Pintas presidenciais, por Lucas Mendes para a BBC Brasil
ESTADOS UNIDOS - Opinião Pintas presidenciais Lucas Mendes fala sobre o jovem Julian Castro, prefeito de San Antonio, Texas, uma aposta e uma promessa do partido republicano para num futuro, bem próximo, ser o primeiro latino Presidente dos Estados Unidos. Ele tem um irmão gêmeo idêntico e seu perfil de jovem pobre criado sem pai que alcança o sucesso por esforço próprio lembra a história de Barack Obama. Foto: Associated Press Postado por Toinho de Passira "Este cara tem pinta de presidente. Pode ser o primeiro latino na Casa Branca". O comentário foi do presidente George W. Bush. O cara com pinta de presidente já tinha ido à Casa Branca como estagiário de Bill Clinton e depois voltou à Casa Branca de Obama, como prefeito de San Antonio, para participar de uma pequena reunião de prefeitos. Quando ele levantou para falar, Obama interrompeu: "Este cara é prefeito? Achei que fosse um dos nossos estagiários". "Sou Julian Castro, prefeito de San Antonio, Texas, sr. presidente." "Eu sei muito bem quem é você. Era só uma provocação." Há muitos anos Julian Castro, que tem uma certa pinta de Marlon Brando como Zapata sem o bigode, está no radar da liderança do Partido Democrata, que depende mais do que nunca do voto latino para ganhar esta eleição. Há 52 milhões de latinos nos Estados Unidos. 33 milhões deles são de origem mexicana, supermaioria, quase 5 milhões são porto-riquenhos e só 1.9 milhões são cubanos, mas o latino mais presidenciável neste momento é o senador republicano da Flórida de origem cubana Marco Rubio, responsável pela introdução do candidato Mitt Romney na convenção do partido, semana passada. Foto: Lisa Krantz/Express News Faltam latinos democratas. Os irmãos Castro, do Texas, são gêmeos e na escola secundária Thomas Jefferson, de San Antonio, foram primeiros na sala de aula, na quadra de tênis e na política estudantil. A mãe, Rosie, costumava a ser retratada como humilde, tímida e arrumadeira pobre. Era mãe solteira e pobre, mas não era humilde na atitude nem tímida.
Julian se elegeu vereador antes de se eleger prefeito e Joaquim se elegeu para a Assembleia Legislativa. Embora seja a sétima maior cidade do país em população e uma das maiores em extensão - maior do que Boston, Chicago, Miami e Manhattan juntas -, o cargo de vereador não é remunerado e o salário de deputado é de apenas US$ 16 mil por ano (quantos deputados brasileiros devem ganhar mais do que R$ 32 mil reais por mês?). Os gêmeos pagaram suas contas e até mais com o escritório de advocacia. São tão parecidos que Joaquim já substituiu Julian num comício e dificilmente um juiz conseguiria distinguir entre os dois num tribunal. Na convenção do Partido Democrata esta semana, os gêmeos estavam juntos. Joaquim abriu a convenção e se apresentou ao país. Julian apresentou a mãe, Rosie, a mulher e a filha de três anos, que roubou a cena durante alguns segundos ajeitando os cabelos. O partido deu a ele o papel de keynote speaker na sessão de abertura que, em meia hora ou menos, pode dar projeção nacional a um político regional. Foi o que aconteceu com o desconhecido Barack Obama em 2004. Em português não temos uma boa tradução para keynote speaker. Os dicionários traduzem como "orador principal", mas ele falou na mesma noite que Michele Obama, que era a oradora principal e foi tão brilhante que deixou o discurso Julian Castro na sombra. O papel dele era realçar as qualidades do partido: melhor para lidar com os pobres e a classe média e para alavancar sonhos americanos como o dele e de Barack Obama, dois políticos criados sem pai e sem dinheiro. Várias vezes o discurso contrastou a criação dele com a do milionário - candidato republicano - Mitt Romney. Se não fosse o brilho de Michelle, a estrela de Julian estaria maior hoje, mas ela está em plena ascensão. Foto: Lisa Krantz/Express News Entre 2000 e 2010 houve uma invasão de 4 milhões de latinos, negros e jovens no Texas. Um terço da população é de origem mexicana. É uma questão de tempo até que um mexicano volte a mandar no Texas. |
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