24 de nov. de 2009

CORRUPÇÃO CINEMATOGRAFICA - Lula, o filho das empreiteiras, das montadoras, das telefonicas…”

CORRUPÇÃO CINEMATOGRAFICA
“Lula, filho das empreiteiras, montadoras, telefonicas …”
Nunca na história desse país foi tão fácil arrecadar 10,8 milhões necessários para financiar um filme. O produtor Luiz Carlos Barreto teve todo o dinheiro que precisou, para filmar uma fantasiosa biografia de Lula. Há, porém, um clima de promiscuidade vexatória nas doações dos patrocinadores e no espírito eleitoreiro do filme, algo tão acintoso, que até o presidente Lula parece assombrado com sua própria ousadia

Fotomontagem Toinho de Passira

Fontes: ”thepassiranews”, Prosa&Politica, O Globo, O Globo

O filme "Lula, o filho do Brasil" é tão comprometedor no que se refere a sua realização e ao seu uso com propaganda eleitoral, que o próprio presidente Lula, sempre desassombrado em desafiar as normas eleitorais e as regras éticas no uso de benesses de empresas vinculadas ao governo, está temeroso em assistir publicamente a estréia do filme.

Negou-se a assistir em Brasília, na abertura do festival do cinema brasileiro, junto a uma platéia governista. Fugiu como o diabo da cruz assistir em Pernambuco, numa sessão preparada pelo Governador Eduardo Campos, chegando ao extremo de faltar a uma inauguração programada de uma fábrica, coisa que não costuma acontecer, para não estar por perto no dia em que o filme fosse exibido em Recife.

Avisou que vai assistir em São Bernardo, sua segunda Pátria, e seu berço político, mas mesmo assim não garante, esperando antes para ver as repercussões e as medidas que podem ser tomadas pela oposição, como se tivesse tomado consciência que desta vez foi longe demais.

O jornal O Globo e a revista Veja, desnudaram o financiamento imoral do filme patrocinado por um grupo de 18 empresas - além de três apoiadoras -, entre elas as três maiores empreiteiras nacionais com negócios diretos com o governo, e com projetos bilionários financiados pelo BNDES

As empresas doaram ao todo R$ 10,8 milhões e, numa ação incomum no mercado, inclusive porque não terão o direito de descontar o patrocínio no Imposto de Renda, como permitiria a Lei Rouanet.

Das 18 empresas doadoras, quatro fizeram "doações ocultas", pois provavelmente avaliaram ser vexatório ou por demais comprometedor aparecer na lista de patrocinadores oficiais da cinebiografia da primeira fase da vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre os patrocinadores do filme estão as construtoras OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa e as montadoras Volkswagen e Hyundai. Na lista ainda aparecem a empresa francesa de energia elétrica GDF Suez, Souza Cruz, Ambev e até o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, do Sistema S).

As empreiteiras tocam grandes obras financiadas pelo governo federal. A Odebrecht faz parte do consórcio encarregado da construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio. A Camargo Corrêa participa das obras da usina de Jirau. A OAS executa obras do PAC.

Mesmo nunca tendo financiado qualquer produção cinematográfica, empresas como Hyundai, Grendene e GDF Suez dizem não ver conflito de interesses ao entrar com recursos para o filme de Lula. A Oi Futuro (do grupo OI, antiga Telemar, que já financiou uma empresa do filho do presidente e nesta quarta-feira recebeu um empréstimo de R$ 4,4 bilhões do BNDES), também participa da produção. As empresas afirmam que estão interessadas apenas no retorno institucional que o longa poderá proporcionar.

As explicações e desculpas sucedem-se, num surto momentâneo de boa vontade para com a cultura e em especial para o cinema brasileiro, que normalmente tem tantas dificuldades de obter esses financiamentos.

Não há ninguém ingênuo nesse jogo, empresário só põe a mão no bolso para receber em dobro, tudo que gasta é custo a ser cobrado de alguém, como diz Adriana Vandoni no seu Prosa&Política: Quem patrocina o filme de Lula? Roda, roda, roda, estoura no povo.

É DANDO QUE SE RECEBE
Lula, o Filho do Brasil e os patrocinadores que doaram 10,8 milhões de reais e seus negócios com o governo:

AmBev – Em 2005, o BNDES destinou 319 milhões de reais para a empresa de bebidas.

Camargo Corrêa – A construtora participa das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, tendo recebido, em 2008, 102,7 milhões de reais.

CPFL Energia – O controle da distribuidora de energia está dividido entre a Camargo Corrêa, o BNDES e fundos de pensão de estatais.

EBX – Os empréstimos feitos pelo BNDES às empresas de Eike Batista ultrapassam 3 bilhões de reais só neste ano.

GDF Suez – A empresa faz parte do consórcio responsável pelas obras da hidrelétrica de Jirau e recebeu do BNDES empréstimo de 7,2 bilhões de reais.

Grendene – O BNDES aprovou, em 2008, financiamento de 314 milhões de reais para a aquisição total do controle acionário da Calçados Azaléia pela Vulcabrás dos mesmos controladores da Grendene.

Hyundai – Em 2007, o governo federal deu uma mãozinha para a implantação da fábrica da montadora em Goiás.

Neoenergia – O Banco do Brasil e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) detêm, juntos, 61% da companhia. Em 2008, o BNDES aprovou crédito superior a 600 milhões de reais para a construção de usinas pelo grupo.

OAS – Foi uma das financiadoras da campanha de reeleição de Lula. Participa das obras do PAC, tendo recebido, em 2007, 107 milhões de reais.

Odebrecht – Venceu em 2007, em parceria com a estatal Furnas, a licitação para a construção da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira. O valor do investimento foi definido em 9,5 bilhões de reais, com 75% do total financiado pelo BNDES.

Oi – O BNDES aprovou, na semana passada, financiamento de 4,4 bilhões de reais, o maior valor já concedido para uma empresa de telecomunicações. Desde a aquisição da Brasil Telecom (BrT), bancos públicos já aprovaram empréstimos de mais de 11 bilhões de reais ao grupo Oi. O BNDES e a Previ têm participação no bloco de controle da companhia de telefonia.

Volkswagen – Tem contrato com o governo para o programa Caminho da Escola para a renovação da frota de ônibus escolares. Em agosto, entregou o primeiro lote de 1 100 veículos, pelo qual recebeu 223 milhões de reais

Fonte: Revista Veja


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