21 de ago. de 2013

A 'luz engarrafada', invenção de um brasileiro, ilumina, de graça, milhões de lares pobres do planeta

BRASIL – Ecologia
A 'luz engarrafada', invenção de um brasileiro,
ilumina, de graça, milhões de lares pobres do planeta
Alfredo Moser, um mineiro de Uberaba, poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo. Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas em pouco tempo. Já há quem fale em Prêmio Nobel para o mineiro inventor.

Foto: BBC

Criador e criatura: Moser criou a lâmpada durante a série de apagões que o Brasil enfrentou em 2002

Postado por Toinho de Passira
Baseado numa reportagem de Gibby Zobel para o serviço mundial da BBC
Fontes:  New York Daily News, BBC Brasil, Times of India, Huffington Post, Opinionator Blog, Facebook – Liter of Light, Aljazeera

Em 2002, o mecânico, Alfredo Moser, da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de 'eureka' quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de apagão rotineiro, que se repetiam inconvenientes nos idos de 2002. Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.

Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a 'luz engarrafada'.Mas afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol numa garrafa pet de dois litros cheia d'água.

"Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser.

Moser protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água.

"Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor.

Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.

"Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser.

Foto: Facebook – Liter of Light

A ideia de Moser já é utilizada em mais de 15 países onde energia é escassa, Na foto, "lâmpadas" sendo instaladas numa comunidade indígena nas Filipinas

APAGÕES

A inspiração para a "lâmpada de Moser" veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. "O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas", relembra.

A ideia nasceu de uma conversa mineira num roda de amigos. Debatiam como conseguiriam fazer uma fogueira, sem fósforo. Então o chefe do inventor sugeriu utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e assim provocar fogo.

A ideia ficou evoluindo na mente de Moser que então começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida.

Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.

Foto: Jay Directo/AFP/Getty Images

Em Manila, militares ajudam a iluminar, com as "lampadas do mineiro, casa de uma favela.

QUANTO GASTA DE ENERGIA?

As lâmpadas feitas com as garrafas plásticas não necessitam de energia para serem produzidas, já que o material pode ser coletado e reaproveitado pelos moradores da própria comunidade.

A 'pegada de carbono' - unidade que mede o quanto de CO2 é dispensado na atmosfera para se produzir algo - de uma lâmpada incandescente é 0,42kg de CO2.

Uma lâmpada de 50 watts, ligada por 14 horas por dia, por um ano, tem 'pegada de carbono' de quase 200kg de CO2.

As lâmpadas de Moser também não emitem CO2 quando 'ligadas'.

"Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta Moser.

Foto: BBC

Moser afirma que a lâmpada funciona melhor se a boca for coberta por fita preta

PELO MUNDO

O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro.

Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.

"Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.

Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade.

Mas parece que ela não é a única que admira o marido inventor.

Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação beneficente MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.

Foto: Facebook – Liter of Light

llac Angelo Diaz, diretor fundação "MyShelter", instalando "lâmpadas" em 140 mil casas

A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.

Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido "quantidades enormes de garrafas".

"Nós enchemos as garrafas com barro para criamos as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazermos as janelas", conta.

"Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: 'Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados'", relembra Diaz.

Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganharem uma pequena renda.

Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.

As luzes 'engarrafadas' também chegaram a outros 15 países, dentre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.

Diaz disse que atualmente pode-se encontrar as lâmadas de Moser e comunidades vivendo em ilhas remotas. "Eles afirmam que eles viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da idéia".

Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, utilizando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas.

Diaz estima que pelo menos um milhão de pessoas irão se beneficiar da ideia até o começo do próximo ano.

"Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre", enfatiza o representante do MyShelter.

"Ganhando ou não o prêmio Nobel, nós queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admiram o que ele está fazendo".

Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto?

"Eu nunca imaginei isso, não", diz Moser emocionado.

"Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso".

Foto: Facebook – Liter of Light

Alfredo Moser levou luz e alegria para gente em milhões de lares no planeta. Emocionante!

Um comentário:

Anônimo disse...

pelo que entendi a luz so funciona de dia e com sol ,pergunta ea noite como fica?...