15 de nov. de 2011

LIBIA: Khadafi, o tirano encurralado

21/08/2011

LIBIA
Khadafi, o tirano encurralado
Forças rebeldes estão a poucos quilômetros de Trípoli, a capital da Líbia e prometiam dominar a capital ainda neste domingo, depois de seis meses de luta. Mas uma forte resistência das tropas do tirano demonstram, na realidade, que a coisa não vai ser tão fácil, como se poderia imaginar. O plano dos rebeldes agora é sitiar a capital e esperar que o ditador acabe capitulando ou fugindo, após ter passado 41 anos, com ditador.

Foto: AFP

Rebeldes avançam rumo a Trípoli a partir de várias frentes, mas encontram forte resistência.

Postado por Toinho de Passira
Fontes:BBC Brasill, Reuters, Spiegel, Al Jazeera

Os rebeldes que lutam contra o regime de Muamar Khadafi estão a poucos quilômetros de Trípoli, a capital da Líbia, e esperavam chegar em peso à cidade neste domingo à noite.

Disparos e explosões foram ouvidos na capital líbia no domingo pela manhã, mas Khadafi fez um pronunciamento na TV afirmando que os rebeldes, a quem chamou de ratos, haviam sido eliminados em Trípoli.

Os rebeldes confirma que foram recebidos com forte resistência por parte de tropas leais ao líder líbio, ao se encaminharem para a capital do país, Trípoli.

Em grupos, centenas de combatentes que avançavam pelo oeste da Líbia teve de interromper sua ação por conta do forte ataque que sofreu na cidade de Maya, a trinta quilômetros da capital.

O avanço dos ativistas contrários ao regime líbio rumo à capital está se dando por diferentes frentes, pelo leste, sul e oeste do país e conta com o apoio aéreo e marítimo das forças da Otan.

A ação, batizada como ''Operação Sereia'', visa, como disse à agência de notícias AFP Ahmed Jibril, um porta voz dos rebeldes, cercar Trípoli e obrigar Khadafi a se render ou a ter de fugir. A operação, admitiu Jibril, poderá durar vários dias.

O porta-voz do governo da Líbia, Moussa Ibrahim, pediu um cessar-fogo imediato, mas garantiu que Trípoli está sendo bem guardada por milhares de combatentes.

Foto: AP

Os rebeldes atacam o último reduto de Kadhafi em várias frentes

Nos últimos dias, homens e mulheres que residem na cidade receberam armas e treinamento para lutar contra as milícias anti-Khadafi

No sábado, os combatentes anti-Khadafi conquistaram regiões importantes do país que estavam nas mãos do regime líbio até pouco tempo.

A cidade de Zawiya, que fica 50 quilômetros ao oeste de Trípoli, foi conquistada no sábado.

Um grupo de militantes partiu da cidade na manhã deste domingo com destino a Trípoli, tendo conquistado Jaddayim, uma pequena cidade e a primeira no caminho rumo à capital.

Eles também assumiram o controle da cidade de Zlitan, 160 quilômetros ao leste de Trípoli.

Os ativistas contrários ao regime estão avançando em diferentes frentes, pelo leste, sul e oeste.

Foto: AFP

Imagens dos rebeldes avançando em direção a Tripole invadem as agências de notícias

Navios de guerra da Otan estão controlando o acesso ao mar.

Forças leais ao governo estão combatendo os rebeldes na cidade portuária de Brega, que abriga uma das principais reservas de petróleo do país.

Os militantes admitiram que foram obrigados a recuar da zona industrial da cidade, após terem sofrido um pesado bombardeio.

Segundo o repórter da BBC Rupert Wingfield-Hayes, que está acompanhando a jornada dos rebeldes a partir de Jaddayim, em caminhonetes ou a pé, centenas de combatentes deslocam-se pela cidade, em todas as direções.

O repórter da BBC conta que a cidade foi tomada no domingo de manhã após árduos combates entre rebeldes e tropas do governo.

Matthew Price, enviado especial da BBC a Trípoli, conta que sons de tiros foram ouvidos ao longo de toda a noite de sábado, assim como explosões.Os distúrbios pareciam vir de regiões no norte, no leste e no sudeste do centro da cidade. Um porta-voz do governo atribuiu os disparos e estampidos a pequenos grupos de gangues armadas.

Foto: AFP

Os rebeldes tentam se infiltra nas áreas ainda sob influencia militar de tropas leais ao ditador

Rebeldes afirmam que soldados pró-Khadafi baseados na cidade teriam abandonado seus postos e se juntado aos rebeldes.

Os combates mais intensos se deram por volta das 23h de sábado, mas os ruídos de disparos diminuíram consideravelmente no domingo.

O repórter Matthew Price diz acreditar que os enfrentamentos provavelmente se deram entre combatentes anti-Khadafi que já estavam em Trípoli e forças do governo e não entre rebeldes que teriam entrado na cidade.

A noticia que chegam da região dizem que rebeldes líbios lutavam neste sábado em cidades costeiras de ambos os lados de Trípoli, numa tentativa de finalmente derrubar Muammar Gaddafi, enquanto a luta chegou, inclusive, a atravessar a fronteira com a Tunísia, em meio a uma guerra civil que já dura seis meses.

Os Estados Unidos disseram que os "dias estão contados" para Muammar Gaddafi, à medida que insurgentes, apoiados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), colocaram ainda mais pressão pela saída do ditador, em meio a relatos de que o número de desertores do regime aumentou.

Foto: Associated Press
Agora começa a se falar que o combate pode durar vários dias, ou semanas

Forças de segurança da Tunísia disseram ter interceptado invasores líbios armados em veículos além da fronteira, e que houve tiroteio durante a noite (horário local) no deserto, com diversas baixas.

Os soldados tunisianos não souberam informar se os invasores eram rebeldes ou apoiadores de Gaddaf.

Constantes explosões provocadas por granadas, morteiros e armas automáticas puderam ser ouvidas na sexta-feira no centro de Zawiyah, cidade situada na costa, a cerca de 50 quilômetros a oeste de Trípoli, na qual os rebeldes entraram nesta semana.

Morteiros atingiram um hospital central perto do amanhecer, deixando buracos nas paredes, enquanto era visíveis as cenas de destruição no interior do edifício. Na sexta-feira, houve confrontos ao redor do hospital.

Na praça central, moradores queimavam uma bandeira verde de Gaddafi. "Gaddafi está acabado. Os civis estão começando a retornar para as cidades. A Líbia está finalmente livre", disse um deles, que se identificou como Abu Khaled.

Foto: DPA

Comemorações em Zawiya uma das cidades recentemente conquistada pelos rebeldes

Em um beco próximo, moradores se aglomeravam para ver os corpos dos soldados do governo estendidos na rua. Tiroteios e explosões eram ouvidos a distância. A tomada de Zawiyah transformou o conflito, ao deixar Trípoli sem sua principal ligação terrestre com o mundo exterior, gerando uma pressão sem precedentes sobre o mandato de 41 anos de Gaddafi.

Segundo testemunhas da Reuters, enquanto tentavam consolidar o controle da cidade e sua estratégica refinaria de petróleo, os rebeldes de Zawiyah reunidos na praça central trocaram tiros com as forças de Gaddafi, refugiadas em um hospital próximo, antes de expulsá-las.

O cerco súbito de Trípoli tem prejudicado os habitantes da capital e afetado o fornecimento de combustível e alimentos. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) afirmou na sexta-feira que vai realizar uma operação de resgate em massa para evacuar centenas de trabalhadores estrangeiros, provavelmente por mar.

Em torno de 600 mil dos cerca de 1,5 a 2,5 milhões de trabalhadores estrangeiros na Líbia fugiram do país desde o início da guerra civil, mas várias centenas permaneceram em Trípoli, que até esta semana estava bastante longe dos combates e ligada a duas horas de carro à fronteira com a Tunísia.

Foto: AFP

Os rebeldes se posicionam para enfrentar as tropas de Kadhafi, já nos arredores de Trípoli.

Os governos integrantes da Otan vêm trabalhando de perto com os rebeles, para desenvolver um plano já vislumbrando um período pós-conflito.

As lições tiradas do colapso do regime iraquiano ainda estão frescas na mente de todos.

E a aliança não quer ver o caos se instalando durante um vácuo de poder, que poderia vir acompanhado de mortes por vingança, saques e muitos outros crimes.

Na realidade, a reta final desse conflito traz problemas bem particulares para a Otan, cuja autorização para atuar no país permanece sendo direcionada à proteção dos civis.

Críticos argumentam que isso não passa de ficção, que a Otan está de um dos lados de uma guerra civil e opera em ataques aéreos para balancear o confronto.

A intervenção da aliança começou com o objetivo imediato de proteger os civis de Benghazi das tropas do governo. E a guerra pdoe terminar com a Otan tendo que garantir a segurança da população em Trípoli.

Esse será o verdadeiro teste no entendimento entre os governos ocidentais, os rebeldes e os países que investiram neles, como a Grã-Bretanha e a França.

Foto: DPA

Khadafi fez um pronunciamento televisionado – o segundo em dois dias - no qual garantiu que não vai abandonar Trípoli. Seus partidários afirmam que dezenas de milhares de combatentes o defenderão.

“Vamos lutar até liberarmos cada centímetro de terra e evitar que ela seja ocupada. Estou com vocês nessa batalha. Não vamos entregar Trípoli para os colonialistas e traidores”, disse Khadafi.

“Saiam às ruas aos milhares. Os que não tiverem armas devem nos procurar para receber uma. As massas devem se armar.”

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