CHINA: Muralhas fantasmas
CHINA Muralhas fantasmas Elevado número de empreendimentos vazios na China alimenta o temor global de uma bolha imobiliária na segunda maior economia do mundo Foto: Stringer/Reuters Postado por Toinho de Passira Imponentes e modernas, as cidades chinesas são um símbolo da pujança econômica do país. O setor de construção civil responde por 11% do PIB nacional e demanda uma grande parcela da produção internacional de aço e cobre. No entanto, a China enfrenta hoje uma das maiores contradições de seu vasto mercado imobiliário: são 64 milhões de imóveis vazios, entre eles, casas, torres, escritórios e até shoppings. O fenômeno, que ocorre em várias regiões, é resultado do excesso de investimento imobiliário e já traz o perfil de uma bolha, prestes a fazer estragos na segunda maior economia do globo e assustar investidores de todo o mundo. “As cidades fantasmas são consequência de um investimento insustentável gerado pela expansão do crédito no país”, explica Bruna Santos, diretora de Relações Internacionais e sócia-fundadora da consultoria Radar China. Em algumas regiões há distritos comerciais e residenciais inteiros que nunca chegaram a ser ocupados. O mais conhecido é o bairro fantasma em Ordos, na Mongólia Interior, ao norte do país. Cerca de US$ 1 bilhão foram investidos na construção de 300 mil apartamentos e na infraestrutura para uma população estimada oficialmente em 30 mil pessoas. A intenção dos empresários e da prefeitura era usar os lucros da indústria do carvão local, uma das maiores do país, para transformar a cidade em uma versão chinesa de Dubai, nos Emirados Árabes. A intensa construção de imóveis na China ocorreu na expectativa de que a migração para as cidades se tornasse um processo crescente e com crescimento exponencial. “Os chineses assistiram, porém, a uma desaceleração que não sustentou o tamanho do investimento e mostrou-se incapaz de gerar o número necessário de empregos nas cidades”, ressalta a diretora. Uma das explicações para as cidades vazias é a falta de opção para aplicações. “Entre poupar e investir, os chineses preferiram a segunda opção, sem pensar exatamente no que estaria por vir”, diz Bruna. Boa parte dos empreendimentos desabitados na China pertence a investidores privados da classe média em ascensão. Eles preferem colocar sua poupança no mercado, uma vez que o rendimento das aplicações nos bancos é baixo e apostar em ações é uma escolha considerada arriscada para o perfil das famílias chinesas. Foto: Michael Christopher Brown/Reuters Tentando evitar uma crise, o governo dificultou a compra de múltiplos imóveis para especulação no mercado. Além disso, elevou para 60% a entrada cobrada para um segundo imóvel, o dobro do exigido para o financiamento da primeira casa própria. |
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