14 de nov. de 2011

Obama pede que americanos pressionem congressistas

ESTADOS UNIDOS - ECONOMIA
Obama pede que americanos pressionem congressistas
Falta de acordo sobre dívida trará 'problemas sérios', alertou o presidente americano num curto pronunciamento de 15 minutos, desde a Casa Branca, para o povo americano. Os EUA têm até 2 de agosto para conseguir aprovar elevação do teto. 'Podemos entrar em uma profunda crise econômica', alertou presidente. Por fim apelou aos norte-americanos para fazerem pressão sobre o Congresso, onde os republicanos detêm a maioria na Câmara dos Representantes, para que se chegue a um consenso

Foto: Samantha Appleton/Official White House Photo

>"Se querem uma abordagem equilibrada para reduzir o déficit, façam-no saber aos vossos eleitos no Congresso", disse Obama, alertando que os Estados Unidos arriscam entrar numa moratória se não chegarem a acordo sobre o teto da dívida antes do prazo estabelecido ( 02 de agosto) pelo Tesouro.

Postado por Toinho de Passira
Fontes:Diario de Notícias, G1, Diario Digital, The New York Times

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira (25), em pronunciamento na Casa Branca, que a falta de um acordo que permita elevar o teto da dívida do país trará problemas sérios à economia.

"Se continuarmos nesse caminho, nossa dívida vai causar problemas sérios à nossa economia", afirmou ele. De acordo com Obama, o país deverá ver um crescimento do desemprego e alta nas taxas de juros. "E não teremos dinheiro para criar empregos suficientes", disse.

O governo dos Estados Unidos está correndo contra o tempo para não colocar em risco sua credibilidade de bom pagador. Se até o dia 2 de agosto o Congresso não ampliar o limite de dívida pública permitido ao governo, os EUA podem ficar sem dinheiro para pagar suas dívidas: ou seja, há risco de calote.

Em maio, a dívida pública do país chegou a US$ 14,3 trilhões, que é o valor máximo estabelecido por lei. Isso porque, nos EUA, a responsabilidade de fixar o teto da dívida federal é do Congresso.

O presidente dos EUA defendeu o plano bipartidário que vinha sendo debatido por republicanos e democratas nas últimas semanas e que, de acordo com ele, previa cortes de gastos do governo ao mesmo tempo em que poria fim a isenções de impostos de tributos das fatias mais ricas da população.

"Esse plano exigiria que os mais ricos colaborassem", afirmou. "Eles colaboraram todas as vezes que precisamos de acordo para reduzir o déficit". Obama lembrou que apelo semelhante foi feito pelo ex-presidente republicano Ronald Reagan, e foi atendido.

De acordo com o presidente, caso esse acordo fosse aprovado, 98% dos americanos com renda anual inferior a US$ 250 mil "não teram nenhum aumento de impostos". "O que estamos pedindo é aos americanos cuja renda subiram mais na última década – milionários e bilionários – dividam o sacritfício que todos têm que fazer".

Obama destacou que alguns republicanos estão impedindo o avanço de um acordo com esse plano bipartidário. "Esse plano só não está caminhando porque alguns republicanos querem outro plano, que não pede nada dos mais ricos, que só funcionaria com mais cortes em programas com os quais nos importamos", afirmou o presidente dos EUA, apontando que a maioria dos cortes teria que ser feita em programas sociais, como o Medicare.

"Hoje estamos em um beco sem saída. Temos que aumentar o teto da dívida até a próxima terça, 2 de agosto, ou não poderemos pagar todas as nossas contas", disse. "Pela primeira vez na história nosso rating AAA (a nota de crédito) pode ser rebaixado". "Podemos entrar em uma profunda crise econômica, causada exclusivamente por Washington".

Foto: Getty Images

Em resposta a Obama, Boehner, o lider oposicionista, disse: "A triste verdade é que o presidente queria um cheque em branco há seis meses, e ele quer um cheque em branco hoje. Só que isso não vai acontecer."

O líder dos republicanos na Câmara, John Boehner, reagiu ao discurso afirmando que os Estados Unidos "não podem entrar em default, mas advertiu que o "povo americano não aceitará um aumento da dívida sem cortes significativos nos gastos e uma reforma".

Boehner admitiu que "os empregos e a poupança de um grande número de americanos estão em jogo", mas acusou Obama de não aceitar as soluções propostas pelos republicanos.

Obama criticou a proposta feita por Boehner, que estenderia o teto da dívida temporariamente em troca de um corte de gastos. A proposta, segundo ele, obrigaria o país a "enfrentar a ameaça da omissão em apenas seis meses. Em outras palavras, não resolve o problema".

"Primeiro, uma extensão de seis meses pode não ser suficiente para evitar uma redução na nota de crédito e as taxas de juros mais altas que os todos os americanos teriam que pagar como resultado. Nós sabemos o que temos que fazer para reduzir nossos déficits; não há porque colocar a economia em risco chutando a lata mais para a frente na rua".

"Isso não é modo de governar o país mais grandioso da Terra. É um jogo perigoso que nunca jogamos, e não podemos jogar agora", advertiu.

No domingo, Obama e os líderes democratas no Congresso reafirmaram sua oposição a um plano de curto prazo para elevar o teto da dívida dos EUA, ao final de uma reunião realizada na Casa Branca.

Obama recebeu o líder da maioria democrata no Senado, Herry Reid, e a líder da minoria democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, por pouco mais de meia hora neste domingo, em meio às negociações com os republicanos visando um acordo para evitar o default.

O presidente insiste em que qualquer acordo passe pelo aumento dos impostos pagos pelas grandes corporações e pelos setores mais ricos da economia, uma proposta à qual se opõem os republicanos.

"O plano de Boehner [John Boehner, líder republicano], não importa a forma como ele tente apresentá-lo, é simplesmente um plano de curto prazo e, portanto, uma impossibilidade", disse Reid, em comunicado.

Neste domingo, o republicano Boehner disse aos membros de seu partido que pressionará para seguir adiante com seu plano para aumentar o teto da dívida em duas fases. O aumento do teto da dívida ocorreria até o fim de 2011 e, depois, seria aumentado novamente.

Também no domingo, o chefe de gabinete da Casa Branca, Bill Daley disse que as negociações sobre o limite de endividamento dos Estados Unidos e a redução do déficit terão "dias difíceis" à frente e que chegar a um acordo em breve é crucial para manter a confiança dos mercados.

Falando no programa da NBC 'Meet the Press', Daley se mostrou confiante que o Congresso agiria em tempo para aumentar o teto do endividamento, já que os líderes disseram que a moratória não é uma opção.

Daley acrescentou, contudo, que mercados ao redor do mundo estão esperando para ver se as autoridades nos EUA conseguem chegar a um acordo. "Estamos chegando ao ponto que mercados no mundo vão questionar se o sistema político pode chegar a um consenso e ceder para o bem maior do país", disse.

Daley afirmou que a Casa Branca busca um acordo que aumentaria o teto do endividamento para que outra votação sobre o tema não seja necessária antes das eleições de novembro de 2012.

Foto: Getty Images

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse neste domingo que é impensável para os EUA não honrar suas dívidas e que acredita em um acordo para resolver a questão.

Falando à rede de TV CNN, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner disse que é fundamental que o Congresso aprove um novo teto da dívida ao menos até 2013, após as eleições presidenciais de novembro de 2012. "A coisa mais importante é remover a ameaça de default do país pelos próximos 18 meses", disse Geithner. "O que os líderes sabem é que eles precisam chegar a um acordo que passe pela Câmara dos Deputados, pelo Senado e que o presidente possa aceitar".

Agências de rating disseram que poderão cortar a nota de crédito 'AAA' dos EUA se o país não conseguir honrar seus pagamentos, provavelmente causando desordem nos mercados financeiros globais.

Falta apenas uma semana.

Foto: Reuters

John Boehner e Barack Obama negociando no fim de semana. Tempo perdido, as negociações não avançaram. O comentarista do “The New York Times” disse que “os dois lados estão mais distantes do que nunca”.


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