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23 de out. de 2014

Tribunal de Contas da União fará auditoria, para apurar irregularidade, no pagamento extra de US$ 434 mi da Petrobras à Bolívia

BRASIL – BOLÍVIA- Escândalo
Tribunal de Contas da União vai apurar irregularidade no pagamento extra de US$ 434 mi da Petrobras à Bolívia
"A Petrobras está pagando, aparentemente, pelo menos até agora, por um componente que não estava previsto no contrato e que também não está sendo utilizado", disse o ministro José Jorge do Tribunal de Contas da União.

Foto: ABr

PREJUÍZO BRASILEIRO - Por que Lula, Dilma e o PT, em detrimento nosso, atendem tanto e sem pestanejar os interesses de Evo Morales e da Bolívia?

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Reporter Diário, Exame, O Globo

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a abertura de auditoria para investigar o pagamento extra de US$ 434 milhões — mais de R$ 1 bilhão — feito pela Petrobras à Bolívia, no mês passado, por conta do fornecimento de gás ao Brasil. A quantia foi paga além do que estava previsto em contrato, e era um pleito antigo do presidente Evo Morales.

O dinheiro foi repassado em plena campanha de Morales pela reeleição. O presidente foi reeleito com 61% dos votos no último dia 12. A investigação foi autorizada pelo ministro José Jorge, responsável pelos processos de Petrobras no TCU. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público (MP) junto ao tribunal.

— A Bolívia fornecia o gás com componentes novos, não utilizados no Brasil. Nem o contrato previa esse pagamento, nem os componentes estão sendo utilizados. Vamos verificar quem autorizou os pagamentos. A Petrobras decidiu pagar por esses componentes, inclusive os atrasados — disse o ministro.

A representação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi protocolada na semana passada no gabinete do ministro José Jorge. Uma auditoria, na visão do procurador, permitirá saber as condições da renegociação, quem autorizou o pagamento a mais, quais instâncias internas da estatal se manifestaram e se houve participação da Presidência da República, da Casa Civil, do Ministério das Relações Exteriores ou do Ministério de Minas e Energia no acordo.

O procurador questiona ainda se a importação de gás natural continua sendo economicamente viável apesar do repasse a mais de US$ 434 milhões.

“Caso se configure o dano ao erário, deve ser instaurada a devida tomada de contas especial para apuração do débito e identificação dos responsáveis”, cita Júlio Marcelo na representação.

“Pagamentos sem previsão contratual absolutamente não podem ocorrer. Uma renegociação de preços poderia fazer sentido para o futuro, jamais para o passado, uma vez que não havia nada de errado com os termos contratuais vigentes”, afirma o procurador Júlio Marcelo na representação. “Caso comprovados os fatos e demonstrada sua ilicitude, há que se apontar as responsabilidades pela renegociação e pelo prejuízo dela advindo, apurando-se a ocorrência de gestão temerária e apenando-se os gestores envolvidos”, conclui.

13 de mar. de 2014

Rabo de sardinha - Rodrigo Constantino, para a Veja

BRASIL - Opinião - Economia
Rabo de sardinha
O Mercosul é uma camisa de força ideológica que afeta negativamente nossa economia. Enquanto países como Peru, Colômbia, Chile e México criaram a Aliança do Pacífico e fecharam diversos acordos bilaterais de livre-comércio, o Brasil insiste na fracassada união aduaneira com os bolivarianos.

Foto: Associated Press

REUNIÃO DE FRACASSADOS - Evo Morales (Bolívia), Cristina Kirchner (Argentina), José Mujica (Uruguai), Dilma Rousseff (Brasil) e Nicolás Maduro (Venezuela) participam de cúpula do combalido Mercosul

Postado por Toinho de Passira
Texto de Rodrigo Constantino
Fonte: Veja

Quando se trata de política externa, há quem prefira ser cabeça de sardinha e quem prefira ser rabo de baleia. No primeiro caso, o país assume a liderança de um grupo menor; no segundo, aceita ser liderado para fazer parte de uma aliança mais abrangente. O PT preferiu ser rabo de sardinha. Essa é a melhor metáfora para definir a atual postura geopolítica do Brasil. O Mercosul é uma camisa de força ideológica que afeta negativamente nossa economia.

Enquanto países como Peru, Colômbia, Chile e México criaram a Aliança do Pacífico e fecharam diversos acordos bilaterais de livre-comércio, o Brasil insiste na fracassada união aduaneira com os bolivarianos. Um a um, os países do Mercosul afundam em crises de enorme proporção. E por onde anda Marco Aurélio Garcia? Por que o Itamaraty está tão calado ultimamente? José Miguel Vivanco, diretor da ONG human rights Watch, falando sobre a desgraça venezuelana, denunciou a omissão do governo brasileiro, que, segundo ele, não age como o líder regional que pensa ser.

De fato, chama atenção o ensurdecedor silêncio de nossos diplomatas e governantes. A única leitura que se pode extrair disso é que o Brasil não é líder nem mesmo do minguado bloco do Mercosul. O governo brasileiro conseguiu nos transformar em saco de pancada de seus companheiros de ideologia.

Evo Morales abusa do Brasil e sempre sai impune. Chegou a enviar tropas para invadir instalações da Petrobras em seu país, e ficou por isso mesmo. Violou nossa soberania ao vistoriar um avião da FAB em 2011. Como prêmio, recebe empréstimos do BNDES e a cumplicidade do Itamaraty ao manter aprisionado um senador de oposição por mais de 400 dias em nossa embaixada em La Paz.

A Venezuela é outro país que pode sempre contar com a conivência de Brasília. Com muita pompa, foi anunciada a bilionária refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, uma parceria entre a Petrobras e a PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana. Após vários anos sem esta pingar um só dólar, a refinaria acabou incorporada pela Petrobras, com grandes prejuízos.

Retaliação? Nem pensar. O Brasil tem sido um incansável aliado do chavismo e fez de tudo para que a Venezuela entrasse no Mercosul, apesar de não atender às exigências do bloco, a começar pela cláusula democrática. Lula chegou a gravar mensagem de apoio para a campanha de Nicolás Maduro, intrometendo-se em assuntos internos do país.

O resultado está aí: a Venezuela mergulhou em uma guerra civil, a economia vive em convulsão com hiperinflação, e o caos social é total, com a violência fora de controle. É possível encontrar as impressões digitais do PT nessa confusão toda, e não podemos esquecer que esse é o modelo que o partido defende. A Argentina, que também caminha rapidamente para uma tragédia, já ignorou cláusulas tarifárias do Mercosul sem resposta à altura por parte do Brasil. Sua política industrial restritiva, impondo barreiras ao comércio com o Brasil, chegou a afetar duramente nossa indústria automobilística, e nada foi feito.

A ditadura cubana recebe afagos - e muitos recursos - do governo petista. O BNDES financiou o Porto de Mariel na ilha, coisa de bilhão. A presidente Dilma argumentou que foi uma decisão estritamente econômica, endossada por Marcelo Odebrecht, o maior beneficiado pela transação. Alguém acredita?

Como ficou claro, o governo petista fez uma escolha ideológica. Transformou nossa política externa em uma extensão de seus interesses partidários, mesmo que, para tanto, nossa economia fosse sacrificada. E nem vamos falar de outras questões, como os direitos humanos, ignorados no programa Mais Médicos, que importa cubanos na condição de escravos.

Tudo isso tem custado muito caro. Nossa balança comercial está negativa. O Brasil perde a oportunidade de estreitar laços com países desenvolvidos, por puro preconceito ideológico. Prefere se unir aos fracassados bolivarianos, ou perdoar a dívida de países africanos a pretexto de obter deles apoio para conseguir assento no Conselho de Segurança da ONU.

O governo faz "caridade" com dinheiro do povo, estimula a sobrevida de regimes nefastos e ainda prejudica nossa economia. Poderia, como fizeram o governo do Chile e o do Peru, optar por se integrar ao mundo civilizado, mesmo com lugar apenas na cauda. Poderia pelo menos liderar o bloco regional. Em vez disso, o PT, com sua cabeça de bagre, fez do Brasil um rabo de sardinha.

O governo brasileiro poderia, como fizeram o do Chile e o do Peru, optar por se integrar ao mundo civilizado, mesmo com lugar apenas na cauda. Em vez disso, o PT, com sua cabeça de bagre, fez do Brasil um rabo de sardinha
*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda à publicação original

3 de set. de 2013

Veja diz que o embaixador da Bolívia no Brasil representa o ‘narcoestado’ boliviano

BOLÍVIA - BRASIL
Veja diz que o embaixador da Bolívia no Brasil
representa o ‘narcoestado’ boliviano
O advogado Jerjes Justiniano é o embaixador da Bolívia, em Brasília, desde setembro do ano passado, veio com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. E mais: o que faz um grupo de parlamentares brasileiros ir a embaixada da Bolívia, pedir desculpas e tomar licor de coca?

Foto: Antonio Cruz/ABr

Dilma e Jerjes Justiniano, na cerimônia de entrega das credenciais de embaixador da Bolivia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Veja, Agência Brasil

Segundo reportagem de Duda Teixeira, para a Veja, o motivo primordial da perseguição política que levou o senador Roger Pinto Molina a pedir asilo na Embaixada do Brasil em La Paz foi um dossiê que ele entregou no Palácio Quemado, sede do Executivo boliviano, em março de 2011. O pacote trazia cópias de relatórios escritos por agentes da inteligência da polícia boliviana em que se desnudava a participação de membros do partido do presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e de funcionários de alto escalão do seu governo no narcotráfico.

Alguns desses documentos posteriormente também foram obtidos por VEJA e serviram de base para a reportagem "A República da cocaína", de 11 de julho de 2012. Neles, afirma-se que o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, e a ex-modelo Jessica Jordan entraram na casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 18 de novembro de 2010. Os dois saíram cada um com duas maletas tipo 007. A intenção do senador hoje refugiado no Brasil era que o presidente Morales mandasse investigar as denúncias, e assim contribuísse no combate à indústria da pasta de coca — matéria-prima contrabandeada para o Brasil para a produção de cocaína e crack —- e à rede de corrupção ligada a ela.

A ex-modelo e ex-miss Bolivia, Jessica Jordan
Nenhum suspeito foi interrogado. Em vez disso, Morales iniciou a perseguição ao senador Pinto Molina e nomeou para o posto de embaixador no Brasil o advogado Jerjes Justiniano, que assumiu há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. Morales poderia ter escolhido alguém menos comprometido com o assunto para desempenhar esse trabalho. O filho do embaixador, o também advogado Jerjes Justiniano Atalá, tem entre seus maiores clientes justamente funcionários do governo acusados de narcotráfico.

Pior do que isso, Atalá, que no passado dividiu o escritório com o pai, foi o advogado do americano Jacob Ostreicher, que investiu 25 milhões de dólares em plantações de arroz na Bolívia em parceria com a colombiana Cláudia Liliana Rodriguez, sócia e mulher de Maximiliano Dorado. Resumindo a história: o filho do embaixador defendeu o sócio da mulher do traficante brasileiro, aquele que recebeu em sua casa o ministro denunciado por Pinto Molina. Trata-se, no mínimo, de uma coincidência constrangedora para o papel que Justiniano veio desempenhar no Brasil.

Igualmente constrangedor é um vídeo de quatro minutos que mostra o embaixador visitando a fábrica do narcotraficante italiano Dario Tragni, em Santa Cruz de laSierra, no início de 2010. Na ocasião, Justiniano era candidato ao governo de Santa Cruz pela legenda do presidente Morales. Ele foi derrotado na eleição, que ocorreu em abril. No tour pela fábrica de madeira Sotra, Justiniano percorreu as dependências do local ciceroneado por um Tragni falante e irrequieto. "Esta é uma das máquinas mais produtivas da América Latina", disse Tragni, apontando para um de seus equipamentos.

Justiniano perguntou: "Estão exportando para onde?" O italiano respondeu orgulhoso que para Espanha, Itália, Estados Unidos e Alemanha. Participou também da visita amigável Carlos Romero, atual ministro do Governo da Bolívia e responsável pela segurança interna do país. O incrível desse episódio é que poucos meses antes, em novembro de 2009, a polícia encontrara na Sotra diversos recipientes com cocaína, somando 2,4 quilos. No quarto de Tragni, foram apreendidos uma balança e um liquidificador com vestígios de cocaína. Um dos conhecidos meios para transportar drogas usado pelos traficantes bolivianos é escondê-las dentro de compensados de madeira para exportação.

Em tempo: em outubro do ano passado. o ator americano Sean Penn foi nomeado por Morales como embaixador mundial da coca. Nem precisava. A Bolívia já tem Jerjes Justiniano despachando em Brasília.

Foto: Valter Campanato/ABr

O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, toma licor de coca, com os deputado Ivan Valente, o senador Randolfe Rodrigues, o deputado Elvino Bohn Gass e o deputado Cláudio Puty, na embaixada da Bolívia

Acrescentamos que segundo reportagem de Marcelo Brandão para a Agência Brasil, um grupo de parlamentares brasileiros foram até a embaixador da Bolívia, em Brasília, no dia 27 de agosto, encontrar o embaixador Jerjes Justiniano, para prestar solidariedade ao governo de Evo Morales diante da saída do senador Roger Pinto Molina do país com ajuda de um diplomata brasileiro.

Compunha a comitiva os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Cláudio Puty (PT-PA) e Elvino Bohn Gass (PT-RS), além do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O senador Rodrigues até pediu desculpas “em nome do povo brasileiro” e disse que “claramente houve um atentado à soberania boliviana” (Esse senador não nos representa).

O deputado petista Cláudio Puty, por sua vez, criticou a postura da embaixada brasileira no caso. “O que aconteceu foi que a embaixada brasileira cometeu uma trapalhada diplomática. Não sabia se livrar do problema que criou para ela mesma e agora está querendo dar um caráter humanitário [à ação]”.

Ao final do encontro, os parlamentares e o embaixador se cumprimentaram e tomaram um licor de coca, como símbolo de união entre as duas nações. Foi lindo!

26 de ago. de 2013

A história da fuga do senador boliviano para o Brasil, contada pela senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)

BRASIL – Asilo de Pinto Molina
A história da fuga do senador boliviano para o Brasil,
contada pela senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
Após 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia, o senador de oposição Roger Pinto Molina, de 53 anos, para chegar ao Brasil, enfrentou 21 horas e meia de viagem de carro, saindo de La Paz, passando por Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra, Puerto Soares até chegar à cidade brasileira de Corumbá (MT). A fuga só foi possível devido a determinação do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que arriscou sua carreira com essa decisão e a ajuda do senador Ricardo Ferraço

Foto: Captura de vídeo Globo News

Senador Ferraço e o senador boliviano Pinto Molina, na chegada Aeroporto Brasilía, na madrugada do domingo

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog do Josias de Souza, La Razón, El Diário, La Prensa, Globo News, Agência Brasil, Fantastico

A fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, desde a embaixada brasileira em La Paz, até Brasília, começa a ser desvendada, pelas declarações dos principais personagens. É uma aventura de suspense e ação quase cinematográfica. Depois de 455 dias de refúgio forçado numa sala da embaixada brasileira em La Paz, o líder da oposição ao governo de Evo Morales dormiu em Brasília na madrugada de sábado para domingo.

Pinto Molina deve sua liberdade a uma ousada operação secreta que reuniu, à revelia do Itamaraty, um diplomata brasileiro inconformado, dois fuzileiros da Marinha, um senador do PMDB, e uma equipe de cinco agentes da Polícia Federal.

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) que ajudou nos momentos finais da execução da fuga, preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Entrou na operação a pedido do diplomata Eduardo Saboia, encarregado de negócios e titular interino da representação diplomática brasileira em La Paz, contou ao Blog do Josias de Souza, sua participação na operação:
— Como se interessou pelo caso do senador boliviano Roger Pinto?

Em março, eu fui à Bolívia para averiguar a situação dos torcedores do Corinthians que estavam presos na cidade de Oruro. Na volta, fiz uma visita ao senador Roger. Encontrei-o numa sala do segundo andar do prédio administrativo da embaixada brasileira, em La Paz. Improvisaram um quarto num escritório. Mede uns 3m X 6m. Fuzileiros da Marinha guardavam a porta. Fiquei impressionado com aquela situação. De lá para cá, venho agendando no Senado. Nada evoluiu.

— O sr. se manteve em contato com a embaixada brasileira em La Paz?

Sim. Tem lá um diplomata, encarregado de negócios, chamado Eduardo Saboia. A embaixada está sem embaixador há muito tempo. É ele quem está respondendo pelo posto. Ele notou uma deterioração do estado de saúde do senador boliviano. Havia um quadro de depressão. Vendo tudo isso, e percebendo a ausência de perspectiva de solução para o caso, o Saboia chegou a me confidenciar, de maneira muito pessoal, que estava com medo de que o senador boliviano se suicidasse. Ele me disse que estava pensando em tirar o senador de lá.

— Qual foi a sua reação?

O que eu fiz foi entusiasmá-lo a tomar uma decisão. Fiz isso por solidariedade humana. Eu só vi o senador Roger Pinto duas vezes. Em março, quando estive em La Paz, e neste sábado.


Primeira página dos principais jornais bolivianos nesta segunda, as manchetes principais referem-se a fuga do senador

— O diplomata Eduardo Saboia autorizou a fuga?

Ele fez muito mais do que isso. O Saboia organizou a saída, colocou o Roger no carro da embaixada e trouxe ele até o Brasil. Os fuzileiros navais brasileiros deram cobertura durante todo o percurso. Percorreram um caminho complicado. Foram mais de 1.500 km, passando por regiões com produção de coca, até chegarem a Corumbá, no Mato Grosso do Sul. O Saboia foi a figura central no episódio.

— O sr. foi comunicado da operação com antecedência?

A gente vinha conversando, trocando ideias. Mas, quando eu soube, a operaçao já estava em curso. Quando o Saboia me ligou, eles já estavam próximos da fronteira. Estava muito tenso. Ele criou uma relação de confiança comigo desde que o conheci, em março, na Bolívia. Eu dava retorno a ele. Esteve no Brasil duas vezes. E foi recebido por mim na Comissão de Direitos Humanos. Coloquei o assunto na agenda da comissão.

— Qual foi o seu papel na operação de fuga?

Eu vinha acompanhando o processo, toda a angústia do Saboia. Neste sábado, eu estava em Vitória [ES], na minha casa, quando recebi um telefonema dele, pedindo ajuda.

— Que hora foi isso?

Era hora do almoço.

— O que o sr. fez?

Tentei contactar autoridades brasileiras.

— Que autoridades?

Na verdade, liguei para o presidente do Senado [Renan Calheiros]. Mas não consegui falar. Deixei recado.

— E daí?

Telefonei para o aeroporto de Vitória. Tinha um jato privado, de uma empresa capixaba. Liguei para o dono. Não dei detalhes, não queria que vazasse. Mas esclareci que precisava do avião para uma missão importante. Que envolvia uma pessoa correndo risco de vida. Ele se sensibilizou e me emprestou o avião.

— Como se chama o empresário?

Prefiro não dizer, até porque ele não sabia exatamente do que se tratava. A responsabilidade é minha.

— Ele cedeu o avião graciosamente, sem cobrar?

Sim, isso mesmo.

— É seu amigo?

É conhecido meu, mas não é pessoa íntima. Decidi pedir. Se não desse, paciência. Não sou pessoa de me omitir. A omissão é o pior dos pecados.

— A que horas decolou de Vitória?

Levantamos voo pouco antes das seis da tarde, umas cinco e meia. Desci em Corumbá à noite. O aeroporto estava meio vazio, sem muito movimento. Fiquei esperando umas duas ou três horas. Logo fui abordado por um agente da Polícia Federal. Eu me identifiquei, dei meus documentos. O cara ligou para o superior dele. Dali a mais ou menos uma hora, chegou o agente com o senador boliviano. Me entregou ele. Embarcamos para Brasília. Chegamos na cidade perto de uma e meia da madrugada.

Foto: captura de vídeo Globo News

Senador boliviano Roger Pinto Molina em entrevista a Globo News

— A Polícia Federal foi buscar o senador boliviano do outro lado da fronteira?

Não. Quando ele chegou ao Brasil, na fronteira, estava acompanhado do diplomata brasileiro e escoltado por dois fuzileiros navais do Brasil. Os fuzileiros o atravessaram na fronteira. A Polícia Federal foi procurá-los no hotel.

— Então, eles chegaram a se hospedar num hotel em Corumbá?

Sim, chegaram na cidade por volta de duas horas da tarde de sábado. E foram para o hotel. O Saboia me ligou do hotel.

— Quem acionou a Polícia Federal foi o diplomata Eduardo Saboia?

Não sei dizer. Sei que a PF foi até o hotel, me contactou no aeroporto e apareceu lá com o senador Roger Pinto.

— A Polícia Federal foi acionada por alguém, não?

Eu não tenho esse detalhe. Sei que o Saboia estava tentando fazer contato com o ministro Celso Amorim [Defesa], com o José Eduardo Cardozo [Justiça]. Não sei se conseguiu. Foi tudo muito rápido. Não deu para perguntar tudo.

— Acredita que ele tenha dado ciência da movimentação ao Itamaraty?

Não acho improvável que ele tenha sinalizado alguma coisa. Como ele está respondendo pela embaixada há meses, não é nenhum absurdo supor que ele tenha manifestado aos seus superiores que a situação estava no limite, e que, se ele tivesse oportunidade, faria alguma coisa. Talvez as pessoas no Brasil não acreditassem que ele tivesse disposição para fazer.

— Quando o senador Roger Pinto chegou ao aeroporto de Corumbá, estava acompanhado de grande aparato de segurança?

Umas sete pessoas davam segurança a ele. Cinco agentes da Polícia Federal, bem armados, e os dois fuzileiros navais que o haviam acompanhado desde La Paz.

— O Eduardo Saboia não foi ao aeroporto?

Não. Eu insisti muito para que ele voasse com a gente até Brasília. Mas ele preferiu não nos acompanhar.

— Ele decerto está ciente de que pode sofrer sanções administrativas, não?

Obviamente, ele não ignora os riscos. Mas acho que deveria ser condecorado, jamais punido. Tomou uma decisão corajosa. Ao viajar junto com o senador, pôs inclusive a própria vida em risco. Conversamos muito. Sei que ele fez isso por não suportar a indiferença de ver um perseguido político se deteriorando numa sala, como se fosse um resto de gente. Era essa a situação do senador na Bolívia.

— Pelo que conversavam, o Eduardo Saboia planejava essa operação há muito tempo?

Ele revelava, há algum tempo, muito incômodo com a falta de definição e de determinação do governo brasileiro, em função de ter concedido o asilo político e não ter obtido o salvo-conduto para o deslocamento do asilado. O Saboia é uma figura muito comprometida com os direitos humanos. É um homem muito sério. O que o moveu foi a indignação.

— Na sua opinião, o governo brasileiro se portou mal no episódio?

Não há nenhuma dúvida a esse respeito. Sou um crítico da falta de determinação da diplomacia brasileira nesse caso. Nossa diplomacia por vezes é muito companheira dos nossos vizinhos bolivarianos. Há um nítido viés ideológico nas relações. Acho um absurdo que o governo brasileiro, após conceder o asilo ao senador, não tenha se empenhado para obter o salvo-conduto.

— Na sua avaliação, faltou pressionar a Bolívia?

O salvo-conduto é uma consequência natural do asilo político, que por sua vez é uma decisão unilateral do país que concede. Mesmo nos momentos mais duros das ditaduras sulamericanas, como a do Chile, nunca um salvo-conduto para o Brasil foi negado. O governo brasileiro deveria ter exigido da Bolívia o salvo-conduto. No mês passado, em encontro de cúpula do Mercosul, no Uruguai, os chefes de Estado do grupo aprovaram uma nota concluindo que o asilo é decisão soberana dos países. Referiam-se ao caso do Edward Snowden [ex-técnico terceirizado da CIA]. Entre os signatários está o Evo Morales. Por que as regras do asilo valem para o Snowden e não valeriam para o senador Roger? Não faz o menor sentido.

Foto: Caputura de vídeo Fantástico

Diplomata brasileiro Eduardo Saboia entrevista no Fantastico

— Depois do desembarque em Brasília, o senador boliviano foi para um hotel?

Chegamos à Capital na madrugada de sábado para domingo. Eu tinha oferecido minha casa para ele pernoitar. Ele tinha topado. Mas, no meio do caminho, falou com o advogado dele. E preferiu ir para a casa desse advogado.

— Então, ele tem um advogado em Brasília?

Sim. Chama-se Fernando Tibúrcio. Peticionou em nome dele junto ao STF, pedindo providências ao governo brasileiro.

— O senador Roger Pinto responde a mais de 20 processo na Bolívia. É acusado de corrupção. Está seguro de que as acusações são falsas?

Confio muito na avaliação do Eduardo Saboia. No caso dos torcedores corintianos, já libertados, ele tinha me dito que nenhum deles tinha envolvimento com a morte daquela menino boliviano, no estádio de Ururo. E o Saboia me passa a mesma segurança em relação ao caso do senador Roger. Ele está muito seguro, pelos dados que obteve, de que o senador é perseguido pelo governo do Evo Morales. Diz que as acusações que pesam contra ele fruto de disputa política. Ele é o líder da oposição. Não o conheço em profundidade. Mas pergunto: se ele fosse um criminoso, o governo brasileiro teria concedido o asilo político?

— Sobre o quê o sr. e o senador boliviano conversaram durante o voo de Corumbá até Brasília?

Ele me pareceu em estado de choque. A ficha ainda não havia caído. Ele parecia ainda não acreditar na possibilidade de ser um homem livre. Me disse que contou os dias em que ficou retido numa sala. Foram 455 dias. Na cabeça dele, a estratégia do governo da Bolívia era vencê-lo pelo cansaço. Esperavam que ele não aguentasse e saísse à rua, para ser preso. É um homem de família, Batista, conservador. Sabe que terá de refazer a vida.

— O senador Renan Calheiros respondeu ao recado que o sr. deixara no sábado?

Ele me ligou no domingo, quando tudo já estava resolvido. Contei rapidamente o que se passou. E ficou nisso.

— Não receia ser criticado por sua participação na fuga?

De jeito nenhum. Não convivo muito bem com a omissão. Prefiro o erro à indiferença. E não creio ter cometido nenhum erro nesse episódio.


Editoria de Arte - Folha de S. Paulo

25 de ago. de 2013

Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília

BRASIL - Bolívia
Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou em nota neste domingo que vai abrir um inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz e sua entrada em território brasileiro. Teria recebido ajuda do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro

Foto: Reuters

O senador boliviano Roger Pinto Molina. 53 anos, Parlamentar da província de Pando, líder do Partido opositor Convergencia Nacional

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, G1, El Diario, La Prensa, Folha de S. Paulo, Radio Erbol, El Deber

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil abrirá inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Moliina de La Paz e a sua entrada no território brasileiro, realizada na noite de sábado.

Molina, que é opositor do presidente Evo Morales, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano, desde 28 de maio de 2012. O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país. Pinto foi condenado a um ano de prisão na Bolívia por danos econômicos ao estado.

O senador e a oposição boliviana assegura que os processos são todos gerados pelo governo, em várias cidades do país, para dificultar a defesa, que na verdade desejava neutralizar a ação do senador que denunciou corrupção no governo e envolvimento de autoridades federais do alto escalão, com o narcotráfico. Por ironia ele é acusado também de corrupção e envolvimento com o narcotráfico

O senador não podia deixar a embaixada brasileira em La Paz, para vir para o Brasil regularmente porque o governo de Evo Morales lhe negava o necessário salvo conduto (documento necessário para que um asilado deixe a embaixada e consiga embarcar no aeroporto com destino ao país que lhe acolheu), com o argumento de que ele não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.


Os jornais da Bolívia noticiaram a "fuga" do senador

DILMA NÃO SABIA

Por meio de nota, o Itamaraty informou que está reunindo informações sobre as circunstâncias da viagem feita por Molina e que "tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis".

O encarregado de negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, será chamado a Brasília para esclarecimentos. Para poder se dedicar ao caso, o chanceler Antonio Patriota adiou uma viagem que faria à Finlândia.

Assim o governo Dilma deixa claro que não concordou com a vinda sem permissão do governo boliviano, do senador para o Brasil.

O governo da Bolívia considera que o senador fugiu de seu país como um "criminoso" e diz que espera uma explicação oficial do Brasil sobre os detalhes do ocorrido.

"Essa fuga, obviamente, tem que ser explicada e informada pelo governo brasileiro. Não sabemos exatamente como foi feita", disse à imprensa o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

No sábado, logo que a notícia vazou a Ministra da Comunicação, Amanda Davila, disse que se Pinto não estivesse mais na Bolívia, "seu status mudou de refugiado para foragido da Justiça, sujeito à extradição".

Foto: La Razon

A embaixada brasileira em La Paz, ontem à tarde, cercada por jornalista em busca de informações sobre o senador

VIAGEM

O senador boliviano Roger Pinto desembarcou à 1h10 deste domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Segundo a Globo News, Pinto deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e foi até Corumbá (MS), de onde seguiu para a capital.

Segundo o senador Ferraço, Pinto utilizou o carro da embaixada brasileira acompanhado de fuzileiros navais e viajou por 22 horas até Corumbá.

Já na cidade brasileira, ele foi recebido por agentes da Polícia Federal. Pinto embarcou em avião particular de familiares de Ferraço até Brasília, onde vai ficar no apartamento do senador brasileiro.

De acordo com Ferraço, a organização para a vinda de Pinto foi feita "em conjunto" entre as autoridades brasileiras, o que está sendo desmentido pelo Itamaraty.

Foto: Reuters

Pinto Molina "prisioneiro" na embaixada do Brasil em La Paz, era frequentemente visto na janela olhando a cidade

Questionado se temia o fato de ter vindo ao Brasil sem a Bolívia conceder salvo-conduto, documento que garante o livre trânsito em determinado território, e se isso atrapalharia as negociações para asilo político, Pinto preferiu não responder e disse "esperar um momento oportuno uma vez que conheça a decisão das autoridades".

"Espero que continue meu asilo, eu tenho asilo e espero que continue", disse Pinto cauteloso, asilados políticos não devem fazer qualquer pronunciamento que possa sugerir uma posição ou ataque político ao seu país de origem.

Ferraço afirmou que o Brasil já havia solicitado o salvo-conduto e trata-se de "uma iniciativa de soberania nacional" e que o país fez "gesto de solidariedade humana".

"À medida em que o governo brasileiro já tinha dado asilo e já tinha solicitado salvo-conduto e o salvo-conduto é de fato uma iniciativa de soberania nacional, eu não vejo qualquer problema na vinda dele para o Brasil que é, antes de tudo, um gesto de solidariedade humana. Foram 455 dias em condições absolutamente restritas e estamos diante de um perseguido político por ausência de democracia na Bolívia", afirmou o parlamentar brasileiro.

"Nos tempos mais difíceis, nas ditaduras mais duras daqui da América do Sul, como o caso do de Augusto Pinochet do Chile, todos os salvos-condutos foram concedidos portanto estamos diante de uma ditadura arbitrária", completou Ferraço.

Segundo Ferraço, Pinto veio na condição de refugiado. “Ele não é foragido. Ele foi recepcionado em Corumbá, adotou todos os procedimentos. O governo brasileiro já tinha concedido asilo político antes do salvo-conduto. Ele está acolhido no Brasil como refugiado, como perseguido político”, disse Ferraço.

"O importante é que ele está seguro, com sua vida preservada, portanto distante de qualquer tipo de perseguição politica como ele vinha sofrendo na Bolívia simplesmente era o líder da oposição e porque denuncia todo o envolvimento do narcotráfico na Bolívia", completou.

A mulher, os três filhos e quatro netos do senador boliviano também estão no Brasil. Eles chegaram meses atrás.

O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país.

Foto: Captura vídeo

A Globo News registrou a chegada do senador Pinto Molina no aeroporto de Brasília

EVO MORALES SUBINDO PELAS PAREDES

O índio Evo Morales deve estar irado. Se essa versão de uso de carro diplomático e escolta de fuzileiros navais, a um condenado da justiça, sem salvo conduto, a coisa fica grave, por se tratar de um ato evidente de violação de soberania nacional, do Brasil contra Bolívia.

Por mais que governo brasileiro se desculpe e explique que tudo foi planejado por um senador da base de apoio governista, nem Evo Morales, nem a opinião pública boliviana vai acreditar que isso tudo aconteceu sem a autorização de Dilma Rousseff, se fosse ao contrário nos juraríamos que o índio estaria por trás de tudo.

Evo Morales só ficaria satisfeito se Dilma devolvesse o senador Pinto a Bolívia, e isso ela não vai fazer, senão se desmoraliza.

17 de jul. de 2013

Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa

BRASIL - BOLÍVIA
Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa
Indignado e queixoso de ter sido "humilhado", na Europa, sob suspeita de dar fuga a um ex-agente da CIA, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, fizerá o mesmo no final do ano passado, quando invadiu, no aeroporto de La Paz, com cães farejadores, o avião da FAB, que conduzia o ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, que regressava de uma visita oficial. Desconfiara que um senador da oposição, asilado na embaixada do Brasil, estivesse à bordo.

Foto: Divulgação

Ministro da Defesa, Celso Amorim, farejado na Bolívia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Jornal do Brasil, Diário do Poder, Valor, Coturno Noturno

Meses antes de expressar repúdio pela retenção e revista do avião de seu presidente na Europa, sob suspeita de que levava o ex-agente da CIA Edward Snowden, o governo boliviano reteve e revistou a aeronave que levaria o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta ao Brasil após uma visita à cidade de Santa Cruz de la Sierra, no ano passado. A busca, feita inclusive com cães farejadores, aconteceu em meio a suspeitas de que Amorim levava a bordo o senador de oposição Roger Pinto, que está refugiado há mais de um ano na Embaixada do Brasil em La Paz.

O incidente ocorreu em 3 de outubro do ano passado, segundo as fontes, quando Amorim visitou a Bolívia para a doação de dois helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) ao país, para serem usados no combate ao narcotráfico.

Segundo as fontes do governo brasileiro, o Itamaraty emitiu uma nota de protesto pela vistoria do avião de Amorim. Uma das fontes afirma que, em resposta, os bolivianos "responderam com um pedido de desculpas". Outra fonte afirma que Amorim permitiu a revista do avião, que pertence à FAB. O incidente vinha sendo mantido em segredo pelos dois países.

Questionado , o Ministério da Defesa disse que não comentaria o assunto. Já o Ministério das Relações Exteriores disse que "a assessoria de imprensa não tem conhecimento dessa informação" [a vistoria do avião de Amorim e a nota de protesto].

Já o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia "não confirma nem nega" o incidente.

A informação vem à tona poucos dias depois da indignação expressada por quase todos os países sul-americanos com a retenção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Europa, no dia 3 de julho. Na ocasião, Itália, França, Espanha e Portugal fecharam seu espaço aéreo para o avião presidencial. Isso obrigou a aeronave a pousar na Áustria, onde ela foi revistada. O episódio ocorreu por conta da caçada promovida pelo governo americano a Snowden, que revelou no mês passado que o Washington monitora dados de internet e telefonemas para "combater o terrorismo". Os países europeus negaram que o incidente tivesse relação com Snowden.

O caso gerou uma reunião de emergência da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e foi destaque da agenda da cúpula do Mercosul, na semana passada. Reunidos em Montevidéu, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram convocar seus embaixadores nos quatro países europeus para consultas - uma medida diplomática que sinaliza um forte mal-estar entre os países, sem implicar rompimento das relações bilaterais.

O senador Roger Pinto chegou à embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio do ano passado. Alvo de mais de 20 processos judiciais, ele diz sofrer perseguição política após ter denunciado o envolvimento de altas autoridades do governo boliviano com o narcotráfico. Pinto pediu e recebeu asilo político da presidente Dilma Rousseff, mas permanece na embaixada, pois Morales se recusa a conceder-lhe um salvo-conduto para que ele deixe o local sem ser preso.

Brasil e Bolívia formaram uma comissão bilateral em março para tentar uma solução, mas a embaixada está alijada do caso. Para Morales, o embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, passou "informações incorretas" a Dilma a respeito do senador. A ministra da Comunicação boliviana, Amanda Dávila, chegou a chamar Biato de "porta-voz da oposição".

O mal-estar levou à troca do embaixador, a pedido de La Paz. Biato deve ir para a Suécia. Ele já recebeu o "agrément" de Estocolmo, mas seu nome ainda tem que ser aprovado pelo Senado brasileiro.


  COMENTAMOS:   

Estranho que Dilma Rousseff tivesse ocultado e absorvido mansamente mais essa estripulia humilhante de Evo Morales. Só agora vazada a contra gosto, pela imprensa.

O Coronel do Blog Coturno Noturno, lembra que "em 2002, em pleno pânico com ataques terroristas que tinham derrubado as Torres Gêmeas, a segurança americana, em estado de alerta máximo, revistava qualquer cidadão que chegasse ao país, fosse ele comum, tripulante de avião ou até mesmo diplomata. Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores de FHC, foi convidado a tirar os sapatos ao chegar aos EUA, para poder passar nos detectores de metais".

O episódio foi fartamente explorado por Lula e pelos petistas como uma desmoralização para o Brasil. Cobravam do então presidente Fernando Henrique uma providência diplomática agressiva, contra os Estados Unidos e até a demissão do ministro por não ter conseguido se impôr.

E agora?

13 de jul. de 2013

Edward Snowden, o espião americano procurado por Washington, pediu asilo temporário a Rússia

RUSSIA – ESTADOS UNIDOS
Edward Snowden, o espião americano procurado
por Washington, pediu asilo temporário à Rússia
O espião teve que pedir asilo temporário aos russos, porque não consegue uma maneira segura de voar até a América Latina, onde poderia ficar, pelo menos temporariamente, longe do alcance do governo americano, que não desiste de tentar capturá-lo .

Foto: Tanya Lokshina / Human Rights Watch, via Agência Europeia Pressphoto

Imagem capturada de vídeo mostra Edward Snowden reunido com ativistas de direitos humanos em Moscou nesta sexta-feira publicado no site de notícias russa Life News.

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Reuters, RT News, The Guardian, Estadão, Pravda, Time, Izvestia, The New York Times

Edward J. Snowden, 30 anos, o espião americano, responsável por denunciar programas secretos de espionagem do governo dos EUA, pediu asilo politico a Rússia ao reapareceu em público, nesta sexta-feira, depois de três semanas de silêncio e reclusão, desde que ficou retido na área de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, impedido de entrar em Moscou, porque os Estados Unidos lhe cassou o passaporte. A declaração foi feita durante reunião com representantes de organizações de direitos humanos numa sala de conferência improvisada no aeroporto de Moscou.

A Rússia oficialmente diz manter uma posição de neutralidade. Os americanos não acreditam e pressionam para que o espião lhe seja entregue.

Putin saboreia a situação incômoda dos EUA, acusados de crimes que os americanos sempre atribuíram aos outros, inclusive aos russos, de desrespeito aos direitos humanos e violação à privacidade de cidadãos em vários países, inclusive os nacionais.

Diante das novas sobre Snowden, o governo americano reagiu prontamente: a porta voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, disse que os EUA ficaram desapontados com o governo russo, por ter facilitado à reunião de Snowden com ativistas no aeroporto. Salientou que “a maneira como a Rússia está lidando com o caso pode colocar em risco a relação entre os dois países”.

"No entanto, não estamos nesse ponto ainda. Eles ainda têm a oportunidade de fazer a coisa certa e devolver o senhor Snowden para os Estados Unidos, e é essa a nossa esperança", disse ela a jornalistas..

O porta voz da Casa Branca, Jay Carney, reafirmou que Snowden não é um ativista de direitos humanos ou um dissidente. "Ele é acusado de vazar informações confidenciais, foi acusado de três atos criminosos e deve ser devolvidos aos Estados Unidos para responder por seus crimes".

Carney acrescentou, ironizando, que o governo russo deveria "permitir que as organizações de direitos humanos, tivessem liberdade para fazer o seu trabalho em toda a Rússia e não apenas na sala de trânsito do aeroporto de Moscou".

Sabe-se que na mesma sexta-feira, o presidente americano Barack Obama conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin sobre a situação de Edward Snowden. A Casa Branca informou que a ligação entre os dois chefes de estado, estava programada mesmo antes dessas novas notícias, mas não informou o teor da conversa.

O mais provável é que Snowden permaneça na Rússia durante algum tempo, ele disse que essa era a única maneira de garantir a sua segurança até que possa viajar com segurança para a América Latina, onde três países, Guatemala, Bolívia e Venezuela, ofereceram asilo.

Dez dias atrás, o presidente Vladimir V. Putin, disse que Snowden poderia ficar com a condição de "cessar a divulgação de notícias que infringisse danos aos nossos parceiros americanos", exigência repetida pelo porta-voz do governo, ao referir-se a noticia do pedido de asilo.

Snowden acena que atenderá as condições do governo russo, apesar de afirmar que suas revelações não estejam ferindo interesses americanos. O que põe em dúvida sua determinação de deixar de vazar documentos confidenciais, do serviço secreto americano, que tem enlouquecido a Casa Branca.

Foto: Tatyana Makeyeva/Reuters

A diretor do Human Rights Watch, Tanya Lokshina, fala aos jornalistas no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou 12 de julho de 2013

Navi Pillay, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em um comunicado divulgado em Genebra na sexta-feira pronunciou-se dizendo que deveria haver uma maior proteção para o Sr. Snowden e outros como ele, que divulgam as violações dos direitos humanos.

Navi Pillay, a oficial, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos mostra preocupação na segurança de Snowden
Os jornalistas, assim como o governo americano, interpretaram como um apoio ostensivo das autoridades russas, o fato das ativistas representantes de organizações de direitos humanos que foram se reunir com Snowden tivessem sido admitidas, sem nenhuma burocracia, em áreas restritas do aeroporto de Moscou, para terem acesso ao americano.

Após a reunião, Anatoly Kucherena, advogado do governo, que estava entre os convidados, disse à televisão russa que a decisão de conceder asilo a Snowden asilo poderá se concretizar em duas ou três semanas.

"Eu considero Edward Snowden um defensor dos direitos humanos", disse Sergei Naryshkin, presidente da câmara baixa do parlamento da Rússia e um aliado próximo Putin.

Ele observou que nos Estados Unidos ainda se aplica a pena de morte:

"Eu acho que há um risco muito alto de que este castigo aguarda Edward Snowden, "- disse justificando a negativa da Rússia em entregar o espião aos americanos.

Na reunião desta sexta-feira, Snowden disse que tinha sido forçado a pedir asilo à Rússia, porque não conseguiria voar para a América Latina de forma segura. Onde pelos menos três governos, Bolívia, Venezuela e Nicarágua, ofereceram-lhe guarida.

"Ele deixou bem claro que não quer ficar na Rússia por tempo indeterminado," disse Lokshina, a ativista Tanya Lokshina, a representante da Human Rights Watch - poderosa ONG americana que atua e advogado no campo dos direitos humanos, com sede em Nova York.

Na semana passada, o avião em que o presidente da Bolívia, Evo Morales, voltava de uma reunião em Moscou foi proibido de sobrevoar países europeus, Itália, Espanha, Portugal e França, e precisou fazer um pouso não programado na Áustria devido a suspeitas de que Snowden estaria entre os passageiros. O incidente realçou a pressão e até os americanos estavam disposto a ir, para prender o seu antigo espião.

A presença de Edward Snowden, em Moscou nesta sexta-feira, desfaz as especulações, que ainda persistiam, de que ele já estivesse em Bogotá. Teria viajado no avião de Morales num compartimento secreto.

Nesta quinta-feira um voo da Aeroflot que fazia a rota Moscou-Havana, também foi cercado de rumores, por ter se desviado a rota original, segundo a imprensa americana, supostamente evitando entrar no espaço aéreo americano. Especulações indicavam que Edward Snowden poderia estar a bordo, mas a companhia informou que a medida foi tomada por conta de "turbulências" na rota original.

Mesmo assim, há quem ache que esse desvio foi uma espécie de ensaio, ou treinamento, para uma possível condução de Eduard Snowden num futuro voo de fuga.

Foto: Susan Walsh/Associated Press

O porta voz da Casa Branca, Jay Carney, lamentando que a Rússia tenha permitido a reunião de Snowden com ativistas de Direitos Humanos, em Moscou.

10 de jul. de 2013

Como Snowden poderia chegar na América Latina, ou, que os EUA serão capazes de fazer para impedir?

ESTADOS UNIDOS – RÚSSIA
Como Snowden poderia chegar na América Latina,
ou, que os EUA serão capazes de fazer para impedir?
Edward Snowden, o homem mais procurados pelos Estados Unidos, no momento, está abrigado improvisadamente na antesala da alfandega do aeroporto de Moscou. No momento alguns paises sul americanos, se prontificaram a lhe dá asilo, a Venezuela é um deles. Mas parece ser impossível ao ex-espião americano, sair de Moscou para Caracas, sem ser alcanado pelso americanos

Charge: Oliver Schopf - Der Standard (Áustria)

- Mr. Snowden, camuflagem perfeita! Aproveite o seu voo.

Postado por Toinho de Passira
Fontes:   BBC Brasil, Terra, Deutsche Welle, Huffington Post

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ofereceu "asilo humanitário" ao ex-funcionário da CIA Edward Snowden - procurado pelos Estados Unidos por ter divulgado informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança (NSA) - mas isso não quer dizer que os problemas do americano estejam terminados. Mesmo que ele conte ainda com a aceitação de asilo, tanto por parte da Bolívia, quando por parte da Nicarágua, e senadores, inclusive da oposição do Brasil, chegaram a sugerir que ele fosse acolhido no nosso país.

Para começar, Snowden teve o passaporte revogado pelo governo americano, e não há voos comerciais de Moscou - onde ele se encontraria atualmente - para Caracas ou para qualquer país da América Latina.

Além disso, o incidente da semana passada com o avião do presidente boliviano, Evo Morales, parece indicar que muitos países estariam colaborando com os EUA na caçada ao americano - o que poderia dificultar sua viagem até a Venezuela.

Segundo informações do governo boliviano, França, Itália, Espanha e Portugal não teriam autorizado que a aeronave de Evo, que vinha de Moscou, cruzasse seu espaço aéreo por suspeitas de que o americano estaria a bordo.

O avião foi obrigado a pousar em Viena, onde, segundo denúncias de La Paz, teria sido revistado.

Se fizeram isso com um avião presidencial, imaginem o que pode ser feito, com um avião particular, ou um avião de passageiros.

Ex-técnico em segurança digital da CIA, Snowden delatou um sistema secreto de monitoramento de informações pessoais nos quais agentes da NSA teriam acesso direto a servidores de nove grandes empresas de internet, incluindo Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Skype e Apple.

As informações teriam sido conseguidas quando Snowden prestava serviço para a NSA. Para escapar de um processo, no início de maio o americano fugiu do Havaí, onde morava, para Hong Kong. Quando uma investigação criminal foi aberta contra ele na Justiça americana, os Estados Unidos pediram sua extradição, mas Snowden conseguiu viajar para Moscou.

Desde então, segundo autoridades russas, ele estaria vivendo em uma área de trânsito do aeroporto de Moscou. Segundo tais autoridades, essa área seria "território neutro" e o americano só passaria para o território russo após atravessar o controle de passaporte.

Documentos poderiam ser fornecidos pelo país que o asilasse, mas a viagem é um desafio logístico de riscos e custo altíssimo, incluindo aí a possibilidade de custos políticos. Em linha reta, Moscou- Caracas estão a quase 10 mil quilometros.

Não existe voos diretos Moscou Caracas, em qualquer escala no caminho ele poderia ser preso e deportado para os Estados Unidos. Ainda há a possibildiade das companhias aéreas recusá-lo, pois sua presença a bordo pode representar riscos para os outros passageiros.

Mesmo que se consiga um avião com autonomia para atravessar toda a Europa sem precisar reabastecer, com tanques extras adptados, teria que obter autorização dos países para cruzar o espaço aéreo. Autorização que o avião de Evo Morales não conseguiu, apenas por suspeitas.

Resta uma arriscada rota clandestina por rotas aéreos alternativas, via Ocenania, por exemplo, numa louca, dispendiosissima, arriscada e demorada viagem. Mesmo assim, são enormes os riscos do avião com o ex-espião ser interceptado por caças norte-americanos, em algum lugar do planeta, caso o plano de fuga vaze.

Edward Snowden é uma presa importante para os americanos que precisam silenciá-lo e usá-lo como exemplo. Ninguém tem dúvidas que Barack Obama está decidido a jogar alto, com ousadia, raiva e perseverança disposto a caçá-lo, preferencia vivo, mas...

Foto: Leo Ramirez / AFP / Getty Images

“Você está sendo perseguido pelo império, venha para cá", declara o presidente da Venezuela Nicolás Maduro, em entrevista, ontem, 08, convidando publicamente o americano, Edward Snowden, para se asilar na Venezuela

5 de jul. de 2013

Depois dos contratempos na Europa, Evo Morales é recebido, com festa, em La Paz

BOLÍVIA – Incidente Diplomático
Depois dos contratempos na Europa,
Evo Morales é recebido, com festa, em La Paz
Depois de 14 horas de espera, o avião que transportava Morales, forçado a pousar em Viena obteve permissão de Portugal, Espanha, Itália e a França, de sobrevoar os seus territórios, que havia sido negado no dia anterior. Suspeitavam que Morales havia dado uma carona ao espião americano Snowden, procurado pelo EUA. Ao chegar em casa, Morales instou os países europeus a "libertaram-se do império americano". Disse que não bastarão as desculpas dos países europeus que proibiram o uso de seu espaço aéreo e anunciou que seu país tomará medidas diante de organismos internacionais.

Foto: Jorge Bernal / AFP

Evo Morales ganha colares e chuva de pétalas em seu retorno à Bolívia

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Folha de S. Paulo, Pagina Siete, La Razon, El Dia, El Pais

Depois de um voo de 17 horas entre Viena e La Paz e 14 horas parado no aeroporto da capital austríaca aguardando autorização para trafegar no espaço aéreo europeu, o presidente da Bolívia, Evo Morales, finalmente chegou ao seu país no início da madrugada de ontem. O boliviano atribuiu o incidente a uma conspiração orquestrada pelos EUA e disse que analisará o fechamento da embaixada americana em La Paz.

Abatido pela longa viagem, o presidente foi recebido como herói no aeroporto de El Alto, afirmando que "alguns países da Europa têm de se libertar do império americano". Portugal, França, Espanha e Itália impediram a passagem sobre seus territórios do avião que trazia Evo da Rússia, segundo o governo boliviano, em razão da desconfiança de que o ex-agente americano Edward Snowden - que revelou à imprensa detalhes sobre a espionagem dos EUA e é procurado pelas autoridades do país - estivesse a bordo.

"Não vão nos assustar porque somos um povo que tem dignidade e soberania", disse Evo diante de dezenas de correligionários que o esperavam no aeroporto, que cobriram o presidente com colares de flores, cachecóis tradicionais indígenas e papel picado.

Quando estava na Rússia para uma reunião de países produtores de gás natural, Evo declarou que analisaria um pedido de asilo político feito por Snowden. Horas depois de chegar à Bolívia, ele afirmou que não aceitará meros pedidos de perdão sobre o incidente diplomático.

"A posição firme que vamos assumir no governo nacional é se fazer respeitar, ante os organismos internacionais, as normas, os tratados internacionais. Não bastam somente as desculpas de algum país que não nos permitiu passar pelo seu território", disse Evo.

Na quarta-feira, o presidente da França, François Hollande, a gafe diplomática a "informações contraditórias", afirmando que, quando a presença de Evo foi confirmada na aeronave, sua passagem foi garantida. O chanceler francês, Laurent Fabius, lamentou o "contratempo". Os outros países que proibiram a passagem da comitiva boliviana, até ontem, não haviam comentado o incidente.

Cúpula

Em Cochabamba, a União de Nações Sul-Americanas fez ontem uma reunião para apoiar a Bolívia com a presença dos presidente de Argentina, Equador, Venezuela, Uruguai e Suriname, além de Evo.

"Um ministro de um país europeu me disse pessoalmente que pediriam desculpas porque foram informados pela CIA de que Snowden estava a bordo", disse o venezuelano Nicolás Maduro, que prometeu rever as relações de seu país com a Espanha.

"Pelo menos uma vez na vida, espero que peçam perdão pelo que fizeram", afirmou a argentina Cristina Kirchner. Segundo Evo, seu governo estudará o fechamento das representações diplomáticas dos EUA no país para evitar uma "conspiração interna". "Não precisamos de uma embaixada americana na Bolívia", disse.
Leia ainda no “thepassiranews”:
Avião de Morales proibido de sobrevoar França, Itália e Portugal..."

22 de nov. de 2012

Evo paralisa a Bolívia para realizar censo demográfico

BOLÍVIA
Evo paralisa a Bolívia para realizar o censo demografico
A proposta do índio presidente Evo Morales é saber quantos bolivianos existem no país, fazendo um censo que dura apenas um só dia, nas zonas urbanas e dois dias nas, rurais. Para tanto estabeleceu uma espécie de "toque de recolher" com vigência de um dia, fazendo a população esperar em casa os recenseadores. Falta de formulários, protestos de comunidades indígenas e dificuldades em várias regiões por problemas de limites territoriais, pontuaram a realização do pesquisa. O presidente, no fim da tarde, disse que o censo foi um sucesso.

Foto: EFE

Recesseador entrevista boliviana no censo que durante sua realização foram proibida viagem, circulação pelas ruas das cidades e o consumo de alcool

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, El Deber, La Prensa, La Razon, El Diario, La Rázon, Pagina Siete

A Bolívia parou literalmente para a realização do primeiro Censo nacional em 11 anos, nesta quarta-feira.

O comércio permaneceu fechado, o tráfego de veículos foi restringido e cidadãos receberam a ordem de permanecer em casa para facilitar a contagem populacional.

O ministro do Interior boliviano, Carlos Romero, disse que 35 mil policiais foram encarregados de supervisionar o cumprimento da medida.

Segundo o Censo de 2011, a Bolívia possui 8,3 milhões de habitantes. Estima-se que, com a nova contagem, a população do país ultrapasse 10 milhões de pessoas.

Nesta quarta-feira, a maior parte dos bolivianos esteve proibida de circular pelas ruas e viajar. Comerciantes que decidissem abrir as portas seriam punidos com sanções econômicas.

O objetivo era que os moradores ficassem em casa para receber os recenseadores, cujo trabalho atualizará a última contagem populacional, feita em 2001.

O resultado do novo censo determinará a repartição de recursos financeiros do governo e a cota de representação política dos departamentos (Estados) nas instituições administrativas e Parlamento.

Foto: EFE

As ruas do país vazias, como se fosse uma cidade fantasma, patrulhada por policiais em busca de cidadãos que estivessem trangredidam a ordem do "toque de recolher"

As estimativas são que os maiores beneficiados devem ser o departamento de Santa Cruz, o motor agroindustrial do país, e a cidade de El Alto - um polo receptor de migrantes do campo.

Já os departamentos de Potosi e Oruro podem perder poder político e recursos, por serem fontes históricas de emigrantes para outras regiões do país e imigrantes para o exterior.

O censo também está causando polêmica no país devido à questão étnica. Os bolivianos terão que declarar aos pesquisadores com qual grupo étnico se identificam.

Isso gerou reclamações do grupo indígena Aymara, que fala uma das 34 línguas reconhecidas pelo governo no censo. Eles afirmam que a pesquisa não refletirá fielmente as subdivisões dentro da nação Aymara.

Analistas afirmam que o resultado final no censo deve ser a diminuição do número oficial de indígenas no país e o crescimento da população que se declara mestiça.

Como era de se esperar alguns problemas de infraestrutura como falta de formulários e despreparo de recenseadores foram registrados em todo o país.

No final do dia de ontem, o presidente Evo Morales descreveu a atividade como um censo bem sucedida pela "expressiva participação do povo boliviano e com o compromisso dos rescenceadores, porque os dados do censo serão utilizados para planejar o futuro da Bolívia."

Ele reconheceu que houve problemas em algumas comunidades por problemas de limites territoriais e questões com as populações indígenas .

O jornal “La Razon” publicou que foram registradas a prisão de 1.927 cidadãos por violar “a ordem da boa governação”, o decreto que previa o “toque de recolher”. Além da retenção de 1.240 veículos apenas por circularem pelas ruas.

Foto: El Deber

Algumas pessoas às vesperas do censo tiveram que regressar as suas comunidades para serem recenceadas no seu local de domicilio permanente, como mandava o decreto presidencial


11 de jul. de 2012

VEJA: “A república da cocaína”

BOLÍVIA
VEJA: “A república da cocaína”
Um relatório policial revela o encontro de um traficante brasileiro com o número 2 do governo boliviano e uma ex-miss Bolívia ligada ao governo de Evo Morales

Foto: Veja

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja - 09/07/2012, El Diario, La Razon, Reportero 24, Portal Terra

O presidente da Bolívia, Evo Morales, orgulha-se de ser um incentivador das plantações de coca, a matéria-prima de mais da metade da cocaína e do crack consumidos no Brasil, sob o argumento de que as folhas servem para produzir chás e remédios tradicionais.

Apenas um terço da coca plantada em seu país, contudo, atende a essa demanda inofensiva, segundo estimativa das Nações Unidas. O restante abastece o narcotráfico e, como consequência, contribui para corroer a vida de quase 1 milhão de brasileiros e de suas famílias.

Agora, surgem evidências de que a cumplicidade do governo boliviano com o narcotráfico vai além da simples defesa dos cocaleros, os plantadores de coca. VEJA teve acesso a relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana que revelam, entre outros fatos, uma conexão direta entre o homem de confiança de Evo Morales, o ministro da Presidência Juan Ramón Quintana, e um traficante brasileiro que atualmente cumpre pena na penitenciária de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná.

Maximiliano Dorado Munhoz Filho, o traficante brasileiro, que segundo Veja, recebeu secretamente autoridades bolivianas
Um dos documentos, intitulado Apreensão de Fugitivo Internacional e assinado com o codinome Carlos, descreve como os agentes bolivianos identificaram a casa do brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho, em 2010.

Max, como é chamado, e sua gangue possuíam fazendas em Guajará-Mirim e em outras oito cidades de Rondônia, onde recolhiam a droga arremessada por aviões bolivianos. Por mês, o bando de Max interceptava 500 quilos de cocaína, que depois eram levados para São Paulo e Rio de Janeiro.

O traficante fugira da cadeia de Urso Branco, em Rondônia, em 2001, e suspeitava-se que estivesse escondido na Bolívia. De fato, ele mantinha um imóvel na Rua Chiribital, esquina com Pachiuba, em um bairro nobre de Santa Cruz de la Sierra. No dia 18 de novembro de 2010, às 2 da tarde, os policiais que vigiavam o imóvel presenciaram uma cena bombástica. Quintana, hoje o segundo homem mais poderoso da República, apareceu na companhia de Jéssica Jordan, de 28 anos, famosa no país por ter sido eleita miss Bolívia apenas quatro anos antes.

Ambos tinham, então, cargos de confiança em órgãos estatais. Quintana era diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças. Jéssica, cinco meses antes, fora indicada pelo vice-presidente Álvaro Garcia Linera para o posto de diretora regional de Desenvolvimento no estado de Beni, departamento que faz fronteira com Rondônia e por onde entra no Brasil boa parte da droga boliviana. Quintana e Jéssica entraram na casa de Max de mãos vazias e saíram de lá vinte minutos depois com duas maletas 007. Não se sabe o que havia nelas.

O poderoso ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, visto, segundo relatórios da polícia boliviana, visitando o traficante brasileiro
Dois meses depois do encontro com os integrantes do governo de Morales, Max foi detido em uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira com alguns membros escolhidos a dedo no serviço de inteligência boliviano e levado ao Brasil.

Quintana, por sua vez, foi nomeado por Evo Morales no ano seguinte para comandar a Pasta da Presidência, o equivalente à Casa Civil brasileira, posto que ele já havia ocupado entre 2006 e 2009. O relatório do agente Carlos sobre o encontro entre os membros do governo e o traficante brasileiro faz parte de uma série de documentos vazados para a imprensa boliviana e americana por um político do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales. Para o autor do vazamento, o governo não cumpriu a promessa de melhorar a vida dos pobres e indígenas da Bolívia. Evo Morales venceu duas eleições presidenciais propagando-se como um candidato defensor dos índios. A maioria deles, porém, está insatisfeita.

Desde que Morales tomou posse, houve um aumento de 22% na área de cultivo de coca no país. Enquanto a Colômbia, que nos anos 80 cultivava e refinava 90% da cocaína consumida no mundo, combateu os cartéis e reduziu a produção, a Bolívia e o Peru viram sua participação nesse mercado crescer. Hoje, respondem por metade das drogas derivadas das folhas de coca.

Fábricas de cocaína, que até então não existiam na Bolívia, começaram a aparecer às centenas. Cartéis colombianos, mexicanos e o PCC brasileiro operam no país. Ao verem o crescimento do crime organizado e as portas da política fechadas para seus representantes, indígenas e sindicalistas passaram a criticar abertamente Morales.

No mês passado, policiais entraram em greve por melhores salários. Há duas semanas, uma nova marcha de índios chegou a La Paz para impedir a construção de uma estrada em um parque ecológico indígena, o Isiboro Sécure. O projeto, que liga “dois povoados sem povo”, segundo os bolivianos, visa a abrir uma nova fronteira para a plantação de coca, pois a produtividade na região vizinha do Chapare, o principal reduto de Morales e onde 90% das folhas viram droga, está em queda.

Jéssica Jordan , ex- miss Bolivia, mulher de confiança de Evo Morales, saiu com uma valise, que não havia levado, do encontro com o traficante brasileiro.
Quintana — olha ele aí de novo - não se cansa de atacar os índios contrários à estrada, ao mesmo tempo em que defende os cocaleros. Ex-militar, ex-araponga que recebeu treinamento americano e ex-assessor do ministro da Defesa do presidente Hugo Banzer (1997-2001), Quintana também é o autor de algumas das declarações mais antiamericanas do governo Morales.

Atribui-se a ele a ideia, acatada por Morales, de expulsar do país os agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), o órgão americano de combate ao narcotráfico que pagava a gasolina e parte do salário dos policiais bolivianos do setor de entorpecentes.

Não é de estranhar que essa medida tenha saído da cabeça do homem que divide com o vice-presidente Álvaro Garcia Linera a tarefa de administrar as relações do governo boliviano com o presidente venezuelano Hugo Chávez.

Os relatórios que revelam os laços comprometedores do governo boliviano com traficantes foram feitos por agentes simpáticos a Morales, estupefatos com a incapacidade do presidente de perceber a podridão à sua volta.

“Os esforços que faz nosso amigo irmão Evo para erradicar a corrupção caem em um saco furado, e isso pode ser usado pela oposição para manchar a sua honra’’, elucubra um policial de codinome Confúcio.

Um dos documentos revela que Raúl Garcia, pai do vice-presidente Linera, era viciado em cocaína e teria influenciado na escolha do diretor da alfândega do aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, por onde sai boa parte da droga com destino ao Brasil. “Alguns narcotraficantes colombianos que asseguram ter dado um apartamento em Santa Cruz ao pai do vice-presidente em troca de proteção para que saiam alguns aviões de Santa Cruz dizem ter provas disso”, afirma-se em um dos relatórios confidenciais.

Raúl Garcia morreu de infarto no ano passado. "A crescente atuação dos narcotraficantes brasileiros na Bolívia foi facilitada por inúmeros fatores, entre os quais possibilidade de negociar com membros do governo”, diz Douglas Farah, especialista americano em tráfico de armas e drogas que está analisando todos os documentos confidenciais vazados pelo político do MAS.

Não há dados, até momento, que ajudem a esclarecer se Evo Morales está apenas mal-acompanhado ou se tem participação direta em negócios de seu governo com o narcotráfico. No mínimo, ele finge não haver nada de errado. Nenhuma investigação foi aberta depois que a oposição levou ao governo os documentos comprometedores. Em vez disso, tenta-se punir os mensageiros.

O senador Roger Pinto, por exemplo, que em março de 2011 teve ousadia de levar ao Palácio Quemado uma cópia do relatório sobre o encontro de Quintana e Max, entre outros papéis com denúncias, foi acusado de corrupção por Morales e acabou recebendo asilo político na Embaixada do Brasil em La Paz, há um mês. Até sexta-feira passada, ele não havia recebido salvo-conduto do governo boliviano para embarcar em um avião com destino ao Brasil.


REPERCUSSÃO

Foto: Associated Press

Mulheres bolivianas comemorando a safra de folha de coca durante o chamado "Dia Nacional de folha de coca para mascar" em La Paz, Bolívia.

A reportagem da Veja repercutiu fortemente na imprensa boliviana. O governo de Evo Morales quer transformar a história em ofensa ao povo boliviano.

Segundo a maioria das publicações o novo embaixador da Bolívia, no Brasil, nesta quarta-feira, o político socialista Jerjes Justiniano, vem com a missão de exigir uma retratação da revista "Veja" por, segundo ele, "difamou" funcionários do governo do presidente Evo Morales. Caso a publicação brasileira não o faço será acionada judicialmente.

"É uma responsabilidade que tenho que assumir imediatamente, porque estão envolvidos funcionários do Estado. O que a "Veja" fez, através de seu título e em seu artigo, é uma agressão ao Estado boliviano", declarou Justiniano, que substitui o jornalista José Alberto González.

Justiniano afirmou que demonstrará que a matéria intitulada "A República da cocaína" é "uma mentira grosseira" que tem como único interesse fazer dano ao Estado boliviano e ao governo Morales.

O político também disse que mostrará às autoridades brasileiras e à revista provas de que nunca aconteceu tal reunião, por isso pedirá uma retratação ou iniciará uma ação judicial.

O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, o principal acusado na reportagem da Veja, foi quem apresentou hoje, Justiniano, como novo embaixador do Brasil. Na ocasião negou veementemente as acusações contidas na revista Veja.

O que se comenta nos meios jornalísticos brasileiros, é a que a Veja, publicou apenas uma pequena amostra do material explosivo que possui dessa relação cocaína, governo boliviano. Esperemos os próximos capítulos.


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