26 de ago. de 2013

"Se o ministério é do PMDB, tem de colocar gente do partido"
- disse o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG)

BRASIL - Corrupção
"Se o ministério é do PMDB, tem de colocar gente do partido"
- disse o deputado Mauro Lopes (PMDB- MG)
Testemunha da conversa que rendeu ao ministro da Agricultura uma denúncia feita pelo Sindicado dos Fiscais Agropecuários, deputado peemedebista, Mauro Lopes, afirma a VEJA que considera natural ocupar cargos para beneficiar o partido, "indignado" chamou o denunciante de "sindicalista vagabundo"

Foto: Antonio Campanato/ABr e Gustavo Lima/Ag. Câmara

O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e o deputado federal Mauro Lopes, ambos do PMDB: tudo pelo partido

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Veja

Na semana passada, o Sindicado Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) encaminhou à Comissão de Ética da Presidência da República e outros órgãos de Brasília uma denúncia contra o ministro da Agricultura, Antônio Andrade (PMDB). Ela diz respeito a uma conversa entre o ministro, alguns aliados, e um dirigente do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) em Pedro Leopoldo, no interior de Minas Gerais.

O deputado Mauro Lopes estava presente à conversa que gerou a denúncia contra o ministro da Agricultura. Na semana passada, ele apresentou versões diferentes para o episódio.

Primeiro disse que tudo se resumiu a um mal-entendido e que em momento algum o assunto trilhou a discussão sobre privilegiar fornecedores do PMDB. O bate-papo com o coordenador do laboratório teria se limitado apenas ao perfil dos funcionários terceirizados. A ideia era substituir alguns deles por correligionários do PMDB - como se isso fosse a coisa mais natural do planeta.

Depois disso, o parlamentar voltou atrás e negou que o ministro tivesse participado da conversa. A denúncia, segundo ele, é coisa de "sindicalista vagabundo". O deputado Mauro Lopes falou a VEJA:
O que aconteceu em Pedro Leopoldo?

Estávamos lá, eu, o Newton Cardoso e o ministro Antônio Andrade conversando com esse Ricardo, o diretor do laboratório. Aí eu disse: "Vem cá, você está aqui há dez anos, o negócio é o seguinte: agora o ministro é do PMDB. Se o ministério é do partido, então tem de colocar o pessoal no laboratório".

O sindicato diz que o ministro queria mudar os fornecedores.

Isso é coisa de sindicalista vagabundo. O partido queria assumir os contratos dos funcionários terceirizados. A empresa que está lá só tem gente que não é nossa, indicada pelo ex-prefeito da oposição, que foi quem pôs esse Ricardo lá, há uns dez anos. Aí ele deturpou, dizendo que o ministro iria fazer um investimento e que nós queríamos os fornecedores para colocar gente do PMDB.

Para lotear politicamente o laboratório?

Qual o problema? Se o ministério é do PMDB, tem de colocar gente do partido. Olha o PT no governo. Nos ministérios que o partido controla só tem petista. Mas a prefeita de Pedro Leopoldo, que é do PMDB, já reclamou com a gente que no laboratório não consegue mudar nem o jardineiro. Nós somos partidários. Só queremos cuidar de quem é nosso.

O que o ministro disse a respeito?

O Toninho me ligou indignado. Ele não sabe como foi acontecer uma coisa dessas. Agora, eu vou chamar o ministro para tomar uma providência em cima desse camarada, porque a conversa foi só com ele. Então só pode ter sido ele que chamou o sindicato para deturpar o negócio.

Vocês vão responder ao sindicato?

Vou chamar um advogado para processar esse sujeito. Eu fui lá na visita ao laboratório porque me convidaram, porque sou o secretário-geral do partido no estado. Eu não conhecia o laboratório e não sou ligado à agricultura. Sou apenas colega do Antônio Andrade, que é o presidente do PMDB de Minas Gerais.

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