26 de set. de 2012

Desigualdade nunca foi tão baixa no país, diz Ipea

BRASIL
Desigualdade nunca foi tão baixa no país, diz Ipea
- diz Marcelo Neri, presidente do Ipea, citou estatísticas que tiveram início nos anos 1960. Para ele, queda da desigualdade por dez anos seguidos é algo inédito. Embora tendo melhorado o Brasil continua entre os 12 mais desiguais do mundo.

Ilustração Jean Galvão - Folha de S. Paulo (SP)

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha S. Paulo, Yahoo – Noticias

      Embora a desigualdade ainda seja alta no Brasil, ela está hoje em seu menor nível da história estatisticamente documentada, que tem início nos anos 1960, segundo Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

       Ao analisar, nesta terça-feira (25), os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados na última sexta, Neri disse que esse fenômeno ocorreu entre a pesquisa de 2009 e a atual.

       “A queda da desigualdade aconteceu durante dez anos consecutivos, sem interrupção, o que é algo inédito”, disse. “De junho de 2011 a junho de 2012, a desigualdade está caindo tanto quanto estava caindo antes, ou seja, não está desacelerando. Nos últimos 12 meses terminados em junho de 2012 a desigualdade caiu 3,2%, que é uma média muito forte.”

      A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de Gini, que passou de 0,594 em 2001 para 0,527 em 2011. No índice, quanto mais perto de zero menor a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres do país. "O Brasil está no ponto mais baixo da desigualdade, embora ela ainda seja muito alta", ressaltou o presidente do Ipea.

      Segundo Marcelo Neri, em todos os outros países integrantes do Brics, a desigualdade está subindo, inclusive naqueles que já a tinham de forma acentuada, como a África do Sul.

      Pobreza

      O presidente do Ipea lembrou que a meta do milênio é diminuir a pobreza à metade em 25 anos. “O Brasil fez mais que isso, reduziu mais de 50% em dez anos”, falou.

      De acordo com os dados, de 2003 a 2011, 23,4 milhões de pessoas saíram da pobreza – sendo que 3,7 milhões só entre 2009 e 2011. Para ele, “a educação é a força-motriz deste processo”.

      O crescimento dos salários é o principal indicador para a melhoria, aponta o estudo intitulado "A Década Inclusiva". É o que responde por 58% da diminuição da desigualdade. Em segundo lugar vem os rendimentos previdenciários, com 19% de contribuição, seguido pelo Bolsa Família, com 13%. Os 10% restantes são benefícios de prestação continuada e outras rendas.

      Neri ressaltou que, dentre todos os vetores para a diminuição da desigualdade, o Bolsa Família é o mais eficaz, do ponto de vista fiscal. "Se todos os recursos pudessem ser canalizados à mesma taxa para o Bolsa Família, ao invés da previdência, a desigualdade teria caído mais 362,7%", exemplificou Neri no estudo.

      A disparidade de renda entre brancos e negros também se alterou. Segundo os dados apurados pelo Ipea, a parcela da população que se declara como negra teve crescimento da renda de 66,3% nos dez anos. Maior variação foi apurada entre os pardos (85,5%). Entre os brancos, o crescimento foi de 47,6%.

      O recorte por regiões mostra que no Nordeste a renda subiu 72,8%, enquanto no Sudeste cresceu 45,8%, sempre no mesmo período de comparação.

A queda das desigualdades não chega a ser um fenômeno exclusivo brasileiro. Apesar de dois terços dos países do mundo terem vivenciado um aumento das diferenças entre ricos e pobres na última década, China e Índia, países que concentram metade da pobreza do Planeta, puxaram para cima o indicador. .

      Na maioria dos países da América Latina, as diferenças estão caindo. Nos países em desenvolvimento, os BRICS, onde a desigualdade é mais baixa, ela subiu nos últimos anos. O crescimento da renda dos 20% mais ricos no Brasil foi inferior ao de todas as nações incluídas no conceito BRICS. Já a renda dos 20% mais pobres também teve um aumento acelerado, mas ainda perdeu para a China.


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