Ministério Público entregou o ouro ao deputado
BRASIL - Ministério Público entregou o ouro ao deputado Documento acusa chefe do Ministério Público do Rio de avisar ao deputado Eduardo Cunha, do PMDB, sobre inquérito que apurava sua ligação com uma quadrilha de sonegadores Foto: Brizza Cavalcante / Agência Câmara Postado por Toinho de Passira Está para chegar às mãos do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um documento de 35 páginas que traz à luz uma história estarrecedora. Trata-se de um relatório secreto da Polícia Civil do Rio de Janeiro escrito dias depois da súbita interrupção das investigações que apuravam o tráfico de influência do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do filho do ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), em prol de um esquema milionário de sonegação fiscal. Ele era operado, segundo a polícia, pelo empresário Ricardo Magro, dono da refinaria de Manguinhos, na Zona Norte carioca. O relatório, ao qual VEJA teve acesso, mostra que, por oito meses, a polícia seguiu, filmou e grampeou essas e outras dez pessoas na órbita de Magro. Os investigadores flagraram conversas comprometedoras e até encontros em viagens e shows, que não deixam dúvida sobre o estreito elo entre os dois políticos e o empresário. O material subsidiou um inquérito contra o grupo que está agora sob análise do Supremo Tribunal Federal. Tal investigação seguiu de vento em popa até 2009, quando de repente paralisou. Não havia mais como avançar. De uma hora para outra, os suspeitos não se falaram mais ao telefone. A polícia já sabe o motivo: o grupo foi alertado sobre o grampo pelo então procurador-geral do Ministério Público (MP) do Rio, Cláudio Lopes. Foto: Thiago Lontra/Extra Os indícios de que Lopes ajudou Cunha, Lobão e Magro a escapar do cerco policial são contundentes. Segundo o relatório, a armação teve início no dia 18 de setembro de 2009, quando o procurador pediu ao promotor David Francisco de Faria, no comando da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal do MP estadual, que lhe entregasse os autos do inquérito ainda em curso. Foto: Agência Senado A refinaria deixou de pagar ao estado 406 milhões de reais em impostos – é uma das vinte maiores devedoras do Rio. Desde 2009, Magro tenta pagar a dívida com títulos precatórios emitidos pelo próprio governo e comprados com deságio diretamente dos credores – uma transação, no mínimo, estranha. Foto: Pablo Jacob/O GLOBO Outro que integra o influente rol dos amigos de Magro é César Ramos Filho, funcionário da ANP que chegou a ser cotado para a Superintendência de Abastecimento por indicação do senador Edison Lobão Filho. Não deu certo porque se descobriu que ele já havia sido acusado de ligação com uma máfia de adulteração de combustíveis, e outro apadrinhado do senador foi guindado ao cargo. |
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