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23 de out. de 2014

Tribunal de Contas da União fará auditoria, para apurar irregularidade, no pagamento extra de US$ 434 mi da Petrobras à Bolívia

BRASIL – BOLÍVIA- Escândalo
Tribunal de Contas da União vai apurar irregularidade no pagamento extra de US$ 434 mi da Petrobras à Bolívia
"A Petrobras está pagando, aparentemente, pelo menos até agora, por um componente que não estava previsto no contrato e que também não está sendo utilizado", disse o ministro José Jorge do Tribunal de Contas da União.

Foto: ABr

PREJUÍZO BRASILEIRO - Por que Lula, Dilma e o PT, em detrimento nosso, atendem tanto e sem pestanejar os interesses de Evo Morales e da Bolívia?

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Reporter Diário, Exame, O Globo

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a abertura de auditoria para investigar o pagamento extra de US$ 434 milhões — mais de R$ 1 bilhão — feito pela Petrobras à Bolívia, no mês passado, por conta do fornecimento de gás ao Brasil. A quantia foi paga além do que estava previsto em contrato, e era um pleito antigo do presidente Evo Morales.

O dinheiro foi repassado em plena campanha de Morales pela reeleição. O presidente foi reeleito com 61% dos votos no último dia 12. A investigação foi autorizada pelo ministro José Jorge, responsável pelos processos de Petrobras no TCU. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público (MP) junto ao tribunal.

— A Bolívia fornecia o gás com componentes novos, não utilizados no Brasil. Nem o contrato previa esse pagamento, nem os componentes estão sendo utilizados. Vamos verificar quem autorizou os pagamentos. A Petrobras decidiu pagar por esses componentes, inclusive os atrasados — disse o ministro.

A representação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi protocolada na semana passada no gabinete do ministro José Jorge. Uma auditoria, na visão do procurador, permitirá saber as condições da renegociação, quem autorizou o pagamento a mais, quais instâncias internas da estatal se manifestaram e se houve participação da Presidência da República, da Casa Civil, do Ministério das Relações Exteriores ou do Ministério de Minas e Energia no acordo.

O procurador questiona ainda se a importação de gás natural continua sendo economicamente viável apesar do repasse a mais de US$ 434 milhões.

“Caso se configure o dano ao erário, deve ser instaurada a devida tomada de contas especial para apuração do débito e identificação dos responsáveis”, cita Júlio Marcelo na representação.

“Pagamentos sem previsão contratual absolutamente não podem ocorrer. Uma renegociação de preços poderia fazer sentido para o futuro, jamais para o passado, uma vez que não havia nada de errado com os termos contratuais vigentes”, afirma o procurador Júlio Marcelo na representação. “Caso comprovados os fatos e demonstrada sua ilicitude, há que se apontar as responsabilidades pela renegociação e pelo prejuízo dela advindo, apurando-se a ocorrência de gestão temerária e apenando-se os gestores envolvidos”, conclui.

3 de set. de 2013

Veja diz que o embaixador da Bolívia no Brasil representa o ‘narcoestado’ boliviano

BOLÍVIA - BRASIL
Veja diz que o embaixador da Bolívia no Brasil
representa o ‘narcoestado’ boliviano
O advogado Jerjes Justiniano é o embaixador da Bolívia, em Brasília, desde setembro do ano passado, veio com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. E mais: o que faz um grupo de parlamentares brasileiros ir a embaixada da Bolívia, pedir desculpas e tomar licor de coca?

Foto: Antonio Cruz/ABr

Dilma e Jerjes Justiniano, na cerimônia de entrega das credenciais de embaixador da Bolivia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Veja, Agência Brasil

Segundo reportagem de Duda Teixeira, para a Veja, o motivo primordial da perseguição política que levou o senador Roger Pinto Molina a pedir asilo na Embaixada do Brasil em La Paz foi um dossiê que ele entregou no Palácio Quemado, sede do Executivo boliviano, em março de 2011. O pacote trazia cópias de relatórios escritos por agentes da inteligência da polícia boliviana em que se desnudava a participação de membros do partido do presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e de funcionários de alto escalão do seu governo no narcotráfico.

Alguns desses documentos posteriormente também foram obtidos por VEJA e serviram de base para a reportagem "A República da cocaína", de 11 de julho de 2012. Neles, afirma-se que o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, e a ex-modelo Jessica Jordan entraram na casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 18 de novembro de 2010. Os dois saíram cada um com duas maletas tipo 007. A intenção do senador hoje refugiado no Brasil era que o presidente Morales mandasse investigar as denúncias, e assim contribuísse no combate à indústria da pasta de coca — matéria-prima contrabandeada para o Brasil para a produção de cocaína e crack —- e à rede de corrupção ligada a ela.

A ex-modelo e ex-miss Bolivia, Jessica Jordan
Nenhum suspeito foi interrogado. Em vez disso, Morales iniciou a perseguição ao senador Pinto Molina e nomeou para o posto de embaixador no Brasil o advogado Jerjes Justiniano, que assumiu há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. Morales poderia ter escolhido alguém menos comprometido com o assunto para desempenhar esse trabalho. O filho do embaixador, o também advogado Jerjes Justiniano Atalá, tem entre seus maiores clientes justamente funcionários do governo acusados de narcotráfico.

Pior do que isso, Atalá, que no passado dividiu o escritório com o pai, foi o advogado do americano Jacob Ostreicher, que investiu 25 milhões de dólares em plantações de arroz na Bolívia em parceria com a colombiana Cláudia Liliana Rodriguez, sócia e mulher de Maximiliano Dorado. Resumindo a história: o filho do embaixador defendeu o sócio da mulher do traficante brasileiro, aquele que recebeu em sua casa o ministro denunciado por Pinto Molina. Trata-se, no mínimo, de uma coincidência constrangedora para o papel que Justiniano veio desempenhar no Brasil.

Igualmente constrangedor é um vídeo de quatro minutos que mostra o embaixador visitando a fábrica do narcotraficante italiano Dario Tragni, em Santa Cruz de laSierra, no início de 2010. Na ocasião, Justiniano era candidato ao governo de Santa Cruz pela legenda do presidente Morales. Ele foi derrotado na eleição, que ocorreu em abril. No tour pela fábrica de madeira Sotra, Justiniano percorreu as dependências do local ciceroneado por um Tragni falante e irrequieto. "Esta é uma das máquinas mais produtivas da América Latina", disse Tragni, apontando para um de seus equipamentos.

Justiniano perguntou: "Estão exportando para onde?" O italiano respondeu orgulhoso que para Espanha, Itália, Estados Unidos e Alemanha. Participou também da visita amigável Carlos Romero, atual ministro do Governo da Bolívia e responsável pela segurança interna do país. O incrível desse episódio é que poucos meses antes, em novembro de 2009, a polícia encontrara na Sotra diversos recipientes com cocaína, somando 2,4 quilos. No quarto de Tragni, foram apreendidos uma balança e um liquidificador com vestígios de cocaína. Um dos conhecidos meios para transportar drogas usado pelos traficantes bolivianos é escondê-las dentro de compensados de madeira para exportação.

Em tempo: em outubro do ano passado. o ator americano Sean Penn foi nomeado por Morales como embaixador mundial da coca. Nem precisava. A Bolívia já tem Jerjes Justiniano despachando em Brasília.

Foto: Valter Campanato/ABr

O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, toma licor de coca, com os deputado Ivan Valente, o senador Randolfe Rodrigues, o deputado Elvino Bohn Gass e o deputado Cláudio Puty, na embaixada da Bolívia

Acrescentamos que segundo reportagem de Marcelo Brandão para a Agência Brasil, um grupo de parlamentares brasileiros foram até a embaixador da Bolívia, em Brasília, no dia 27 de agosto, encontrar o embaixador Jerjes Justiniano, para prestar solidariedade ao governo de Evo Morales diante da saída do senador Roger Pinto Molina do país com ajuda de um diplomata brasileiro.

Compunha a comitiva os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Cláudio Puty (PT-PA) e Elvino Bohn Gass (PT-RS), além do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O senador Rodrigues até pediu desculpas “em nome do povo brasileiro” e disse que “claramente houve um atentado à soberania boliviana” (Esse senador não nos representa).

O deputado petista Cláudio Puty, por sua vez, criticou a postura da embaixada brasileira no caso. “O que aconteceu foi que a embaixada brasileira cometeu uma trapalhada diplomática. Não sabia se livrar do problema que criou para ela mesma e agora está querendo dar um caráter humanitário [à ação]”.

Ao final do encontro, os parlamentares e o embaixador se cumprimentaram e tomaram um licor de coca, como símbolo de união entre as duas nações. Foi lindo!

1 de set. de 2013

Senador boliviano Roger Pinto Molina: "Quero levar minha vida no Brasil"

BRASIL -
Senador boliviano Roger Pinto Molina:
"Quero levar minha vida no Brasil"
Resgatado da embaixada brasileira em La Paz, o maior adversário político de Evo Morales afirma que se considera perseguido, ameaçado e que seu asilo no país, agora, é automático

Foto: Igo Estrela/ÉPOCA

SEGURANÇA - Molina, fotografado no escritório de seu advogado em Brasília
na última quinta-feira. “Tenho legitimidade para ficar neste país”

Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Leonel Rocha
Fonte: Época

O senador boliviano Roger Pinto Molina, de 53 anos, líder da oposição ao governo, repete insistentemente sua gratidão à presidente Dilma Rousseff pelo asilo que recebeu na embaixada brasileira em La Paz. O discurso de Molina contrasta com a recepção que o governo lhe reservou nesta semana, quando chegou a questionar sua permanência no Brasil. Molina foi o personagem central da crise política que redundou na demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. “Já agradeci à presidente Dilma Rousseff pelo ato generoso de me conceder asilo”, afirmou em entrevista a ÉPOCA.

ÉPOCA – O senhor se considera um perseguido político?
Roger Pinto Molina –
Sim, mas não sou o único na Bolívia. Sou o líder da minha região (Estado de Pando) e líder da oposição no Senado. O modelo de poder de Evo Morales é de tomada de controle total do Senado. Foi aí que começou nosso confronto político. Os ex-presidentes, ex-governadores, ex-prefeitos, quem teve algum tipo de liderança é hoje processado judicialmente. Os processos atingem, sobretudo, quem tem viabilidade eleitoral. Não sou exceção. Mas só busquei asilo porque sofri ameaças de morte.
ÉPOCA – Como as perseguições começaram?
Molina –
A primeira fase das perseguições começou com as mortes no departamento (Estado) de Pando, em setembro de 2008. Quando apresentei a documentação sobre o assunto, o presidente ordenou minha prisão e abriu oito processos por desacato. Isso só aconteceu porque denunciei atos de corrupção. Disse publicamente no Senado que o narcotráfico infiltrou-se no governo. Apresentei provas disso. Pedi que investigassem o ministro (da Presidência, Juan Ramón) Quintana e o vice-presidente da República. O presidente deveria levar adiante uma investigação. Mas isso não aconteceu. Fiz uma série de denúncias contra outros ministros. Denunciei o ministro da Fazenda pelo seu envolvimento com os bicheiros. Era senador e tinha direito de denunciá-los. O governo Evo, no entanto, acreditava que eu só poderia fazer denúncias em casa, para minha família, e não na imprensa. Minhas denúncias geraram um rosário de calúnias. Tive acesso a uma documentação que mostra que o ministro Quintana foi à casa de um narcotraficante para receber recursos para sua campanha. Todas as ameaças de morte tiveram origem no governo.

ÉPOCA – De que tipo? O senhor foi alvo de algum atentado?
Molina –
Não. Muitas das ameaças que sofri foram gravadas. Estão documentadas. Há gravações em que dizem até a arma com que me assassinariam. Em 2009, antes de eu fazer minhas denúncias, descobriu-se uma tentativa de assassinato. Quintana ofereceu U$ 20 mil a um assassino de aluguel para me matar com arma que lhe fora entregue por ele mesmo. Denunciei e o governo não fez nada. Logo depois, descobriram um assassino do PCC (Primeiro Comando da Capital), ligado ao ministro Quintana, que pretendia me eliminar no portão de casa. Isso tudo está registrado no jornal Sol de Pando. Uma vez, resgataram um cidadão que fora sequestrado. No cativeiro em que foi mantido, encontraram a planta da minha casa, documentos, fotos de meu carro. Os sequestradores foram presos. No interrogatório, afirmaram que eu estava na lista deles. E era gente que tinha relação com o governo.

ÉPOCA – Quando começou seu confronto com o governo boliviano?
Molina –
Minha diferença com o governo Evo Morales vem de muito tempo. Estou convencido de que a coca é a matéria-prima do narcotráfico. Por isso, defendo a erradicação da coca. Um compromisso estabelecido em lei prevê que uma área de 12 mil hectares seria mantida para preservar a produção de coca necessária para o consumo tradicional. Mas a área plantada chegava a quase 40 mil hectares. Todo excedente é destinado ao narcotráfico. Ora, os cocaleiros constituem a base social e política do presidente, que preside as seis federações de trabalhadores do setor. Então, sua base era fornecedora do narcotráfico. Ele sempre foi tolerante com os produtores de coca. Sempre dissemos que, em algum momento, o tênue limite entre a produção de folhas de coca e de matéria-prima para o narcotráfico seria ultrapassada. Foi o que aconteceu. Nós temos informação de que o setor cocaleiro financiou as campanhas do presidente Evo Morales. Denunciei isso e criaram-se situações de confronto. Em determinado momento, chegamos a descobrir uma série de documentos que estabelecia uma relação de funcionários do governo com o narcotráfico.

ÉPOCA – O governo Morales diz que o senhor não é um perseguido político, mas um criminoso condenado. O que tem a dizer sobre isso?
Molina –
Há 22 processos de todos os tipos contra mim. Só um foi julgado, de corrupção. Quando governei (o Estado de) Pando, criei uma universidade e atraí investimentos privados para ela. Ora, corrupção é quando você tira dinheiro do Estado. O que fizemos foi dar dinheiro ao Estado. Existe uma Zona Franca em Pando, onde os empresários pagavam uma alíquota de 1% para se instalar. O que fizemos foi propor a eles que pagassem 1,5%. O 0,5% a mais seria destinado à universidade. Os empresários aceitaram. Mas sob a visão do governo, isso é corrupção. Dos oito que assinaram a resolução para criar a universidade, só eu fui sentenciado, e à revelia, sem defesa, a um ano de prisão. Esse é o único processo julgado.

ÉPOCA – Por que o senhor pediu asilo à embaixada brasileira, e não a outra representação diplomática?
Molina –
Há uma relação mais direta do Brasil com a Bolívia. O Brasil tem uma longa tradição de respeito à vida, aos direitos humanos, aos direitos dos asilados.

ÉPOCA – O senhor negociou com os diplomatas brasileiros seu asilo na embaixada em La Paz antes de pedir refúgio?
Molina –
Não, nem houve nenhuma possibilidade de isso acontecer. Foi decisão tomada diante de uma emergência. Eu temia ser assassinado a qualquer momento. Procurei a embaixada do Brasil sem nenhum diálogo prévio e fui recebido por um homem de princípios, o embaixador Marcel Biato. Ele assumiu meu caso de maneira profissional. Levando em conta que precisava informar seu país, solicitou a documentação dos processos judiciais a que respondo. Depois de analisar os documentos, me concedeu o refúgio, sob o crivo da presidente (Dilma Rousseff). Por um descumprimento dos tratados e das leis internacionais, a Bolívia nunca me outorgou salvo-conduto para deixar o país. E isso é o que se deve a qualquer cidadão que obtém asilo diplomático.

ÉPOCA – O senhor pretende ficar no Brasil ou cogita pedir asilo definitivo a outras nações?
Molina –
Quero regularizar minha situação no Brasil e levar minha vida aqui da maneira mais normal possível. Quando entrei na embaixada brasileira, pessoas próximas ao governo boliviano tentaram queimar minha casa e sequestrar minha família. Eles tiveram de abandonar a Bolívia. Saíram em busca de refúgio com o que tinham à mão. Hoje, vivem aqui. Já agradeci à presidente Dilma Rousseff pelo ato generoso de me conceder asilo e me dar as garantias necessárias para dar início à próxima etapa da minha vida. O que espero, agora, é superar esta etapa. Espero não ter nunca a necessidade de buscar outra alternativa.

ÉPOCA – A Advocacia-Geral da União diz que lhe foi concedido asilo apenas para permanecer na embaixada e que seu caso terá de ser reanalisado. O senhor teme ser deportado?
Molina –
Em meu entender, o asilo diplomático que recebi em La Paz se converte automaticamente em asilo territorial no Brasil. Depende da presidente Dilma Rousseff, mas creio que tenho legitimidade para ficar neste país. Acredito que eu tenha definitivamente a condição de refugiado político neste país.

ÉPOCA – Os diplomatas brasileiros garantiram que o senhor teria asilo definitivo?
Molina –
Não. Devo fazer aqui menção à qualidade humana do diplomata Eduardo Saboia, dos fuzileiros e de todas as pessoas que me acompanharam todo esse tempo. Eles fizeram de tudo para que me sentisse melhor num tempo prolongado de isolamento, muito difícil suportar.

ÉPOCA – O diplomata Eduardo Saboia, que resgatou o senhor da embaixada em La Paz, informou-o que o governo brasileiro poderia reagir mal à sua fuga?
Molina –
Não. Acredito que ele fez o que fez por motivos humanitários. É alguém que entende as dificuldades que passa um ser humano e os perigos que ele pode enfrentar. O que Saboia mencionou várias vezes foi que reportou a minha situação às autoridades do Brasil, inclusive, com informes médicos sobre a minha saúde.

ÉPOCA – O senhor está satisfeito com a posição do Brasil em seu caso?
Molina –
Não posso emitir juízos sobre as autoridades brasileiras. Só posso dizer que eles têm sido muito generosos. Quando cheguei, as autoridades de saúde se preocuparam em garantir meu bem-estar. A polícia se mobilizou para me dar as garantias. O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), num ato de desprendimento e humanidade, arranjou um avião para trazer-me a Brasília. Somado à decisão da presidente Dilma, isso mostra o espírito dos brasileiros de criar as condições para garantir a vida e a liberdade de quem, como eu, busca segurança em outro país. Não sou o único nessa condição.

ÉPOCA – Como foi sua viagem até o Brasil?
Molina –
Uma operação muito arriscada. Não sei quem fez o planejamento profissional da viagem. Houve um cuidado com a distância, com a forma de avançar na estrada. Eram 1.600 quilômetros, passando por regiões perigosas. Foi necessário tomar várias medidas de segurança, cuidar das necessidades fisiológicas e da alimentação. Num momento da viagem, minha saúde estava muito debilitada. Cheguei a achar que sofria um princípio de infarto. Pelo menos, entendemos que era infarto. Vomitei durante o percurso. Em algum momento, pensamos em ir a um hospital. Mas isso significaria abortar a operação. Consultado, disse que deveríamos seguir adiante e correr o risco.

ÉPOCA – O governo Evo Morales ofereceu asilo a Julian Assange, o criador do WikiLeaks acusado de abusar sexualmente de duas suecas, abrigado na embaixada do Equador em Londres sem salvo-conduto para deixar o país. O que seu caso tem em comum com o dele?
Molina –
Não há uma comparação, uma similaridade, além do fato de termos ficado em embaixadas. Os procedimentos e o contexto das garantias à vida nos dois casos são totalmente diferentes. Os motivos pelos quais nos buscam, também. Sou senador da República, chefe da oposição. Sou perseguido politicamente por uma decisão do presidente da República. O senhor Assange é um australiano na Inglaterra, com ordem de prisão, acusado por violação em países onde não existe a figura do asilo político. Nosso caso é oposto. Temos uma longa tradição de asilo e garantias. Há tratados estabelecendo essas regras, e eles estão em vigor.

ÉPOCA – O senhor passou 455 dias na embaixada em La Paz. Como o senhor e sua família estão sobrevivendo?
Molina –
É uma situação difícil. Há uma decomposição da saúde física e mental. Se algo verdadeiramente se deteriora, são as condições econômicas. Tenho três filhas. Uma é psicóloga, as outras são advogadas. Minha mulher também é advogada. Sobrevivemos com o trabalho delas.

ÉPOCA – O senhor não tem mais negócios na Bolívia?
Molina –
Tenho. Na verdade, sempre tive. À margem da vida política, desenvolvi um trabalho agropecuário, coisa que foi ameaçada por decisões do governo. Tenho 650 cabeças de gado. Na Bolívia, o que fazem é usar pessoas para invadir e ameaçar a propriedade dos adversários. Muitos sucumbiram ante ao temor e se alinharam ao governo. Fui convidado várias vezes pelo presidente Evo Morales para fazer parte de seu governo. Não fui. Entendi que não era o caminho. Temos visões política diferentes. Com o tempo, isso me converteu em inimigo dele e, sob a ótica do seu governo, em delinquente.

ÉPOCA – O senhor tem esperança de retornar à Bolívia e retomar sua atividade política e empresarial?
Molina –
Nós, seres humanos, somos ligados aos lugares onde nascemos. Onde vivemos e crescemos sempre nos atrairá. Como boliviano, tenho a esperança de que este momento poderá ser superado, que a Bolívia voltará à tolerância, que a institucionalidade será recuperada e que poderemos retornar ao país, não somente eu, mas todos os bolivianos expulsos por qualquer motivo. Tenho esperança, sim.

ÉPOCA – O senhor chegou ao extremo de pensar em suicídio no tempo em seu asilo na embaixada brasileira?
Molina –
É preciso entender que eu estava sem acesso e contato com as pessoas. O ser humano necessita dessas relações. Eu passava dias, semanas e meses totalmente isolado, sem falar com ninguém. Sou um homem cristão e, pelo princípio cristão, nunca se mata. Mas, num determinado momento, comecei a pensar que poderia dar outra saída ao problema. Essa ideia passou pela minha mente de maneira muito forte.

ÉPOCA – Há democracia na Bolívia?
Molina –
A democracia boliviana está gravemente ameaçada. Em qualquer país do mundo onde não há respeito pela oposição, onde as instituições foram tomadas, onde as decisões verticais são diárias, onde o presidente é capaz de dizer quem é culpado e inocente e ditar sentenças, a democracia está ameaçada. Na Bolívia, não há instituições, não há independência entre poderes. Em meu país, a Justiça está totalmente tomada pelo poder executivo. Então, é difícil perseguir e prender a oposição e querer seguir sendo um regime democrático. Não creio que seja uma ditadura, mas que o sistema democrático esteja sob ameaça. Há repressão à oposição, há perseguição política, há intolerância em relação às pessoas que pensam diferente e há ainda o controle dos meios de comunicação.

25 de ago. de 2013

Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília

BRASIL - Bolívia
Senador Boliviano, asilado há um ano na embaixada do Brasil em La Paz, chega inesperadamente em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou em nota neste domingo que vai abrir um inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz e sua entrada em território brasileiro. Teria recebido ajuda do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro

Foto: Reuters

O senador boliviano Roger Pinto Molina. 53 anos, Parlamentar da província de Pando, líder do Partido opositor Convergencia Nacional

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, G1, El Diario, La Prensa, Folha de S. Paulo, Radio Erbol, El Deber

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil abrirá inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Moliina de La Paz e a sua entrada no território brasileiro, realizada na noite de sábado.

Molina, que é opositor do presidente Evo Morales, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano, desde 28 de maio de 2012. O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país. Pinto foi condenado a um ano de prisão na Bolívia por danos econômicos ao estado.

O senador e a oposição boliviana assegura que os processos são todos gerados pelo governo, em várias cidades do país, para dificultar a defesa, que na verdade desejava neutralizar a ação do senador que denunciou corrupção no governo e envolvimento de autoridades federais do alto escalão, com o narcotráfico. Por ironia ele é acusado também de corrupção e envolvimento com o narcotráfico

O senador não podia deixar a embaixada brasileira em La Paz, para vir para o Brasil regularmente porque o governo de Evo Morales lhe negava o necessário salvo conduto (documento necessário para que um asilado deixe a embaixada e consiga embarcar no aeroporto com destino ao país que lhe acolheu), com o argumento de que ele não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.


Os jornais da Bolívia noticiaram a "fuga" do senador

DILMA NÃO SABIA

Por meio de nota, o Itamaraty informou que está reunindo informações sobre as circunstâncias da viagem feita por Molina e que "tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis".

O encarregado de negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, será chamado a Brasília para esclarecimentos. Para poder se dedicar ao caso, o chanceler Antonio Patriota adiou uma viagem que faria à Finlândia.

Assim o governo Dilma deixa claro que não concordou com a vinda sem permissão do governo boliviano, do senador para o Brasil.

O governo da Bolívia considera que o senador fugiu de seu país como um "criminoso" e diz que espera uma explicação oficial do Brasil sobre os detalhes do ocorrido.

"Essa fuga, obviamente, tem que ser explicada e informada pelo governo brasileiro. Não sabemos exatamente como foi feita", disse à imprensa o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

No sábado, logo que a notícia vazou a Ministra da Comunicação, Amanda Davila, disse que se Pinto não estivesse mais na Bolívia, "seu status mudou de refugiado para foragido da Justiça, sujeito à extradição".

Foto: La Razon

A embaixada brasileira em La Paz, ontem à tarde, cercada por jornalista em busca de informações sobre o senador

VIAGEM

O senador boliviano Roger Pinto desembarcou à 1h10 deste domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Segundo a Globo News, Pinto deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e foi até Corumbá (MS), de onde seguiu para a capital.

Segundo o senador Ferraço, Pinto utilizou o carro da embaixada brasileira acompanhado de fuzileiros navais e viajou por 22 horas até Corumbá.

Já na cidade brasileira, ele foi recebido por agentes da Polícia Federal. Pinto embarcou em avião particular de familiares de Ferraço até Brasília, onde vai ficar no apartamento do senador brasileiro.

De acordo com Ferraço, a organização para a vinda de Pinto foi feita "em conjunto" entre as autoridades brasileiras, o que está sendo desmentido pelo Itamaraty.

Foto: Reuters

Pinto Molina "prisioneiro" na embaixada do Brasil em La Paz, era frequentemente visto na janela olhando a cidade

Questionado se temia o fato de ter vindo ao Brasil sem a Bolívia conceder salvo-conduto, documento que garante o livre trânsito em determinado território, e se isso atrapalharia as negociações para asilo político, Pinto preferiu não responder e disse "esperar um momento oportuno uma vez que conheça a decisão das autoridades".

"Espero que continue meu asilo, eu tenho asilo e espero que continue", disse Pinto cauteloso, asilados políticos não devem fazer qualquer pronunciamento que possa sugerir uma posição ou ataque político ao seu país de origem.

Ferraço afirmou que o Brasil já havia solicitado o salvo-conduto e trata-se de "uma iniciativa de soberania nacional" e que o país fez "gesto de solidariedade humana".

"À medida em que o governo brasileiro já tinha dado asilo e já tinha solicitado salvo-conduto e o salvo-conduto é de fato uma iniciativa de soberania nacional, eu não vejo qualquer problema na vinda dele para o Brasil que é, antes de tudo, um gesto de solidariedade humana. Foram 455 dias em condições absolutamente restritas e estamos diante de um perseguido político por ausência de democracia na Bolívia", afirmou o parlamentar brasileiro.

"Nos tempos mais difíceis, nas ditaduras mais duras daqui da América do Sul, como o caso do de Augusto Pinochet do Chile, todos os salvos-condutos foram concedidos portanto estamos diante de uma ditadura arbitrária", completou Ferraço.

Segundo Ferraço, Pinto veio na condição de refugiado. “Ele não é foragido. Ele foi recepcionado em Corumbá, adotou todos os procedimentos. O governo brasileiro já tinha concedido asilo político antes do salvo-conduto. Ele está acolhido no Brasil como refugiado, como perseguido político”, disse Ferraço.

"O importante é que ele está seguro, com sua vida preservada, portanto distante de qualquer tipo de perseguição politica como ele vinha sofrendo na Bolívia simplesmente era o líder da oposição e porque denuncia todo o envolvimento do narcotráfico na Bolívia", completou.

A mulher, os três filhos e quatro netos do senador boliviano também estão no Brasil. Eles chegaram meses atrás.

O senador temia ser detido em decorrência de algum dos mais de 20 processos que o governo boliviano move contra ele. O político é acusado de vários de crimes de corrupção no país.

Foto: Captura vídeo

A Globo News registrou a chegada do senador Pinto Molina no aeroporto de Brasília

EVO MORALES SUBINDO PELAS PAREDES

O índio Evo Morales deve estar irado. Se essa versão de uso de carro diplomático e escolta de fuzileiros navais, a um condenado da justiça, sem salvo conduto, a coisa fica grave, por se tratar de um ato evidente de violação de soberania nacional, do Brasil contra Bolívia.

Por mais que governo brasileiro se desculpe e explique que tudo foi planejado por um senador da base de apoio governista, nem Evo Morales, nem a opinião pública boliviana vai acreditar que isso tudo aconteceu sem a autorização de Dilma Rousseff, se fosse ao contrário nos juraríamos que o índio estaria por trás de tudo.

Evo Morales só ficaria satisfeito se Dilma devolvesse o senador Pinto a Bolívia, e isso ela não vai fazer, senão se desmoraliza.

17 de jul. de 2013

Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa

BRASIL - BOLÍVIA
Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa
Indignado e queixoso de ter sido "humilhado", na Europa, sob suspeita de dar fuga a um ex-agente da CIA, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, fizerá o mesmo no final do ano passado, quando invadiu, no aeroporto de La Paz, com cães farejadores, o avião da FAB, que conduzia o ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, que regressava de uma visita oficial. Desconfiara que um senador da oposição, asilado na embaixada do Brasil, estivesse à bordo.

Foto: Divulgação

Ministro da Defesa, Celso Amorim, farejado na Bolívia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Jornal do Brasil, Diário do Poder, Valor, Coturno Noturno

Meses antes de expressar repúdio pela retenção e revista do avião de seu presidente na Europa, sob suspeita de que levava o ex-agente da CIA Edward Snowden, o governo boliviano reteve e revistou a aeronave que levaria o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta ao Brasil após uma visita à cidade de Santa Cruz de la Sierra, no ano passado. A busca, feita inclusive com cães farejadores, aconteceu em meio a suspeitas de que Amorim levava a bordo o senador de oposição Roger Pinto, que está refugiado há mais de um ano na Embaixada do Brasil em La Paz.

O incidente ocorreu em 3 de outubro do ano passado, segundo as fontes, quando Amorim visitou a Bolívia para a doação de dois helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) ao país, para serem usados no combate ao narcotráfico.

Segundo as fontes do governo brasileiro, o Itamaraty emitiu uma nota de protesto pela vistoria do avião de Amorim. Uma das fontes afirma que, em resposta, os bolivianos "responderam com um pedido de desculpas". Outra fonte afirma que Amorim permitiu a revista do avião, que pertence à FAB. O incidente vinha sendo mantido em segredo pelos dois países.

Questionado , o Ministério da Defesa disse que não comentaria o assunto. Já o Ministério das Relações Exteriores disse que "a assessoria de imprensa não tem conhecimento dessa informação" [a vistoria do avião de Amorim e a nota de protesto].

Já o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia "não confirma nem nega" o incidente.

A informação vem à tona poucos dias depois da indignação expressada por quase todos os países sul-americanos com a retenção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Europa, no dia 3 de julho. Na ocasião, Itália, França, Espanha e Portugal fecharam seu espaço aéreo para o avião presidencial. Isso obrigou a aeronave a pousar na Áustria, onde ela foi revistada. O episódio ocorreu por conta da caçada promovida pelo governo americano a Snowden, que revelou no mês passado que o Washington monitora dados de internet e telefonemas para "combater o terrorismo". Os países europeus negaram que o incidente tivesse relação com Snowden.

O caso gerou uma reunião de emergência da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e foi destaque da agenda da cúpula do Mercosul, na semana passada. Reunidos em Montevidéu, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram convocar seus embaixadores nos quatro países europeus para consultas - uma medida diplomática que sinaliza um forte mal-estar entre os países, sem implicar rompimento das relações bilaterais.

O senador Roger Pinto chegou à embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio do ano passado. Alvo de mais de 20 processos judiciais, ele diz sofrer perseguição política após ter denunciado o envolvimento de altas autoridades do governo boliviano com o narcotráfico. Pinto pediu e recebeu asilo político da presidente Dilma Rousseff, mas permanece na embaixada, pois Morales se recusa a conceder-lhe um salvo-conduto para que ele deixe o local sem ser preso.

Brasil e Bolívia formaram uma comissão bilateral em março para tentar uma solução, mas a embaixada está alijada do caso. Para Morales, o embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, passou "informações incorretas" a Dilma a respeito do senador. A ministra da Comunicação boliviana, Amanda Dávila, chegou a chamar Biato de "porta-voz da oposição".

O mal-estar levou à troca do embaixador, a pedido de La Paz. Biato deve ir para a Suécia. Ele já recebeu o "agrément" de Estocolmo, mas seu nome ainda tem que ser aprovado pelo Senado brasileiro.


  COMENTAMOS:   

Estranho que Dilma Rousseff tivesse ocultado e absorvido mansamente mais essa estripulia humilhante de Evo Morales. Só agora vazada a contra gosto, pela imprensa.

O Coronel do Blog Coturno Noturno, lembra que "em 2002, em pleno pânico com ataques terroristas que tinham derrubado as Torres Gêmeas, a segurança americana, em estado de alerta máximo, revistava qualquer cidadão que chegasse ao país, fosse ele comum, tripulante de avião ou até mesmo diplomata. Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores de FHC, foi convidado a tirar os sapatos ao chegar aos EUA, para poder passar nos detectores de metais".

O episódio foi fartamente explorado por Lula e pelos petistas como uma desmoralização para o Brasil. Cobravam do então presidente Fernando Henrique uma providência diplomática agressiva, contra os Estados Unidos e até a demissão do ministro por não ter conseguido se impôr.

E agora?

5 de jul. de 2013

Depois dos contratempos na Europa, Evo Morales é recebido, com festa, em La Paz

BOLÍVIA – Incidente Diplomático
Depois dos contratempos na Europa,
Evo Morales é recebido, com festa, em La Paz
Depois de 14 horas de espera, o avião que transportava Morales, forçado a pousar em Viena obteve permissão de Portugal, Espanha, Itália e a França, de sobrevoar os seus territórios, que havia sido negado no dia anterior. Suspeitavam que Morales havia dado uma carona ao espião americano Snowden, procurado pelo EUA. Ao chegar em casa, Morales instou os países europeus a "libertaram-se do império americano". Disse que não bastarão as desculpas dos países europeus que proibiram o uso de seu espaço aéreo e anunciou que seu país tomará medidas diante de organismos internacionais.

Foto: Jorge Bernal / AFP

Evo Morales ganha colares e chuva de pétalas em seu retorno à Bolívia

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Folha de S. Paulo, Pagina Siete, La Razon, El Dia, El Pais

Depois de um voo de 17 horas entre Viena e La Paz e 14 horas parado no aeroporto da capital austríaca aguardando autorização para trafegar no espaço aéreo europeu, o presidente da Bolívia, Evo Morales, finalmente chegou ao seu país no início da madrugada de ontem. O boliviano atribuiu o incidente a uma conspiração orquestrada pelos EUA e disse que analisará o fechamento da embaixada americana em La Paz.

Abatido pela longa viagem, o presidente foi recebido como herói no aeroporto de El Alto, afirmando que "alguns países da Europa têm de se libertar do império americano". Portugal, França, Espanha e Itália impediram a passagem sobre seus territórios do avião que trazia Evo da Rússia, segundo o governo boliviano, em razão da desconfiança de que o ex-agente americano Edward Snowden - que revelou à imprensa detalhes sobre a espionagem dos EUA e é procurado pelas autoridades do país - estivesse a bordo.

"Não vão nos assustar porque somos um povo que tem dignidade e soberania", disse Evo diante de dezenas de correligionários que o esperavam no aeroporto, que cobriram o presidente com colares de flores, cachecóis tradicionais indígenas e papel picado.

Quando estava na Rússia para uma reunião de países produtores de gás natural, Evo declarou que analisaria um pedido de asilo político feito por Snowden. Horas depois de chegar à Bolívia, ele afirmou que não aceitará meros pedidos de perdão sobre o incidente diplomático.

"A posição firme que vamos assumir no governo nacional é se fazer respeitar, ante os organismos internacionais, as normas, os tratados internacionais. Não bastam somente as desculpas de algum país que não nos permitiu passar pelo seu território", disse Evo.

Na quarta-feira, o presidente da França, François Hollande, a gafe diplomática a "informações contraditórias", afirmando que, quando a presença de Evo foi confirmada na aeronave, sua passagem foi garantida. O chanceler francês, Laurent Fabius, lamentou o "contratempo". Os outros países que proibiram a passagem da comitiva boliviana, até ontem, não haviam comentado o incidente.

Cúpula

Em Cochabamba, a União de Nações Sul-Americanas fez ontem uma reunião para apoiar a Bolívia com a presença dos presidente de Argentina, Equador, Venezuela, Uruguai e Suriname, além de Evo.

"Um ministro de um país europeu me disse pessoalmente que pediriam desculpas porque foram informados pela CIA de que Snowden estava a bordo", disse o venezuelano Nicolás Maduro, que prometeu rever as relações de seu país com a Espanha.

"Pelo menos uma vez na vida, espero que peçam perdão pelo que fizeram", afirmou a argentina Cristina Kirchner. Segundo Evo, seu governo estudará o fechamento das representações diplomáticas dos EUA no país para evitar uma "conspiração interna". "Não precisamos de uma embaixada americana na Bolívia", disse.
Leia ainda no “thepassiranews”:
Avião de Morales proibido de sobrevoar França, Itália e Portugal..."

3 de jul. de 2013

Avião de Morales proibido de sobrevoar França, Itália e Portugal, por suspeita que Snowden estivesse a bordo

BOLIVIA
Avião de Morales proibido de sobrevoar França, Itália e Portugal, por suspeita que Snowden estivesse a bordo
Por pressão do governo americano, esses três países europeus proibiram a passagem e pouso do avião presidencial boliviano por seus territórios. Precisando abastecer no caminho para La Paz, o avião fez um pouso não programado, na Áustria, onde se verificou que a noticia era um boato. O jornal francês Le Figaro resumiu dizendo que os países sul-americanos, estavam enfurecidos com o grave incidente.

Foto: Heinz-Peter Bader/Reuters

Falando a imprensa em Viena, o Presidente Evo Morales disse, referindo-se aos Estados Unidos: ""Eu sinto que é uma desculpa para assustar, intimidar e advertir, especialmente um pretexto para silenciar-nos contra a política saques contra invasões e dominação."

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Terra, APA, Derstandard, Kurier, Vosizneias , ABC, Kurier, Panorama, The Peterborough Examiner, El Diario, La Prensa, Pagina Siete

Sob a suspeita de estar conduzindo no avião presidencial, como passageiro extra, o ex-consultor da CIA, Edward Snowden (com a cabeça posta a premio pelo governo americano), o presidente boliviano, Evo Morales ao regressar de Moscou, onde foi participar uma cúpula de países produtores de gás natural, passou pelo vexame de ter seu avião proibido de pousar e sobrevoar pelos territórios de Portugal, França e Itália.

A solução encontrada foi realizar um pouso emergencial na Áustria.

O avião presidencial boliviano é um modelo francês Dassault Falcon 900EX, que tem, segundo o fabricante, uma autonomia de voo de 8.800Km. Para fazer a rota Moscou-La Paz, que é de 12.500Km, a aeronave teria que necessariamente reabastecer, em território europeu, antes de iniciar a travessia do Atlântico rumo à Bolívia.

O governo boliviano, através do Ministério das Relações Exteriores, negou que o americano estivesse a bordo e disse que a decisão de Portugal e França foi devido à “soberana mentira”.

Mais tarde, o governo da Áustria confirmou que o ex-consultor da CIA não estava no avião. Especula-se que a autorização do governo austríaco para o pouso, incluía a exigência de que o avião fosse inspecionado por autoridades aduaneiras do país, para checar a possibilidade da presença do espião americano foragido, entre os passageiros, em algum compartimento da aeronave.

O chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, afirmou que Portugal e França colocaram a vida do presidente Morales em risco. "Queremos expressar nosso incômodo e mal-estar, porque pôs a vida do presidente em risco", disse em entrevista coletiva em La Paz.

Enquanto elaborava o plano de voo para regressar a La Paz, o comando do avião do mandatário boliviano, recebeu um comunicado, das autoridades portuguesas, que a autorização de sobrevoo e aterrissagem em Portugal estava cancelada, sem maiores explicações.

Foi então refeita rota com a programação de uma aterrissagem para reabastecimento, em território espanhol, nas Ilhas Canárias.

Foto: APA/EPA

O presidente da Áustria, Heinz Fischer, para minimizar o incidente, foi até o aeroporto prestar assistência a Evo Morales, que apesar dos pesares agredeceu a acolhida

Como o avião presidencial no ar, a França comunicou que a autorização de sobrevoo por território francês havia sido cancelada, inviabilizando o pouso na Espanha.

O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, afirmou que as decisões de Lisboa e Paris foram "tremenda ofensa" ao presidente Evo Morales. Patiño disse que pedirá uma "reunião extraordinária" de ministros das Relações Exteriores da União Sul-Americana de Nações (Unasul) para analisar o incidente com Morales e as denúncias de Snowden.

"Não é possível suspeitar que no avião de Morales viajasse o senhor Snowden, e tiveram o atrevimento de negar a um presidente de uma república sul-americana a passagem por seu espaço aéreo. Isto me parece uma tremenda ofensa". "Daqui enviamos nossa solidariedade ao presidente Morales e a rejeição do que ocorreu com ele".

Na noite desta terça-feira, o avião de Morales pousou no Aeroporto de Viena "sem Edward Snowden" a bordo, informou um funcionário do ministério austríaco das Relações Exteriores."

O presidente austríaco Heinz Fischer foi, cortesmente, até o aeroporto de Viena, encontrar-se com Evo Morales, segundo ele, para assegurar que o presidente boliviano recebesse tratamento condigno a um Chefe de Estado.

Durante sua estada em Moscou, o presidente Evo Morales, em entrevista a TV russa, disse que estava disposto a considerar um pedido de asilo político do americano Edward Snowden, que revelou os programas secretos de espionagem dos Estados Unidos e que está retido, com o passaporte americano cancelado, no aeroporto de Moscou.

Ninguém tem dúvidas que tanto Portugal quanto a França, receberam forte pressão do governo americano para proibir o pouso e o sobrevoo do avião presidencial boliviano.

O gesto é quase uma declaração de guerra, uma agressão inconcebível, a uma nação amiga.

Talvez os americanos, com o gesto, quisessem demonstrar que estão dispostos a jogar pesado com o país que aceitar dar asilo ao seu espião renegado. Exageraram ,porém, na dose. O que pode passar para o público interno e para a comunidade internacional, é a incompetência do serviço secreto EUA, que teria acionado as autoridades para bloquear o avião de Morales, baseado em boatos, que se revelaram falsos. Mais um vexame internacional patrocinado pelo governo Obama.

Foto: Patrick Domingo/AFP

O avião do presidente Evo Morales finalmente autorizado a decolar, rumo a Bolívia, às 05:30, de hoje, horário local, depois de quase 14 horas de permanência forçada no aeroporto de Viena, após terem sido revogadas as proibições de sobrevoo, impostos pelo governos da França, Portugal, Itália e Espanha, no dia anterior

22 de nov. de 2012

Evo paralisa a Bolívia para realizar censo demográfico

BOLÍVIA
Evo paralisa a Bolívia para realizar o censo demografico
A proposta do índio presidente Evo Morales é saber quantos bolivianos existem no país, fazendo um censo que dura apenas um só dia, nas zonas urbanas e dois dias nas, rurais. Para tanto estabeleceu uma espécie de "toque de recolher" com vigência de um dia, fazendo a população esperar em casa os recenseadores. Falta de formulários, protestos de comunidades indígenas e dificuldades em várias regiões por problemas de limites territoriais, pontuaram a realização do pesquisa. O presidente, no fim da tarde, disse que o censo foi um sucesso.

Foto: EFE

Recesseador entrevista boliviana no censo que durante sua realização foram proibida viagem, circulação pelas ruas das cidades e o consumo de alcool

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, El Deber, La Prensa, La Razon, El Diario, La Rázon, Pagina Siete

A Bolívia parou literalmente para a realização do primeiro Censo nacional em 11 anos, nesta quarta-feira.

O comércio permaneceu fechado, o tráfego de veículos foi restringido e cidadãos receberam a ordem de permanecer em casa para facilitar a contagem populacional.

O ministro do Interior boliviano, Carlos Romero, disse que 35 mil policiais foram encarregados de supervisionar o cumprimento da medida.

Segundo o Censo de 2011, a Bolívia possui 8,3 milhões de habitantes. Estima-se que, com a nova contagem, a população do país ultrapasse 10 milhões de pessoas.

Nesta quarta-feira, a maior parte dos bolivianos esteve proibida de circular pelas ruas e viajar. Comerciantes que decidissem abrir as portas seriam punidos com sanções econômicas.

O objetivo era que os moradores ficassem em casa para receber os recenseadores, cujo trabalho atualizará a última contagem populacional, feita em 2001.

O resultado do novo censo determinará a repartição de recursos financeiros do governo e a cota de representação política dos departamentos (Estados) nas instituições administrativas e Parlamento.

Foto: EFE

As ruas do país vazias, como se fosse uma cidade fantasma, patrulhada por policiais em busca de cidadãos que estivessem trangredidam a ordem do "toque de recolher"

As estimativas são que os maiores beneficiados devem ser o departamento de Santa Cruz, o motor agroindustrial do país, e a cidade de El Alto - um polo receptor de migrantes do campo.

Já os departamentos de Potosi e Oruro podem perder poder político e recursos, por serem fontes históricas de emigrantes para outras regiões do país e imigrantes para o exterior.

O censo também está causando polêmica no país devido à questão étnica. Os bolivianos terão que declarar aos pesquisadores com qual grupo étnico se identificam.

Isso gerou reclamações do grupo indígena Aymara, que fala uma das 34 línguas reconhecidas pelo governo no censo. Eles afirmam que a pesquisa não refletirá fielmente as subdivisões dentro da nação Aymara.

Analistas afirmam que o resultado final no censo deve ser a diminuição do número oficial de indígenas no país e o crescimento da população que se declara mestiça.

Como era de se esperar alguns problemas de infraestrutura como falta de formulários e despreparo de recenseadores foram registrados em todo o país.

No final do dia de ontem, o presidente Evo Morales descreveu a atividade como um censo bem sucedida pela "expressiva participação do povo boliviano e com o compromisso dos rescenceadores, porque os dados do censo serão utilizados para planejar o futuro da Bolívia."

Ele reconheceu que houve problemas em algumas comunidades por problemas de limites territoriais e questões com as populações indígenas .

O jornal “La Razon” publicou que foram registradas a prisão de 1.927 cidadãos por violar “a ordem da boa governação”, o decreto que previa o “toque de recolher”. Além da retenção de 1.240 veículos apenas por circularem pelas ruas.

Foto: El Deber

Algumas pessoas às vesperas do censo tiveram que regressar as suas comunidades para serem recenceadas no seu local de domicilio permanente, como mandava o decreto presidencial


20 de jul. de 2012

Guerra diplomática Brasil x Bolívia

BOLÍVIA - BRASIL
Guerra diplomática Brasil x Bolívia
O senador oposicionista boliviano, Roger Pinto Molina, abrigou-se na embaixada brasileira, em La Paz, desde 28 de maio, fugindo de assassinos dos carteis de drogas locais e ramificações mexicanas. O governo brasileiro concedeu-lhe asilo político com base no direito internacional. Evo Morales nega expedir o salvo conduto que permitiria a saída do político do país. Alega que o senador tem pendencia na justiça da Bolívia e que nestes casos o governo boliviano não pode reconhecer o asilo. O Brasil acatou o pedido do político por considerar que os movidos contra ele são de fundamento meramente políticos. O impasse está criado.

Foto: Gaston Brito/Reuters

Roger Pinto, um pastor da igreja Batista, senador há 20 anos, casado, pai de três filhas, líder da oposição boliviana no senado. Perseguido por Evo Morales e por assassinos internacionais, a serviço dos cartéis do narcotráfico, consegui asilo político na embaixada do Brasil, em La Paz

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Terra, Ultimo Segundo, BBC Brasil, La Razon, Folha de S. Paulo, Associated Press

O governo de Evo Morales está criando um incomodo incidente diplomático com o Brasil, ao não emitir um salvo conduto para que o senador de oposição Roger Pinto Molina, 52 anos, asilado na Embaixada do Brasil em La Paz, deixe o país. O político, ex-líder da oposição, está desde o dia 28 de maio, nas dependências da representação diplomática brasileira, onde se abrigou pedindo asilo político, dizendo perseguido pelo governo do seu país, correndo eminente risco de vida.

O governo brasileiro resolveu conceder o asilo ao senador, depois de examinar a questão, dentro dos padrões das convenções internacionais. Quando soube da decisão, o vice-presidente Álvaro Garcia Linera, que exercia a presidência, pois Evo estava no exterior, chamou a decisão brasileira de "desatinada". Mais tarde Morales preferia rotulá-la como "equivocada".

Evo Morales, desde então, descumprindo os mais elementares princípios do direito internacional, utiliza-se do expediente de não fornecer o “salvo conduto”, documento necessário para que o político asilado faça, sem riscos de ser detido pelas autoridades locais, o percurso desde a embaixada até o aeroporto, de onde partiria rumo ao Brasil.

Neste momento, a embaixada brasileira, transformou-se, para o senador Roger Pinto, em um presídio político, de onde não pode sair sem o risco de ser preso, ou morto.

Nesta quinta-feira, a ministra de Comunicação boliviana, Amanda Dávila, em nome do governo da Bolívia acusou o embaixador brasileiro no país, Marcel Biato, de fazer "pressões" para que entregue um salvo-conduto ao senador opositor Roger Pinto, insinuando que o embaixador estivesse comportando-se de forma inconveniente.

A manobra do governo Evo Morales é dificultar, de agora em diante, ainda mais a atuação do diplomata brasileiro que tem por obrigação defender os interesses do cidadão abrigado na embaixada, exigindo o cumprimento das normas internacionais.

Foto: La Rázon

DEBOCHADA - A ministra de Comunicação boliviana, Amanda Dávila, acusou o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de ansioso e comentou que ele tinha agora a obrigação de arcar com as consequências de ter aberto as portas da embaixada para o senador Pinto

A ministra diz que o embaixador está se utilizando a imprensa, para pressionar o governo, o que seria uma quebra das “normas diplomáticas vigentes".

Em declarações publicadas no jornal boliviano La Rázon, a ministra Dávila afirmou que não há a menor intenção do governo em conceder o salvo conduto, alegando que a constituição da Bolívia proíbe que o documento seja expedido. Diz-se basear no fato, de que o governo boliviano não pode aceitar um asilo político de uma pessoa que tem processos na justiça, por delitos graves.

Sem meias palavras disse que deplora as pressões do embaixador brasileiro em La Paz, acusando-o de se transformar num “porta-voz” político para forçar a Bolívia conceder o salvo conduto ao senador asilado.

NARCO GENERAL - Rene Sanadria, o homem de confiança de Evo Morales, encarregado de combater o tráfico, preso em Maimi, ao tentar entrar nos EUA, com 114 kg de cocaína
Os processo citados pela Ministra são todos movidos pelo próprio governo, ou por autoridades denunciadas pelo senador.

O senador Roger Pinto, enfureceu o governo de Evo Morales, ao acusa-lo de corrupção e conivência com o narcotráfico.

Confiados na influencia indevida que possuem sobre o poder judiciário os governantes bolivianos contra atacaram com ações judiciais tentando neutralizar, embaraçar ou prender o senador.

Segundo a imprensa local, o senador é processado desde “delitos florestais", "por danos econômicos ao Estado", corrupção e desacato ao vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera.

Os processos que propositadamente correm em diferentes e distantes pontos do país, submetia o senador a uma maratona desumana, atendendo convocações e intimações do ministério público e da justiça em Blanket, La Paz, Sucre e Santa Cruz, além de continuar cumprindo com as obrigações inerentes ao seu cargo de senador. Uma ausência, um prazo não cumprido, poderia resultar em condenação e prisão.

Na questão mais grave, no começo deste ano, o governo boliviano acusou formalmente o senador Roger Pinto, de “assassinato", por uma suposta responsabilidade em um massacre de camponeses em setembro de 2008 em Pando.

Pergunta-se porque o governo demorou quatro anos para tomar a iniciativa do processo. O senador não tem nenhuma ligação os fatos. A acusação diz que ele estimulou a reação violenta, quando defendeu que fossem tomadas providencias para conter os manifestantes, que estimulados por Evo Morales marchavam em direção a capital do Departamento de Pando, que era governado pelo oposicionista Leopoldo Fernández.

Num confronto com a polícia de Pando, morreram vários manifestantes. Por causa disso o então era o governador de Pando, Leopoldo Fernández, foi cassado e encontra-se na prisão, com acusações de cerceamento de defesa e ausência de provas nos autos de sua participação nos atos que resultaram na violência.

A determinação de perseguir o senador Pinto foi desencadeada após uma sequência de denúncias do parlamentar, sobre a corrupção de círculos governamentais e a crescente presença na Bolívia de cartéis mexicanos da droga, comentou o jornalista Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo.

Segundo ele, Pinto apresentou publicamente relatórios que dizia serem dos serviços de inteligência da polícia, redigidos por homens leais a Morales, mas que viam a "maciça penetração" criminosa no governo como uma traição à revolução prometida pelo presidente.

COCALERO - Evo Morales ornado com folhas de coca: apoiando abertamente os plantadores e secretamente os traficantes
As alegações de corrupção estavam centradas em oficiais ligados ao caso do general René Sanabria, que servira como chefe da unidade de elite antinarcóticos da polícia e fora assessor-sênior de inteligência do presidente e que foi preso e condenado, em 2011, em Miami, a 14 anos de prisão, por tráfico de drogas (mais exatamente, 144 quilos de cocaína).

Sanabria teria confirmado por ocasião da prisão, muitas das informações divulgadas pelo senador Pinto, entre elas a de que havia outros altos oficiais envolvidos no tráfico, que gozavam de proteção oficial.

Diante dos fatos, Evo Morales ao invés de determinação uma investigação para comprovar ou não as acusações do senador, voltou-se contra ele o acusado de sedicioso.

Como o parlamentar não se amedrontou e continuou falando, vieram as acusações de homicídio e as ameaças de morte.

Desde que Morales chegou ao poder, os cultivos de coca na Bolívia aumentaram de 25,4 mil a 31 mil hectares, segundo a ONU.

A Bolívia é o terceiro produtor mundial de coca e cocaína, depois de Colômbia e Peru, e o maior fornecedor dessas drogas para Brasil, Argentina, Chile e demais países do Cone Sul, acrescenta a mesma fonte.

Compreenda-se que a ameaça de morte que o senador sofreu, não foi uma possibilidade remota. Ele saiu correndo de casa e se abrigou na Embaixada brasileira, por que queriam matá-lo naquele instante. (Teria sido alertado por alguém influente do serviço secreto boliviano).

Se não estivesse com os assassinos ao seu encalço, teria sido mais conveniente uma fuga para o Brasil. O departamento (estado) que ele representa, limita-se com o Brasil. Na fronteira ele poderia pedir refugio, com os mesmos argumentos que pediu o asilo e não dependeria em nada de Evo Morales, para continuar no nosso país.

Hoje, os inimigos mortais do senador são criminosos poderosos ligados a cartéis de drogas, incluindo aí, os violentos e sanguinários traficantes mexicanos. A agravante é que essa gente teria teoricamente apoio do governo boliviano.

Roger Pinto Molina não está numa situação confortável, pode correr o risco de permanecer durante anos, morando na embaixada brasileira. Parte de sua família já emigrou para o nosso país, por questão de segurança.

Mesmo que consiga deixar o país, sua situação é delicada. Terá que abandonar sua carreia política, seus negócios e todos os seus interesses pessoais na Bolívia. Como asilado político, em território brasileiro não poderá dar entrevistas, manifestar-se ou em exercer qualquer atividade pública e política contra o governo boliviano.

Roger Pinto não é o primeiro, desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de dirigentes de oposição buscaram refúgio em Brasil, Paraguai, Estados Unidos, Peru e Espanha, entre outros países, após acusar o governo de perseguição política e argumentando que não teriam um julgamento justo na Bolívia.

11 de jul. de 2012

VEJA: “A república da cocaína”

BOLÍVIA
VEJA: “A república da cocaína”
Um relatório policial revela o encontro de um traficante brasileiro com o número 2 do governo boliviano e uma ex-miss Bolívia ligada ao governo de Evo Morales

Foto: Veja

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja - 09/07/2012, El Diario, La Razon, Reportero 24, Portal Terra

O presidente da Bolívia, Evo Morales, orgulha-se de ser um incentivador das plantações de coca, a matéria-prima de mais da metade da cocaína e do crack consumidos no Brasil, sob o argumento de que as folhas servem para produzir chás e remédios tradicionais.

Apenas um terço da coca plantada em seu país, contudo, atende a essa demanda inofensiva, segundo estimativa das Nações Unidas. O restante abastece o narcotráfico e, como consequência, contribui para corroer a vida de quase 1 milhão de brasileiros e de suas famílias.

Agora, surgem evidências de que a cumplicidade do governo boliviano com o narcotráfico vai além da simples defesa dos cocaleros, os plantadores de coca. VEJA teve acesso a relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana que revelam, entre outros fatos, uma conexão direta entre o homem de confiança de Evo Morales, o ministro da Presidência Juan Ramón Quintana, e um traficante brasileiro que atualmente cumpre pena na penitenciária de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná.

Maximiliano Dorado Munhoz Filho, o traficante brasileiro, que segundo Veja, recebeu secretamente autoridades bolivianas
Um dos documentos, intitulado Apreensão de Fugitivo Internacional e assinado com o codinome Carlos, descreve como os agentes bolivianos identificaram a casa do brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho, em 2010.

Max, como é chamado, e sua gangue possuíam fazendas em Guajará-Mirim e em outras oito cidades de Rondônia, onde recolhiam a droga arremessada por aviões bolivianos. Por mês, o bando de Max interceptava 500 quilos de cocaína, que depois eram levados para São Paulo e Rio de Janeiro.

O traficante fugira da cadeia de Urso Branco, em Rondônia, em 2001, e suspeitava-se que estivesse escondido na Bolívia. De fato, ele mantinha um imóvel na Rua Chiribital, esquina com Pachiuba, em um bairro nobre de Santa Cruz de la Sierra. No dia 18 de novembro de 2010, às 2 da tarde, os policiais que vigiavam o imóvel presenciaram uma cena bombástica. Quintana, hoje o segundo homem mais poderoso da República, apareceu na companhia de Jéssica Jordan, de 28 anos, famosa no país por ter sido eleita miss Bolívia apenas quatro anos antes.

Ambos tinham, então, cargos de confiança em órgãos estatais. Quintana era diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças. Jéssica, cinco meses antes, fora indicada pelo vice-presidente Álvaro Garcia Linera para o posto de diretora regional de Desenvolvimento no estado de Beni, departamento que faz fronteira com Rondônia e por onde entra no Brasil boa parte da droga boliviana. Quintana e Jéssica entraram na casa de Max de mãos vazias e saíram de lá vinte minutos depois com duas maletas 007. Não se sabe o que havia nelas.

O poderoso ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, visto, segundo relatórios da polícia boliviana, visitando o traficante brasileiro
Dois meses depois do encontro com os integrantes do governo de Morales, Max foi detido em uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira com alguns membros escolhidos a dedo no serviço de inteligência boliviano e levado ao Brasil.

Quintana, por sua vez, foi nomeado por Evo Morales no ano seguinte para comandar a Pasta da Presidência, o equivalente à Casa Civil brasileira, posto que ele já havia ocupado entre 2006 e 2009. O relatório do agente Carlos sobre o encontro entre os membros do governo e o traficante brasileiro faz parte de uma série de documentos vazados para a imprensa boliviana e americana por um político do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales. Para o autor do vazamento, o governo não cumpriu a promessa de melhorar a vida dos pobres e indígenas da Bolívia. Evo Morales venceu duas eleições presidenciais propagando-se como um candidato defensor dos índios. A maioria deles, porém, está insatisfeita.

Desde que Morales tomou posse, houve um aumento de 22% na área de cultivo de coca no país. Enquanto a Colômbia, que nos anos 80 cultivava e refinava 90% da cocaína consumida no mundo, combateu os cartéis e reduziu a produção, a Bolívia e o Peru viram sua participação nesse mercado crescer. Hoje, respondem por metade das drogas derivadas das folhas de coca.

Fábricas de cocaína, que até então não existiam na Bolívia, começaram a aparecer às centenas. Cartéis colombianos, mexicanos e o PCC brasileiro operam no país. Ao verem o crescimento do crime organizado e as portas da política fechadas para seus representantes, indígenas e sindicalistas passaram a criticar abertamente Morales.

No mês passado, policiais entraram em greve por melhores salários. Há duas semanas, uma nova marcha de índios chegou a La Paz para impedir a construção de uma estrada em um parque ecológico indígena, o Isiboro Sécure. O projeto, que liga “dois povoados sem povo”, segundo os bolivianos, visa a abrir uma nova fronteira para a plantação de coca, pois a produtividade na região vizinha do Chapare, o principal reduto de Morales e onde 90% das folhas viram droga, está em queda.

Jéssica Jordan , ex- miss Bolivia, mulher de confiança de Evo Morales, saiu com uma valise, que não havia levado, do encontro com o traficante brasileiro.
Quintana — olha ele aí de novo - não se cansa de atacar os índios contrários à estrada, ao mesmo tempo em que defende os cocaleros. Ex-militar, ex-araponga que recebeu treinamento americano e ex-assessor do ministro da Defesa do presidente Hugo Banzer (1997-2001), Quintana também é o autor de algumas das declarações mais antiamericanas do governo Morales.

Atribui-se a ele a ideia, acatada por Morales, de expulsar do país os agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), o órgão americano de combate ao narcotráfico que pagava a gasolina e parte do salário dos policiais bolivianos do setor de entorpecentes.

Não é de estranhar que essa medida tenha saído da cabeça do homem que divide com o vice-presidente Álvaro Garcia Linera a tarefa de administrar as relações do governo boliviano com o presidente venezuelano Hugo Chávez.

Os relatórios que revelam os laços comprometedores do governo boliviano com traficantes foram feitos por agentes simpáticos a Morales, estupefatos com a incapacidade do presidente de perceber a podridão à sua volta.

“Os esforços que faz nosso amigo irmão Evo para erradicar a corrupção caem em um saco furado, e isso pode ser usado pela oposição para manchar a sua honra’’, elucubra um policial de codinome Confúcio.

Um dos documentos revela que Raúl Garcia, pai do vice-presidente Linera, era viciado em cocaína e teria influenciado na escolha do diretor da alfândega do aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, por onde sai boa parte da droga com destino ao Brasil. “Alguns narcotraficantes colombianos que asseguram ter dado um apartamento em Santa Cruz ao pai do vice-presidente em troca de proteção para que saiam alguns aviões de Santa Cruz dizem ter provas disso”, afirma-se em um dos relatórios confidenciais.

Raúl Garcia morreu de infarto no ano passado. "A crescente atuação dos narcotraficantes brasileiros na Bolívia foi facilitada por inúmeros fatores, entre os quais possibilidade de negociar com membros do governo”, diz Douglas Farah, especialista americano em tráfico de armas e drogas que está analisando todos os documentos confidenciais vazados pelo político do MAS.

Não há dados, até momento, que ajudem a esclarecer se Evo Morales está apenas mal-acompanhado ou se tem participação direta em negócios de seu governo com o narcotráfico. No mínimo, ele finge não haver nada de errado. Nenhuma investigação foi aberta depois que a oposição levou ao governo os documentos comprometedores. Em vez disso, tenta-se punir os mensageiros.

O senador Roger Pinto, por exemplo, que em março de 2011 teve ousadia de levar ao Palácio Quemado uma cópia do relatório sobre o encontro de Quintana e Max, entre outros papéis com denúncias, foi acusado de corrupção por Morales e acabou recebendo asilo político na Embaixada do Brasil em La Paz, há um mês. Até sexta-feira passada, ele não havia recebido salvo-conduto do governo boliviano para embarcar em um avião com destino ao Brasil.


REPERCUSSÃO

Foto: Associated Press

Mulheres bolivianas comemorando a safra de folha de coca durante o chamado "Dia Nacional de folha de coca para mascar" em La Paz, Bolívia.

A reportagem da Veja repercutiu fortemente na imprensa boliviana. O governo de Evo Morales quer transformar a história em ofensa ao povo boliviano.

Segundo a maioria das publicações o novo embaixador da Bolívia, no Brasil, nesta quarta-feira, o político socialista Jerjes Justiniano, vem com a missão de exigir uma retratação da revista "Veja" por, segundo ele, "difamou" funcionários do governo do presidente Evo Morales. Caso a publicação brasileira não o faço será acionada judicialmente.

"É uma responsabilidade que tenho que assumir imediatamente, porque estão envolvidos funcionários do Estado. O que a "Veja" fez, através de seu título e em seu artigo, é uma agressão ao Estado boliviano", declarou Justiniano, que substitui o jornalista José Alberto González.

Justiniano afirmou que demonstrará que a matéria intitulada "A República da cocaína" é "uma mentira grosseira" que tem como único interesse fazer dano ao Estado boliviano e ao governo Morales.

O político também disse que mostrará às autoridades brasileiras e à revista provas de que nunca aconteceu tal reunião, por isso pedirá uma retratação ou iniciará uma ação judicial.

O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, o principal acusado na reportagem da Veja, foi quem apresentou hoje, Justiniano, como novo embaixador do Brasil. Na ocasião negou veementemente as acusações contidas na revista Veja.

O que se comenta nos meios jornalísticos brasileiros, é a que a Veja, publicou apenas uma pequena amostra do material explosivo que possui dessa relação cocaína, governo boliviano. Esperemos os próximos capítulos.


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8 de jul. de 2012

Democracia na América do Sul: perguntas incômodas

OPINIÃO
Democracia na América do Sul: perguntas incômodas
“Seria o impeachment de Lugo mais grave do que o desrespeito de Hugo Chávez aos resultados do referendo de dezembro de 2007?”
“Seria mais grave o rito sumário que marcou a destituição de Lugo do que a aprovação da nova Constituição da Bolívia, em novembro de 2007, num quartel militar cercado por tropas e militantes fiéis a Evo Morales, sem a presença dos parlamentares da oposição?”

Foto: Reuters

“Que Chávez, Evo, Correia e Cristina se lancem à condenação do Paraguai não é difícil de entender. Mais complicado é compreender a posição do Brasil”

Postado por Toinho de Passira
Texto de Sergio Fausto
Fonte: O Estado de S.Paulo - 07/07/2012

Por que a destituição do presidente Fernando Lugo mereceu resposta tão contundente dos países da região, quando agressões, se não à lei, ao menos ao espírito da convivência democrática, foram recebidas com silêncio obsequioso por parte dos que hoje se insurgem contra "o golpe das elites paraguaias"?

Seria o impeachment de Lugo mais grave do que o desrespeito de Hugo Chávez aos resultados do referendo de dezembro de 2007? Esqueceram-se de que no ano seguinte o presidente venezuelano promoveu, por decreto, parte das mudanças rejeitadas pela maioria do eleitorado do país naquela que Chávez considerou "una victoria de mierda" das oposições ao seu governo?

Seria mais grave o rito sumário que marcou a destituição de Lugo do que a aprovação da nova Constituição da Bolívia, em novembro de 2007, num quartel militar cercado por tropas e militantes fiéis a Evo Morales, sem a presença dos parlamentares da oposição? Seria o ato do Congresso paraguaio mais grave do que a decisão tomada por Rafael Correa, no início de seu mandato, permitindo à futura Assembleia Constituinte, onde estava seguro de ter a maioria, dissolver o Parlamento recém-eleito, onde se encontrava em minoria?

Por que tanta presteza em condenar o Paraguai, quando há anos se assiste sem protesto algum à sistemática deformação das instituições democráticas na Venezuela sob o rolo compressor de Chávez, processo replicado em maior ou menor medida na Bolívia e no Equador? O que representa maior ameaça à democracia na região, um episódio confinado às fronteiras nacionais do mais pobre país da América do Sul ou a vocação expansiva da "revolução bolivariana", cujo epicentro é um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo e um líder com recursos e disposição para pisotear o princípio da não intervenção nos assuntos domésticos de outros países?

Para justificar tão surpreendente zelo com a pureza do espírito democrático se elaborou às pressas a teoria de que a destituição de Lugo representaria o ensaio local de uma nova modalidade encontrada pelas elites da região para se livrar de governos nacional-populares.

A ideia de que o "neogolpismo" é uma espécie de hidra, com várias cabeças, serve aos interesses maiores de Chávez, Correa e Evo. Presta-se a legitimar o acosso a que submetem os seus adversários internos, tratados como inimigos do povo e lacaios da elite, quando não fantoches do "império" (os Estados Unidos). Nada como inflar ou fabricar ameaças para justificar arbitrariedades. Não foi para se defender dos supostos planos de invasão americana que Chávez armou uma milícia popular sob seu comando direto, com a distribuição de milhares de fuzis, sem que tal aberração merecesse sequer um reparo dos zelosos democratas de hoje?

Também na Argentina se vê a captura do Estado por um grupo político que atribui a si próprio um papel redentor do povo e da nação, confrontando adversários como quem combate inimigos. Comum a todos esses líderes redentores é a utilização do discurso maniqueísta povo versus elite, o que não os impede de ser ou pretender ser, além de heróis do povo, chefes de uma nova elite que se vai erguendo politicamente e enriquecendo financeiramente sob as asas de seus governos.

Há mais do que afinidades políticas na aliança entre esses quatro líderes políticos. Existe entre eles uma ampla zona cinzenta em que se misturam negócios, assistência governamental e financiamento de campanha. Morales financiou o programa "Bolívia Cambia, Evo Cumple" (e sabe-se lá o que mais) com recursos transferidos por Chávez sobre os quais nem este nem aquele prestam contas a ninguém. Em meio à primeira campanha de Cristina Kirchner para a presidência, uma mala com US$ 800 mil em dinheiro vivo foi encontrada em mãos de um empresário próximo ao governo chavista, num avião fretado em que viajavam funcionários de alto escalão da petroleira venezuelana, PDVSA, e da estatal argentina de energia, Enarsa. Cinco anos e três juízes depois, a Justiça argentina ainda não esclareceu o caso.

Que Chávez, Evo, Correia e Cristina se lancem à condenação do Paraguai não é difícil de entender. Mais complicado é compreender a posição do Brasil. Marcamos diferença importante ao não embarcar na canoa das sanções econômicas. Mas patrocinamos a manobra oportunista que permitiu incorporar a Venezuela ao Mercosul na esteira da suspensão do Paraguai.

O Brasil perdeu uma oportunidade para marcar, sem alarde, fisionomia própria em matéria de compromisso com a democracia na região. Bastava não aceitar o ingresso da Venezuela nessas circunstâncias. De pouco vale ter mais da metade do PIB da região se na hora de exercer liderança política nos apequenamos.

Presidentes deixam sua marca na política externa em horas assim. Dilma poderia ter-se diferenciado de seu antecessor, sempre solicito no apoio político aos companheiros da vizinhança. Mas isso suscitaria comparações com Lula e irritaria o PT.

A questão não é só de política externa. Vale ler o artigo assinado pelo secretário-geral do partido, Elói Pietá, publicado no site oficial da legenda logo após o impeachment de Lugo. A chamada do artigo é eloquente: "Mesmo com toda a sua força e grandeza, o Brasil também sofreu as tentações de um golpe do Congresso Nacional contra o Presidente Lula". Sobre o "neogolpismo das elites" o secretário-geral explica: "As elites ricas, onde hoje não controlam o Executivo, voltaram a ter no Parlamento Nacional seu principal ponto de sustentação institucional. Além disso, através da poderosa mídia privada, seu principal guia ideológico e voz junto ao povo, elas continuamente instigam a opinião pública contra os governos populares".

A decisão brasileira de punir o Paraguai para premiar a Venezuela é tributária dessa visão de mundo. Uma é inseparável da outra.


*Sergio Fausto é Diretor Executivo do iFHC e membro do Gacint-USP
E-MAIL: sfausto40@hotmail.com