29 de ago. de 2013

Patriota foi informado na véspera, pelo diplomata Eduardo Saboia, da operação de fuga do senador boliviano

BRASIL -
A operação de fuga do senador boliviano era do conhecimento do ex-Ministro Antonio Patriota
O diplomata Eduardo Saboia informou na véspera, a Patriota, da pretensão de executar a fuga do senador boliviano. Desconfiada Dilma teria demitido o chanceler, por achar que ele ficou pouco indignado com a ação do diplomata "rebelde" e agia “como quem não entendesse a gravidade da situação”

Foto: Antonio Cruz/ABr

A presidenta Dilma Rousseff e novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, no lugar de Antônio Patriota, durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog do Camarotti, Terra , Agência Brasil

O jornalista Gerson Camarotti diz que o editor de economia do Jornal das 10, da GloboNews, João Borges, soube por fontes seguras que o diplomata Eduardo Saboia, encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, teria enviado uma mensagem para o ex-ministro de Relações Exteriores Antonio Patriota, na quinta-feira, 22 de agosto, um dia antes da operação deflagrada para trazer ao país o senador boliviano Roger Pinto Molina.

No comunicado a Patriota em que dizia que diante da piora do quadro do senador Molina, não restava a ele, como responsável pela embaixada, outra alternativa a não ser a remoção do parlamentar para local seguro com objetivo de tratar da saúde.

Saboia teria citado, inclusive, já ter os meios de transporte adequados para fazer a remoção em segurança. Ao final da mensagem, o diplomata teria enfatizado que o presidente da Bolívia, Evo Morales, certamente compreenderia a operação, pois, tendo sido vítima recentemente de uma tentativa de vistoria do avião presidencial em países da Europa, quando retornava de uma viagem a Moscou, tornou-se um ardoroso defensor da imunidade e da inviolabilidade das instalações e meios de transportes dos diplomatas.

Ou seja, Patriota soube, com a antecedência devida, o que iria acontecer, se não deu autorização, não tentou impedir a ocorrência. É bem verdade que o diplomata não teria revelado que estava disposto a por em prática a ideia no dia seguinte. Mas por certo, o fato de ter informado ao chanceler, foi um fator de encorajamento, em realizar a aventura.

Foto: Antonio Cruz/ABr

Dilma acabou sabendo que Antonio Patriota sabia, antecipadamente, da possibilidade da fuga do senador boliviano

Informada ou não desses fatos, interlocutores presidenciais dizem que a presidente Dilma Rousseff decidiu demitir o ministro Antonio Patriota do comando da pasta de Relações Exteriores ao perceber que ele não estava indignado o suficiente com a operação que trouxe o senador boliviano Roger Pinto para o Brasil. Isso ficou claro na conversa que os dois tiveram na última noite no Palácio do Planalto, antes do afastamento do ministro.

Nas palavras da fonte presidencial, Dilma há muito tempo já estava incomodada com o assunto. Ela havia ficado contrariada com o fato do senador boliviano ter entrado na Embaixada do Brasil, em La Paz, sem ter sido consultada no ano passado.

“O Patriota parece que não entendeu a gravidade do problema. Esse era um tema muito delicado para Dilma”, observou essa fonte ao Blog do Camarotti.

No sábado, quando o senador Roger Pinto Molina já estava em Corumbá, Dilma foi avisada por Patriota. Segundo relatos, ele disse que a situação do boliviano estava resolvida, apesar de não ter sido da melhor maneira.

O clima de contrariedade no Palácio do Planalto tomou conta com a entrevista do diplomata Eduardo Saboia ao Fantástico, da Rede Globo, em que reagiu à nota divulgada pelo Itamaraty.

“Não houve qualquer contestação de Patriota”, observou o interlocutor de Dilma. Para o Planalto, com esse gesto, o comando do Itamaraty avalizou a decisão do encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em La Paz.

Agora o Palácio do Planalto tenta dar por encerrado o episódio, considerando que é natural o “jogo de cena” do governo boliviano e que o presidente Evo Morales peça o retorno do senador à Bolívia.

É verdade, por exemplo, que o próprio Evo chegou a propor três vezes a solução de fuga do senador boliviano e, em todas as ocasiões, ela negou e solicitou o salvo-conduto.

Depois dos discursos desta quarta, no Itamaraty, durante a cerimônia de posse do novo ministro, a ordem é “baixar a poeira” e não fazer estardalhaço.

Continuará o processo que apura a conduta do diplomata Eduardo Saboia, que não deve receber uma sanção extrema, mas uma advertência; o ex-chanceler Antonio Patriota ficou bem resolvido com o cargo na ONU; e o senador boliviano deve permanecer no Brasil, desde que calado. Ele já foi alertado para não fazer novas declarações políticas porque isso poderá prejudicar sua estada no país.

A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Bolívia, Evo Morales, se reunirão amanhã, sexta-feira (30), em Paramaribo, capital do Suriname, onde estarão para a reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O encontro bilateral servirá para os chefes de estado encontrarem uma forma de administrar a crise criada com a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina.

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