil. Segundo informações dadas por Luben a um jornalista em 2004 (três anos antes de morrer), ele teria pedido várias vezes ao pai para ajudá-lo a sair da Bulgária e levá-lo ao Brasil. Pedro enviou ao filho alguns pacotes com presentes. Às vezes, punha dólares escondidos entre cartões postais, para que passassem despercebidos pela polícia. Com esse dinheiro, Luben conseguiu comprar um Volkswagen. Em 1962, o engenheiro soube da morte do pai e solicitou várias vezes ao governo permissão para viajar ao Brasil para tratar de sua herança. Ele sabia, por meio de uma poeta búlgara, amiga de seu pai, que Pedro tinha se tornado um homem rico. Mais uma vez, não obteve autorização para viajar. Tempos depois, foi informado pelo Departamento de Relações Exteriores de que tinha recebido do Brasil a quantia de US$ 1.500 referentes a sua herança. Luben acreditava que tinha direito a muito mais dinheiro, achou que era melhor pegar os US$ 1.500 do que ficar sem nada. Visivelmente os advogados da família de Dilma, conseguiram ludibriar o filho búlgaro de Pedro Rousseff, pois pelo que se sabe, a partilha premiou com bens de valores elevados, os outros irmãos brasileiros. Luben Russév se casou e não teve filhos. Nos últimos anos de vida, morava com a mulher, Margarita, no centro de Sófia. Sofria de reumatismo e andava de muletas. Seus vizinhos dizem que ficava o tempo todo em casa. Só saía para ir ao hospital. Na última década, Dilma havia começado a se corresponder com seu meio-irmão búlgaro, Luben. Ressalte-se que nos anos 60, enquanto Dilma militava na esquerda brasileira, Luben foi perseguido pelo regime comunista búlgaro. Nos últimos anos, dizem, que a presidente chegou a enviar dinheiro para ele e planejava um dia conhecê-lo, o que acabou não acontecendo, pois Luben, depressivo e falido, morreu aos 78 anos, em 2007, por ter deixado de tomar os medicamentos que lhes eram prescritos, num gesto classificado como um "suicídio passivo". Foto: Roberto Stuckert Filho/PR A presidente enviou, antes da viagem, também por nossa conta, uma coroa de flores que foi depositada no local, com um recado em português: "Ao meu irmão Luben, unidos pelo sangue e separados pela história, uma abraço da sua irmã Dilma Vana". Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Uma cópia do documento está no museu de História Regional, como parte de uma exposição especial sobre Dilma, que visitada pela presidenta. Foto: Divulgação Dizem que a presidenta Dilma, durona e fria, chegou a se emocionou durante esse passeio na sua história, o que não tem a menor importância para os brasileiros, financiadores da empreitada. Em resumo, Dilma Rousseff, tinha todo o direito de fazer esse banal e inexpressivo turismo sentimental, mas nunca oficialmente, como presidente do Brasil e por conta do contribuinte brasileiro. Foto: Album de Família |
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