22 de set. de 2012

Paulo Rocha, réu do mensalão à beira de um ataque de nervos

BRASIL - Mensalão
Paulo Rocha, réu do mensalão à beira de um ataque de nervos
Ex-deputado petista xinga jornalista e diz que o relator condenará movido pelo ego e esbraveja com a vendedora do shopping que disse está adorando o julgamento do mensalão.

Foto: Pablo Valadares/AE

Ex-deputado Paulo Rocha, não parece preparado para ir para a prisão

Postado por Toinho de Passira
Texto de Maria Lima
Fontes: O Globo, Blog do Reinaldo Azevedo

Às vésperas de ser julgado pelo crime de lavagem de dinheiro no processo do mensalão, o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA) está tão pessimista com o resultado do julgamento que já não consegue esconder o seu estado de nervos. Na quinta-feira, ele xingou jornalista e foi o primeiro dos réus a criticar abertamente o trabalho do relator do processo no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa.

Rocha acusou Barbosa de se mover pelo ego e não pelas provas do processo. Enquanto o relator pedia no Supremo a condenação dos deputados da base aliada por corrupção passiva, o petista, que terá seu caso analisado na Corte na próxima fase do julgamento, passeava num shopping de Brasília. Abordado pelo GLOBO, falou com irritação.

— O ministro Joaquim Barbosa está movido pelo ego. Não tem opinião pública. A opinião pública não sabe de nada, sabe o que vocês publicam. O ministro não tem prova de nada, só indícios. Semana que vem, ele vai condenar o José Dirceu e o Genoino por causa da eleição — atacou Paulo Rocha.

Questionado sobre o entendimento dos outros ministros, que estão acompanhando o voto do relator, Rocha disse que também eles estão influenciados pela mídia, e estão condenando os réus sem provas.

— Ninguém está negando que houve os empréstimos fraudulentos, os repasses, mas não teve compra de votos, foi para pagar conta de campanha. Não há prova do que estão dizendo. Os ministros do Supremo não foram colocados lá para apenar como estão apenando — disse o petista.

Em seguida, revelou o motivo de tanto nervosismo: ele acha que todos os réus serão condenados e presos. Suplente de senador e dirigente regional do PT no Pará, Paulo Rocha recebeu R$ 620 mil de repasses no esquema do mensalão. Os valores eram recebidos pelos assessores Anita Leocádia — também ré no mensalão — e Charles Dias. A pena para o crime de lavagem de dinheiro, se Rocha for condenado, é de três a dez anos de prisão.

— Não tem plano B nenhum! Vai ser todo mundo condenado e preso. Mas essa sempre foi a luta do PT — disse Rocha.

Ele reclamou que nunca foi ouvido pelos jornalistas para divulgar sua versão. E ficou nervoso ao ser questionado se estava preparado para ser preso.

— Você nunca me ouviu sobre o processo e agora quer saber se estou preparado para ser preso? Ah! Vai se foder! — reagiu Paulo Rocha, alterando a voz e chamando a atenção de uma vendedora da feirinha de artesanato que funciona no shopping.

Sem saber que Rocha era um ex-deputado réu do mensalão, a vendedora foi interpelada para dar sua opinião sobre o julgamento em curso.

— Estou amando! Finalmente está havendo justiça nesse país. Mas minha irmã é quem está mais bem informada, porque é cientista política — disse a moça.

— Ah! Você não sabe de nada, só o que lê na imprensa, na “Veja”, que só está fazendo esse papel sujo porque o presidente Lula abriu o mercado para os árabes. Sua irmã também não sabe de nada! Intelectual que se informa por livros e não sabe o que se passou de verdade nesse processo! — esbravejou Paulo Rocha, assustando também a moça.

Depois da discussão, o ex-deputado petista continuou seu passeio pelo shopping.

Reinaldo Azevedo, no seu Blog, comenta:

Pela primeira vez, um réu do mensalão admite que houve crime, contrariando todos os advogados de defesa e, por óbvio, dando razão ao relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa.

“Ninguém está negando que houve os empréstimos fraudulentos, os repasses, mas não teve compra de votos, foi para pagar conta de campanha.”


José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares devem ter vibrado com a confissão de Rocha: os empréstimos eram fraudulentos!!! Genoino e Delúbio meteram suas respectivas assinaturas numa fraude. E Dirceu na chefia de tudo! É bem verdade que os ministros já sabiam disso, né? Daí terem condenado Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinicius Samarane, do Banco Rural, por gestão fraudulenta.

Ora, se os empréstimos e os repasses foram “fraudulentos”, como confessa o petista, os ministros do Supremo seguem a lei ao punir os fraudadores, os criminosos. Ah, ocorre que Rocha insiste que o destino do dinheiro era pagar conta de campanha… Ainda que tivesse sido. E daí? Os ministros já decidiram, acertadamente, que pouco importa a destinação que se dê ao fruto de um crime: isso não muda a sua natureza. Se o PT usou o dinheiro para pagar contas de campanha ou para tomar Chicabon, tanto faz como tanto fez.

O que caracteriza a corrupção passiva não é ter cometido um ato de ofício (sim, eles cometeram…), mas a expectativa de que um servidor público possa fazê-lo. Alertei para isso desde sempre. Os mensaleiros deveriam ter me contratado: cobro a metade de Márcio Thomaz Bastos: R$ 10 milhões…

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