25 de ago. de 2013

Médico cubano, repetindo o que Raúl Castro mandou: 'Não interessa o salário, trabalhamos por amor!'

BRASIL - Mais Médicos Cubanos
Médico cubano, repetindo o que Raúl Castro mandou: 'Não interessa o salário, trabalhamos por amor!'
Repasse da remuneração para governo cubano, ao invés de pagar cada medico individualmente é um dos pontos polêmicos do programa Mais Médicos do governo Federal, na questão de importação de médicos de Cuba. No aeroporto do Recife questionado sobre o percentual que vão receber, muito aquém do que vai ser pago pelo governo brasileiro, o médico cubano, Nelson Rodrigues, 45 anos, repetiu a cantilena socialista que lhe mandaram dizer: "somos médicos por vocação, não interessa um salário, fazemos por amor". Não é lindo?

Foto: Igo Bione/JC Imagem

Médicos cubanos desembarcaram no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, em clima de festa com bandeiras do seu país e do Brasil

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão , G1, R7, Agência Brasil

Os médicos cubanos chegaram ao Recife, às 14h30 destes sábado, pela companhia “Cubana de Aviación”, num voo direto de Havana, fretado pelo governo caribenho, as 14h30. Eram 226, trinta ficaram no Recife e os 176 restantes seguiram para Brasília. Vestidos com jalecos brancos, surgiram no saguão de desembarque acenando festivamente bandeirinhas brasileiras e cubanas. Agradeceram as boas vindas de integrantes de diversos movimentos sociais que os aguardavam no terminal de passageiros - 20 integrantes da União da Juventude Socialista (UJS) e da União de Estudantes Metropolitanos Secundaristas (Ubes) - os mesmos grupos que vieram ao Aeroporto dos Guararapes, em fevereiro, para hostilizar a blogueira cubana Yoani Sanchez.

Segundo informação da Ministério da Saúde todos os profissionais cubanos vindos trabalhar no programa Mais Médicos são especialistas em medicina da família e já participaram de outras missões internacionais, inclusive em países de língua portuguesa.

"Nós chegamos hoje para trabalhar no Brasil por pedido da Opas, e espero ajudar junto com médicos brasileiros. Queremos garantir à população carente nossa trabalho em atenção básica, como temos feitos em outros países em outros momentos, como Haiti, Venezuela, Paquistão, Guatemala, Honduras. Nossa motivação é a solidariedade", disse a médica Milagrosa Cárdenas Lopez, 61.

"Nós somos médicos por vocação, não por dinheiro, não nos interessa o salário, fazemos o trabalho por amor." A afirmação é do médico cubano Nelson Rodriguez, 45 anos, que chegou neste sábado (24), ao Recife, e logo foi questionado sobre o salário que receberá pela atuação no Brasil através do programa Mais Médicos. Claro que o governo Castro mandou um pessoal bem afinado com o regime, com porta vozes escalados e um discurso ensaiado.

Foto: Igo Bione/JC Imagem

A turma que hostilizou blogueira cubana Yoani Sanchez, agora em menor número e menos ruidosos, veio dar as boas vindas aos médicos cubanos.

A polêmica é que os profissionais cubanos foram contratados coletivamente por meio de um acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a quem o Brasil vai repassar a remuneração individual mensal de R$ 10 mil. O dinheiro será encaminhado para o governo caribenho, que será responsável por pagá-los, retendo uma parte não informada.

O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, que recebeu o grupo que desembarcou no Recife, afirmou não saber quanto dos R$ 10 mil ficará com os médicos e quanto irá para o governo cubano.

"Há uma perspectiva de outros convênios [de Cuba com outros países], onde médicos cubanos ficam com 25% a 40% do salário e cada profissional pode receber uma quantia diferente, dependendo do custo de vida do local. Essa relação trabalhista é [responsabilidade] da Opas e do governo cubano", disse. Também treinado pelo Ministério da Saúde, para dá a mesma resposta evasiva. O valor total do acordo com a Opas é de R$ 511 milhões até fevereiro de 2014.

Perguntado sobre quanto ganha em Cuba, Rodriguez não informou valor, apenas afirmou que era "suficiente". O sistema de pagamento dos médicos cubanos é diferente dos profissionais brasileiros e estrangeiros que se inscreveram de forma avulsa no programa, que receberão o salário diretamente do governo brasileiro.

Além do salário, também serão fornecidos aos cubanos os demais benefícios oferecidos a aprovados no Mais Médicos (auxílio-moradia e alimentação), pagos pelas prefeituras que os receberão.

Ao longo de três semanas, os cubanos ficarão em um alojamento do Exército no Recife e serão diariamente levados para o campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do estado. Lá, farão o módulo de avaliação do programa sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa, junto com os demais estrangeiros e brasileiros formados no exterior que se inscreveram no programa.

Foto: Igo Bione/JC Imagem Luna Markman / G1

Médica Milagros Lopez, ao centro, destacou experiência dos colegas em missões internacionais

Após a aprovação nesta etapa, a partir de 16 de setembro eles serão encaminhados para atender a população em unidades básicas de saúde de diversos municípios carentes selecionados pelo governo brasileiro. A distribuição ainda está sendo estudada, mas sabe-se que são lugares com baixos Índices de Desenvolvimento Humano, cidades que não foram escolhidas por nenhum médico brasileiro e estrangeiro na etapa de chamamento individual do programa.

A médica cubana Natacha Romero Sanchez, 44 anos, destacou o viés humanitário do acordo. "Esse programa é muito humano, solidário e importante, foi isso que nos motivou a vir. Os médicos cubanos são formados com humanismo e solidariedade. Estamos muito contentes e felizes, queremos colaborar com o SUS [Sistema Único de Saúde] brasileiro. Nos falaram que é um país grande, com boas condições humanas e econômicas, e queremos trabalhar para melhorar os indicadores [de saúde]", disse.

Os cubanos também comentaram sobre a rejeição por parte dos médicos brasileiros à contratação dos médicos estrangeiros, alegando que eles não precisarão fazer a revalidação do diploma para trabalhar no País.

Queremos trabalhar para melhorar os indicadores de saúde", disse a médica cubana Natacha Sanchez
"Nós não vamos mudar nenhum sistema social, mas contribuir, assim como temos feitos com países pobres na África, Ásia e América. Acho que é um benefício para todos que precisam de atenção médica primária adequada", afirmou Milagros Lopez. "Queremos trabalhar junto com os médicos brasileiros, aprender com eles", complementou Nelson.

A concessão de registro profissional desses profissionais de Cuba segue a regra fixada para os demais estrangeiros que trabalharão no Mais Médicos: eles terão autorização especial para trabalhar por três anos, exclusivamente nos serviços de atenção básica em que forem lotados no âmbito do programa. Em Pernambuco, o Conselho de Medicina afirmou que, sem a revalidação do diploma, não emitirá registro profissional nem para médicos estrangeirou ou para brasileiros formados no exterior.

O acordo prevê, até o final do ano, a chegada de 4 mil médicos cubanos. Segundo Mozart Sales, o programa recebeu 400 pedidos por médicos em Pernambuco e, até o momento, só 74 vagas foram preenchidas.

Neste domingo (25), outro grupo de 194 médicos cubanos chega em voo que fará escalas em Fortaleza e Recife antes de chegar a Salvador. Em Fortaleza, os profissionais desembarcam no Aeroporto Internacional Pinto Martins às 13h20. No Recife, eles chegam às 16h05 no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre. E em Salvador, os médicos desembarcam às 18h50, no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães.

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