A primeira-dama chinesa e a moda , de Marcos Caramuru de Paiva, para a Folha de S. Paulo
CHINA- - Análise A primeira-dama chinesa e a moda A China agora ganhou uma defensora poderosa das suas próprias grifes, ainda muito desconhecidas dos nacionais, apesar de algumas delas já estarem abrindo na Europa. E os analistas mais alertas dizem aos designers estrangeiros que passem a olhar o gosto oriental. Foto: Reuters Postado por Toinho de Passira A China não está acostumada a primeiras-damas. As mulheres dos governantes nunca aparecem. Contudo, no final de março, em mais uma manifestação de que a política está mudando de tom --e de hábitos-- o presidente Xi Jinping, em sua primeira viagem internacional, desceu do avião em Moscou ao lado da mulher, Peng Liyuan. Os chineses notaram, com surpresa, que, ao invés de ostentar as grandes grifes estrangeiras que estão no imaginário das pessoas bem-sucedidas, Peng vestia marcas nacionais. Foi o suficiente para que o Weibo (Twitter local) corresse a divulgar quem produziu suas peças e, a partir daí, começasse uma grande discussão sobre "buy China". A primeira-dama Peng Liyuan é uma figura conhecida. Militar, general de brigada, cantora nas Forças Armadas, integra o Comitê Consultivo do Partido. Sempre se achou que ela adicionaria leveza à figura do presidente. Mas nunca que sua primeira aparição pública tivesse tanto impacto. No meio de comparações de seu perfil com Carla Bruni e Michelle Obama, não faltaram artigos para lembrar que a China já teve produtos nacionais valorizados. De repente, apaixonou-se pelo que vem de fora. Mas isso pode mudar. A China é uma grande exportadora de vestimentas e acessórios. As vendas externas desses itens totalizaram US$ 159 bilhões em 2012. O que sai não tem marca. Ganha etiquetas coladas por quem importa. Ao mesmo tempo, a febre do consumo fez dos chineses os segundos maiores compradores do luxo no mundo. O cálculo mais comumente divulgado é que eles consomem 25% dos bens nessa categoria, sendo que 55% dos consumidores das grandes grifes na Europa e nos Estados Unidos são turistas chineses. Foto: Getty Imagens O fator primeira-dama pode não mudar radicalmente o panorama do negócio da moda e da vestimenta. Mas traz um dado novo a um mercado já agitado. *Marcos Caramuru de Paiva, diplomata, é sócio e gestor da KEMU Consultoria, com sede em Xangai, e vive há oito anos no Leste Asiático. Foi cônsul-geral do Brasil em Xangai, embaixador na Malásia, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e diretor-executivo do Banco Mundial, em Washington. *Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original |
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