Acre: crise da invasão dos imigrantes
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BRASIL - Geopolítica Acre: crise da invasão dos imigrantes Acredita-se que tenha sido a atuação de quadrilhas de traficantes de seres humanos, na região que provocou o boom de imigrantes, principalmente do Haiti, num ritmo crescente e permanente, através da fronteira da Bolívia e do Peru. Chegam desprovidos de tudo, como se fossem refugiados de guerra, ou de uma catástrofe natural. A cidade de Brasileia, principal destino desses estrangeiros está em colapso. Foto: Nonato Souza/Ascom/Sesp Postado por Toinho de Passira Não há mais espaço para colocar colchões no galpão que abriga imigrantes haitianos e africanos sob um calor de 40ºC em Brasileia, no Acre. Barracas estão sendo instaladas do lado de fora, onde os 'moradores temporários' costumam fazer suas necessidades - devido à falta de banheiros. A água, os dejetos e o lixo se misturam formando um esgoto a céu aberto. O aumento do fluxo de imigrantes para o Acre nos últimos 30 dias fez com que um abrigo de 200 vagas virasse moradia para um número de pessoas que varia entre 1.100 e 1.300. O governador Tião Viana (PT) declarou estado de emergência. A maioria dos imigrantes vem do Haiti, mas há também cerca de 70 senegaleses, 10 dominicanos e alguns cidadãos da Nigéria e de Bangladesh. De acordo com o governo local, 2.700 imigrantes cruzaram a fronteira só neste ano. Cerca de 1.600 deles foram encaminhados pelas autoridades para postos de trabalho em outros Estados brasileiros, mas o restante permanece no abrigo. Colchões e as bagagens se espalham pelo galpão que já foi sede de um clube de futebol local e hoje funciona como abrigo. A água potável é colocada numa caixa d’água transformada em bebedouro. Cerca de 500 litros são consumidos diariamente. No amplo terreno, são estendidos varais para colocar as roupas. Noticiou-se que alguns imigrantes haitianos, têm sofrido reações alérgicas à água que utilizam para tomar banho e lavar roupa. O problema é causado por causa do cloro que é utilizado no tratamento da água, por não estarem habituados com água tratada. Foto: Nonato Souza/Ascom/Sesp Nos terrenos baldios ao redor, quase na calçada, os sacos de lixo se acumulam.
A rota para se chegar ao Brasil é extenuante. O caminho usado pelos imigrantes haitianos tem início ainda na capital do Haiti, Porto Príncipe. De lá, eles voam para o Panamá e então para o Equador, onde completam a jornada por terra, com destino ao Peru ou à Bolívia, de onde partem em direção à fronteira do Acre. Já a jornada dos imigrantes africanos e asiáticos é ainda mais árdua. Os africanos partem ou do Senegal ou do Marrocos e seguem para a Espanha. De lá rumam para o Equador e completam a jornada realizando um trajeto semelhante ao dos haitianos. Muitos chegam a pagar mais de R$ 3 mil aos chamados coiotes. Força-tarefa Nos últimos anos, o Brasil já recebeu cerca de 6 mil haitianos. Por emigrarem por motivos econômicos, o Comitê Nacional para os Refugiados do Ministério da Justiça (Conare) entende que eles não têm direito a receber o status de refugiados. Na maioria dos casos, porém, esses estrangeiros recebem um visto para residir e trabalhar no Brasil por razões humanitárias, o que lhes permite refazer a vida no país. Alarmado pelos apelos do Acre, na quarta-feira, o Ministério da Justiça anunciou a criação de uma força-tarefa para agilizar a concessão de vistos temporários para esses imigrantes e a emissão de carteiras de trabalho. ''O Ministério da Justiça e o Ministério do Trabalho vão fazer um mutirão, tanto da Polícia Federal quanto de agentes do Ministério do Trabalho, para que nós consigamos emitir protocolos que autorizem esses haitianos a terem visto no Brasil e ao mesmo tempo se possa emitir carteira de trabalho, para que eles possam trabalhar'', disse, em entrevista, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Foto: Fábio Pontes - BBC Brasil ''Nós estamos discutindo medidas que coíbam essa situação de entrada ilegal no Brasil incentivada por coiotes, organizações criminosas que se valem da miséria e do despespero de haitianos pra conseguir colocá-los ilegalmente dentro do país. E a melhor maneira de fazer isto é ampliar a possibilidade de que legalmente haitianos entrem no Brasil". |
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