25 de ago. de 2013

Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília

BRASIL - Bolívia
Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou em nota neste domingo que vai abrir um inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz e sua entrada em território brasileiro. Teria recebido ajuda do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro

Foto: Reuters

O senador boliviano Roger Pinto Molina. 53 anos, Parlamentar da província de Pando, líder do Partido opositor Convergencia Nacional

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, G1, El Diario, La Prensa, Folha de S. Paulo, Radio Erbol, El Deber

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil abrirá inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Moliina de La Paz e a sua entrada no território brasileiro, realizada na noite de sábado.

Molina, que é opositor do presidente Evo Morales, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano, desde 28 de maio de 2012. O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país. Pinto foi condenado a um ano de prisão na Bolívia por danos econômicos ao estado.

O senador e a oposição boliviana assegura que os processos são todos gerados pelo governo, em várias cidades do país, para dificultar a defesa, que na verdade desejava neutralizar a ação do senador que denunciou corrupção no governo e envolvimento de autoridades federais do alto escalão, com o narcotráfico. Por ironia ele é acusado também de corrupção e envolvimento com o narcotráfico

O senador não podia deixar a embaixada brasileira em La Paz, para vir para o Brasil regularmente porque o governo de Evo Morales lhe negava o necessário salvo conduto (documento necessário para que um asilado deixe a embaixada e consiga embarcar no aeroporto com destino ao país que lhe acolheu), com o argumento de que ele não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.


Os jornais da Bolívia noticiaram a "fuga" do senador

DILMA NÃO SABIA

Por meio de nota, o Itamaraty informou que está reunindo informações sobre as circunstâncias da viagem feita por Molina e que "tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis".

O encarregado de negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, será chamado a Brasília para esclarecimentos. Para poder se dedicar ao caso, o chanceler Antonio Patriota adiou uma viagem que faria à Finlândia.

Assim o governo Dilma deixa claro que não concordou com a vinda sem permissão do governo boliviano, do senador para o Brasil.

O governo da Bolívia considera que o senador fugiu de seu país como um "criminoso" e diz que espera uma explicação oficial do Brasil sobre os detalhes do ocorrido.

"Essa fuga, obviamente, tem que ser explicada e informada pelo governo brasileiro. Não sabemos exatamente como foi feita", disse à imprensa o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

No sábado, logo que a notícia vazou a Ministra da Comunicação, Amanda Davila, disse que se Pinto não estivesse mais na Bolívia, "seu status mudou de refugiado para foragido da Justiça, sujeito à extradição".

Foto: La Razon

A embaixada brasileira em La Paz, ontem à tarde, cercada por jornalista em busca de informações sobre o senador

VIAGEM

O senador boliviano Roger Pinto desembarcou à 1h10 deste domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Segundo a Globo News, Pinto deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e foi até Corumbá (MS), de onde seguiu para a capital.

Segundo o senador Ferraço, Pinto utilizou o carro da embaixada brasileira acompanhado de fuzileiros navais e viajou por 22 horas até Corumbá.

Já na cidade brasileira, ele foi recebido por agentes da Polícia Federal. Pinto embarcou em avião particular de familiares de Ferraço até Brasília, onde vai ficar no apartamento do senador brasileiro.

De acordo com Ferraço, a organização para a vinda de Pinto foi feita "em conjunto" entre as autoridades brasileiras, o que está sendo desmentido pelo Itamaraty.

Foto: Reuters

Pinto Molina "prisioneiro" na embaixada do Brasil em La Paz, era frequentemente visto na janela olhando a cidade

Questionado se temia o fato de ter vindo ao Brasil sem a Bolívia conceder salvo-conduto, documento que garante o livre trânsito em determinado território, e se isso atrapalharia as negociações para asilo político, Pinto preferiu não responder e disse "esperar um momento oportuno uma vez que conheça a decisão das autoridades".

"Espero que continue meu asilo, eu tenho asilo e espero que continue", disse Pinto cauteloso, asilados políticos não devem fazer qualquer pronunciamento que possa sugerir uma posição ou ataque político ao seu país de origem.

Ferraço afirmou que o Brasil já havia solicitado o salvo-conduto e trata-se de "uma iniciativa de soberania nacional" e que o país fez "gesto de solidariedade humana".

"À medida em que o governo brasileiro já tinha dado asilo e já tinha solicitado salvo-conduto e o salvo-conduto é de fato uma iniciativa de soberania nacional, eu não vejo qualquer problema na vinda dele para o Brasil que é, antes de tudo, um gesto de solidariedade humana. Foram 455 dias em condições absolutamente restritas e estamos diante de um perseguido político por ausência de democracia na Bolívia", afirmou o parlamentar brasileiro.

"Nos tempos mais difíceis, nas ditaduras mais duras daqui da América do Sul, como o caso do de Augusto Pinochet do Chile, todos os salvos-condutos foram concedidos portanto estamos diante de uma ditadura arbitrária", completou Ferraço.

Segundo Ferraço, Pinto veio na condição de refugiado. “Ele não é foragido. Ele foi recepcionado em Corumbá, adotou todos os procedimentos. O governo brasileiro já tinha concedido asilo político antes do salvo-conduto. Ele está acolhido no Brasil como refugiado, como perseguido político”, disse Ferraço.

"O importante é que ele está seguro, com sua vida preservada, portanto distante de qualquer tipo de perseguição politica como ele vinha sofrendo na Bolívia simplesmente era o líder da oposição e porque denuncia todo o envolvimento do narcotráfico na Bolívia", completou.

A mulher, os três filhos e quatro netos do senador boliviano também estão no Brasil. Eles chegaram meses atrás.

O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país.

Foto: Captura vídeo

A Globo News registrou a chegada do senador Pinto Molina no aeroporto de Brasília

EVO MORALES SUBINDO PELAS PAREDES

O índio Evo Morales deve estar irado. Se essa versão de uso de carro diplomático e escolta de fuzileiros navais, a um condenado da justiça, sem salvo conduto, a coisa fica grave, por se tratar de um ato evidente de violação de soberania nacional, do Brasil contra Bolívia.

Por mais que governo brasileiro se desculpe e explique que tudo foi planejado por um senador da base de apoio governista, nem Evo Morales, nem a opinião pública boliviana vai acreditar que isso tudo aconteceu sem a autorização de Dilma Rousseff, se fosse ao contrário nos juraríamos que o índio estaria por trás de tudo.

Evo Morales só ficaria satisfeito se Dilma devolvesse o senador Pinto a Bolívia, e isso ela não vai fazer, senão se desmoraliza.

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