7 de set. de 2012

ELEIÇÃO AMERICANA - Obama contrapõe-se a Romney: "Estamos diante de visões diferentes do futuro"

ESTADOS UNIDOS – Eleição 2012
Obama contrapõe-se a Romney:
"Estamos diante de visões diferentes do futuro"
Obama, no seu discurso, na convenção democrata, ontem, disse que a disputa presidencial deste ano não será apenas entre dois candidatos ou dois partidos, mas será uma escolha entre duas visões fundamentalmente diferentes do futuro, e pediu mais tempo para resolver os problemas do país. O presidente candidato admitiu que a esperança anunciada há quatro anos foi afetada pelo desemprego, pela fragilidade da recuperação econômica do país, mas afirmou que os melhores dias para os Estados Unidos ainda estão por chegar.

Detalhe da primeira página do "The New York Times"

"O caminho que nós oferecemos pode ser mais difícil, mas leva a um lugar melhor", afirmou o presidente candidato Barack Obama

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Notícia UOL, The New York Times, G1, Washington Times

O Partido Democrata oficializou nesta quinta-feira a candidatura do presidente americano Barack Obama para a disputa à reeleição. No discurso de encerramento da convenção democrata, em Charlotte, Obama afirmou que, em novembro, os americanos escolherão entre duas visões fundamentalmente diferentes de futuro. "O caminho que nós oferecemos pode ser mais difícil, mas leva a um lugar melhor", disse ele.

O discurso de Obama buscou recuperar o prestígio e a confiança da população americana, após ser eleito como o candidato da esperança e da recuperação econômica. Quatro anos depois do apoteótico discurso para 84.000 pessoas na convenção democrata de Denver, em 2008, Obama falou para uma plateia muito menor, de 20.000, no "Time Warner Cable Arena" -- a comissão organizadora cogitou mudar o local para uma arena com capacidade de receber 73.000, mas voltou atrás por causa do risco de uma tempestade.

Antes de aceitar formalmente a indicação, ele se declarou para a esposa: "Michelle, eu te amo. Na outra noite (terça-feira), eu acho que todo o país viu o quanto eu sou sortudo".(Referia-se ao discurso dela na convenção).

Com o desafio de voltar a entusiasmar os eleitores, apesar dos tempos difíceis, o democrata afirmou diversas vezes que o próprio povo americano é a esperança de dias melhores e confessou que a saída para a crise econômica vai ser lenta. "Eu não vou fingir que o caminho que estou oferecendo é rápido ou fácil. Vocês não me elegeram para dizer o que queriam ouvir. Vocês me elegeram para falar a verdade. E a verdade é que vai demorar mais do que alguns anos para nós resolvermos os desafios que se acumularam ao longo de décadas”, declarou.

"Nossos desafios podem ser cumpridos", garantiu. O presidente ironizou as soluções apontadas pelos republicanos, afirmando que eles querem repetir a receita que sempre utilizam: corte de impostos.

Obama comprometeu-se a cortar impostos para quem realmente precisa: pequenas empresas e famílias de classe média.

Citando o slogan de sua campanha em 2008, o democrata alertou que uma vitória republicana poderia acabar com todas as conquistas dos últimos quatro anos.

"Se você aceitar que a mudança não é possível, a mudança não vai ocorrer."

Foto: Reuters

“Não vou fingir que o caminho que estou propondo é rápido ou fácil”, disse. “Vocês não me elegeram para que eu dissesse o que vocês querem ouvir. Vocês me elegeram para que eu dissesse a verdade a vocês. E a verdade é, vai levar mais alguns anos para que possamos solucionar os desafios”

A necessidade de criar empregos também foi reforçada pelo candidato. Ele disse que a indústria contratou mais de 500.000 empregados nos últimos dois anos e meio e que esta eleição será definitiva para a escolha entre "dar mais isenções fiscais para empresas que criam empregos no exterior" ou de fortalecer empresários que abrem novas fábricas e criam oportunidades no país.

Aproveitando um dos grandes trunfos de seu primeiro mandato, a operação que matou Osama bin Laden, Obama exaltou sua atuação na política externa e acusou os republicanos de inexperiência na área.

O democrata realçou a saída do Iraque, uma de suas promessas na campanha de 2008, e afirmou que até 2014 será encerrada a guerra no Afeganistão.

Ao falar sobre política externa, Obama classificou seu adversário, o republicano Mitt Romney, e o vice Paul Ryan, como novatos em política externa e criticou uma gafe cometida por Romney: “Não se pode estar pronto para a diplomacia com Pequim se não se consegue fazer uma visita aos Jogos Olímpicos sem insultar nosso melhor aliado”, disse, referindo-se a declaração de Romney que colocou em dúvida a segurança dos Jogos.

Mencionou ainda outra declaração do republicano: “Não se deve chamar a Rússia de nosso inimigo número um, em vez da Al Qaeda, a menos que você continue preso ao período da Guerra Fria”.

O candidato defendeu ainda a reforma do sistema de saúde, promulgada em 2010 e validada dois anos depois pela Suprema Corte, e o chamado 'Obamacare', que busca dar proteção a 30 milhões de americanos, uma conquista sobre a qual a sociedade americana está muito dividida. Além disso, destacou o seu apoio público ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Foto: Eric Thayer/Reuters

O vice Joe Biden falou antes de Obama e realçou a coragem do companheiro democrata

Antes da fala de Obama, o vice Joe Biden subiu ao palanque e antecipou alguns dos temas que apareceriam no discurso de Obama. Biden afirmou que o país está no caminho certo e descreveu o presidente como um homem de ação. Arrancando aplausos dos partidários, o vice proferiu a frase que, segundo ele, resume o primeiro mandato de Obama: "Osama bin Laden está morto e a General Motors está viva".

Foto: Jaso Reed/Reuters

Eva Longoria, a atriz hispânica, uma das celebridades que prestigiou a convenção democrata apoiando Barack Obama

O último dia da convenção também foi marcado pela presença de celebridades que apoiam a reeleição do presidente. As atrizes Scarlett Johansson, Kerry Washington e Eva Longoria discursaram para a plateia democrata. A banda Foo Fighters animou a plateia e tocou a música "My hero” (meu herói) para o presidente dos EUA.

Foto: Alex Wong / AFP

Bill Clinton discursando na Convenção democrata, nesta quarta-feira, 06

O ex-presidente Bill Clinton empolgou os democratas na quarta-feira com uma defesa enérgica dos esforços de Obama para reparar a "bagunça" econômica causada pelo que, segundo Clinton, foram as políticas republicanas equivocadas de desregulamentação e cortes de impostos enormes para os ricos.

"Nenhum presidente --nem eu e nem ninguém antes de mim-- ninguém poderia ter consertado inteiramente todos os danos que ele encontrou em apenas quatro anos", disse Clinton sobre a economia que Obama herdou do ex-presidente republicano George W. Bush.

Os dois se abraçaram no palco depois do discurso, com Obama na expectativa de tirar vantagem da popularidade do ex-presidente e se beneficiar de sua capacidade de resumir claramente argumentos políticos complicados.

Obama disse que “Nos próximos anos, grandes decisões serão tomadas em Washington sobre emprego e economia, impostos e déficit, energia e educação, guerra e paz”, ressaltou. Nesse sentido, pediu apoio aos americanos para buscar “um conjunto de metas para o país”.

Prometeu cortar pela metade as importações de petróleo do país até 2020 e apoiar a criação de 600.000 empregos vinculados ao setor de gás natural ao longo da próxima década. As metas na área de educação são baixar o custo das matrículas nas universidades e contratar 100.000 professores de ciências e matemática em uma década. Também falou em reduzir o déficit público em mais de US$ 4 bilhões nos próximos dez anos.

Foto: Jim Young/Reuters

A campanha de Romney divulgou uma reação ao discurso de Obama antes mesmo que o atual presidente terminasse de falar. O comunicado aponta que Obama falhou na criação de empregos suficientes para as necessidades do povo americano e falhou no corte do déficit pela metade. E afirma que a hora não é de “reformular novas promessas”, mas de dar satisfação sobre as promessas já feitas.

Ao falar sobre as guerras comentou que Romney considerou “trágico o fim da guerra do Iraque e que não nos dirá como ele faria para acabar com a guerra no Afeganistão”. “Eu fiz isso e eu vou fazer”, disse. “Enquanto meu adversário gastaria mais dinheiro em material militar do que nossos militares precisam, eu usarei esse dinheiro que não vamos gastar mais com a guerra para reduzir nossa dívida e criar emprego, construindo pontes, escolas, estradas”.

Foto: Joe Raedle/Getty Images

Obama homenageou as tropas americanas, “uma geração com a qual estamos sempre em dívida”, e afirmou que depois de duas guerras que custaram milhões de vidas e quase US$ 3 bilhões, é a hora de investir no país.

Ressaltou que em países como a Líbia e o Sudão do Sul, os Estados Unidos contribuíram para a promoção dos direitos humanos e da dignidade dos cidadãos, independente de serem mulheres, homens, cristãos, muçulmanos ou judeus.

No entanto, ponderou que ainda é preciso deter as conspirações terroristas e também as aspirações nucleares do regime iraniano, enfatizando seu compromisso com aliados como Israel. “Temos fortalecido velhas alianças e estabelecido novas alianças para deter a ameaça nuclear”, acrescentou.

O Irã é acusado de tentar desenvolver armas nucleares, mas nega, dizendo que seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Foto: _Tom Pennington/Getty Images

O clima de festa na convenção


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