15 de nov. de 2011

Indios bolivianos protestam contra a transcocaleira

15/08/2011

BOLIVIA
Indios bolivianos protestam contra a transcocaleira
Lula e Morales acordaram, em 2010, a construção de uma estrada financiada pelo BNDES, US$ 320 milhões, que seria construída pela empreiteira brasileira OAS. Até agora não se compreendeu porque nós estamos investindo num estrada no exterior, quando as nossas estão abandonadas. Agora enquanto os indígenas bolivianos protestam que a rodovia vai causar um impacto ambiental e social de proporções catastróficas, outros dizem que a estrada, só vai servir para aumentar o trafico de coca para o Brasil.

Foto: Associated Press

Devido as altas temperaturas a marcha que pretende percorrer 600 km em 40 dias está fazendo a maior parte do percurso de madrugada

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Portal Terra, BBC Brasil, El Diario, La Prensa, La Razon, La Patria Enlinea, Pagina Siete, Veja, O Globo, Radio Erbol

Milhares de indígenas bolivianos marcham pelo terceiro dia em direção a La Paz, uma caminhada de 600 km, desde Trinidad, no centro do país, até a capital La Paz, para protestar contra a construção de uma estrada que deve atravessar um parque indígena. A obra, que já começou, é financiada pelo BNDES e é tocada pela construtora brasileira OAS.

Os aborígenes do centro e da Amazônia boliviana se opõem ao traçado da estrada de mais de 300 km financiada pelo Brasil através do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS, sigla em espanhol), uma reserva nacional onde moram cerca de 50 mil pessoas com uma flora e uma fauna abundante e com níveis altos de preservação.

O grito de protesto do jovem indigena boliviano.
A obra que ainda não chegou em TIPNIS, já começou a ser construída e terá um custo total de US$ 415 milhões, desses US$ 320 milhões sairão do financiamento brasileiro.

Os manifestantes reclamam que o projeto do governo de Evo Morales vai promover a colonização de terras ao redor da estrada, destruindo a biodiversidade local e a cultura de três etnias indígenas.

O Parque Nacional e Território Indígena Isiboro Sécure, conhecido como Tipnis, tem 1,2 milhões de hectares e possui uma das maiores reservas de água da América do Sul. Ativistas acreditam que a construção da estrada poderá resultar no desmatamento de 600 mil hectares ao longo dos próximos 20 anos.

A estrada está sendo construída para facilitar o transporte de mercadorias entre a região de Beni e La Paz. Desde que foi lançado mais de 900 abaixo-assinados foram feitos exigindo que o território seja respeitado e protegido.

"O objetivo é que o financiamento brasileiro seja condicionado a um projeto que atenda aos requisitos bolivianos e brasileiros".

E acrescentou:

”Não existe atividade humana que não tenha impacto ambiental. Nós acreditamos que isso gera crescimento econômico e prosperidade. Me parece que a questão principal agora é como construir um consenso democrático; não é unanimidade, que não existe na política, mas sim consenso."

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula folhas de cocas ao pescoço, ao lado do cocaleiro Morales promovendo a construção da polemica transcocaleria

Em junho do ano passado, Veja falou desse projeto:

Com o auxílio do dinheiro dos contribuintes brasileiros, ficará ainda mais fácil para os traficantes colocar cocaína e crack nas ruas das nossas cidades. Em agosto do ano passado (2009), na Bolívia, o presidente Lula, enfeitado com um colar de folhas de coca, prometeu um empréstimo de 332 milhões de dólares do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a rodovia Villa Tunari-San Ignacio de Moxos.

Na ocasião, a segurança de Lula não foi feita por policiais, mas por centenas de cocaleiros armados com bastões envoltos em esparadrapo. Com 60 000 habitantes, a cidade de Villa Tunari é o principal centro urbano de Chapare. A rodovia, apelidada pelos bolivianos de "estrada da coca", cruzará as áreas de cultivo da planta e, teoricamente, deveria fazer parte de um corredor bioceânico ligando o porto chileno de Iquique, no Pacífico, ao Atlântico.

Como só garantiu financiamento para o trecho cocaleiro, a curto prazo a estrada vai favorecer principalmente o transporte de cocaína para o Brasil.

O próprio BNDES não aponta um objetivo estratégico para a obra, apenas a intenção de "financiar as exportações de bens e serviços brasileiros que serão utilizados na construção da rodovia, tendo como principal benefício a geração de empregos e renda no Brasil".

Traduzindo: emprestar dinheiro para a obra vai fazer com que insumos como máquinas ou asfalto sejam comprados no Brasil. O mesmo efeito econômico, contudo, seria atingido se o financiamento fosse para uma obra em território nacional.

Na Bolívia, suspeita-se que o financiamento do BNDES seja uma maneira de conferir contratos vantajosos a construtoras brasileiras sem fiscalização rigorosa. Os promotores bolivianos investigam um superfaturamento de 215 milhões de dólares na transcocaleira.

"Essa rodovia custou o dobro do que seria razoável e não tem licenças ambientais. Seu objetivo é expandir a fronteira agrícola dos plantadores de coca", diz José María Bakovic, ex-presidente do extinto Serviço Nacional de Caminhos, órgão que administrava as rodovias bolivianas. Desde que Morales foi eleito, Bakovic já foi preso duas vezes por denunciar irregularidades em obras públicas. As mães brasileiras não são as únicas que sofrem com a amizade do governo brasileiro com Morales.


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