4 de ago. de 2013

Relatório do Itamaraty, que reprovou Joaquim Barbosa, retrata-o como agudo, 'colored' e de aparência regular

BRASIL - Racismo
Relatório do Itamaraty, que reprovou Joaquim Barbosa, retrata-o como agudo, 'colored' e de aparência regular
O jornalista Lauro Jardim teve acesso ao relatório das provas do Itamarati que reprovaram o jovem Joaquim Barbosa, que pretendia entrar na carreira diplomática, nos anos 80. Segundo Barbosa, que passou nas provas escritas, foi reprovado na entrevista, por 'racismo". Os exames à época, procurava reprovar também candidatos com tendência homossexual, para tanto os psicólogos exibiam a ilustração de uma vagina e perguntavam o que o candidato estava vendo. Não se sabe o que Barbosa respondeu a esta pergunta (?)

Foto: Valter Campanato/ABr

Joaquim Barbosa ri por último

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Radar Online, Terra, "thepassiranews", O Globo

Em entrevista a Miriam Leitão, em O Globo, no dia 28, o presidente do STF Ministro Joaquim Barbosa acusou o Itamaraty de ser “uma das instituições mais discriminatórias do Brasil”.

Disse que depois de passar nas provas escritas para a carreira diplomática, foi barrado por racismo nas provas orais.

Ficou a dúvida: afinal, que provas orais eram essas?

O jornalista Lauro Jardim, do site Radar Online, teve acesso as relatórios das provas:
No exame psicotécnico, feito no dia 7 julho de 1980, a questão da cor de fato aparece. No relatório, o avaliador relata que Barbosa “tem uma autoimagem negativa, que pode parcialmente ter origem na sua condição de colored”. Mais: diz que suas atitudes eram agudas demais para alguém da carreira diplomática.

Barbosa enfrentou ainda uma banca em que cinco diplomatas deram notas inclusive para a sua aparência — descrita como regular. Alguns desses diplomatas são hoje embaixadores e devem estar constrangidos e envergonhados com o que fizeram no passado. Não tarda e saberemos os nomes deles.

A propósito, desde meados dos anos 80 as provas do Itamaraty são apenas escritas. As provas orais começaram a ser feitas no final dos anos 70.

Tinham como objetivo detectar “subversivos” (o Brasil estava sob uma ditadura, enfatize-se) e a condição sexual dos candidatos.

Ou seja, se eram homossexuais. “Qual é o nome de sua namorada?”, chegava a perguntar um dos psicólogos incumbidos do psicotécnico para, em seguida, mostrar ao candidato a ilustração de uma vagina e lhe perguntar o que via, de acordo com o relato de um diplomata que fez o teste em 1981.

As entrevistas também serviam, claro, a idiossincrasias dos avaliadores. O próprio item “aparência”, no qual Barbosa, obteve um “regular”, é uma prova disso.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse, após a entrevista de Barbosa, que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, referia-se a uma “outra era” quando tentou ingressar no curso de formação de diplomatas.

Ou seja, admitiu que realmente o Ministro pode ter sido rejeitado por racismo.

Diz que o presidente do STF, refere-se sobretudo a uma outra era do Itamaraty, em que pode ter ocorrido discriminação. Hoje existe esforço para acabar com a prática discriminatória. Há um programa de bolsas para afrodescendentes. Tudo isso vai no sentido da democratização que nós queremos ver aqui no Itamaraty”, declarou o ministro Antonio Patriota.

Barbosa no fim da entrevista a Miriam Leitão, deu uma tapa de luva nos embaixadores que o reprovaram:

“Passei nas provas escritas, fui eliminado em uma entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos”, disse de alma lavada e enxaguada.

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