13 de set. de 2012

Embaixador dos EUA é morto na Líbia

ESTADOS UNIDOS
Embaixador dos EUA é morto na Líbia
O diplomata Christopher Stevens é uma das quatro vítimas americanas ao ataque de islamitas ao consulado dos EUA na cidade de Benghazi, sob o pretexto de protestar contra um filme de origem americana que desrespeita o profeta Maomé. Os protestos contra a película se espalharam por outros países do Oriente Médio.

Foto: Bryan Denton/The New York Times

O embaixador Christopher Stevens estava no serviço diplomático americano desde 1991 e já havia servido na Líbia em outras duas ocasições, tendo, nesta ano, assumido o cargo de embaixador.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de S. Paulo, The New York Times, Publico, Reuters, Terra, The Star, Gawker

O embaixador dos EUA na Líbia, J. Christopher Stevens, 52 anos, foi um dos quatro mortos no ataque ao consulado americano em Benghazi, leste do país, por um bando armado na noite de terça-feira, 12.

Stevens visitava o consulado quando o grupo abriu fogo, em meio a uma manifestação contra um filme produzido nos EUA que satiriza Maomé, fundador do islã.

Manifestações contra o filme se repetiram ontem em Marrocos, no Sudão, na Tunísia e na faixa de Gaza, despertando o temor de que uma onda de protestos se espalhe pelo mundo islâmico.

A gravidade do ataque para os EUA foi ressaltada por um incomum comunicado do próprio presidente americano, Barack Obama, confirmando que o embaixador era um dos quatro mortos.

Stevens é o primeiro embaixador dos EUA morto em missão desde 1979, quando o representante no Afeganistão morreu após sequestro.

Foto: Paul J. Richards/Agence France-Presse/Getty Images

O presidente Obama e a Secretaria de Estado Hillary Clinton, disseram que não há alteração nas relações diplomaticas com a Líbia, considerada nação amiga

Obama condenou a "violência sem sentido" e ordenou o aumento da segurança nas representações americanas no exterior. Foi aprovado ainda o envio de 50 fuzileiros navais para proteger as instalações dos EUA na Líbia.

Segundo a rede de TV CNN, dois destróieres (navios de guerra) dos EUA também foram deslocados para a região.

Horas antes do ataque em Benghazi, o mesmo filme provocara um protesto na embaixada americana no Cairo (Egito). Manifestantes rasgaram a bandeira americana, substituída pela do islã, mas não houve violência.

Ontem à noite, porém, houve novos protestos diante da embaixada, e forças egípcias usaram gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Foto: Agence France Presse/Getty Images

Um dos manifestantes armado, diante do consulado americano, em chamas, em Benghazi, na Líbia

Na Líbia, onde o governo provisório é fraco e sobram armas da revolução que derrubou o ditador Muammar Gaddafi em 2011, o consulado foi incendiado após ser alvo de tiros e granadas.

Além do embaixador, morreram no ataque mais três americanos. O governo dos EUA confirmou a identidade de um deles, o diplomata Sean Smith, os dois outros eram fuzileiros navais americanos, que foram mortos a tiros.

As circunstâncias do ataque ainda não estão claras. Radicais armados teriam se infiltrado na manifestação e atacado o consulado com morteiros e granadas, dando início ao incêndio.

Stevens teria morrido asfixiado por inalação de fumaça, segundo um médico ouvido pela agência Associated Press. Mas uma autoridade líbia deu outra versão à Reuters: o comboio do embaixador teria sido atingido por morteiros numa emboscada, quando ele tentava escapar.

Foto: Esam Omran Al-Fetori/Reuter

Os manifestantes líbias condenaram os assassinatos em Benghazi

Segundo o vice-ministro do Interior líbio, Wanis al Sharef, havia rumores de que islamitas radicais planejavam usar o aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 para vingar a morte de um dos líderes da rede terrorista Al Qaeda, o líbio Abu Yahya al Libi.

Militares líbios que protegiam o consulado, ainda chegaram a trocar tiros com os agressores, mas acabaram batendo em retirada uma vez que os agressores estavam mais bem armaddos.

Os EUA desconfiam que o ataque não tenha sido espontâneo. Segundo o "New York Times" e a CNN, a suspeita é que algum grupo salafista (islamitas ultraconservadores) surgido na guerra civil tenha planejado o atentado de antemão. O protesto contra o filme seria apenas pretexto.

Fundação Quilliam, dirigida em Londres por um ex-líder militante líbio, sugeriu na própria terça-feira que o "bem planejado" ataque de Benghazi pode ter sido uma retaliação pela morte, ocorrida neste ano, de um dirigente líbio da Al Qaeda, Abu Yahya al Libi, abatido por um bombardeio norte-americano no Paquistão.

Horas antes do ataque ao consulado, o dirigente máximo da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, divulgou um vídeo confirmando a morte de Al Libi, segundo homem na estrutura da organização.

O presidente da Fundação Quilliam, Noman Benotman, ex-líder da facção antigaddafista Grupo Líbio de Combate Islâmico, disse que, segundo suas fontes, até 20 militantes teriam se preparado para uma ofensiva militar.

Ele disse que a ação ocorreu em duas etapas: primeiro, com uma ação contra o consulado, o que motivou as autoridades diplomáticas a retirarem seu pessoal para uma casa supostamente protegida, onde o segundo ataque ocorreu.

Foto: Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Manifestantes egípcios, no Cairo, jogaram pedras e enfrentaram a policia diante da embaixada americana

O vídeo que motivou as manifestações no mundo mulçumano e serviu de pretexto para o ataque, esta no site do YouTube , tem 14 minutos de duração e é uma espécie de trailer do filme chamado a Inocência dos Muçulmanos. Segundo os mulçumanos o vídeo zomba e desrespeita o profeta islâmico Maomé.

A película teria sido produzido por um suposto judeu israelense residente na Califórnia chamado Sam Bacile. A imprensa americana especula que na verdade o homem responsável pela película é o americano, Nakoula Basseley Nakoula, 55, que se esconde atrás do pseudônimo.

Atores americanos e atrizes que apareceram no filme, emitiram uma declaração conjunta, nesta quarta-feira dizendo que foram enganados sobre o projeto. Alegam que alguns dos diálogos presentes hoje no filme, foram acrescidos durante a pós-produção, atraves de dublagem introduzidas.

Uma das atrizes, Cindy Lee Garcia, disse ao site Gawker.com que o filme era originalmente intitulado "Guerreiros do deserto" e que o roteiro não continha referências ofensivas ao Islã. Ela disse o diretor, que se identificou como Bacile, dizia-se egípcio.

Autoridades militares dos EUA estão preocupadas que o vídeo possa inflamar os sentimentos anti-americanos no Afeganistão, onde 74 mil soldados norte-americanos ainda estão em combate.

Nesta quarta-feira, o Talibã pediu aos afegãos que se preparem para um combate contra os norte-americanos e exortou os insurgentes a buscarem "vingança" pelo vídeo.

Na manhã desta quinta-feira, 13, centenas de manifestantes tentaram invadir a embaixada americana em Sanaa, capital do Iêmen. Ao conter a multidão a polícia matou uma pessoa e outras cinco nesta quinta-feira (13), durante confrontos com manifestantes que protestavam contra um filme anti-Islã em frente ao complexo da Embaixada dos EUA.

A Irmandade Muçulmana convocou para amanhã em todo o Egito manifestações contra "as ofensas ao islã".

O presidente egípcio, Mohamed Mursi, que pertence ao grupo, está sob pressão popular para que cancele sua visita aos EUA no fim do mês.

Nenhum comentário: